Saturday, February 12, 2011

1º Transplante Meniscal Realizado em Portugal

Reportagem Sic - Transplante Meniscal - Prof. Doutor Espregueira Mendes

Sunday, February 6, 2011

Vivemos um tempo de esperança no tratamento do cancro do pulmão – Parte I

Dr. Fernando Barata

Embora ocasionais descrições sobre cancro do pulmão se possam encontrar no século XIX, esta doença é claramente marcante no século XX. Para muitos, uma das epidemias do mundo industrializado e desenvolvido. Mas existem novas esperanças que lhe damos a conhecer neste primeiro artigo.



Tem menos de um mês, a divulgação entre a comunidade científica dos primeiros resultados, a justificarem ainda estudos confirmatórios, sob o uso da tomografia computorizada de baixa dosagem como método de eleição no rastreio do cancro do pulmão numa população seleccionada de risco para esta patologia.

Enquanto aguardamos por mais resultados, é obrigatório continuar a investir no diagnóstico precoce. Todo um trabalho de alerta deve continuar junto da população em geral, do médico assistente, do especialista pouco atento, para que num indivíduo, em especial se fumador, independentemente do sexo, com queixas de tosse, dor torácica, falta de ar progressiva, expectoração com sangue que não cede a uma terapêutica inicial sintomática, seja realizado um radiograma torácico e, se dúvidas persistirem, uma tomografia computorizada. Se diagnosticarmos precocemente, podemos intervir em fases em que as terapêuticas potencialmente curativas conduzem a longas sobrevivências.

Infelizmente não acontece assim. Em mais de 50% dos tumores pulmonares diagnosticados, além do tumor primário, detectamos já disseminação à distância, a órgãos tão importantes e vitais como o fígado, osso, pulmão ou cérebro. Logicamente que o prognóstico é mais sombrio e os resultados menos entusiásticos.

Referência obrigatória nesta luta por cada vez melhores resultados à evicção tabágica. Se fuma, por favor, deixe de fumar. Se não fuma, por favor, não pense em começar. A relação entre tabaco e cancro é cientificamente super-reconhecida e demonstrada. As medidas antitabágicas, associadas ao enorme esforço feito pela comunidade médica na difusão nacional de centenas de consultas antitabágicas, têm produzido efeitos traduzidos num estabilizar do número de novos casos de cancro do pulmão nos últimos anos. É necessário não desistir de ajudar quem nos procura para deixar de fumar, insistir na divulgação dos malefícios do tabaco e persistir na luta.







Inovações ao longo dos tempos



Também na área do diagnóstico vivemos um tempo de esperança. Em meados do século XX conseguimos observar a árvore brônquica, identificar os sinais directos ou indirectos de tumor, proceder a aspirados, escovados e biopsias das lesões suspeitas. Depois conseguimos desobstruir áreas colapsadas, colocar próteses e controlar hemorragias.

Ainda no final do século passado, demos um passo gigante na imagiologia, com a tomografia computorizada permitindo um mais correcto estadiamento da extensão tumoral, do envolvimento ganglionar e da identificação de locais de metastização. No limiar do milénio descobrimos a tomografia por emissão de positrões e associámos ao saber da lesão tumoral o conhecer da sua actividade metabólica.

Também passos importantes ocorreram na cirurgia torácica, na generalização como método diagnóstico mas também terapêutico das videocirurgias, das mediastinotomias, mas também na terapêutica cirúrgica das lobectomias com sleeve, das abordagens complexas do tumor do vértice. Registámos avanços importantes na radioterapia, devendo hoje ser efectuada em acelerador linear de alta energia com planeamento dosimétrico computorizado, privilegiando soluções que diminuam a toxicidade associada ao tratamento e utilizando técnicas de irradiação em fase do ciclo respiratório ou técnicas de controlo activo da respiração.






Fonte: Jornal do Centro de Saúde

Vivemos um tempo de esperança no tratamento do cancro do pulmão – Parte II

Dr. Fernando Barata

A última década foi marcante no que respeita ao tratamento do cancro de pulmão como analisámos na edição passada. Além disso, uma melhoria nas práticas médicas e a individualização terapêutica têm sido fundamentais para que se renove a esperança no sucesso de os doentes.



Na abordagem inicial ou na recidiva temos hoje ao dispor novos fármacos com extraordinária tolerância, eficácia acrescida, maior tempo livre de progressão e aumento da sobrevivência global. Com o aumento da esperança de vida e um número crescente de novos casos diagnosticados no idoso, desenvolvemos terapêuticas para estes doentes numa simbiose entre eficácia e escassa toxicidade. Numa estratégia multidisciplinar abordámos o doente com pior estado geral e mais comorbilidades. Para todos procuramos a melhor solução individualizada numa pesquisa persistente e constante de levar mais longe cada doente.

A medicina translacional e a nova investigação ao nível da biologia molecular trouxeram-nos novos rumos de esperança. Nos doentes com mutação do gene do receptor do factor de crescimento epidérmico, a administração de fármacos orais inibidores tirosina quinase trouxeram sobrevivências medianas, na doença avançada, que podem ultrapassar os 24 meses.

Globalmente conseguimos hoje o dobro da taxa de sobrevivência que tínhamos nos anos 70 do século XX. Já na última década conseguimos melhores resultados nos estádios precoces, com a junção à cirurgia de eleição de uma quimioterapia adjuvante; nas duas últimas décadas conseguimos o dobro do tempo livre de progressão e da taxa de sobrevivência com a quimiorradioterapia concomitante para os estádios localmente avançados; na última década conseguimos o dobro do tempo de sobrevivência para os estádios avançados e, entre estes, o triplo para os doentes com mutações do receptor do factor de crescimento epidérmico.







Melhor prática clínica



Reunimos e conversámos e estabelecemos entre nós normas de orientação diagnóstica e terapêutica. Estabelecemos as melhores práticas médicas. Partilhamos experiências e saberes tendo o doente com cancro do pulmão como o elemento-chave.

Sabemos que os resultados ainda não são bons. Estamos num tempo de mudança e de muita esperança. Acreditamos que se encontrarmos um bom método de rastreio, se investirmos na prevenção e no apoio às medidas antitabágicas, conseguiremos diminuir a prevalência nefasta do cancro do pulmão. Avançámos ajustando as terapêuticas ao conhecimento do perfil biológico e molecular de cada doente.

Associando marcadores com determinadas terapêuticas, estamos a conseguir individualizar a terapêutica e em situações de sucesso levar cada doente, mesmo com doença disseminada no início, tão longe quanto possível, por vezes transformando a sua doença oncológica "aguda" numa doença oncológica controlada, "crónica". O tempo é de esperança.







Fonte: Jornal do Centro de Saúde

 

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