Saturday, June 27, 2009

OS BENEFÍCIOS DO ALEITAMENTO MATERNO



Andreia Pereira






Está comprovado cientificamente que a amamentação tem inúmeras vantagens, tanto para a mãe como para o bebé. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Unicef têm feito, inclusive, várias campanhas de promoção do aleitamento materno exclusivo até aos seis meses de idade. Alguns estudos indicam que a ingestão de leite materno pode ter um impacto positivo na saúde da criança a longo prazo.










Amamentar ou não amamentar: eis a questão. Para o Dr. Israel Macedo, pediatra da Maternidade Alfredo da Costa, não existem dúvidas de que, sendo o leite materno o alimento "ideal para a criança nos primeiros meses de vida", é necessário promover a amamentação. Em primeiro lugar, porque se trata de um "bem completo, com uma composição proteica e lipídica ajustada às necessidades do bebé".









Segundo bastantes estudos, as crianças alimentadas com leite materno demonstraram ter menos infecções intestinais, respiratórias, cólicas, menos problemas alérgicos, traduzindo-se em menor necessidade de recurso à urgência nos primeiros anos de vida. Sabe-se, no entanto, que o leite materno produz benefícios a longo prazo. Um jovem adulto, alimentado nos primeiros meses de vida com leite materno, "apresenta um perfil lipídico mais saudável e uma tensão arterial mais baixa". Mas as vantagens não se ficam por aqui. Se, por um lado, o bebé é o principal beneficiário, a mãe também ganha com o aleitamento.







"Para além dos laços afectivos e emocionais, que se estabelecem através do contacto físico, há uma grande probabilidade de a mulher que amamenta não vir a sofrer de depressão pós-parto. Paralelamente, o aleitamento vai provocar na mulher contracção uterina e tem até efeitos protectores ao nível do cancro da mama."







Estes são os argumentos usados pela OMS e para Unicef, que, desde 1991, têm investido em acções de sensibilização e formação das mães. Segundo estas entidades, o aleitamento materno deve ser defendido em exclusividade até aos seis meses de vida do bebé. Mas, após esta data, com a introdução de outros alimentos no cardápio, a mulher pode continuar a amamentar, até aos dois anos de idade.







Embora não se saiba ao certo o número de mães que amamentam os seus bebés até aos seis meses de idade, em Portugal, Israel Macedo teme que um estudo sobre aleitamento materno, que está em curso, revele um panorama "pouco animador". E, em parte, o abandono da amamentação deve-se à actual conjuntura laboral, já que "os vínculos de emprego são, actualmente mais precários".









"Algumas mulheres deixam de amamentar para não prolongarem o período em que estão de licença de maternidade. Se estão a recibos verdes acabam por não activar todos os direitos de amamentação, até aos 18 meses, conforme prevê a lei. E isso acontece porque só ganham enquanto trabalham."













Amamentar até quando?









A OMS e a Unicef defendem o aleitamento materno em exclusividade até aos seis meses de idade. Mas, segundo Israel Macedo, nada impede que a amamentação ocorra até mais tarde "Depois do meio ano de vida, o leite materno necessita de ser complementado com outros alimentos, até porque esta é a fase em que se começa a introduzir novos paladares na ementa do bebé", fundamenta o pediatra.









"A amamentação pode ser mantida até aos dois anos de idade", aponta. Depois dos seis meses, vão sendo introduzidos, progressivamente, novos alimentos semi-sólidos, semana a semana. "Deste modo, a criança vai-se habituando a um novo sistema de comer. Em vez de sugar, o bebé passa também a deglutir a comida."







É nesta altura que se começam a introduzir carnes, "o mais biológicas possível", o ovo e as hortaliças". Para o especialista, quando se inserem novos alimentos, há que estar atento a algumas reacções por parte do bebé, nomeadamente se determinado produto provoca obstipação. O pediatra diz que as crianças alimentadas com o leite materno são menos propensas a estas situações, comparativamente aos bebés que recebem leite artificial.









As mulheres que queiram continuar a amamentar depois dos seis meses (período em que vigora a licença de maternidade), podem continuar a apostar no aleitamento materno. "As mães podem retirar o leite, conservá-lo e administrá-lo mais tarde." No entanto, como afirma Israel Macedo, o leite da mãe vai sofrendo algumas alterações, a partir do momento em que se introduzem novos alimentos no cardápio do bebé. "O que inicia o processo de desmame e modifica a composição do leite é o facto de a criança começar a mamar menos."









Contudo, seguindo as directrizes da OMS e da Unicef, na fase de introdução de novos alimentos, o bebé deve manter pelo menos uma refeição diária com leite materno. Para Israel Macedo, sendo o leite materno o alimento mais completo, é o mais adequado às necessidades do recém-nascido, Há até estudo que sugerem que o aleitamento materno pode ter benefícios nos bebés prematuros, reduzindo a incidência de casos de enterocolite necrotisante: a principal causa de morbimortalidade em crianças que nascem antes do tempo.







Assim, defende o pediatra que, "raramente", se consideram situações em que a mãe seja impedida de amamentar. "A não ser que esteja a tomar doses elevadas de certos medicamentos, que adulterem a composição do leite", esclarece. Mesmo quando a mulher tem de se ausentar por algumas horas, pode optar por extrair e conservar o leite.











Mama mater promove o aleitamento materno







Muitas mulheres, após o nascimento do primeiro filho, sentem-se inseguras ao amamentar. Este é um dos motivos que conduz ao abandono do aleitamento materno. Mas, para contrariar esta tendência, a Mama Mater (http://www.mamamater.eu/) tenta "empoderar" as mulheres. E como? "Através dos Cantinhos da Amamentação, instalados em centros de saúde e hospitais, tentamos aumentar os níveis de confiança das mães", diz Adelaide Órfão, presidente da Associação, sedeada no centro de saúde da Parede, perto do Cascais.









"Estes espaços [existem mais de 100 locais espalhados por todo o país] tentam ajudar as mães a ultrapassar as dificuldades e os obstáculos que as podem impedir de amamentar. Com a ajuda de profissionais formados para o efeito, as mães obtêm todo o aconselhamento necessário." Apesar de não haver estatísticas relativamente ao aleitamento materno, a responsável indica que, "quando as mulheres se encontram preparadas e disponíveis, amamentam mais e com um elevado grau de satisfação pessoal".











Fonte: Jornal do Centro de Saúde

"O ENJOO DE MOVIMENTO RESULTA DE UM CONFLITO SENSORIAL"



Andreia Pereira



Se é daquelas pessoas que enjoa frequentemente em viagens de avião, saiba como controlar este desconforto. Em entrevista ao Jornal do Centro de Saúde, a Dr.ª Anabela Jorge, directora-adjunta do Serviço de Medicina Geral e Familiar da Unidade de Cuidados Integrados de Saúde (Grupo TAP), esclarece as principais dúvidas.






O que é o enjoo do movimento?





O enjoo de movimento resulta de um conflito sensorial, quando a percepção visual não é concordante com a percepção de movimento, por exemplo, a visão indica movimento, mas o corpo permanece imóvel, o que acontece nas viagens de transporte.






E este conflito ocorre porquê?





O cérebro integra a informação proveniente de vários sentidos para determinar a orientação e o movimento do corpo em relação ao ambiente exterior, incluindo o olho, o ouvido interno e outras áreas do sistema nervoso responsáveis pelo equilíbrio. Durante os movimentos do corpo, é esperado que a alteração do campo visual seja concordante com o movimento. Nas viagens de avião, os movimentos verticais parecem desencadear o enjoo, nomeadamente em situação de turbulência.






Há estatísticas relativamente ao número de pessoas que sofre deste problema?





As estatísticas são escassas relativamente à ocorrência desta situação nos voos comerciais. Mas, segundo os dados disponíveis, em termos globais para qualquer aeronave ocorrerá em cerca de 8% dos passageiros. Actualmente, os aviões comerciais têm cabines pressurizadas que permitem voar a altitudes de cruzeiro acima dos efeitos atmosféricos meteorológicos, com menor turbulência e, consequentemente, menor predisposição para desencadear sintomas de enjoo de movimento.






Quais as principais queixas apresentadas para o enjoo do movimento?





Há uma série de sinais e sintomas, dos quais os mais precoces podem ser a sensação de cansaço, falta de ar, tonturas e dor de cabeça. De seguida, surgem as náuseas que podem ser acompanhadas de palidez, suores e, eventualmente, conduzir a vómitos. Estes sintomas não são específicos, sendo comuns a outras patologias.






Pode-se evitar o enjoo durante a viagem?





Existem medicamentos que podem ser dados de forma preventiva para diminuir a probabilidade de ocorrência de sintomas, mas a medicação nem sempre é eficaz. O passageiro deve aconselhar-se previamente com o seu médico quanto às opções terapêuticas disponíveis e adequadas ao seu perfil, já que é necessário ter em conta possíveis efeitos secundários e interacções com outros medicamentos que esteja a tomar.



Os mais vulneráveis





Embora existam "umas pessoas mais susceptíveis que outras", o enjoo do movimento afecta mais frequentemente os seguintes grupos:





- Crianças com mais de dois anos até à adolescência;





- As mulheres são mais susceptíveis que os homens;





- Grupo de doentes cuja patologia inclua manifestações como náuseas e vómitos ou na sequência de tratamentos como radioterapia ou quimioterapia;





- Pessoas que ficam ansiosas com as viagens de avião ou manifestam medo de voar.









Cuidados durante a viagem





- Evitar movimentos bruscos da cabeça, se possível mantê-la imóvel e encostada ao apoio da cadeira;





- Promover actividades de distracção mental. Os estudos revelam que ler um livro, ver um filme ou usar de qualquer outro entretenimento diminui o enjoo, face aos passageiros que não fazem nada durante a viagem;





- Se ocorrerem sintomas durante a viagem e o passageiro não tiver medicação para o enjoo, deve informar a assistente ou comissário de bordo, dado que habitualmente as companhias aéreas possuem malas de primeiros socorros com medicação para este efeito.








Fonte: Jornal do Centro de Saúde



Tuesday, June 23, 2009

DOENÇAS DA VISÃO RELACIONADAS COM A IDADE




Mário Beja Santos



O avançar da idade faz-se também sentir nos olhos e na qualidade da visão. Para além das alterações da visão corrigíveis com o uso de óculos, há a ter em conta um aumento da ocorrência de doenças que podem, mais ou menos a longo prazo e se não tratadas a tempo, resultar em perda da visão ou, pelo menos, numa diminuição marcada da autonomia.









Seja em que idade for, a perda de visão tem profundas repercussões na pessoa e na sociedade. Entretanto, como a população mundial tem vindo a aumentar e é maior a esperança de vida, aumentou forçosamente o número de seniores que apresentam uma diminuição da visão, de maior ou menor grandeza.





A Direcção-Geral da Saúde recomenda uma ida ao oftalmologista de 4 em 4 anos, a partir dos 46 anos de idade, havendo vantagem, a partir dos 60 anos, em ir ao oftalmologista pelo menos de dois em dois anos.





Cumprindo estas recomendações asseguramos a detecção precoce e o melhor controlo de qualquer perturbação da saúde dos olhos ou da qualidade da visão que possam surgir Os distúrbios da visão mais comuns no envelhecimento dão pelo nome de cataratas, degenerescência macular relacionada com a idade e glaucoma.





Recorde-se que o Programa Nacional para a Saúde da Visão, do Ministério da Saúde, contempla um programa para a saúde das pessoas idosas, que contempla as doenças mais frequentes e mais susceptíveis de causarem, mais ou menos longo prazo, perda de visão. Refere-se explicitamente neste documento o peso das doenças da córnea (incluindo as doenças da conjuntiva) e o significado que têm as cataratas (cerca de 170 mil pessoas sofrem de catarata, sendo que seis em cada 10 pessoas com mais de 60 anos apresentam sinais desta doença). Também a degenerescência macular relacionada com a idade, que afecta cinco por cento das pessoas com mais de 55 anos e uma em cada 10 pessoas com mais de 65 anos, e o glaucoma são identificados como sendo alvo preferencial de intervenção.





Constata-se que a maioria dos casos de glaucoma recorre a cuidados oftalmológicos em situações tardias, quando já não é possível um tratamento eficaz, além de que, das cerca de 200 mil pessoas que apresentam hipertensão ocular, um terço sofre de glaucoma, distúrbio que acarretará cegueira irreversível a cerca de seis mil pessoas.









A maior das patologias da visão





A catarata é o nome dado a qualquer opacidade do cristalino. O cristalino, ou lente, é ao longo da vida sujeito a um processo de envelhecimento que poderá ter o seu desfecho na chamada catarata senil. As cataratas que afectam a totalidade do cristalino podem afectar gravemente a visão, são factor indiscutível de stress e podem provocar sérias limitações.





São inúmeros os factores de risco que podem provocar ou acelerar o aparecimento de catarata, incluindo medicamentos, substâncias tóxicas, doenças metabólicas, traumatismos, doença ocular, radiação ultravioleta B, factores nutricionais, entre outros.



A catarata não tratada é a primeira causa de cegueira a nível mundial. Está hoje associada a um

dos maiores sucessos da medicina moderna, existindo hoje mecanismos de tratamento reconhecidamente eficazes.





O único tratamento curativo da catarata é o cirúrgico e consiste em substituir o cristalino opaco por uma prótese designada por lente intraocular. As queixas mais frequentes podem ser: diminuição da acuidade visual (principal sintoma), sensação de névoa, uma maior sensibilidade à luz e uma necessidade de mudar de óculos com mais frequência.









A mácula e o glaucoma





Se a principal causa mundial de cegueira continua a ser a catarata, segue por ordem de importância degenerescência macular e o glaucoma.





Infelizmente ainda sem hipóteses de intervenção cirúrgica (na mácula há tratamento preventivo, na fase precoce) e, no estado actual dos conhecimentos, ainda não se possui meios para impedir o seu aparecimento; o glaucoma, também detectado precocemente, pode ser tratado com medicamentos.





A degenerescência macular relacionada com a idade (DMI ) é uma doença da mácula, a zona mais sensível da retina e por isso se diz que é uma doença retiniana. Manifesta-se clinicamente acima dos 50 anos de idade. A mácula é responsável pela visão nítida e central, ou seja, pelo pormenor, pela cor e formas. Uma vez destruída a mácula, a visão é irrecuperável pelo que a DMI não tem cura. Como a doença se desenvolve gradualmente e sem dor, é muito importante a sua detecção precoce para permitir controlar a progressão da doença, reduzindo a extensão da perda de visão. O principal efeito da doença é a diminuição da autonomia do indivíduo, o que vai levar ao aumento da depressão e dependência.






De acordo com alguns estudos de mercado, a maioria esmagadora dos portugueses desconhece totalmente a DMI . Ela está indiscutivelmente relacionada com o envelhecimento, os seniores são pois o seu principal grupo de risco. É a maior causa de cegueira dos países industrializados, tendo maior prevalência em pessoas de raça branca e do sexo feminino (em Portugal, calcula-se que há cerca de cinco mil novos casos por ano).





Consideram-se como principais doentes da DMI : fumadores, hipertensos e obesos, mas podem também sofrer desta patologia praticantes de dietas pobres em antioxidantes e os factores hereditários também contam. A sintomatologia da DMI é marcada por mancha escura ou esbranquiçada no centro do campo visual; perda rápida da acuidade visual; diminuição da sensibilidade ou contraste; imagens enevoadas; alteração das cores e aumento da sensibilidade à luz.





Os mecanismos de defesa do globo ocular incluem a presença de substâncias antioxidantes. Com o envelhecimento, algumas delas diminuem a sua actividade e outras não são produzidas pelo organismo.



O médico pode entender que a reposição destas substâncias se deve realizar através da alimentação ou de suplementos (por exemplo, contendo zinco, vitamina A, C e E, alguns carotenóides, isto num contexto de uma terapêutica que pode contribuir para reduzir a progressão da doença.





Para lidar com esta patologia recomenda-se: evitar conduzir à noite ou em condições desfavoráveis; utilizar sempre os seus óculos e uma iluminação adequada; remover potenciais barreiras domésticas que possam constituir perigo.





O glaucoma é uma doença em que a pressão no interior dos olhos aparece aumentada. Na ausência de tratamento pode aparecer a cegueira. Aparece principalmente em pessoas com mais de 40 anos e com familiares que sofram desta doença. Podem predispor para o aparecimento da doença lesões e maus estilos de vida (diabetes, hipertensão, dores de cabeça, tabagismo, abuso crónico de álcool e cocaína e alguns medicamentos).





O glaucoma é diagnosticado pelo oftalmologista através da medição de pressão intra-ocular. Tenha-se em conta que esta patologia pode só dar sinais na fase avançada com alteração da visão, e nos casos em que houver lesão do nervo óptico, poderá ocorrer cegueira. O tratamento existente passa pela aplicação de medicamentos nos olhos em gotas; nos casos mais graves, pode recorrer-se a medicamentos em comprimidos ou, se muito graves, a medicamentos endovenosos. O cumprimento do tratamento e a vigilância cuidada da pressão intra-ocular são essenciais para controlar a progressão desta doença. O doente com glaucoma deve informar sempre os médicos que o assistem e o seu farmacêutico de que sofre desta patologia para não correr o risco de lhe aconselharem medicamentos que o agravem.









Procure o aconselhamento farmacêutico





Pode e deve recorrer ao aconselhamento farmacêutico para o ajudar a perceber melhor qualquer alteração da visão que ocorra. É essencial actuar a tempo sobre os problemas que podem afectar a qualidade da visão, saber prevenir e privilegiar a vigilância e o diagnóstico precoce.





Também no que diz respeito às doenças dos olhos e ao seu tratamento, pode contar com o conselho do farmacêutico. A aplicação de medicamentos nos olhos, sob a forma de colírios ou de pomadas, reveste-se de cuidados especiais. A aplicação correcta dos medicamentos e a sua conservação adequada são essenciais para que se obtenham bons resultados. Quando é aplicado mais do que um medicamento, é importante precaver o risco de interferirem uns com os outros e também aqui há regras a seguir.





Em caso de glaucoma, é particularmente importante que a toma de medicamentos em automedicação, se faça apenas mediante a orientação do farmacêutico, uma vez que há o risco de poderem estarem contraindicados nesta doença.





Em todas as circunstâncias, o farmacêutico é o profissional de saúde com quem é mais fácil contactar para, no quadro da qualidade de vida, sabermos agir na prevenção da doença. Devemos contar com ele para conhecer mais sobre as doenças da visão relacionadas com a idade.








Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF

Monday, June 22, 2009

GERIR O PESO NA MEDIDA CERTA



Andreia Pereira




Aquele vestido que está no armário há meses já não lhe serve? A balança acusa uns quilos a mais da conta? Talvez esteja na hora de voltar à velha silhueta. Mas, antes de cometer alguns excessos de zelo, saiba como deve iniciar uma dieta.






É daquelas pessoas que deixar de comer só porque tem urgência em perder peso? Nada mais errado. Apesar de ser uma tendência recorrente, a Dr.ª Carla Afonso, nutricionista, considera que "as dietas restritivas" podem ser "bastante prejudiciais". Isto porque "a ingestão de alimentos é mínima e os período de jejum são longos".





"Há uma pretensão em perder uma grande quantidade de peso num curto espaço de tempo, o que contribui para uma perda significativa de massa muscular, dificilmente recuperável", explica a nutricionista, acrescentando que, nestas situações, "os défices de nutrientes são elevadíssimos". Para não correr o risco de alternar entre a perda e o ganho de peso, a dieta deverá "ser gradual e adaptada às necessidades individuais", completa.





Como não há duas pessoas iguais, e a perda de peso depende da estrutura de cada um, "os regimes alimentares têm de ser específicos e adequados às necessidades individuais". Para tal, quem pensa em perder peso deve procurar ajuda especializada: "O aconselhamento alimentar deve ser feito por um profissional de saúde, particularmente um nutricionista. Na consulta de nutrição, o especialista pode avaliar o indivíduo e ‘desenhar-lhe' um adequado planeamento alimentar", resume.





Quem procura perder peso a todo o custo, muitas vezes não mede as consequências. A nutricionista lembra que "uma gestão equilibrada do peso é fundamental para a manutenção da saúde. E, embora não haja um peso ideal, há sempre uns quilos que são dispensáveis, desde que tal situação "não interfira com a condição física e com o estado de saúde", sublinha Carla Afonso. Entram em linha de conta no programa de gestão de peso factores como "a idade, o sexo, a profissão e o números de horas que se dedica à actividade física".









Perder peso gradualmente





Hoje em dia, já existem fármacos que ajudam a perder os quilos a mais. Mas, como adianta Carla Afonso, alguns medicamentos "têm, em geral, muitas contra-indicações e efeitos secundários". Em alternativa, a nutricionista aponta a toma de suplementos nutricionais como uma opção para quem vai iniciar um regime alimentar para perder peso. Mas, "obviamente, compete ao profissional de saúde aconselhar a posologia adequada de acordo com as necessidades individuais".





Estes suplementos, disponíveis no mercado, "praticamente não têm efeitos secundários". Para além disto, acresce o facto de estes produtos "serem eficazes e seguros".





Contudo, os suplementos nutricionais, isoladamente, não fazem milagres. "É preciso adoptar uma alimentação equilibrada e variada, assim como a prática regular de exercício físico: elementos centrais na terapêutica de suplementação nutricional. Só assim se potenciam os resultados." Com a toma de suplementos será possível "compensar as falhas alimentares e potenciar as reacções metabólicas que ocorrem naturalmente no organismo".








Fonte: Jornal do Centro de Saúde

MARCHA PELA FERTILIDADE

Tuesday, June 16, 2009

À ESPERA DA CEGONHA


Andreia Pereira



Em 2008, Cláudia Vieira conseguiu concretizar, finalmente, o sonho de ser mãe. E em dose dupla, já que a presidente da APF teve duas meninas gémeas. Mas, até saborear a maternidade, percorreu um caminho de cinco (longos) anos. Ao fim de seis meses, em que estava a tentar engravidar, "como nada acontecia", decidiu procurar a ginecologista e expor a situação.






Cláudia Vieira e o marido foram submetidos a alguns exames e, umas semanas depois, já sabiam os resultados: em ambos existiam problemas que impediam uma gravidez espontânea. A partir desta altura, recorreu a ajuda especializada e inscreveu-se num hospital público. Teve de aguardar quatro meses para a primeira consulta, até que passados 12 meses foi encaminhada para a realização da primeira microinjecção intracitoplasmática (ICSI): uma técnica usada em casos em que existe um factor masculino de infertilidade.





A presidente da APF conta que conseguiu engravidar duas vezes, uma delas ao final da terceira ICSI e uma outra através de uma transferência de embriões cripreservados. Mas ambas as gestações foram frustradas. "Esta foi outra das situações traumáticas associada ao facto de não poder engravidar", conta. Ainda houve uma quarta ICSI no sector público. Mas, entretanto, como os recursos nestas unidades estatais foram "esgotados", teve de recorrer a uma clínica privada.





Ao fim da quinta ICSI, já no sector privado, conseguiu engravidar. "Obter o resultado positivo era apenas uma etapa vencida, mas nem tudo estava ultrapassado", conta. Foi internada com 25 semanas de gravidez e nem assim se conseguiu evitar que as bebés nascessem às 33 semanas, com apenas 1600gr e 1380gr. Uma das gémeas estava em sofrimento e foi necessário fazer uma cesariana de urgência. "Apesar de terem nascido pequeninas, felizmente não tiveram complicações pulmonares ou infecciosas", afirma.





Cláudia Vieira lamenta o facto de ter tido uma gravidez tão conturbada. Hoje, decorridos 10 meses do nascimento das gémeas, só consegue pensar que é "uma mulher realizada" e que tudo o que passou "valeu a pena". Apesar de não ter usufruído de uma gestação em pleno, a responsável da APF sente-se satisfeita por poder "desfrutar integralmente da maternidade".









Infertilidade tende a aumentar





Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), um casal é considerado infértil quando não alcança a gravidez desejada ao fim de um ano de vida sexual contínua sem métodos contraceptivos. "Esta é a explicação de base, embora, em muitas situações clínicas, não seja necessário aguardar este período, porque o diagnóstico aponta um factor impeditivo de gravidez", explica o Prof. João Silva Carvalho, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução (SPMR).





As causas que impedem uma gravidez podem radicar em qualquer um dos membros do casal. "Na mulher, as disfunções endócrinas, do sistema hormonal, os problemas nas trompas e no útero e as infecções transmitidas sexualmente estão entre as principais causas de infertilidade", adianta o especialista. E acrescenta que, no homem, "os factores genéticos ou tóxicos" contribuem para a perda de quantidade e qualidade dos espermatozóides.





Por motivos de ordem profissional e económica, muitas mulheres adiam a decisão de ter filhos para mais tarde, normalmente depois dos 30 anos. Com esta situação, diz João Silva Carvalho, as hipóteses de engravidar vão sendo mais escassas à medida que a idade avança. "A menopausa é a barreira absoluta a partir da qual há um declínio da fertilidade feminina, porque os ovários deixam de funcionar, embora, a partir dos 45 anos, já haja mais dificuldades em engravidar". O mesmo não acontece com o homem, porque "o aumento da idade não prejudica a fertilidade masculina".






Acontece que devido ao estilo de vida actual e à degradação das condições ambientais, "a qualidade dos óvulos e espermatozóides tem sofrido um decréscimo progressivo". E tal situação estará na base do aumento de casos de infertilidade nos próximos anos, segundo a perspectiva do presidente da SPMR.



Tratamentos para corrigir a infertilidade





Antes de se avançar para as técnicas de procriação medicamente assistida (PMA), o primeiro recurso, segundo João Silva Carvalho, são os tratamentos farmacológicos. "Há medicamentos que corrigem as disfunções endócrinas as infecções." Estas disfunções, que em muitos casos se relacionam com a actividade ovárica ou da tiróide, "prejudicam a qualidade da ovulação". Mas, tratando-se de um bloqueio nas trompas ou alguma anomalia do útero, pode, ainda, recorrer-se à cirurgia minimamente invasiva.





Quando estes procedimentos não funcionam, o casal pode recorrer aos hospitais públicos ou ao sector privado para iniciarem os tratamentos de PMA. Estão, actualmente, regulamentadas três técnicas de PMA: inseminação intra-uterina, fecundação in vitro e micro-injecção citoplasmática.






A inseminação intra-uterina é um processo que decorrer in vivo, ou seja, dentro do corpo da mulher. Para se obter bons resultados, faz-se a "estimulação ovárica" e, na altura da ovulação, o concentrado de espermatozóides, recolhido previamente, é colocado no útero da mulher. "Com esta técnica o objectivo é aproximar os dois gâmetas (óvulos e espermatozóides), favorecendo a fecundação", explica o especialista.





Quando existe uma obstrução das trompas de Falópio, a fertilização é desenvolvida in vitro. "Estimulamos os ovários da mulher, recolhemos os espermatozóides do marido e, em laboratório, juntamos os gâmetas feminino e masculino. Após a fecundação, é retirado o embrião e transferido para o útero materno."





Perante um factor de infertilidade masculina, em que os espermatozóides não conseguem fecundar o óvulo, a técnica de micro-injecção citoplasmática (ICSI) é, à semelhança da fertilização in vitro, desenvolvida em laboratório. "Com o auxílio de um microscópio, introduz-se o espermatozóide no interior do óvulo para ocorrer a fecundação."









Estado apoia casais inférteis





Foi recentemente anunciado por parte do Ministério da Saúde o aumento da comparticipação de 37 para 69% dos medicamentos para a infertilidade, particularmente aqueles que são usados na PMA. Esta medida, já publicada em Diário da República, entra em vigor a partir do dia 1 de Junho e permitirá aliviar os encargos dos casais que tentam ter um filho.





Até agora, as técnicas de PMA são totalmente gratuitas para os casais, dentro das unidades estatais com Serviço de Medicina da Reprodução. Para acederem aos hospitais públicos, o casal tem de ser encaminhado pelo seu médico de família. Com esta referenciação do médico do centro de saúde, o casal entra numa lista de espera.





Em Portugal Continental, existem nove unidades com Serviço de Medicina da Reprodução: Centro Hospitalar de Gaia, Hospital de S. João, Hospital de Santo António e Maternidade Júlio Dinis, as três a funcionarem no Porto, Hospital Nossa Senhora de Oliveira, em Guimarães, Hospital de S. Teotónio, em Viseu, Hospitais da Universidade de Coimbra, Hospital de Santa Maria e Maternidade Alfredo da Costa, ambos em Lisboa.





A sul de Lisboa e nas Ilhas não existe nenhuma unidade pública com Serviço de Medicina da Reprodução em funcionamento. Mas está previsto que esta situação seja revista e que, em breve, alguns hospitais disponibilizem consultas de diagnóstico para os utentes inférteis.









Fonte: Jornal do Centro de Saúde

Monday, June 15, 2009

DE PÓLIPOS A CANCRO




O cancro do cólon e do recto é a segunda causa de morte por doença oncológica no nosso país.






É o que dizem as estatísticas, mas a percepção dos portugueses é bem diferente: um estudo efectuado em 2007 concluiu que este cancro ocupa o quinto lugar entre os mais conhecidos, sendo que 20 por cento dos inquiridos nunca ouviram falar da doença. E, no entanto, surgem todos os anos cerca de cinco mil novos casos, mais de metade dos quais (59 por cento) mortais pois são detectados em fases já muito avançadas.





Os homens são os mais afectados por este cancro que, na maioria das vezes, começa com o desenvolvimento de pequenos grupos de células benignas, os pólipos. Tanto podem estar localizados no cólon (o intestino grosso) como no recto (a última porção de intestino antes do ânus).





Com o tempo alguns destes pólipos podem evoluir para cancro, existindo outros factores de risco para o seu aparecimento. E nem sempre há sintomas iniciais da doença. Quando aparecem, não são sempre os mesmos, variando em função do tamanho do tumor e da sua localização.





Mas são de esperar, nomeadamente, alterações nos hábitos intestinais, incluindo diarreia ou obstipação (prisão de ventre), e alterações persistentes na consistência das fezes por mais de duas semanas.





A presença de sangue nas fezes ou hemorragia rectal é outro sintoma importante, embora não seja automaticamente sinal de cancro: pode ser consequência, por exemplo, de hemorróidas ou de uma fissura no ânus. Além disso, a cor avermelhada das fezes pode induzir em erro, não existindo sangue: é que há alimentos, como a beterraba, que lhe conferem essa coloração. Fezes escuras também podem resultar da toma de medicamentos anti-diarreicos ou de suplementos de ferro, não sendo sinónimo de doença.





Entre os sintomas incluem-se ainda desconforto abdominal persistente, com dor e flatulência (gases), fraqueza ou fadiga, perda de peso inexplicável, sensação de não conseguir esvaziar por completo o intestino.










Risco maior depois dos 50





Como acontece com a maioria dos cancros, a causa exacta deste é desconhecida. O que se sabe é que existem factores de risco, a começar pela idade: a probabilidade aumenta bastante a partir dos 50 anos, embora não seja impossível que se manifeste antes.





Antecedentes pessoais ou familiares de pólipos ou cancro do cólon e do recto também aumentam o risco, bem como a existência de outras patologias que afectam o sistema digestivo, como colite ulcerosa ou doença de Crohn.





A obesidade e a diabetes pesam igualmente nesta balança, bem como o tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas.





Também a dieta parece ter influência, com os estudos científicos a apontarem, embora não conclusivamente, para um risco acrescido associado a um baixo consumo de fibras, legumes e fruta e a uma ingestão excessiva de gorduras e calorias.




Estes são os factores de risco, o que significa que é também por eles que passa a prevenção. Naturalmente que não é possível actuar sobre a idade, modificando-a, mas é possível adoptar comportamentos preventivos a partir dos 50, mediante a realização de despistes regulares. É que a detecção precoce dos pólipos é determinante para o prognóstico.





Já sobre os factores de risco relacionados com o estilo de vida é possível agir: introduzindo as necessárias alterações na dieta (sempre desejáveis do ponto de vista da saúde) e reduzindo ou mesmo evitando o consumo de álcool e o hábito de fumar. A actividade física também ajuda, pois existem dados que sugerem que pode baixar em 24 por cento o risco, para 30 minutos de exercício físico cinco vezes por semana. Além de que o exercício combate a obesidade, também associada ao cancro do cólon e do recto (bem como a muitas outras doenças que importa prevenir, como as cardiovasculares).









Cirurgia no caminho do cancro





A detecção precoce é fundamental, neste como noutros tipos de cancro. E aqui passa por consultar o médico perante os sintomas, como, por exemplo, a presença de sangue nas fezes. Perante a suspeita, são realizados vários testes de diagnóstico. E, se se confirmar a existência de um tumor, serão pedidos testes adicionais para identificar o estádio de desenvolvimento em que se encontra.





Consideram-se cinco estádios, sendo que no primeiro o cancro está confinado à parede interna do cólon ou do recto - é o chamado carcinoma in situ, e no último já se espalhou para outros órgãos, como o fígado ou os pulmões, depois de ter invadido os nódulos linfáticos mais próximos.





É em função da extensão do cancro que o tratamento é definindo, considerando-se três opções: a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia. A cirurgia é o mais comum, mas há procedimentos diferentes consoante a massa cancerígena a remover. Assim, pequenos pólipos podem ser removidos através de colonoscopia (técnica que consiste na introdução de um tubo flexível pelo recto, também utilizada para observação do intestino).





Cancro na fase inicial pode ser tratado por laparoscopia, uma técnica cirúrgica pouco invasiva que envolve a introdução de um tubo através de uma pequena incisão na região abdominal.





Já o cancro na fase mais avançada requer uma cirurgia tradicional para remoção da parte do intestino afectada, bem como de uma margem de tecido saudável - este é um gesto de precaução, visando assegurar que não ficam células malignas para trás. Pela mesma razão são igualmente removidos os nódulos linfáticos mais próximos.





O cirurgião procede depois à união das porções saudáveis do cólon ou do recto. Mas nem sempre isso é possível, podendo ser necessária uma colostomia temporária ou definitiva. Trata-se de um procedimento que consiste numa abertura no abdómen à qual é ligado o cólon: as fezes passam a ser eliminadas por aí, sendo depositadas num saco próprio que acompanha sempre o doente.





Paralelamente à cirurgia o tratamento pode envolver a quimioterapia, técnica que utiliza medicamentos para matar as células cancerígenas, mas também controlar o crescimento do tumor ou apenas aliviar os sintomas (nos casos mais avançados). Náuseas e vómitos, úlceras na boca, fadiga e perda de cabelo são alguns dos efeitos secundários da quimioterapia.







Já a radioterapia socorre-se de fontes de energia potentes, caso dos raios X, para destruir as células que possam ter sobrevivido à cirurgia, para reduzir a dimensão de tumores maiores antes de uma operação ou para atenuar os sintomas. Tem igualmente efeitos secundários, incluindo diarreia, fadiga, perda de apetite e náuseas.





Quando detectado numa fase inicial, o cancro do cólon e do recto tem uma elevada taxa de cura e sobrevivência, a qual se vai invertendo à medida que aumenta a extensão e gravidade do tumor. Todos os anos, há cinco mil portugueses que recebem este diagnóstico. Não se sabe quantos estão na fase inicial da doença, mas sabe-se que o rastreio periódico é determinante para reduzir o risco. Sobretudo a partir dos 50 anos.








Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF

Sunday, June 14, 2009

PRIMEIRA PANDEMIA DO SÉCULO XXI

A NOVA GRIPE


Francisco George


O termo “pandemia”, como o próprio nome indica, refere-se a uma epidemia com expansão à escala pluricontinental.


Mesmo que os sinais actuais representem um processo de ignição de nova pandemia de gripe, não é possível comparar a situação inicialmente identificada no México e nos Estados Unidos da América com outras pandemias que aconteceram no passado.


O ano da constituição da Organização Mundial da Saúde, em 1948, sobrepõe-se, no tempo, ao estabelecimento de uma rede laboratorial que estuda a evolução da composição do vírus da gripe. Essa rede é constituída por laboratórios de virologia, altamente especializados, localizados nos dois hemisférios, designadamente em Atlanta, Tóquio, Londres e Melbourne. Estes laboratórios, apoiados pelo centro de veterinária em Memphis, e por uma rede de 90 centros nacionais que inclui o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, asseguram o acompanhamento da evolução da composição genética e antigénica deste vírus que circula, provavelmente desde sempre, alternadamente nos dois hemisférios durante os meses frios.


Cada alteração major da composição do vírus, pode corresponder à emergência de um novo subtipo, que poderá ser seguida de uma pandemia.

Estas epidemias de grande escala verificam-se tendencialmente a um ritmo variável de 2 a 3 por século. É verdade que as primeiras descrições remontam a 1580, apesar de só em 1933 ter sido estabelecida a origem infecciosa. O agente viral então identificado recebeu a designação de influenza, provavelmente em homenagem à antiga crença, apesar de errada, que eram
os astros a influenciar a ocorrência de epidemias de grande escala.


Estes elementos devem ser equacionados para compreender que os fenómenos epidemiológicos, no caso de gripe, não são, sublinhe-se, inesperados. Esta situação tem de ser socialmente aceite, para não gerar pânico. Faz por isso todo o sentido apelar à tranquilidade dos cidadãos.


Fonte: DGS

GRIPE A(H1N1) » INFORMAÇÃO PARA O PÚBLICO


1. O que é o novo vírus da Gripe A(H1N1)?



O vírus da Gripe A(H1N1) - que apareceu recentemente, é um novo subtipo de vírus que afecta os seres humanos. Este novo subtipo contém genes das variantes humana, aviária e suína do vírus da Gripe e apresenta uma combinação nunca antes observada em todo o Mundo. Há evidência de que este novo subtipo é transmissível entre os seres humanos e a doença contraída tem atingido, no México, graus de severidade elevados, num número considerável de casos.



2. Quais os sintomas da infecção pelo novo vírus da Gripe A(H1N1)?
Os sintomas de infecção pelo novo vírus da Gripe A(H1N1) nos seres humanos são normalmente semelhantes aos provocados pela Gripe Sazonal:





Febre

Sintomas respiratórios (tosse, nariz entupido)

Dor de garganta

Possibilidade de ocorrência de outros sintomas:

Dores corporais ou musculares

Dor de cabeça

Arrepios

Fadiga

Vómitos ou diarreia (embora não sendo típicos na Gripe sazonal, têm sido verificados em alguns dos casos recentes de infecção pelo novo vírus da Gripe A(H1N1).

Em alguns casos, podem surgir complicações graves em pessoas saudáveis que tenham contraído a infecção.



3. Como ficam as pessoas infectadas com o vírus da Gripe A(H1N1)?

O método de transmissão do novo vírus da Gripe A(H1N1) é idêntico ao da Gripe Sazonal. O vírus espalha-se de pessoa para pessoa através de partículas em suspensão, quando uma pessoa fala, tosse ou espirra. Os contactos mais íntimos com uma pessoa infectada podem representar, por isso, uma situação de risco. O contágio pode também verificar-se indirectamente quando há contacto com gotículas ou outras secreções do nariz e da garganta de uma pessoa infectada - por exemplo, através do contacto com maçanetas das portas, superfícies de utilização pública, etc.. Uma pessoa saudável pode, inadvertidamente, contaminar as suas mãos e levá-las aos olhos, à boca ou ao nariz.



4. O vírus da Gripe A(H1N1) pode ser transmitido aos humanos mediante o consumo de carne de porco ou derivados?


Não. O vírus da Gripe A(H1N1) não é transmitido pela ingestão de carne de porco ou derivados devidamente confeccionados. Esta nova estirpe não foi, até à data, observada em animais, e não há indícios de que o vírus tenha entrado na cadeia de produção. Tanto a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar, como o Centro Europeu de Controlo de Doenças desconhecem qualquer evidência científica que sugira a possibilidade de transmissão do vírus por consumo de carne de porco e derivados.


Na possibilidade de que venha a ser observada a presença do vírus na carne de porco, uma correcta confecção - a temperaturas internas superiores a 70ºC - irá eliminá-lo de forma eficaz, tal como acontece com os outros vírus e bactérias habituais. Recorda-se, no entanto que, independentemente dos gostos gastronómicos individuais, a carne de porco deve ser sempre consumida "bem passada". Recomenda-se, igualmente, que as mãos sejam lavadas abundante e periodicamente, bem como todos os utensílios de cozinha. Estas recomendações são, aliás, as habituais para uma higiene adequada na cozinha.




5. Existe alguma vacina contra o vírus da Gripe A(H1N1)?

De momento, não existe vacina que proteja os humanos do novo vírus da Gripe A(H1N1).


6. A vacina da Gripe Sazonal é eficaz contra o novo vírus da Gripe A(H1N1)?


Não há evidência científica, até ao momento, que confirme qualquer protecção conferida por parte da vacina da Gripe Sazonal.




7. A infecção pelo novo vírus da Gripe A(H1N1) pode ser tratada?


O novo vírus da Gripe é sensível aos antivirais oseltamivir e zanamivir.


8. Qual é a situação na Europa?


A situação na Europa está em rápida evolução. Para informações mais recentes, consultar o sítio da Direcção-Geral da Saúde, nomeadamente, o Microsite da Gripe.



9. Estamos perante uma nova pandemia de Gripe?


A Organização Mundial de Saúde elevou para a Fase 5 o grau de alerta quanto ao riscode pandemia. Isto significa que há um risco aumentado de que a pandemia possa acontecer, mas tal não significa, necessariamente, que venha a ocorrer.


É demasiado cedo para saber se a situação actual irá evoluir para uma pandemia. Uma pandemia de Gripe é caracterizada por uma epidemia à escala mundial, provocada por um novo vírus da Gripe que infecta uma grande parte da população desprotegida. No século XX, houve 3 pandemias de Gripe, em 1918, 1957 e 1968.


Na Europa, e particularmente em Portugal, nos anos recentes, foram desenvolvidos esforços consideráveis de preparação para uma pandemia e todos os Estados Membro da União Europeia têm Planos de Contigência Nacionais.


10. É seguro viajar para o México?

Nas declarações de 27 de Abril, a Directora-Geral da Organização Mundial da Saúde recomendou que não fossem restringidas as viagens internacionais, apesar de considerar prudente que as pessoas adiassem as viagens não-urgentes. Qualquer indivíduo que apresente sintomas após uma viagem internacional, deve contactar a Linha Saúde 24 (808 24 24 24). Pessoas que tencionem viajar para áreas afectadas devem procurar informação junto da Linha Saúde 24 (808 24 24 24). Todos os viajantes deverão seguir as regras gerais de higiene descritas na resposta seguinte.




11. Que devo fazer para me proteger se tiver de viajar para o México?


Os viajantes devem seguir as precauções gerais de higiene relativamente a infecções respiratórias se viajarem para áreas onde foram detectados casos de infecção pelo novo vírus da Gripe, nomeadamente para o México. Estas regras gerais de higiene incluem:

Evite o contacto próximo com pessoas doentes. Por outro lado, se estiver doente, deverá manter a distância de pelo menos 1 m em relação aos outros, para evitar a propagação do vírus.

Sempre que possível, mantenha-se no domicílio. Evite multidões ou grandes aglomerados de pessoas.


Lave frequentemente as mãos com água e sabão;


Se tossir ou espirrar, proteja a boca e o nariz com um lenço de papel de utilização única ou use o antebraço e não as mãos, lavando-as com frequência;

Para se assoar, use lenços de papel de utilização única, meta-os num saco de plástico e coloque-o no lixo; lave as mãos com frequência.


12. Que precauções devo tomar se estiver a regressar do México?

Viajantes que regressem do México devem estar particularmente atentos ao seu estado de saúde; devem contactar de imediato a Linha Saúde 24 (808 24 24 24), durante os 7 dias seguintes ao regresso, se experimentarem algum dos seguintes sintomas:


Febre (>38ºC) e um dos seguintes sintomas:


Sintomas respiratórios como tosse ou nariz entupido


Dor de garganta


Dores corporais ou musculares


Dor de cabeça


Fadiga

Vómitos ou diarreia


13. Que leituras sobre gripe em língua portuguesa são aconselhadas?

Introdução ao Estudo da Gripe
História da Gripe
Gripe em Lisboa: 1957 e 2008
Actividade Gripal em Portugal no Inverno de 2000/2001
Gripe: textos de Helena Rebelo de Andrade e Graça Freitas
Fonte: Direcção Geral da Saúde

MUSICAL PARA AJUDAR CRIANÇAS NO IPO

SAÚDE DA PELE


Dra. Marta A. Pereira



A pele é o maior órgão do corpo humano e cumpre funções importantes muito para além da simples função estética.






É um importante órgão sensorial e de interacção com o meio ambiente, regula o controlo das perdas de água através da transpiração, tem funções de defesa contra infecções e capacidade de protecção contra agentes irritantes e radiação ultravioleta.





Recentemente, a suplementação oral com antioxidantes, nomeadamente os que contêm luteína e vitaminas C e E, tem demonstrado uma importante acção antienvelhecimento, devido aos seus benefícios na manutenção da tensão, brilho e espessura da pele.





A manutenção da saúde da pele passa também por uma rotina de cuidado diário que consiste no uso de um produto de limpeza, seguido de um hidratante.





Os produtos de limpeza, sob a forma de leite, creme, sabões ou gel, destinam-se a remover o sebo, as células superficiais de descamação, as bactérias, os fungos e a sujidade ambiental, deixando íntegra a barreira cutânea. Na face é comum complementar a sua acção com um tónico adstringente, de composição distinta consoante se destina a pele seca ou oleosa.





Os hidratantes são concebidos para minimizar a perda de água e promover a reparação da pele. Os hidratantes corporais, sob a forma de leite e creme, são indicados na secura cutânea, que geralmente se agrava com a idade e com o uso de produtos de limpeza demasiado agressivos. Em relação aos hidratantes faciais, a sua formulação deve ser adaptada à idade, ao tipo de pele (oleosa, seca, mista) e às necessidades específicas (rugas, flacidez).





Na prevenção do envelhecimento, aconselha-se o uso diário de um protector solar, de índice nunca inferior a 15. A partir dos 25 anos podem usar-se cremes de noite com ácidos na sua composição (Lascórbico, glicólico, alfa-hidroxiácidos) ou mesmo retinóides, como a tretinoína, com o objectivo de minorar pequenas rugas, manchas ou irregularidades da pele. Estes produtos devem, preferencialmente, ser aconselhados pelo seu dermatologista.





Na mulher, há três períodos da vida em que a pele experimenta grandes alterações: a gravidez, o pós-parto e a peri-menopausa.









Gravidez e pós-parto





Na gravidez observa-se um aumento da pigmentação da pele do rosto (cloasma - popularmente conhecido por "pano" ou "máscara gravídica"), dos mamilos, e dos genitais e um aumento generalizado do pêlo corporal. Pode também observar--se aparecimento de novos "sinais" ou escurecimento dos já existentes. Recomenda-se, por isso, o uso diário de um foto-protector elevado (índice 50+) em toda a pele exposta. No caso da alteração ou do aparecimento de novos "sinais", o esclarecimento do seu médico assistente ou do seu dermatologista é fundamental.





As estrias de distensão da pele são provavelmente o problema mais estigmatizante para a grávida. Durante a gestação aconselha-se a aplicação de hidratantes com extracto de centelha asiática ou ácido glicólico na sua composição, nas áreas de maior susceptibilidade - abdómen, coxas e nádegas.



Após o parto, podem realizar-se tratamentos complementares, como luz pulsada ou peelings. Também no pós-parto se podem realizar tratamentos das manchas da pele (com despigmentantes, LASER, peeling, dermabrasão) e da queda de cabelo que caracteristicamente se observa nesta altura, com suplementação oral adequada e produtos capilares específicos.









Peri-menopausa





Na peri-menopausa, as alterações cutâneas têm estreita relação com a diminuição de estrogénios: aumento das rugas, secura e atrofia cutânea (incluindo dos genitais), flacidez, diminuição da capacidade de cicatrização, "calores" e rubor facial. A suplementação com estrogénios pode reverter parcialmente estes efeitos, mas esta terapêutica deve ser discutida individualmente com o médico assistente ou o ginecologista, uma vez que não é isenta de riscos.





Actualmente, pode aconselhar-se a suplementação com fitoestrogénios (isoflavonas) em mulheres sem indicação para suplementos de estrogénios, uma vez que produzem benefícios sobreponíveis. Contudo, a sua segurança a longo prazo não é conhecida.





Em relação aos tratamentos dermatológicos, eles são diversificados e devem ser aconselhados de forma individualizada por um profissional da especialidade. Incluem o LASER vascular, o LASER fraccionado, a dermabrasão, os peelings químicos, a radiofrequência, a luz pulsada, as substâncias de preenchimento (como o ácido hialurónico) e a toxina botulínica (Botox®). A combinação acertada das diferentes técnicas é fundamental para o sucesso dos resultados.









Dra. Marta A. Pereira,
Dermatologista
Centro de Dermatologia Epidermis - Instituto CUF,
Serviço de Dermatologia, Hosp. de S. João, Porto.









Fonte: Saúde em Revista

Saturday, June 13, 2009

A LUZ APAGA-SE E ACENDE-SE O MEDO




Cláudia Pinto



É quando a luz se apaga que a criança "acende" o seu medo do escuro. Nunca deve menosprezar esta "mania" do seu filho. Não é fingimento. É mesmo algo que deve ser levado muito a sério, embora com bom-senso.






Os fantasmas, os bichos debaixo da cama, os monstros e os filmes de terror surgem com o aparecimento da escuridão. É nesta altura que os miúdos se transformam em autênticos "realizadores de filmes de terror" e começam a sofrer com este medo.





A pedopsiquiatra Ana Vasconcelos ajuda-o a perceber melhor este sentimento que surge "quando a criança fica sozinha consigo mesma".





O drama repete-se todas as noites. O Tiago tem seis anos e arranja todos os motivos para adiar a hora de ir para a cama. Nem as sucessivas chamadas de atenção da mãe são suficientes para o convencer.





Atrasa os trabalhos de casa, demora a jantar, leva muito tempo para escovar os dentes... Tudo serve de motivo para ir dormir cada vez mais tarde.





O Tiago, como tantas outras crianças, sofre de medo do escuro. "Todos nós, em determinada altura da nossa infância, tivemos medo do escuro ou pedimos aos nossos pais para deixar a luz do corredor ou do quarto acesa", afirma Ana Vasconcelos, pedopsiquiatra e Presidente da Sociedade Portuguesa de Psicoterapia Psicanalítica. O medo do escuro deve ser encarado com "bom-senso".





É normal que o seu filho se queixe desta inquietação. "A criança sente este medo quando fica sozinha consigo mesma. Isto significa que vai ficar só, sem a televisão a encher-lhe a cabeça de imagens".





As crianças que se sentem inquietas com a escuridão "são aquelas que mais filmes fazem na sua cabeça e que têm uma enorme imaginação visual". Quando a luz se apaga, o "aparelho psíquico das imagens que vêm do exterior é desocupado".





É nesta altura que as crianças "se vão ocupar com imagens que vêm do seu interior". Apesar da noite ser boa conselheira, pode também trazer à tona as preocupações do dia-a-dia.





Todos nós já passámos por momentos destes ou já sofremos terríveis insónias por estarmos demasiado ocupados com os nossos problemas. "Os nossos filmes interiores são, geralmente, muito angustiantes. Os miúdos transformam-se em autênticos realizadores de filmes de terror".



O medo do escuro surge normalmente "quando a criança consegue fazer representações mentais com imagens", o que equivale ao primeiro ano e meio de idade. Não há uma idade específica para que este medo desapareça e até "é muito comum que o medo do escuro se prolongue durante a vida adulta.



É por isso normal que, muitos idosos prefiram estar acompanhados do som da televisão, mesmo que não estejam atentos à mesma".



"Terrores sem nome"





É frequente aparecerem crianças nas consultas da pedopsiquiatra Ana Vasconcelos com "terrores sem nome. Estes são os tipos de medo mais graves". Durante a noite, este sentimento é agudizado. "É antes de adormecer que vamos organizar os momentos mais complicados do dia, através das várias fases do sono que estão já muito bem caracterizadas".





Os miúdos que se queixam de medo do escuro acordam regularmente muito cansados, "tipicamente rabugentos" porque as suas fases do sono "estão extremamente diminuídas. O seu sono não é organizador mas desgastante". O terror nocturno não é o mesmo que o típico pesadelo.






"Este tipo de terrores surge quando a criança acorda completamente em pânico, não reconhece ninguém e fica numa situação em que está semiacordada e semiadormecida. O pesadelo é diferente pois é associado a imagens bem definidas". Este tipo de angústia vai fazer com que as crianças adiem cada vez mais a hora de ir dormir.





"São aqueles miúdos que se deitam muito tarde e que arranjam muitas coisas para fazer para adiar o momento em que têm de se deitar porque isso será muito angustiante para eles", diz-nos Ana Vasconcelos. Por outro lado, actualmente, são muitas as crianças que adormecem a ver televisão, como forma de "ocupar a sua mente com imagens".









Angústia da separação





É também quando a luz se apaga que as crianças se separam dos pais. Pela primeira vez, durante o dia, a criança fica entregue a si mesma. "A angústia da separação é normalíssima no ser humano. Surge quando a criança já reconhece na sua memória a mãe e, por algum motivo, ela lhe falta".



Ana Vasconcelos é da opinião que devem ser criados ritmos para que os filhos percebam que os pais estão temporariamente ausentes mas irão regressar ao fim da tarde.





"Os miúdos que desenvolvem medo do escuro, muitas vezes, são filhos de pais que têm ritmos de vida alucinantes e que não vão buscar as crianças à escola à mesma hora.





Não há rotina nem ritmos instalados". Tal facto pode ser simplesmente modificado se os pais se habituarem a telefonar para a escola a informar que irão chegar mais tarde.





"Esses miúdos vêem sempre os pais na mão do exterior. Se o pai ou a mãe telefonarem a avisar que vão chegar mais tarde, a criança fica logo muito mais tranquila", diz-nos a pedopsiquiatra. A angústia da separação pode surgir também na puberdade ou na adolescência.



Quando deve procurar um especialista?





O bom-senso é a palavra de ordem para lidar com estes casos. É normal que as crianças tenham medo do escuro. No entanto, a partir do momento "em que a criança fica nas mãos daquele medo e deixe de ser ela própria, os pais devem começar a preocupar-se".





Nos primeiros dias, "podem tentar adormecer a criança para que ela se sinta mais segura. Se passarem duas a três noites sem conseguirem com que durma no seu quarto, devem procurar a ajuda do pediatra para se aconselharem". Posteriormente, se o pediatra considerar que se justifica, a criança pode ser encaminhada para outro especialista.





Para Ana Vasconcelos, "também pode ajudar ter uma luz pequena de presença no quarto ou deixar a luz do corredor acesa". O essencial "é ajudar a criança a ultrapassar aquele momento de fragilidade sem a rigidez de alguns pais que ainda podem deixar a criança mais aflita". Tranquilidade recomenda-se.





Interessa saber "qual foi a situação do dia que despoletou este medo". Os pais não devem esquecer que "são eles os que melhor conhecem aquela criança", conclui Ana Vasconcelos.







Fonte: Jornal do Centro de Saúde

Wednesday, June 10, 2009

MALES DO CORAÇÃO




Quando o coração e as artérias são sujeitos a um esforço excessivo, está aberto o caminho a uma das várias doenças cardiovasculares: em comum têm os factores de risco.








É um estilo de vida pouco saudável que coloca as doenças cardiovasculares no topo das estatísticas de mortalidade no nosso país. A elas se devem cerca de 32 por cento dos óbitos, uma percentagem que é possível reduzir actuando sobre os factores de risco.







São factores partilhados pelas várias patologias que, a seguir, se apresentam nos seus contornos essenciais.











Aterosclerose - gordura nas paredes







É a acumulação de gordura, colesterol, cálcio e outras substâncias nas paredes artériais, formando a chamada "placa", mais concretamente sob o seu revestimento interno, que caracteriza a aterosclerose, doença que conduz ao estreitamento progressivo das arterias. E podem ser afectadas todas as artérias, das que alimentam o coração às que irrigam o cérebro e os demais órgãos vitais.







Embora a causa exacta da ateroesclerose não seja conhecida, parece que tudo se inicia com a lesão da parede interna das artérias, que leva à acumulação de plaquetas, iniciando-se um processo inflamatório com deposição das substâncias acima mencionadas, formando a "placa".







O processo de ateroesclerose vai estreitando progressivamente as artérias, levando à sua oclusão total ou pode haver desprendimento de uma placa de ateroesclerose que, levada pela circulação, vai obstruir uma artéria mais pequena, por onde já não consegue passar. Em consequência, os órgãos que essas artérias alimentam podem não receber sangue e oxigénio em quantidade suficiente.







O primeiro sinal da doença pode ser uma dor no peito ou cãibras nas pernas, precisamente por falta de irrigação adequada e de oxigénio. Os sintomas desenvolvem-se gradualmente mas também podem surgir de repente se houver obstrução súbita de uma artéria.











Enfarte - músculo em risco







É o verdadeiro "ataque cardíaco", termo que é usado para descrever as várias doenças cardiovasculares mas que, de facto, corresponde ao enfarte de miocárdio. Ocorre quando a obstrução de uma artéria restringe gravemente ou interrompe mesmo o fornecimento de sangue ao coração: se essa interrupção se prolongar mais do que alguns minutos há destruição do tecido e músculo cardíaco por falta de oxigénio - é o enfarte do miocárdio.







O sintoma mais típico é dor no meio do peito, estendendo-se às costas e ao braço esquerdo. É uma dor intensa, prolongada e que não se acalma com repouso. A ela se podem juntar uma sensação de desfalecimento e um forte martelar do coração. Os batimentos irregulares podem interferir gravemente com a capacidade de bombeamento do coração, provocando paragem cardíaca.






Num em cada cinco doentes, o enfarte é silencioso, com sintomas ligeiros ou mesmo nenhum sintoma, sendo apenas detectado posteriormente. Contudo, um enfarte é uma emergência médica, com muitas mortes a ocorrerem nas primeiras três a quatro horas.





AVC - células sem oxigénio







Quando o sangue é bloqueado no seu caminho ao longo de uma das artérias cerebrais, há um menor afluxo de oxigénio ao cérebro e o resultado é a destruição ou morte de células - é o que acontece num acidente vascular cerebral ou AVC.







Um AVC pode ser também causado pelo rompimento de uma artéria cerebral - o sangue espalha-se ou acumula-se no cérebro, danificando as células. De uma forma ou de outra, tudo acontece subitamente e com efeitos imediatos.







Uma distorção lateral da boca (a chamada "boca ao lado") é o sintoma mais característico de um AVC.







Outros são fraqueza ou adormecimento, com formigueiro, ou paralisia de um membro ou lado do corpo, dificuldade de movimentação, tonturas ou perda de coordenação e equilíbrio, dificuldade na fala e na compreensão, e dor de cabeça súbita, que pode ser acompanhada de vómitos, rigidez do pescoço, dor facial (na cara) e alterações de consciência. Isto porque o cérebro controla funções corporais específicas, dos movimentos aos processos mentais.











Prevenir é possível







Na origem das doenças cardiovasculares estão muitos factores de risco modificáveis, o que significa que é possível preveni-las.







Assim:


• Deixe de fumar;


• Faça uma alimentação saudável, privilegiando os legumes, as frutas e os cereais integrais e reduzindo o sal, as gorduras e os açúcares;


• Pratique exercício físico com regularidade;


• Controle a sua pressão arterial e o nível de gorduras e açúcar no sangue;


• Vigie o peso.










Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF

HÉRNIAS INGUINAIS: PONTO FRACO




É aproveitando um ponto fraco na parede abdominal que se formam as hérnias inguinais. Dor nas virilhas é o principal sintoma deste problema de saúde que é quase exclusivo dos homens.





É nos homens que as hérnias inguinais surgem com mais frequência, numa proporção de dez para um em relação às mulheres. E a explicação para esta diferença remonta à própria gestação.





Nos fetos masculinos os testículos formam-se no interior do abdómen, após o que se deslocam ao longo do canal inguinal até ao escroto, o saco que os envolve. Pouco depois do nascimento, este canal fecha-se quase por completo, deixando apenas espaço suficiente para o cordão espermático - a estrutura que contém os vasos deferentes através dos quais circula o esperma. É uma abertura mínima, assim se impedindo que os testículos possam regressar ao abdómen. Por vezes, contudo, o canal inguinal não fecha adequadamente, deixando uma área vulnerável. É nesse ponto fraco que surgem as hérnias.





E acontecem quando o tecido mole, geralmente uma parte do intestino, ou gordura atravessam esse ponto, devido ao aumento da pressão no interior do abdómen, dando origem a uma bolsa saliente no baixo abdómen, junto às virilhas. Do simples desconforto à dor intensa, os sintomas da hérnia inguinal agravam-se quando é exercida maior pressão no abdómen. Pode ser a força exercida para levantar um objecto pesado, o excesso de peso, o simples gesto de se inclinar ou o esforço associado à expulsão das fezes ou à micção. Até um acesso de tosse ou uma crise de espirros podem deixar os músculos abdominais mais vulneráveis.



São dois os tipos de hérnia inguinal.





A congénita, ou indirecta, que está relacionada com o desenvolvimento intra-uterino, e a directa, associada ao desgaste natural dos tecidos e músculos abdominais ao longo da vida adulta. Ambas

afectam sobretudo os homens, ainda que também possam ocorrer nas mulheres. A gravidez - devido à pressão exercida sobre o abdómen - é o momento mais crítico para o sexo feminino.





Ser do sexo masculino é, por assim dizer, um factor de risco, mas há outros: ter antecedentes familiares ou pessoais, sofrer de doenças como a fibrose quística, ter nascido prematuro e manter uma ocupação profissional que exija longos períodos de pé ou esforço físico intenso. O excesso de peso e a gravidez também têm influência, o mesmo acontecendo com a tosse e a prisão de ventre crónicas.









Antes que estrangule





As hérnias inguinais não são perigosas em si próprias, mas podem complicar-se e pôr mesmo a vida em perigo. A maioria alarga com o passar do tempo, pressionando os tecidos circundantes e estendendo-se para o escroto, aí causando inchaço e dor.





O maior risco acontece quando uma parcela do intestino fica presa no ponto fraco da parede abdominal - é a chamada hérnia encarcerada, fonte de dor intensa, náuseas, vómitos e incapacidade de expulsar as fezes. Quando há bloqueio da passagem de sangue para a porção do intestino que ficou presa fala-se em hérnia estrangulada, condição que pode conduzir à morte dos tecidos. Dor súbita que se agrava em pouco tempo, febre e batimentos cardíacos acelerados são sintomas deste estrangulamento, constituindo uma situação de emergência médica.





É o que acontece no extremo se a hérnia não for reparada. A cirurgia é a solução para aliviar o desconforto e a dor e prevenir complicações, podendo realizar-se pela via mais tradicional - aberta - ou através de laparoscopia, menos invasiva. A decisão é tomada em função das particularidades de cada caso.





De uma forma ou de outra, já muito se evoluiu e a reparação cirúrgica de uma hérnia inguinal já não implica longas hospitalizações, sendo a recuperação mais fácil e mais rápida.









Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF

Sunday, June 7, 2009

FEBRE TIFÓIDE: UMA BACTÉRIA VIRULENTA




É bastante virulenta a bactéria causadora da febre tifóide, doença endémica em muitos destinos turísticos. Aí todo o cuidado é pouco para não se ser infectado. E antes de partir o melhor é prevenir, vacinando.




Nos países industrializados é rara, mas no mundo em desenvolvimento constitui um grave problema de saúde pública, muito por via do deficiente saneamento básico. A ausência destas infra-estruturas, aliada a precários hábitos de higiene, potencia a proliferação da bactéria causadora da febre tifóide – a salmonella typhi.



É por via fecal-oral que esta bactéria penetra no organismo. Numa pessoa infectada, ela é expelida através das fezes e, por vezes, da urina. Se essa pessoa não lavar rigorosamente as mãos após cada ida à casa-de-banho e se, de seguida, manusear alimentos a consumir por outras pessoas está aberta a porta ao contágio. O mesmo acontece se se beber água que não tenha sido
desinfectada – o que, quando a rede de abastecimento público e de esgotos é deficiente, é fácil: basta engolir umas gotas de água do duche para se correr riscos...



Não é de imediato que a infecção se manifesta, podendo passar uma a três semanas até que os sintomas surjam. Excepto nas crianças, que algumas vezes ficam doentes subitamente, os sintomas desenvolvem-se gradualmente.



Uma febre elevada, a rondar os 39 ou 40ºC, é o primeiro, acompanhada de dores de cabeça, fadiga e fraqueza, dores abdominais e garganta irritada. Diarreia (mais nas crianças) ou prisão de ventre (sobretudo nos adultos) também são frequentes. Pela segunda semana, pode aparecer irritação cutânea temporária, com pequenos pontos rosados a marcar a região inferior do tórax, na transição para o abdómen.



Se a doença não for tratada nesta fase, agrava-se. A febre permanece elevada, a prisão de ventre e a diarreia tornam-se mais severas. Há uma clara perda de peso, com distensão visível do abdómen.



Se continuar a não haver tratamento, outros sintomas surgem: o doente começa a delirar, permanecendo prostrado, num estado de exaustão com os olhos semi-fechados. É nesta fase que há risco de complicações.







Tratar para não complicar



A mais séria é a hemorragia intestinal, denunciada por uma súbita quebra na pressão arterial e pela presença de sangue nas fezes. Por vezes, ocorre perfuração do intestino, o que faz com que o seu conteúdo se espalhe pela cavidade abdominal causando sintomas como dor abdominal, náuseas, vómitos e podendo desencadear uma infecção do sangue.



É uma situação que requer intervenção de urgência.




Mas há outras complicações da febre tifóide não tratada embora menos comuns, como por exemplo: inflamação do músculo cardíaco, pneumonia, pancreatite, infecções renais ou da bexiga e infecções da coluna vertebral.



Sem tratamento, pode não se sobreviver à doença, mas com tratamento a maioria das pessoas recupera. Há, no entanto, algumas que, mesmo depois de tratadas, continuam a alojar a bactéria no seu organismo, nomeadamente na bexiga ou nos intestinos. São portadores crónicos da febre tifóide, o que significa que podem infectar outras pessoas apesar de não terem sintomas.



É com antibióticos – esta é uma doença bacteriana – que se trata a febre tifóide, sendo fundamental seguir o tratamento até ao fim, conforme as indicações médicas, sob pena de perder eficácia e de a doença regressar, exigindo depois um medicamento mais forte.



Paralelamente, convém ingerir bastantes líquidos, de modo a compensar a perda de fluidos causada pela febre e pela diarreia. É também importante que o doente se alimente com regularidade.



Dado o risco, o melhor é prevenir. O que passa pela informação: se está a pensar viajar para um país em África, na Ásia ou na América Latina informe-se sobre a prevalência da febre tifóide. Se for o caso, aconselhe-se sobre a vantagem de se vacinar. E, uma vez no destino, não descure os cuidados que permitem manter a salmonella typhi à distância.







Bactérias à distância



Contrair febre tifóide é relativamente fácil dada a sua principal via de contágio: é que basta ingerir água ou alimentos contaminados...



Esta facilidade faz com que seja fundamental a prevenção, tanto mais que as vacinas existentes não oferecem protecção total.



Sempre que viajar para um destino em que a doença seja endémica lembre-se que há gestos simples mas vitais. Assim:
• Lave as mãos com frequência, sobretudo depois de usar a casa-de--banho e antes de preparar
alimentos ou comer;
• Beba apenas água engarrafada, fervida ou desinfectada; a água com gás é preferível;
• Prefira bebidas gaseificadas, mas não beba directamente da garrafa ou da lata: limpe bem antes de despejar num copo;
• Use gelo apenas se tiver a certeza de que é feito com água engarrafada ou purificada;
• Evite alimentos crus, nomeadamente vegetais: é que podem ter sido lavados com água contaminada; descasque a fruta;
• Os alimentos cozinhados devem ser comidos ainda quentes;
• Resista às bebidas e alimentos oferecidos pelos vendedores ambulantes;
• Use água engarrafada para lavar os dentes e procure não engolir água do duche.



A prevenção tem sempre dois sentidos, o que significa que se está a recuperar de febre tifóide também deve adoptar alguns cuidados para não infectar outras pessoas.



Assim:
• Lave as mãos com frequência;
• Evite manusear alimentos destinados a outras pessoas;
• Mantenha os seus objectos de uso pessoal separados dos demais.







Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF
 

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