Thursday, November 27, 2008

NOVOS ALCOÓLICOS TÊM ENTRE 20 A 30 ANOS



João Tomásio


Nos últimos dez anos tem aumentado o número de jovens entre os 20 e 30 anos de idade com problemas graves de alcoolismo. A iniciação ao álcool acontece ainda na adolescência, com o consumo de bebidas altamente graduadas.





O novo perfil de alcoólico dependente foi traçado durante o segundo dia de trabalhos do IV Congresso Nacional da Psiquiatria, a decorrer no Luso até 28 de Novembro. Também o tabagismo constitui um problema de dependência, com incidência forte na puberdade, onde tudo começa. O consumo da nicotina nesta fase pode ser um forte indicador de futura psico-patologia.




"A dependência ao álcool registou uma mudança de padrão. Há uma década os alcoólicos dependentes tinham entre 40 e 50 anos. Hoje estão na casa dos 20/30 anos e o consumo tem como objectivo obter um estado alterado de consciência', afirma Célia Franco, psiquiatra do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Coimbra.




Os novos alcoólicos jovens iniciam o consumo na adolescência, por volta dos 14 anos. Ao contrário dos adultos de meia-idade, não têm uma vida estruturada e uma personalidade definida, o que provoca graves prejuízos para a sua saúde mental. O álcool altera o funcionamento a nível neurológico e pode resultar em psicoses e comportamentos desadequados, sobretudo a nível familiar e profissional.




Portugal, como país produtor de bebidas alcoólicas, apresenta muita permissividade em relação ao consumo das mesmas. Segundo a psiquiatra, faltam estudos que analisem o impacto desta dependência e de outras, nomeadamente as drogas e o tabagismo, cujos consumos estão associados.




O consumo do tabaco é responsável pela morte prematura de 660 mil pessoas por ano dentro dos 27 estados-membros da União Europeia, representando 15% das mortes. É a principal causa de mortalidade e morbilidade evitável. Mais uma vez, é também a adolescência que despoleta esta dependência. Segundo Sara Mendes Moreira, psiquiatra do Hospital Geral de Santo António (Porto), ‘o início do hábito tabágico, muitas vezes, começa como um ritual de passagem para o mundo dos adultos. Há uma incidência crescente de co-morbilidade psiquiátrica nos adolescentes que fumam. O consumo de cigarro nesta fase parece ser um forte indicador de futura psico-patologia.




A especialista alerta para o facto do vício abranger cada vez mais mulheres jovens e defende uma intervenção preventiva na adolescência. Afirma ainda que a implementação da nova lei do tabaco (em vigor desde Janeiro) não reflecte o aumento de adesão às consultas de cessação tabágica.








Fonte: ADBDCommunicare, Consultores Associados

Tuesday, November 25, 2008

HÁ OU NÃO ALIMENTOS PROIBIDOS PARA DIABÉTICOS?



Dr.ª Alexandra Bento


A terapia nutricional é uma das componentes fundamentais na abordagem terapêutica da diabetes mellitus (DM) e deve caminhar lado a lado com a prática regular de actividade física e com a medicação anti-diabética.





Em geral, a alimentação dos diabéticos deve ser tão equilibrada, variada e completa como a alimentação de qualquer indivíduo saudável, não havendo lugar para alimentos proibidos. À luz do conhecimento actual, não se justifica encorajar as pessoas diabéticas a não comer hidratos de carbono. De facto, é importante que incluam na alimentação diária o consumo de frutos, hortícolas, cereais de grão inteiro e leguminosas, todos ricos em hidratos de carbono, mas igualmente ricos em fibra alimentar, vitaminas, minerais, antioxidantes e outras substâncias protectoras.




Apesar de os diabéticos não estarem absolutamente proibidos de ingerir açúcar ou alimentos ricos em açúcar, convém lembrar que estes alimentos, além de contribuírem para uma rápida subida da glicemia (açúcar no sangue), apresentam, normalmente, uma elevada densidade calórica e, simultaneamente, défices de fibras, vitaminas e minerais. Por isso, não acrescentam qualquer valor a uma alimentação sadia, além do contributo para o aumento de peso.




A Associação Americana de Diabetes e a Associação Europeia para o Estudo da Diabetes recomendam uma ingestão de açúcares e produtos açucarados não superior a 10% do valor energético total. Os alimentos ricos em fibra assumem, assim, particular importância na alimentação dos diabéticos. Para além de contribuírem para a saúde gastrointestinal no seu todo, diminuem o pico de glicemia pós-prandial, ajudam a reduzir os níveis plasmáticos de colesterol e, por serem, saciantes, podem ajudar a controlar o peso.




As pessoas com diabetes apresentam um risco acrescido de doença cardiovascular, pelo que são aconselhadas a reduzir a ingestão de gordura saturada (até 7% do valor energético total), a evitar o consumo de gorduras trans e a limitar o consumo de colesterol até a um valor máximo de 200 mg/dia. Por outro lado, o consumo de gorduras monoinsaturadas (azeite, óleo de canola, óleo de amendoim) parece exercer um efeito benéfico no perfil lipídico, pelo aumento do bom colesterol.




Da mesma forma, as gorduras polinsaturadas, particularmente os ácidos gordos ómega 3 de cadeia longa, presentes, de forma natural, no peixe gordo, têm um efeito cardioprotector. É, por isso, que Associação Americana de Diabetes recomenda a ingestão mínima de 2 porções de peixe por semana.




Tal como a generalidade da população, os diabéticos devem comer várias vezes ao dia e a horas regulares, privilegiando os métodos de confecção saudáveis, nomeadamente a cozedura ao vapor, os estufados, os grelhados e as caldeiradas. Para temperar os alimentos devem usar ervas aromáticas e especiarias, limitando ao máximo o uso de sal.




Muitos dos produtos dietéticos que se encontram disponíveis no mercado devem ser consumidos com moderação e sob orientação do nutricionista. Isto porque, apesar de alguns até serem desprovidos de açúcares, podem ter elevada quantidade de gordura na sua constituição, contribuindo o seu consumo, nomeadamente, para o aumento de peso. Por isso, é fundamental aprender a ler e a interpretar os rótulos dos alimentos.






Mitos e verdades




A diabetes é causada pela ingestão excessiva de açúcar?

Mito: O excesso de açúcar pode desregular o balanço energético e contribuir para a obesidade. Embora a diabetes tipo 2 esteja associado à obesidade e possa ser rastreada nas famílias com excesso de peso ou obesidade, não está directamente ligada à ingestão de açúcar;




Os doentes diabéticos não devem comer açúcar ou hidratos de carbono?

Mito: Não há alimentos proibidos, desde que sejam consumidos com moderação, dentro de um

plano alimentar bem equilibrado.




As mulheres com diabetes podem engravidar e amamentar?

Verdade: As mulheres com diabetes devem ser acompanhadas por uma equipa multidisciplinar e controlar devidamente as suas glicemias antes de engravidar e durante a gravidez. Amamentar também é recomendado, por ser importante para a mãe e para o bebé.





Quando se faz insulina ou anti-diabéticos orais pode-se comer o que se quiser?

Mito: A insulina ou outros medicamentos orais para a diabetes são apenas parte do tratamento. Aliado a eles está uma alimentação adequada, uma actividade física regular e a monitorização frequente da glicemia. A cura para a diabetes ainda não existe e tanto a insulina quanto os medicamentos orais não substituem os cuidados com a alimentação.








"Apesar de os diabéticos não estarem absolutamente proibidos de ingerir açúcar ou alimentos ricos em açúcar, convém lembrar que estes alimentos contribuem para uma rápida subida da glicemia"








Dr.ª Alexandra Bento

Presidente da Direcção da Associação Portuguesa dos Nutricionistas (APN)



Fonte: Jornal do Centro de Saúde

Monday, November 24, 2008

DIABETES NÃO IMPEDE A PRÁTICA DE EXERCÍCIO



Dr. Rodrigo Ruivo


Face às alterações bruscas nos hábitos culturais e sociais, a alterações na dieta e à prática de estilos de vida menos saudáveis, tem-se verificado uma progressão da diabetes, constituindo-se actualmente como a quarta causa de morte nos países desenvolvidos.





Estima-se que, nos dias de hoje, cerca de 585 mil portugueses com diabetes (o correspondente a 7,8% da população portuguesa adulta) e que este número continuará a aumentar. A diabetes é uma doença crónica, caracterizada pelo aumento dos niveis de açúcar no sangue.




Podemos identificar a diabetes tipo I ou insulino-dependente, em que as células do pâncreas, produtoras de insulina, estão destruídas, o que obriga o doente a administrar insulina diariamente. Já a diabetes tipo II ocorre quando as células se tornam resistentes à insulina ou ainda durante a gravidez (a chamada diabetes gestacional).




A diabetes é uma doença indolor e, como tal, para se poder diagnosticar deve-se estar atento a determinados sintomas: urinar frequentemente e em grande quantidade (poliúria); sede intensa e constante (polidipsia); fome constante e dificil de saciar (polifagia), ou a sensação de boca seca.




Na presença de algum deste(s) sintoma(s), o diagnóstico pode ser depois confirmado através da medição da glucose no sangue em jejum ou após prova de tolerância oral à glucose. Considera-se que tem diabetes se o valor de glicémia (em jejum > 126 mg/ dL), confirmado em medições separadas, ou se, 2 horas após tomar 75 g de glicose, apresentar valores de glicémia > 200mg/dL.




Se este diagnóstico for tardio ou se não se conseguirem controlar valores de glicemia, a probabilidade de virem a ocorrer complicações numa série de orgãos aumenta. Estas complicações podem ser microvasculares (retinopatia, neuropatia ou nefropatia) ou macrovasculares (macroangiopatia, hipertensão arterial, enfarte do miocárdio ou AVC).




Urge então que a pessoa diabética adopte um estilo de vida saudável, com uma dieta alimentar cuidada e com prática de actividade física regular, para que consiga sempre manter os valores de glicose no sangue o mais próximo possível dos valores normais.




Para alcançar este objectivo, surge a prática de actividade física, que deve englobar uma componente de treino cardiovascular, 20-60 minutos por sessão, três a quatro sessões por semana, com intensidades de treino gradativamente superiores, uma componente de treino de força e uma componente de treino de flexibilidade, procurando manter uma boa capacidade de alongamento geral. Importa salientar que para os diabéticos de tipo II é importante que ocorra, na maior partes dos casos, uma perda de peso e, como tal, recomenda-se geralmente um dispêndio calórico semanal associado ao treino Diabetes não impede a prática de exercício
Dr. Rodrigo Ruivo


Face às alterações bruscas nos hábitos culturais e sociais, a alterações na dieta e à prática de

estilos de vida menos saudáveis, tem-se verificado uma progressão da diabetes, constituindo-se actualmente como a quarta causa de morte nos países desenvolvidos.





Estima-se que, nos dias de hoje, cerca de 585 mil portugueses com diabetes (o correspondente a 7,8% da população portuguesa adulta) e que este número continuará a aumentar. A diabetes é uma doença crónica, caracterizada pelo aumento dos niveis de açúcar no sangue.




Podemos identificar a diabetes tipo I ou insulino-dependente, em que as células do pâncreas, produtoras de insulina, estão destruídas, o que obriga o doente a administrar insulina diariamente. Já a diabetes tipo II ocorre quando as células se tornam resistentes à insulina ou ainda durante a gravidez (a chamada diabetes gestacional).




A diabetes é uma doença indolor e, como tal, para se poder diagnosticar deve-se estar atento a determinados sintomas: urinar frequentemente e em grande quantidade (poliúria); sede intensa e constante (polidipsia); fome constante e dificil de saciar (polifagia), ou a sensação de boca seca.




Na presença de algum deste(s) sintoma(s), o diagnóstico pode ser depois confirmado através da medição da glucose no sangue em jejum ou após prova de tolerância oral à glucose. Considera-se que tem diabetes se o valor de glicémia (em jejum > 126 mg/ dL), confirmado em medições separadas, ou se, 2 horas após tomar 75 g de glicose, apresentar valores de glicémia > 200mg/dL.




Se este diagnóstico for tardio ou se não se conseguirem controlar valores de glicemia, a probabilidade de virem a ocorrer complicações numa série de orgãos aumenta. Estas complicações podem ser microvasculares (retinopatia, neuropatia ou nefropatia) ou macrovasculares (macroangiopatia, hipertensão arterial, enfarte do miocárdio ou AVC).




Urge então que a pessoa diabética adopte um estilo de vida saudável, com uma dieta alimentar cuidada e com prática de actividade física regular, para que consiga sempre manter os valores de glicose no sangue o mais próximo possível dos valores normais.




Para alcançar este objectivo, surge a prática de actividade física, que deve englobar uma componente de treino cardiovascular, 20-60 minutos por sessão, três a quatro sessões por semana, com intensidades de treino gradativamente superiores, uma componente de treino de força e uma componente de treino de flexibilidade, procurando manter uma boa capacidade de alongamento geral. Importa salientar que para os diabéticos de tipo II é importante que ocorra, na maior partes dos casos, uma perda de peso e, como tal, recomenda-se geralmente um dispêndio calórico semanal associado ao treino de 2000 kcal.


Precauções e Cuidados Especiais




Os indivíduos com esta doença, em conjunto com os instrutores que os acompanham no exercício físico e outros profissionais de saúde, deverão ter especial atenção a alguns critérios de segurança, nomeadamente:




- Monitorizar a glicemia antes, durante e após o treino, evitando quaisquer possibilidades de hipoglicemia, pelo menos até que o sujeito conheça a sua resposta glicémica para determinado exercício físico;




- Importante conhecer sinais e sintomas de hipoglicémia (dor de cabeça, visão turva, confusão, etc)




- (para evitar hipoglicémia) Evitar injectar insulina nos locais que vão ser mais exercitados (preferir zona abdominal) e treinar durante o pico de actividade de insulina (para diabéticos tipo I)




- Ter disponível uma fonte de hidratos carbono de indíce glicémico elevado




- Evitar manobra de valsalva e exercícios em isometria, para não aumentar Pressão Arterial




-Em casos de neuropatia periférica tratar devidamente os pés (usar calçado adequado) e vigiar o estado dos pés (se tem feridas ou não por exemplo). Em caso de retinopatia o treino de força ou aeróbio de grande intensidade é contraindicado, pelo risco hemorragia vítrea ou descolamento da retina




- Manter hidratação adequada antes, durante e após o treino.





Dr. Rodrigo Ruivo
Dir. Centro Exercício Club Clinica das Conchas
Mestrando Exercício e Saúde na Faculdade de Motricidade Humana
Formador CEF - musculação e cardiofitness



Fonte: Jornal do Centro de Saúde

Wednesday, November 19, 2008

INFECÇÃO VIH/SIDA. AS CLIVAGENS DE UMA PANDEMIA



Dr. Kamal Mansinho


A Síndroma de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) é, sem dúvida, a mais grave das doenças víricas infecciosas emergentes, que rapidamente se propagou por todos os continentes.





Desde a descoberta do Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), em 1981, este vírus já infectou, aproximadamente 60 milhões de pessoas no mundo, das quais 25 milhões já faleceram. Durante o ano de 2007, registaram-se 2,5 milhões de novas infecções, das quais 1,7 milhões (68%) ocorreram na África sub-Saariana. Foram, igualmente, registados aumentos importantes na Europa Oriental e Ásia Central, havendo indicações que as taxas de infecção terão aumentado em mais de 50%, desde 2004.




A epidemia da SIDA está a aumentar de forma impressionante o número de órfãos, particularmente, nos países com elevada prevalência. Em todo o mundo, mais de 15 milhões de crianças perderam um ou ambos os progenitores por doença associada à SIDA. Estima-se que em 2010 este número poderá atingir 40 milhões, ultrapassando a capacidade de resposta das redes sociais e dos padrões tradicionais de dependência intergeracional e criando uma geração de pessoas sem acesso à educação, não socializadas e, muitas vezes, desprovidas de qualquer tipo de assistência.




Além da enorme tragédia humana que esta doença representa, os custos económicos, sociais e emocionais desta pandemia são preocupantes e constituem uma grave ameaça para o crescimento e estabilidade económica de todos os países e, muito particularmente, para os países em vias de desenvolvimento.




Nos países com fracos recursos, a SIDA continua a matar pessoas no auge das suas vidas produtiva e familiar, tendo efeitos gravíssimos sobre o quotidiano e os meios de subsistência das famílias afectadas. Mesmo quando os medicamentos ou os preservativos são fornecidos gratuitamente, as famílias mais pobres podem não ter recursos para garantir as suas necessidades nutricionais mais básicas ou para pagar os cus-tos de deslocação para os estabelecimentos de assistência.




O facto de muitas pessoas com infecção VIH/SIDA viverem em países pobres, levou muitos investigadores a definir esta doença como uma doença da pobreza. No entanto, esta afecção não está confinada aos países mais pobres, corroborando a ideia de que as relações entre pobreza e infecção VIH/SIDA não são simples nem directas e que variáveis mais complexas para além da pobreza, no sentido estrito, contribuem para a dinâmica de propagação desta epidemia em todo o mundo.




Há dados que sugerem que, em alguns países, a riqueza também se correlaciona com a susceptibilidade à infecção VIH/SIDA.




Em África, a prevalência da infecção VIH revelou uma correlação positiva com o rendimento nacional, constatando--se, por exemplo, em alguns dos países mais ricos como a África do Sul, Botswana ou Angola, uma intensa propagação desta epidemia na comunidade.




Em pleno século XXI, não podemos deixar de nos confrontar com a amarga realidade de que apenas 10% da população mundial infectada, ou com SIDA, tem acesso aos progressos terapêuticos até agora alcançados. De um lado tem estado o mundo ocidental, rico, capaz de fazer face aos avultados custos do tratamento e do acompanhamento dos doentes infectados por VIH, do outro os países em vias de desenvolvimento, onde se concentram cerca de 90% da população infectada do mundo, privados dos recursos mais elementares para a assistência e tratamento desta doença.



Nesta era da globalização, nunca a questão da solidariedade tanto nacional como internacional, se tornou tão crítica, remetendo-nos para a urgente necessidade de investigar soluções eficazes e menos onerosas para o controlo da pandemia da SIDA de modo a abranger todos os países e, em cada país, todos os estratos sociais.




É neste contexto de precariedade social e económica e de debilidade das infraestruturas sanitárias que se assiste à expansão do acesso aos medicamentos para o tratamento de doentes com infecção por VIH/SIDA nos países com fracos recursos.




A crença generalizada que os doentes são os únicos responsáveis pelo cumprimento dos seus tratamentos é enganadora e, a maior parte das vezes, reflecte o desconhecimento de como outros factores exercem influência sobre o comportamento das pessoas e a capacidade para aderir a um conjunto de recomendações.




A adesão a um projecto de assistência aos doentes infectados por VIH/SIDA é um fenómeno com múltiplas dimensões e depende da interacção de múltiplos factores, que deverão ser avaliados de forma sistematizada pelas equipas de acompanhamento, entre os quais, factores sociais e económicos, factores relacionados com a equipa que presta assistência e com o sistema de saúde, factores relacionados com a doença, factores relacionados com o tratamento e factores relacionados com o doente.




Os benefícios conseguidos com as actuais combinações de medicamentos, prescritos para o tratamento da infecção por VIH, estão a criar nas pessoas a ilusão de eficácia terapêutica ilimitada, senão mesmo de cura da doença, favorecendo o desenvolvimento de comportamentos pouco seguros, os quais facilitam o aparecimento de novas infecções e a emergência de variantes de VIH resistentes aos tratamentos disponíveis.




A minimização das trágicas consequências da epidemia da SIDA passará por uma vontade política forte das nações, por uma atitude concertada e racional das organizações governamentais e não governamentais e por um empenhamento cada vez maior da sociedade civil no combate desta doença que alguém chamou de "peste do século XXI".








Dr. Kamal Mansinho,
Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, EPE
Hospital de Egas Moniz Instituto de Higiene e Medicina Tropical
Universidade Nova de Lisboa







Fonte: Saúde em Revista

Friday, November 14, 2008

CUIDADOS PALIATIVOS ME PORTUGAL SÃO AINDA UM ENORME DESERTO EM PORTUGAL

CÉLULAS ESTAMINAIS, NO CORDÃO DA VIDA


Andreia Pereira


Após nove meses de gestação, eis que surge finalmente o momento tão aguardado: o parto. Mas se, para uns, o acto de cortar o cordão umbilical não passa de um gesto simbólico, há outros que nele vislumbram uma nova fonte de vida. As células estaminais do sangue do cordão umbilical são, desde há uns anos, alvo de investigações no mundo inteiro. E, embora ainda não sejam a receita mágica para todas as maleitas, em certos casos, já ajudaram a salvar vidas.





Em 2003, aquando do nascimento do filho mais velho, Isabel Araújo não equacionava a hipótese de recorrer às células estaminais do sangue do cordão umbilical, pelo menos num futuro próximo. "Decidi criopreservar, por julgar que, dada a evolução científica, dentro de uns anos as células estaminais poderiam vir a ser úteis no tratamento de doenças corriqueiras da sociedade actual."




Dois anos mais tarde, em 2005, nasce Frederico Manuel, o segundo filho de Isabel Araújo. Como havia congelado as células estaminais do primeiro filho, optou novamente pela criopreservação. Nunca imaginou que as células conservadas dois anos antes viessem a ser a peça-chave no tratamento do filho recém-nascido. Acontece que, por força das circunstâncias, Frederico veio a ser o destinatário das células estaminais. Não das suas, por transportarem a sua doença genética, mas as do irmão mais velho.




"O Frederico teve um crescimento normal até ao primeiro trimestre de vida. Aos seis meses, depois de ter tido alguns problemas respiratórios, apresentava um quadro clínico complicado", diz Isabel Araújo, farmacêutica. No hospital de Coimbra, foi então detectada uma pneumonia extensa, resultante de uma imunodeficiência adquirida. Perante o diagnóstico, Frederico foi imediatamente sujeito a um internamento hospitalar, porque, paralelamente às frequentes infecções, o corpo rejeitava os alimentos.




"Os médicos indicaram logo como solução o transplante de medula óssea. E os estudos de histocompatibilidade revelaram que o irmão mais velho poderia ser dador de Frederico", acrescenta. Acontece que, quando se colocou a hipótese de realizar o transplante com as células estaminais do primeiro filho, Isabel Araújo não hesitou em responder afirmativamente. "Com estas células, pudemos ajudar o Frederico a ter uma cura com sucesso, sem necessidade de sujeitar o irmão mais velho e saudável a uma hospitalização."




Em Fevereiro de 2007, Frederico, a primeira criança portuguesa a receber um transplante de células estaminais do cordão umbilical, criopreservadas num banco privado, começou uma nova vida. Após a "transfusão" com as células do irmão mais velho, no IPO do Porto, para onde foi transferido, seguiu-se, ainda, um "processo lento de recuperação".




Agora, passado um ano e meio do "susto", Isabel Araújo não podia estar mais segura de que fez a escolha certa. "Foi uma sorte termos criopreservado as células estaminais." Actualmente com três anos, a criança já brinca, mantém o contacto com outras crianças e tem a qualidade de vida que não tinha antes do transplante. "O Frederico não tinha leucócitos [glóbulos brancos] e, hoje em dia, depois da intervenção, essas células já estão em número normal para uma criança com o escalão etário dele."







"Sangue do meu sangue"




Apesar de esta ser uma história com um final feliz, nem todos os casos têm o mesmo desfecho. Isto porque, "tipicamente, há uma probabilidade de 25% de os familiares directos, dadores de células estaminais do cordão umbilical, serem compatíveis", assegura o Prof. José Conde Belo, do IBB/CBME, Universidade do Algarve e membro da Sociedade Portuguesa de Células Estaminais e Terapia Celular.




O especialista salienta, no entanto, que "este caso de sucesso mostra como as células estaminais do sangue do cordão umbilical são uma boa fonte e devem ser preservadas". Sendo estas células "mais plásticas do que as da medula óssea", apresentam um maior potencial de cura nas situações de doença hematopoiética (sanguínea).




O Dr. Hélder Cruz, responsável pela ECBio, uma empresa de investigação em terapias celulares, reitera esta tese. "Dizem alguns autores que as células estaminais do sangue do cordão umbilical são mais bem toleradas pelo sistema imunitário do receptor do que as células da medula óssea." Para além disso, não obrigam a uma histocompatibilidade de 100%, como acontece com o transplante de medula. É, por esta razão, que José Belo diz ser "mais fácil encontrar um dador de células do cordão umbilical do que da medula óssea".




Com a criopreservação, acresce ainda o facto "de serem as células a aguardar o doente e não o inverso", diz Hélder Cruz, reportando casos em que o doente aguarda meses ou anos por um dador compatível. Mas, na opinião do responsável da ECBio, as vantagens não se ficam por aqui. "Embora consista apenas numa punção dos ossos da bacia, a colheita da medula é mais invasiva para o dador. O procedimento é mais facilitado com as células estaminais do sangue do cordão umbilical, porque estas já se encontram armazenadas e, após isolamento, prontas a serem utilizadas, bastando para isso a administração das células isoladas no receptor."




Por serem mais "imaturas", "as células estaminais do sangue do cordão umbilical têm um maior potencial de diferenciação em qualquer tipo de células da linhagem hematopoiética" assegura José Belo. Quer isto dizer que, embora não sejam um seguro biológico contra todas as doenças, permitem oferecer a cura em dezenas de situações patológicas do foro sanguíneo, nomeadamente as leucemias, os linfomas, as anemias, entre outras.








Guardar ou não guardar: eis a questão




Para muitos pais, esta é a pergunta que se levanta antes do nascimento do seu filho. Valerá a pena criopreservar? "Há apenas uma probabilidade de um em cada 20 mil casos de as células preservadas poderem vir a ser utilizadas pelo próprio (transplante autólogo). Porém, defende José Belo, "a criopreservação funciona como um seguro: se realmente a sua utilização for necessária, e possível, estão lá". E, em certas situações como a do Frederico, poderão ter utilidade para familiares de primeiro grau.






Já Hélder Cruz diz que, embora para já não haja "promessas milagrosas", a ciência está em constante descoberta das potencialidades destas células. É deste modo que se apresenta como um apologista acérrimo da criopreservação. "Sou completamente a favor da conservação de materiais biológicos enquanto se é saudável, mesmo sabendo de antemão de que estas células não concedem uma protecção total."Para o responsável da ECBio, conservar as células estaminais do sangue do cordão umbilical "é mais uma arma terapêutica", no caso de ocorrer um problema grave de saúde. José Belo partilha desta opinião e acrescenta, ainda, que, à semelhança de outros países europeus, este material biológico deveria ser criopreservado num banco público, servindo a generalidade da população que, eventualmente, necessite de células compatíveis para um transplante.




Acontece que, em Portugal, esta medida ainda não passou do papel, mesmo tendo já sido apresentada uma proposta.








O que são células estaminais




Por serem imaturas e indiferenciadas, as células estaminais têm a capacidade de reconstruírem funcionalmente qualquer tecido in vivo. Há, no entanto, três classificações de células estaminais, de acordo com o seu potencial de diferenciação:




- Células estaminais embrionárias (no topo da hierarquia): fazem parte do "botão embrionário" e são consideradas "pluripotentes", porque, devido à sua plasticidade, conseguem dar origem a qualquer tipo de tecidos. A utilização destas células envolve, contudo, questões ético-legais;




- Células estaminais do sangue do cordão umbilical: tecido líquido que se obtém do cordão umbilical por um processo de centrifugação. As células de interesse são colhidas, depois quantificadas e, posteriormente, criopreservadas em azoto líquido no período de 25 anos (o tempo máximo, até agora testado, que garante a qualidade deste material biológico). Estas células, pertencentes à linhagem hematopoiética, conseguem-se diferenciar em qualquer célula do foro sanguíneo;




- Células estaminais adultas: existem nichos destas células em alguns órgãos do adulto. Contudo, por já serem parcialmente diferenciadas, só conseguem originar um conjunto restrito de tecidos específicos.





Embora não sejam um seguro biológico contra todas as doenças, permitem oferecer a cura em dezenas de situações patológicas do foro sanguíneo, nomeadamente as leucemias, os linfomas, as anemias, entre outras.




"As células estaminais do sangue do cordão umbilical têm um potencial de diferenciação em qualquer tipo de células da linhagem hematopoiética [sanguínea]" José Belo





Fonte: Jornal do Centro de Saúde


PORTUGAL ENTRE OS PIORES DA EUROPA

150.000 PORTUGUESES SOFREM DE LOMBALGIA



Zélia Rego


A dor lombar está entre as que mais aflige os portugueses. Stress, vida sedentária, obesidade e má postura são factores de risco.





Rui Delgado, Ortopedista, Especialista em Lombalgia do Hospital Curry Cabral, alerta para a elevada prevalência da dor lombar entre os portugueses. Em Portugal, à semelhança do resto da Europa, subsiste a tendência para subvalorizar a dor como um sintoma menor. Contudo, a dor em geral e a Lombalgia em particular representa a principal causa de absentismo laboral no nosso país. São cerca de 1.400.000 dias de trabalho que se perdem por ano. Calcula-se que 80% da população tem pelo menos uma vez na vida um episódio de Lombalgia.




"Devido à pouca educação para a saúde e fraca consciência do seu próprio corpo, os doentes tendem a sobrevalorizar a dor Lombar, porque ela é geralmente prolongada no tempo e por vezes intensa, ou seja, porque conhecem mal o sintoma atribuem-lhe uma causa grave. Por outro lado, esses doentes são muitas vezes sub-medicados, isto é, a medicação é insuficiente para as características da dor de que padecem. Pessoalmente, penso que é necessária uma mudança de mentalidade não só dos clínicos mas dos próprios doentes. Embora a dor lombar possa ser a manifestação de uma doença que requeira cuidados diferenciados, na grande maioria das vezes ela é apenas devida ao stress, más posturas, fadiga muscular ou artrose. Esta Lombalgia não degenera em doenças graves apesar de poder prolongar-se por vários dias ou semanas", explica Rui Delgado.




Controlar o excesso de peso, gerir os níveis de stress, fazer exercício físico regular e manter uma postura correcta ajuda a prevenir a Lombalgia. Em episódios de crise prolongada é fundamental consultar o médico para despistar a origem da dor e adequar a terapêutica farmacológica. Segundo Rui Delgado, cerca 50% das pessoas que recorrem às urgências de Ortopedia nos grandes centros urbanos, tem Lombalgia ou outra forma de dor raquidiana (dor "na coluna").




"A Lombalgia afecta cerca de 150.000 portugueses e é mais frequente nas populações citadinas. Há menos jovens doentes que idosos. Entre os 20 e os 30 anos a prevalência é de 5%, sendo predominante nos homens. A partir dos 60 anos a prevalência aumenta para os 20%, afectando mais as mulheres, e está principalmente relacionada com a degenerescência articular na coluna vertebral", refere o especialista.







Fonte: Grupo GCI

HEMODIÁLISE EM MOGADOURO

CONTRARIAR A DEPRESSÃO



Andreia Pereira


Entrar na chamada terceira idade não tem de ser sinónimo de apatia e depressão. Se a chegada da reforma lhe deixa mais tempo livre, há que o investir em actividades lúdicas e "fintar" a tristeza e o isolamento. Acredite: melhorar o estado de espírito sente-se por dentro e isso vê-se por fora.





Já pensou no que vai fazer quando chegar a idade da reforma? Se este é o seu caso, antes de se deixar "abater" pela tristeza, deverá procurar desenvolver actividades que lhe dêem alento nesta nova fase da vida. Afinal de contas, como diz Alexandre Dumas, o que nos torna velhos não é a idade, são as doenças que se atravessam no caminho.




Aprenda a sorrir para a vida e atire as tristezas para trás das costas. E isto porque o isolamento e a inactividade podem propiciar o aparecimento de algumas doenças, nomeadamente a depressão. Segundo o Dr. Horácio Firmino, coordenador da consulta de Gerontopsiquiatria dos Hospitais da Universidade de Coimbra, "esta é a patologia psiquiátrica mais comum na população idosa".




Assim sendo, e já que "as tristezas não pagam dívidas", o melhor mesmo é poupar a saúde, investindo em programas de terapia ocupacional. Ficar em casa deprimido não é a solução para os problemas. Antes pelo contrário. "O estado de desânimo, a perda de interesse, o cansaço físico e intelectual e a falta de perspectivas para a vida influenciam a interacção com o mundo exterior", aponta o médico psiquiatra.




O impacto da depressão não está, apenas, limitado ao convívio social. "Sabe-se que também aumenta o risco de doenças cardiovasculares, nomeadamente a hipertensão arterial ou enfarte agudo do miocárdio. Em alguns casos, quando o idoso manifesta um declínio cognitivo, associado à perda de memória, a depressão pode ser um estado prévio ao desenvolvimento que se segue", completa Horácio Firmino.








Depressão ou crise da idade?




Para Horácio Firmino, a sociedade ainda encara "a depressão como um estado de espírito normal na pessoa idosa", desvalorizando os sintomas de tristeza e apatia. "Felizmente, este não é o apanágio do envelhecimento", acrescenta o especialista, indicando que o humor depressivo não deve ser entendido como uma crise da idade.




"Trata-se de um uma situação persistente no tempo e distinta do estado de desânimo. O diagnóstico de depressão baseia-se em critérios actuais, nomeadamente o aparecimento de tristeza ou perda de interesse, associado a, pelo menos, quatro outros sintomas: perturbação do sono, apetite, culpabilidade, apatia, dificuldade de concentração, ideação suicida", diz o psiquiatra. E adianta que a patologia depressiva "tem tratamento e, quando bem sucedido, melhora a

qualidade e evita um mal maior: o suicídio".




Segundo os dados existentes, a depressão assume-se como "a principal causa do comportamento suicida". Contrariamente aos adolescentes, o acto suicida nos seniores "é, geralmente, fatal". E por várias razões. Desde logo, "pela maior fragilidade física, pela incapacidade em pedirem auxílio (já que muitos dos idosos moram sozinhos) e pela intenção de colocarem termo à vida".




Por todos estes motivos, o psiquiatra alerta para a importância de manter um olhar vigilante sobre algumas populações de risco. "Para evitar situações de suicídio, deve-se redobrar a atenção nos homens com idade superior a 75 anos, viúvos, deprimidos, com problemas de álcool ou com doenças crónicas e incapacitantes."






Razões para sorrir




No livro "Envelhecer com saúde: guia para melhorar a sua saúde física e psíquica", editado pela Lidel, a Dr.ª Belina Nunes, autora da obra e neurologista, reforça o papel do envelhecimento activo nas sociedades actuais. "A reforma tem de ser vista como um tempo em que se abrem novas perspectivas, novos projectos, sempre adiados por falta de tempo", afirma.




Assim, para que se possa aproveitar o que a vida tem de melhor, a neurologista defende a integração dos idosos em actividades de grupo ou em acções que tragam retorno emocional. "Os programas ocupacionais ajudam os idosos a sair do ciclo vicioso da depressão."




Para a especialista, praticar exercício físico regular é "uma óptima maneira de contrariar os sintomas depressivos". Além de manter o corpo activo, a prática de exercício físico estimula a produção de endorfinas - substâncias responsáveis pela sensação de bem-estar".




Ainda assim, "se apesar das tentativas, houver uma persistência dos sintomas de tristeza e desânimo", a especialista aconselha o idoso a procurar um médico. "Nestes casos, pode haver necessidade de medicamentos ou de psicoterapia para ultrapassar a situação causadora de depressão", realça.




Se é um dos recém-reformados, lembre-se que a vida começa agora. E não há razões para ficar triste. Aproveite para ingressar em actividades que antes, quando estava refém do trabalho e da rotina, não conseguiu colocar em marcha. "Esforce-se por viver alegre uma segunda juventude", remata Belina Nunes.





Envelhecimento activo




Envelhecer não significa ficar trancado em casa, a ver os dias a passar. Se está deprimido, invista em actividades que o ajudem a melhorar o humor. Ficam aqui algumas sugestões.
- Praticar uma actividade física individual ou em grupo: caminhadas, natação, ciclismo, dança, jardinagem, entre outras;

- Cuide dos netos;

- Invista na sua formação, inscrevendo-se numa universidade sénior ou num curso de pintura;

- Aproveite para passear, observar a paisagem, conversar com pessoas e apreciar a natureza;

- Quando a meteorologia for desfavorável, vá até a uma biblioteca e escolha um bom livro para ler.





"O estado de desânimo, a perda de interesse, o cansaço físico e intelectual e a falta de perspectivas para a vida influenciam a interacção com o mundo exterior" Horácio Firmino





"A reforma tem de ser vista como um tempo em que se abrem novas perspectivas, novos projectos, sempre adiados por falta de tempo", diz Belina Nunes





Fonte: Jornal do Centro de Saúde

Tuesday, November 11, 2008

A IMPORTÂNCIA DA HIGIENE ORAL

FÍGADO E GRAVIDEZ



Prof. Guilherme Macedo


Por motivos que se desconhecem, as grávidas podem ter no decurso da gestação (ou imediatamente no período pós-parto) uma variedade de problemas de expressão clínica e bioquímica própria das hepatopatias agudas.





Essas entidades nosológicas, cuja patogenia e etiologia são desconhecidas, apenas nos últimos 10 anos passaram merecer atenção mais interessada pelos obstetras e gastrenterologistas/hepatologistas, conforme se pode inferir dos trabalhos de revisão desta década, que tentaram explicitar as diferentes variações do espectro do atingimento hepático agudo da grávida.




Esse acréscimo de conhecimento e interesse terá sido também influenciado pela noção que se tem vindo a adquirir, de que, embora estas situações sejam aparentemente estranhas e peculiares (trata-se de doenças com poucas ou nenhumas semelhanças com situações decorrentes na mulher não-grávida, e sem modelos comparativos nos animais), podem ser sensíveis a atitudes terapêuticas que beneficiam a vida da doente e na maior parte das vezes, do feto.


A maioria dessas mulheres, são jovens e previamente saudáveis e vêem-se, por vezes, envolvidas numa série de acontecimentos rapidamente evolutivos e eventualmente desvastadores, até que se promove um oportuno equacionamento e intervenção. Pode-se, no entanto, obter um resultado francamente encorajador, pois consegue-se habitualmente a recuperação integral e reintegração total destas doentes.




Em rigor, também a magnitude do problema não é conhecida. Como estas situações patológicas podem assumir expressões que vão desde discretas alterações bioquímicas, até franca icterícia e falência hepática fulminante, a real incidência das doenças do fígado decorrentes da gravidez não tem podido ser completamente avaliada. A referida estimativa de incidência da icterícia na gravidez, a oscilar entre 1/1500 gestações ou 1/500 gestações, não deverá corresponder às solicitações clínicas que estes problemas pressupõem.








Diagnóstico diferencial




A experiência pessoal de um Hospital Central, com cerca de 1200 partos/ano, incluiu o pedido médio de consulta de 1-2 caso/mês pelo Serviço de Obstetrícia), sendo as causas mais frequentes, as decorrentes da preeclampsia, em particular a síndrome Hellp (Hemolise, enzimas hepáticas elevadas, tromboatopemia). A própria etnia duma população e a prevalência relativa das infecções endémicas poderá justificar amplas variações, como sejam a colestase intrahepática recorrente benigna nos países escandinavos e Chile, sendo rara nos negros, e a hepatite E particularmente comum e virulenta nos países do Médio Oriente e Índia.




Algumas características simples ajudam a estabelecer a marcha do diagnóstico diferencial: o prurido, por exemplo, só ocorre em algumas doenças (colestase gravídica, esteatose aguda). Mas o critério temporal é muito relevante, sendo importante definir a semana da gestação do seu aparecimento. Ao contrário das hepatites víricas, que podem ocorrer a qualquer altura, as doenças hepáticas específicas da gravidez associam-se a datas especificas de aparecimento; as náuseas, vómitos e icterícia no primeiro trimestre associam-se à hiperemese gravídica, por exemplo, enquanto que a esteatose aguda da gravidez não foi relatada no primeiro trimestre. Já a doença hipertensiva e a hepática, associada a preeclampsia, surgem, tipicamente, no terceiro trimestre. O padrão de alteração das enzimas hepáticas (predominantemente colestática ou citolítica) também ajudam a diferenciar, bem como outras alterações analíticas (trombocitopemia, hiperuricemia e hemólise, por exemplo).




Seja nas circunstancias em que a doença hepática aguda coincide com a gravidez ou que a doença hepática é exclusiva da gravidez (ocorrendo apenas neste período especial e que se resolve com a conclusão da gravidez de forma natural ou provocada), só o correcto diagnóstico e a intervenção terapêutica pronta e ajustada podem diminuir consideravelmente a morbilidade e mortalidade materna e fetal que estas desafiadoras situações clínicas podem provocar.








"Ao contrário das hepatites víricas, que podem ocorrer a qualquer altura, as doenças hepáticas específicas da gravidez associam-se a datas especificas de aparecimento"





Prof. Guilherme Macedo
Director do Serviço de Gastrenterologia do Hospital de S. Marcos, Braga
Professor na Escola de Ciências da Saúde Universidade Minho
Secretário-geral da APEF


Fonte: Jornal do Centro de Saúde

INVESTIGAÇÃO E TRATAMENTO DA HEMOFILIA



Dra. Alice Tavares


A palavra hemofilia tem origem em duas palavras gregas: haima e philein, que significam respectivamente, sangue e amar. Embora o termo não pareça adequado para designar uma doença que se caracteriza por hemorragias incontroláveis, foi esta a designação que perdurou.





A hemofilia é uma doença hereditária de transmissão recessiva, com uma incidência de cerca de um em cada 10.000 nascimentos. A doença é causada por mutações no gene do FVIII ou do FIX que estão localizados no cromossoma X, que faz parte do par de cromossomas sexuais (XY nos homens e XX nas mulheres). Como as mulheres possuem dois cromossomas X, embora possam transmitir a mutação aos seus descendentes, não têm, habitualmente, qualquer sintomatologia (o cromossoma X saudável compensa a deficiência do cromossoma portador da deficiência) no entanto cerca de um terço dos casos são devidos a mutações de novo, não havendo outros casos de doença na família.




Clinicamente a doença caracteriza-se, principalmente nos casos graves, pelo aparecimento frequente de hemorragias, habitualmente sem traumatismo prévio conhecido. Frequentemente, estas ocorrem dentro das articulações (habitualmente nos tornozelos, joelhos e cotovelos) e se repetidas, dão origem à artropatia hemofílica causadora de grandes deformidades físicas e dificuldades funcionais.




A gravidade da hemofilia é classificada de acordo com o nível de factor que o indivíduo possui. (Grave <> 5 %).



Embora se pense que a hemofilia terá existido desde sempre, e já fosse descrita como doença hereditária no século IV no Talmude, o conhecimento e investigação da hemofilia só tem inicio em finais do século XIX: Em 1893 Wright descobre que o tempo de coagulação do sangue destes doentes estava aumentado e posteriormente Addis, Minot e Lee verificaram que esta deficiência se corrigia com a junção de sangue de pessoas saudáveis.




O posterior desenvolvimento da transfusão sanguínea veio permitir a utilização do sangue no tratamento das hemorragias, mas apesar de resultados positivos, esta terapêutica não era totalmente eficaz, pois não era possível administrar o volume de sangue necessário para controlar as hemorragias mais graves. Com a possibilidade de separar o sangue nos seus componentes e principalmente com a produção de derivados sanguíneos liofilizados, foi finalmente possível o controlo efectivo das hemorragias com melhoria significativa da qualidade de vida dos doentes.




No entanto, foi com a percepção de que estes derivados podiam estar contaminados com vírus, como a Hepatite e mais tarde a Sida que se deu o Boom da investigação nesta área, de que resultou o desenvolvimento de processos efectivos de remoção e inactivação viral. (afastando o espectro da transmissão destas doenças através do tratamento com derivados do plasma humano) A clonagem do gene do FVIII em 1984 e a produção do factor em culturas de células de mamíferos constituem marcos milenares na evolução do tratamento da hemofilia. Estes avanços abriram caminho para a produção industrial de concentrados de factores coagulantes, sem recurso ao sangue humano, e permitiram antever a possibilidade da terapia genica.




O inicio da utilização de concentrados recombinantes data de 1987. Desde então, novos produtos têm sido introduzidos no mercado dispondo-se actualmente de concentrados de 3ª geração que são isentos de qualquer proteína de origem humana ou animal.




Em suma, a disponibilidade de produtos eficazes e seguros, tornou possível o tratamento domiciliário. (permitindo o controlo atempado das hemorragias e a profilaxia primária, que se iniciada precocemente, impede o desenvolvimento da artropatia hemofílica.) Contudo muitas crianças não têm acessos venosos que permitam as 2 ou 3 administrações semanais necessárias para que o nível de factor se mantenha sempre superior a 1%, aguardando-se com expectativa, a introdução no mercado de produtos com maior semi-vida que permitam obter o mesmo efeito terapêutico com menor número de infusões.




O desenvolvimento de anticorpos neutralizantes do FVIII ou FIX, que se desenvolvem em 15 a 20 % dos doentes é, actualmente, a mais grave complicação da terapêutica, que nem a terapia genica, ainda distante, promete resolver.




O progresso científico e a melhoria dos cuidados de saúde, transformou a vida destes doentes que com o tratamento adequado podem aspirar a uma vida activa e plenamente realizada, com acesso ao ensino e ao trabalho. Infelizmente a nível mundial só 25 % dos doentes beneficiam deste progresso.








Dra. Alice Tavares,
responsável do Centro Coagulopatias Congénitas,
Serviço de Imuno-Hemoterapia do Hospital de Santa Maria






Fonte: Saúde em Revista

Sunday, November 9, 2008

DIABETES E HIPERTENSÃO "ACELERAM" MORTALIDADE EM PACIENTES COM ALZHEIMER



Cientistas sugerem que os doentes com Alzheimer que sofrem de Diabetes + ou hipertensão podem morrer mais cedo devido a essas condições. Segundo um estudo publicado, a probabilidade destes pacientes morrerem mais cedo é duas vezes superior comparativamente aqueles com demência mas sem diabetes.


Relativamente aos que sofrem de Alzheimer e hipertensão tinham essa mesma probabilidade duas vezes e meia superior em relação aos que tinham um pressão sanguínea normal.


"Estudos já haviam demonstrado que a esperança média de vida em pacientes diagnosticados com a doença de Alzheimer variava entre três e nove anos. Temos aqui dois factores controláveis que podem afectar de forma drástica o tempo de sobrevivência de uma pessoa", afirmou Yaakov Stern, autor do estudo.


O estudo, que envolveu mais de 300 pessoas, revelou também que as pessoas de origem hispânica viviam mais tempo desde que foram diagnosticadas com a doença de Alzheimer comparativamente a pessoas de origem africana ou caucasianos.


No entanto, após um reajuste no que concerne ao género bem como outros factores, estes resultados deixaram de ser significantes.


"Mesmo que estas descobertas não sejam muito significativas, não deixam de ser intrigantes, sendo necessário mais informações para averiguar o impacto destes factores no tempo de sobrevivência de pacientes com Alzheimer", concluiu Yaakov Stern.


Pedro Santos

Saturday, November 8, 2008

ESPECIALISTAS ALERTAM PARA RISCOS DE AUTOMEDICAÇÃO

HORAS DE ESPERA NO CENTRO DE SAÚDE DE OVAR

ÁGUA: FONTE DE HIDRATAÇÃO




Dr. Francisco Furtado Mendonça




O consumo de água engarrafada em Portugal tem conhecido um crescimento sustentado ao longo dos últimos anos, conquistando um lugar de destaque no sector das bebidas.






Apesar do recente abrandamento do crescimento do mercado (sobretudo por razões climatéricas), o consumo de água mineral natural e de água de nascente no nosso país está próximo dos 95 litros/ano per capita (2007), segundo dados de 2007. Este número está, no entanto, abaixo dos valores de consumo médio na União Europeia, superiores a 100 litros ano, especialmente de países como a Itália (198), Espanha (137), França (129), Alemanha (156) e Bélgica (129).





Se hoje os portugueses bebem mais água engarrafada que no passado, deve-se, sobretudo, a uma crescente preocupação com a alimentação, na procura de estilos de vida mais saudáveis. As águas minerais naturais e as águas de nascente engarrafadas são produtos 100% naturais, de excepcional valor e qualidade, com características de sabor apreciadas e reconhecidas pelos consumidores.





Em primeiro lugar, o consumo de água continua a ser, do ponto de vista dos especialistas, uma das melhores formas de hidratação. As águas minerais naturais e as águas de nascente não têm qualquer tipo de aditivo ou químico e são, por excelência, a forma mais saudável de assegurar essa hidratação indispensável ao organismo.





Além disso, estas águas distinguem-se, entre outras características, pela presença de sais minerais e outros oligoelementos. Ora esses componentes são em si mesmos indispensáveis à constituição e ao bom funcionamento do nosso corpo, onde actuam por interacção. Assim, as águas minerais naturais e as águas de nascente podem dar uma contribuição natural ao fornecimento destes minerais, sobretudo numa época em que nem sempre as dietas alimentares são as mais adequadas no que se refere a esses constituintes.









Preocupações ambientais





A indústria das águas minerais naturais e das águas de nascente está por natureza associada às preocupações ambientais. Desde logo porque é uma actividade que depende da protecção ambiental, essencial para a garantia garantir da renovação natural em quantidade e qualidade do recurso objecto da nossa actividade.





No processo de consciencialização da sociedade portuguesa, teremos de louvar o esforço que, ao longo dos últimos 12 anos, a Sociedade Ponto Verde tem desenvolvido com o inequívoco apoio da indústria deste sector. Estivemos na fundação desta inédita iniciativa da sociedade civil e continuaremos a assegurar relevante contribuição e o seu financiamento sustentado.










No que se refere ao impacto ambiental das embalagens, é relevante assinalar que a produção de resíduos de embalagens provenientes da água, não representa mais de 0,03 % da produção total de resíduos em Portugal, nem mais de 0,8 % do valor total dos resíduos domésticos. Acresce que a embalagem de água tanto em vidro como em plástico pode sempre ser separada, recolhida e reciclada. E, de todas as embalagens, as de água são actualmente uma das mais recicladas.







Entre outros sais minerais e oligoelementos evidenciamos alguns dos mais frequentemente encontrados nas águas minerais naturais e nas águas de nascente:



- O cálcio: não é apenas o maior constituinte dos ossos e dos dentes, como também é crucial para o sistema nervoso, contracção muscular, ritmo cardíaco, coagulação sanguínea e função imunitária;

- O magnésio: essencial para todos os principais processos biológicos, é especialmente importante na protecção contra as doenças cardiovasculares;

- O potássio: um dos principais componentes das nossas células, controla a pressão arterial e pode ajudar na protecção contra ataques cardíacos e hipertensão;

- O sódio: juntamente com o potássio e o cloreto, constituem o sangue, a linfa e os líquidos intercelulares. São três nutrientes essenciais na manutenção do equilíbrio de água no corpo e na química sanguínea;

- Os bicarbonatos: são iões carregados negativamente e utilizados na regulação da acidez dos líquidos corporais.







Dr. Francisco Furtado Mendonça
Secretário-geral da Associação Portuguesa dos Industriais de Águas Minerais e de Nascente (APIAM)





Fonte: Jornal do Centro de Saúde

Friday, November 7, 2008

VACINAS CONTRA O CANCRO DO ÚTERO

NUTRIÇÃO



Dr. Carlos Reis

Prevenir. Prevenir. Prevenir. A melhor forma de resolver qualquer problema é evitar que ele aconteça. Os que se enquadram na Saúde Estética da Mulher como a obesidade, gorduras localizadas, celulite, entre outros, não fogem à regra. Para os resolver, não deixe que apareçam. Como?




Alimentação. Algumas regras simples:




1 . Hidratos de Carbono à noite



Para quê ingerir grande quantidade de Hidratos de Carbono à noite, se, a seguir, nos vamos sentar ou deitar a ver a te-levisão e a dormir. Assim, ao jantar não será necessário co-mer mais de duas colheres de sopa de arroz ou massa ou uma batata (dependendo do metabolismo e actividade de cada pessoa e do resto do dia alimentar, se não houver de todo arroz ou batata ou massa ao jantar não se perde nada). Transferir a fruta para o resto do dia de modo a evitá-la à noite (é outra fonte de açúcar). Nada de leitinho com cereais antes de ir para cama, ou mesmo nela. Na sua maior parte, os cereais têm muito açúcar escondido. A ingerir, que seja em alturas em que o nosso organismo tenha tempo para gastar essa energia. Não esquecer: a Alimentação não repara, prepara.








2 . Compensar



Se fui lanchar um belo croissant com fiambre ou uma bola de Berlim, fiz muito bem (se não tenho peso a mais), mas o meu jantar será sopa e uma salada. Mais nada. Se fui jan-tar fora ao Rodízio com tudo a que tinha direito, amanhã como uma peça de carne branca ou peixe com salada ao almoço e sopa e salada ao jantar (sem fruta). É fundamental a noção das compensações: posso comer agora o que sei não ser o mais correcto sem qualquer peso na consciência, mas depois terei de cortar na altura e forma adequadas para compensar esse excesso.







3 . Não estar mais de 3 horas sem comer



Se ficarmos muitas horas sem comer despoletamos mecanismos no nosso organismo que conduzem ao consumo de massa muscular e acumulação de gordura com mais fa-cilidade. É dos maiores erros que cometemos e um dos prin-cipais responsáveis pelos pneus e pelo aumento das medidas nos glúteos e coxas, por exemplo.




Exercício físico

Caminhar 45 a 60 minutos, pelo menos 3 vezes por semana.
Atenção: não é passear a ver montras. Se não der para sair de casa, por isto ou aquilo, usar os tapetes ou bicicletas es-táticas. O tempo não pode ser desculpa... a não ser que exis-tam problemas ósseos e de articulações.




Estímulo da circulação

Refiro aqui este ponto porque, em milhares de senhoras com celulite que tenho visto, grande parte, senão todas, apresenta problemas circulatórios, principalmente ao nível linfático. Esta será uma das principais causas do aparecimento da "casca de laranja". O que podemos fazer? A caminhada aju-da, o salto alto e a calça justa prejudicam, o estar sentada todo o dia prejudica (aqui ponha o telemóvel a tocar de 20 em 20 minutos e quando ouvir o som levante-se e ande, mais que não seja desça e suba as escadas a pé; invente qualquer coisa mas mexa-se), o estar de pé, parada, muitas horas pre-judica, passar água fria nas pernas e quente de novo (choque térmico), pode ajudar, uma auto-massagem nas pernas com movimentos correctos após o banho pode ajudar. Em casos mais problemáticos, tratamentos específicos em Clínicas podem ser benéficos.




O mais importante, porém, é termos consciência de que é preciso manter os bons hábitos, e nada melhor para nos ajudar a conseguir os nossos objectivos do que recorrer a ajuda especializada.




Dr. Carlos Reis
Nutricionista das Clínicas Persona

Thursday, November 6, 2008

ESTUDO NACIONAL DA DIABETES INCLUI RASTREIOS NA MADEIRA


Na semana em que é assinalado o Dia Mundial da Diabetes, a 14 de Novembro, a equipa médida que está à frente do Estudo de Prevalência da Diabetes em Portugal vai estar na Madeira para fazer um rastreio a cerca de 500 pessoas, nos dias 10 e 11, a ter lugar nos centros de saúde de Machico, Nazaré, São Vicente, Calheta e Funchal


Esta é uma iniciativa da Sociedade Portuguesa de Diabetologia e realizada pela Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal e que teve início em Janeiro deste ano, tendo a sua conclusão prevista para final de 2008.


Este é um estudo que irá revelar pela primeira vez dados concretos sobre a diabetes em Portugal. Em análise estarão cerca de cinco mil pessoas, dispersas por todo o país. Até ao momento, foram rastreadas cerca de 3.800 pessoas, em 88 localidades.


Com 85 por cento do estudo concluído, os investigadores já concluem que os indicadores apontam para uma percentagem de diabéticos entre os 8 e os 10%, mais um terço que os dados revelados em 2007 pelo Inquérito Nacional de Saúde.


A diabetes é uma doença crónica que atinge aproximadamente um milhão de pessoas em Portugal, e que tem graves implicações a nível cardiovascular, renal, de amputações e/ou cegueira.


Esta patologia é já a quarta principal causa de morte na maior parte dos países desenvolvidos e, segundo a Organização Mundial de Saúde + , a cada 10 segundos morre uma pessoa vítima da doença.



Prevê-se que os índices de mortalidade aumentem 25% na próxima década. Ainda segundo dados fornecidos pela Organização Mundial de Saúde, esta patologia pode conduzir a uma redução da esperança média de vida, pela primeira vez em 200 anos.


Câmara do Funchal iluminada de azul


A 14 de Novembro é comemorado o Dia Mundial da Diabetes, que este ano é dedicado às crianças e adolescentes. Para assinalar a data, a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal e a Sociedade Portuguesa de Diabetologia promovem diversas iniciativas centradas no Círculo Azul da Diabetes, adoptado como símbolo oficial da campanha mundial e simboliza a vida, saúde e união no combate ao flagelo que a doença representa.


Assim, serão iluminados de azul edifícios e monumentos, como forma de alertar e sensibilizar para a doença. A Madeira junta-se a esta causa, com a iluminação de azul da Câmara Municipal do Funchal + , na noite de 13 para 14 de Novembro.


Fonte: JM

HEPATITE C



Dr. Jorge Areias


«Não estou doente, estou cansado! Não é difícil de compreender! -mesmo assim vai ao médico, ele examinar-te-á e seguramente te dará alguns conselhos até às férias...» Dez vezes, cem vezes, tínhamos tido a mesma discussão.





A importância da hepatite C resulta da elevada probabilidade do indivíduo infectado evoluir para a cronicidade, da sua associação com a cirrose e com o cancro do fígado (carcinoma hepatocelular), das terapêuticas que embora eficazes ainda não o são a 100%, e de não existir ainda uma vacina.




Os trabalhos mais recentes indicam que 20-30% dos doentes com hepatite crónica C vão desenvolver cirrose hepática, e que destes 20 a 30% vão progredir para o carcinoma hepato-celular ou para a insuficiência hepática que pode requerer a realização de transplante hepático.




Em Portugal, os dados disponíveis apontam para uma prevalência do anticorpo anti vírus da hepatite C (Ac anti-VHC) de 1,5%, ou seja, em Portugal existem cerca de 150 000 pessoas cronicamente infectadas com este vírus. As pessoas infectadas são na sua grande maioria assintomáticas, e servem de reservatório de transmissão a outras pessoas, e estão em risco de desenvolver doença hepática crónica como a cirrose durante as primeiras duas ou mais décadas depois da infecção inicial.




O vírus da hepatite C foi descoberto no final dos anos 80. Era melhor falar dos vírus da hepatite C, uma vez que se conhecem várias estirpes (ou genótipos), cada uma podendo
ser sudividida em vários subtipos identificados por uma letra. Em Portugal o genótipo mais frequente é o 1b.




Qualquer que seja o seu genótipo, o vírus da hepatite C (VHC) transmite-se essencialmente através do sangue, sendo, em Portugal, o seu reservatório mais importante encontrado entre os toxicómanos intravenosos. Este aspecto faz com que a hepatite C constitua um problema importante de Saúde Pública. As transfusões já não são perigosas, e o risco de transmissão do VHC por esta via, como de outros vírus, é praticamente nulo. Os derivados do sangue já não transmitem este vírus porque o modo como são produzidos elimina todos os riscos.




Os alimentos, a água, a saliva e o suor não transmitem este vírus, assim como não é possível apanhá-lo em sanitários públicos. Os indivíduos que contactam com um doente com hepatite C não necessitam de precauções em especial. Contudo, deve-se evitar partilhar objectos susceptíveis de terem contactado com sangue (lâmina de barbear, escova de dentes). Globalmente, o risco de contaminação por via sexual é baixo, assim como é baixo o risco de transmissão mãe-filho e a transmissão pela amamentação. Estes tópicos devem ser discutidos com o casal, e no caso de um membro do casal estar infectado, não devemos desencorajar que a esposa engravide, podendo mais tarde amamentar o seu filho.




O diagnóstico das hepatites baseia-se nos chamados marcadores víricos, os quais são muito fiáveis. A maior parte dos vírus da hepatite não atacam senão o fígado.




O tratamento actual consiste na administração de interferão peguilado, 1 injecção semanal administrada por via subcutânea, e de ribavirina, em comprimidos, diariamente. A duração do tratamento depende do genótipo, sendo de 1 ano no caso de genótipo 1, e de 6 meses no caso dos genótipos 2 e 3. Os objectivos do tramento são dois: negativar o vírus, que deixa de ser detectado no sangue, e normalizar o funcionamento do fígado; deste modo, anula-se o risco de evolução para cirrose, bem como o risco de aparecimento de carcinoma. Este tratamento implica, de maneira geral, alguns efeitos laterais, que regra geral são bem controlados com a administração de paracetamol. Este tratamento é muito caro, e representa um grande encargo para o Estado.




É fundamental que o tratamento seja realizado regularmente sem qualquer tipo de esquecimento quer da injecção semanal quer dos comprimidos tomados diariamente, pois sabe-se hoje que a falta de aderência ao tratamento é uma causa importante da sua ineficácia.




Quando o tratamento falha, e se o doente tem cirrose ou carcinoma hepatocelular, havendo perigo de morte, resta a transplantação hepática, cujos resultados hoje em dia são muito bons. A transplantação visa aumentar a sobrevida do doente e melhorar a sua qualidade de vida, tornando alguém incapaz de trabalhar num ser humano produtivo e trabalhador.








Dr. Jorge Areias,
Chefe de Serviço e Director do Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar do Porto, EPE (Unidade Hospital Geral de Santo António), Porto.
Professor Catedrático do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar, Universidade do Porto








Fonte: Saúde em Revista

Wednesday, November 5, 2008

SERÁ IMPORTANTE FALARMOS DE SAÚDE MENTAL?


Professor Adriano Vaz Serra


É sim, porque é grande o número de pessoas que tem uma má Saúde Mental. Segundo a O.M.S.1 cerca de metade das doenças mentais começam antes da idade dos 14 anos. Calcula-se que, em todo o mundo, cerca de 20% das crianças e adolescentes tenham doenças ou problemas mentais.





Esta circunstância ocorre igualmente em todas as culturas. Infelizmente, as regiões do mundo com a maior percentagem de população com idade inferior a 19 anos têm o nível mais pobre de recursos de Saúde Mental. A maior parte dos países com salários baixos ou médios têm apenas um pedopsiquiatra para cada 1 a 4 milhões de pessoas.




A Depressão - um quadro clínico bem conhecido - situa-se naqueles países como a 7.ª causa mais importante de doença, na medida em que tende a ser incapacitante, recorrente ou prolongada e, muitas vezes, mantém-se sem tratamento.




Todos os anos cerca de 800.000 pessoas cometem suicídio, 86% das quais nos países de recursos mais pobres ou medianos. A maior parte das pessoas que cometem suicído encontram-se na idade entre os 15 e os 44 anos. A taxa mais elevada de suicídio encontra-se nos homens dos países do leste europeu. Os transtornos mentais são uma das causas mais proeminentes e tratáveis de suicídio.




O estigma que acompanha as doenças mentais e a discriminação dos doentes e das suas famílias impede as pessoas de procurarem os cuidados apropriados para o tratamento deste tipo de situações. Há muita gente que considera um transtorno mental como uma questão de "força de vontade". Os níveis de estigma são mais acentuados nos meios urbanos, entre pessoas de níveis mais elevados de educação, do que nos meios rurais.




Os doentes psiquiátricos são frequentemente lesados nos seus direitos humanos na maioria dos países. Estes incluem restricção física, reclusão e negação de necessidades básicas e de privacidade.




Nos países carenciados de recursos há apenas 0,05 psiquiatras e 0,16 enfermeiros com a especialidade de psiquiatria por 100.000 habitantes, o que corresponde a um nível 200 vezes mais baixo do que nos países desenvolvidos e com salários altos.




De acordo com a O.M.S. centenas de milhões de pessoas em odo o mundo encontram-se afectadas por transtornos mentais, do comportamento e pelo abuso de drogas. A O.M.S. (2002) referiu que 154 milhões de pessoas no mundo sofrem de Depressão e 25 milhões de esquizofrenia; 91 milhões encontram-se afectadas por problemas de alcoolismo e 15 milhões pelo abuso de drogas. Mais recentemente a O.M.S. realça que 50 milhões de pessoas sofrem de Epilepsia e 24 milhões de Doença de Alzheimer e outras demências.




Em Portugal estamos actualmente numa época de mudança, em que se pensa ir colocando gradualmente na comunidade os doentes que passaram longos anos internados em hospitais psiquiátricos. Em 2007 tive o prazer de presidir a uma conferência do Professor Julian Leff que tem numerosos estudos sobre a inclusão de doentes psiquiátricos na comunidade. Transmitiu ideias muito importantes a este respeito.




Uma delas a de que os doentes mentais só serão bem aceites na comunidade, numa residência que lhes seja destinada, desde que haja previamente trabalho que leve a comunidade envolvente a conhecer melhor o que é um doente mental, a perder o medo com o seu contacto e a desenvolver uma atitude de aceitação.




Julian Leff referiu também que doentes hospitalizados há longos anos perderam, em 75% dos casos, os contactos com a família. São pessoas de fracas aptidões sociais, muitas ve-zes desinteressadas do meio envolvente e carenciadas de apoio. Carecem, por isso, de apoio social, de incentivo e de melhorar as suas aptidões.




Foram feitas diversas tentativas para, na passagem dos doentes hospitalizados para a comunidade, permitirem-lhes arranjar trabalho para se poderem manter autónomos. Muitas das tentativas falharam. Contudo, houve uma que deu resultado. Consistia em arranjar empresas que aceitassem a entrada de doentes mentais, devidamente tratados, para serem aí empregados. Cada doente aceite estava durante seis meses ligado a um supervisor que lhe ensinava o tipo de trabalho a fazer até ele se tornar completamente autónomo e rentável. Havia diversos supervisores por empresa. Quando os doentes se tornavam autónomos e rentáveis, então chegavam mais doentes que os supervisores ensinavam da mesma maneira.




Estes aspectos obrigam-nos a estarmos atentos para que a transferência dos doentes hospitalizados há longos anos, quando forem incluídos na comunidade, possam ter condições de autonomia, com respeito pelos seus direitos e qualidade de vida.








Professor Adriano Vaz Serra,
Professor Catedrático de Psiquiatria da F.M.C.
Director da Clínica Psiquiátrica dos H.U.C.
Presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria Saúde Mental






Fonte: Saúde em Revista

Tuesday, November 4, 2008

CANCRO DA MAMA

CANCRO DA MAMA



Dr. Maria João Cardoso


Não podemos deixar de iniciar um artigo sobre cancro da mama sem algumas reflexões sobre os números. Na verdade, o cancro da mama continua a ser, na Europa, o tumor mais frequente na mulher.





Em Portugal os dados disponíveis referentes a 2006 indicam um número de novos casos de 103,5 por 100.000 habitantes (uma em cada dez mulheres aproximadamente). A estimativa da mortalidade em Portugal, para o ano de 2006, foi de 21,0 por 100.000 habitantes. Isto significa, de grosso modo, que 2 em cada 10 mulheres diagnosticadas com cancro da mama irão morrer devido à doença.




Isto significa também, e deixando o pessimismo, que 8 em cada 10 mulheres diagnosticadas com cancro da mama irão viver!!!




Sou por natureza optimista e tento passar essa mensagem para as minhas doentes, pois mais do que a minha natureza, a evidência científica mostra-nos que temos razões para ser optimistas.




Este optimismo deve-se mais uma vez à ciência e aos seus avanços pois o diagnóstico e o tratamento do cancro da mama melhoraram espectacularmente nos últimos anos.




No entanto é difícil ultrapassar a barreira do pessimismo quando se encara a possibilidade de ter um cancro da mama. E porquê?




Obviamente porque a ideia de cancro continua associada à ideia de morte e na mama à ideia de amputação (mastectomia) e ainda à ideia dos efeitos nocivos provocados pelos tratamentos de quimioterapia e radioterapia.




O que fazer então perante a suspeita de que algo não está bem na mama, quer porque surgiu algum sintoma, quer porque os exames mostraram algo de anormal. Este é o primeiro problema que as mulheres têm que enfrentar.




Um conselho nesta fase, calma, mais de 80% das alterações, clínicas (nódulos, dor) ou infraclínicas (detectadas apenas nos exames), são benignas. Também nesta altura é muito importante o esclarecimento detalhado sobre o órgão, a sua fisiologia e o que significam os sintomas que aparecem. Aqui uma chamada de atenção: o diagnóstico das lesões da mama não deve ser feito inicialmente com a cirurgia! Com os exames que actualmente temos disponíveis (Mamografia, Ecografia, Ressonância e Biópsias de Agulha) podemos, sem ter que fazer uma operação, obter um diagnóstico correcto em mais de 95% dos casos.




Mas, e se a suspeita for de um cancro, pois eles existem? Também aqui e hoje, inequivocamente, um bom diagnóstico leva a um melhor tratamento. Saber que se tem um cancro não é suficiente, pois não só não há dois cancros iguais como o comportamento de cada um varia de acordo com o organismo onde se desenvolveu.




Realço por isso a necessidade de saber o que vamos tratar e como o vamos tratar. Mais uma vez a primeira atitude deve ser realizar todos os exames possíveis para saber tudo sobre o cancro que vamos tratar. Da mesma forma devemos saber tudo sobre a mulher que vamos tratar!




Há 20 anos atrás nenhuma destas afirmações era importante pois o tratamento do cancro da mama passava sempre por retirar a mama (mastectomia) e os gânglios debaixo do braço (esvaziamento axilar). Hoje, ainda que essa opção continue a existir, outras alternativas, que vão desde a cirurgia conservadora até à mastectomia com reconstrução imediata (na mesma altura em que se tira a mama faz-se a reconstrução) e aos tratamentos de quimioterapia primária (antes da cirurgia) para tornar o tumor mais pequeno e permitir uma cirurgia mais limitada, se afirmaram permitindo às mulheres que têm estas escolhas uma forma diferente de ver a doença e o tratamento. Esta diversidade de opções aplica-se também à radioterapia e aos tratamentos sistémicos (quimioterapia, hormonoterapia e terapias biológicas).




Hoje o tratamento é afinado para cada mulher e para cada cancro. São os chamados "tailored treatments", em português os tratamentos talhados para cada um. Esta abordagem cen-tra-se na diversidade do indivíduo e da doença e tem como objectivo fundamental a optimização do tratamento com consequente melhoria da sobrevivência.




Com estes ingredientes, um melhor diagnóstico e novas formas de tratamento, é claramente mais fácil passar a todos, e com convicção, a tal mensagem de optimismo.





Dr. Maria João Cardoso,
Coordenadora do Grupo de Patologia Mamária do Hospital de S. João e
Professora Auxiliar de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP)








Fonte: Saúde em Revista

DPOC-CDOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA


Dr. António Segorbe Luís


O tabagismo é o principal factor de risco para o cancro do pulmão e para o desenvolvimento de Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC).





A s poeiras, fumos e químicos do ambiente profissional, quando as exposições são suficientemente intensas e prolongadas, a poluição do ar do interior por combustíveis orgânicos, utilizados para cozinhar e para aquecimento de habitações inadequadamente ventiladas, e a poluição do ar exterior, que aumenta a carga total de partículas inaladas, podem contribuir para a DPOC, mas, sobretudo, potenciam a doença na população fumadora e agravam-na quando já presente.




A realidade do nosso País referente ao tabagismo sugere que a DPOC deva ser considerada como um problema de saúde pública com tendência de agravamento no futuro, se considerarmos a estimativa, consensual e universalmente aceite, de que pelo menos 20% dos fumadores virão a desenvolver DPOC. A DPOC tem uma prevalência em Portugal de 5,3 %, taxa conhecida pela 1ª vez, em 2003, num estudo efectuado pela SPP (de 1384 indivíduos rastreados, com a idade média de 49 anos, sendo 25% fumadores e 22% ex-fumadores, 5,3 % apresentavam DPOC. Recentemente, no contexto de uma acção de rastreio à Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) foram examinados 2400 trabalhadores de empresas portuguesas, tendo sido detectada uma prevalência de DPOC de 6,3%.




Habitualmente a doença não é reconhecida e diagnosticada até que seja clinicamente aparente e moderadamente avançada. O grande problema é que a limitação respiratória na DPOC tende a ser progressiva e, em fase evoluída, torna-se incapacitante.




O grande impacte da doença na qualidade de vida dos doentes - com repercussão no meio familiar e consequências negativas a nível profissional e social -, leva a que seja o peso dos "dias perdidos", de vivência com a doença e por morte prematura, a parte mais significativa do custo global da DPOC.




A referência a tosse e produção de expectoração frequentes e a dificuldade respiratória num esforço banal por um fumador ou ex-fumador com mais de 40 anos, deve fazer pensar em DPOC.




Todavia há doentes assintomáticos; mas, na maioria, a tosse e a expectoração diárias precedem, em anos, a limitação ventilatória. Há que pensar, ainda, nos casos em que a única queixa é a dificuldade respiratória no esforço.




A DPOC, em Portugal, está claramente subdiagnosticada! As razões para assim acontecer são múltiplas: o fumador subvaloriza os sintomas e vive com eles sem comunicar ao médico; os profissionais e autoridades de saúde só na transição do século é que despertaram colectivamente para o grande problema que é a DPOC; depois, há insuficiência de meios de diagnóstico nos cuidados primários, isto é, espirometrias.




A espirometria, um exame que mede o volume e a velocidade do ar expirado, é necessária para confirmar o diagnóstico de DPOC e serve para orientar o tratamento, avaliar a resposta terapêutica e monitorizar a evolução.




Uma espirometria normal nega a possibilidade de presença de DPOC clinicamente relevante.




Embora não cure a DPOC, o tratamento farmacológico tem um efeito relevante na funcionalidade e qualidade de vida dos doentes. Todavia, é a cessação tabágica a medida de maior benefício e maior eficácia no controlo da evolução da doença. Aliás, a necessidade de cessação tabágica deverá centrar o acompanhamento do doente com DPOC.





Uma redução da prevalência de tabagismo na população será uma incomensurável mais valia, por drástica redução do número anos de vida perdidos por morte prematura e incapacidade por DPOC.





Ter o prazer de não fumar um cigarro é, sem dúvida, o desejo oculto de muitos fumadores. Mas, só com um esforço colectivo, sistemático e organizado, é que se poderá alterar o cenário do tabagismo e da DPOC em Portugal.






Dr. António Segorbe Luís,
Presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia







Fonte: Saúde em Revista
 

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