Wednesday, February 24, 2010

ÁCAROS DO PÓ DA CASA: OS GRANDES RESPONSÁVEIS PELAS DOENÇAS ALÉRGICAS



Jaime Pina

A alergia, entendida como uma resposta exagerada do organismo quando em contacto com determinadas substâncias, tem uma origem genética, mas é muito influenciada por factores ambientais, que o doente deve conhecer e cujo controlo constitui uma das etapas mais nobres do tratamento.

Qualquer substância que se inale pode provocar alergia num doente predisposto. Porém, os ácaros do pó da casa têm um papel preponderante, sendo os principais responsáveis pelas doenças alérgicas do aparelho respiratório: a rinite e a asma brônquica.


O que são os ácaros do pó da casa?

Os ácaros do pó doméstico são aracnídeos microscópicos que se encontram nas nossas habitações, sobretudo no quarto de dormir e na cama; o seu principal alimento são as partículas resultantes da descamação natural da pele. Embora estejam presentes durante todo o ano, é nos meses de Primavera e Outono que existem as melhores condições de temperatura e de humidade para a sua reprodução. Casas húmidas, cheias, com animais e não ventiladas são o ambiente ideal para a multiplicação dos ácaros.

O quarto de dormir

Na alergia ao pó da casa há que ter um cuidado muito particular com o quarto de dormir, evitando-se superfícies que facilitem a sua acumulação. Assim, há que evitar carpetes, tapetes com pelo, cortinas de tecidos grossos, têxteis e bonecos de pano ou de peluche. Um pavimento lavável de linóleo, mosaico ou madeira envernizada reduz muito significativamente a quantidade de ácaros.

Quanto mais objectos existirem maior a quantidade de pó; por isso deve optar-se por uma decoração minimalista retirando do quarto todos os objectos não essenciais: brinquedos, discos, livros, entre outros. A criança pode e deve ler e brincar no seu quarto mas, se possível, os livros e os brinquedos devem ser guardados noutro local. De preferência seleccionar brinquedos que possam ser lavados, tarefa que deverá ser realizada semanalmente.

Deve ainda dar-se particular atenção à ventilação diária do quarto e à aspiração regular com um aspirador de elevada eficiência (por exemplo, aspirador com filtros HEPA ou de água), não esquecendo de aspirar o colchão.

A cama

Na cama, o colchão e as almofadas devem ser de fibras artificiais (evitar as penas, a lã, a sumaúma ou a palha), e há que evitar os cobertores de lã e os lençóis de flanela (preferir o edredão sintético e os lençóis de algodão).

Deve cobrir-se o colchão e a almofada com coberturas anti-ácaros e a roupa da cama, deve ser lavada uma vez por semana a 60ºC e se possível estendida ao sol (o sol elimina os ácaros). Também os cobertores eléctricos, ao diminuírem a humidade na cama, são, a longo prazo, uma boa arma na luta contra os ácaros.

Nos últimos anos têm-se desenvolvido produtos químicos acaricidas que, quando usados com regularidade (um a dois meses) no colchão e nos tapetes, diminuem a quantidade de ácaros neles existentes.

O vestuário

O vestuário deve ser tanto quanto possível de material sintético facilmente lavável, devendo evitar-se os tecidos que acumulam pó, como por exemplo a lã e outras peles naturais.

Quando a roupa permanece muito tempo armazenada deve ser arejada e limpa antes de ser de novo utilizada: é clássico o aparecimentos de crises de rinite e de asma nos doentes que manipulam roupas guardadas de uma época para outra.

Se for alérgico aos ácaros do pó da casa evite fazê-lo ou faça-o protegido com uma máscara.


Jaime Pina
Fundação Portuguesa do Pulmão
www.fundacaoportuguesadopulmao.org

Fonte: FARMÁCIA SAÚDE

SÍNDROME DE MUNCHAUSEN: DESESPERADOS POR ATENÇÃO


Sintomas falsos, doenças a fingir, feridas auto--infligidas - é assim que se comportam as pessoas que sofrem de síndrome de Munchausen, uma doença mental rara mas grave alimentada por uma necessidade desesperada de... atenção.

Imagine-se uma pessoa com um repertório de histórias verdadeiramente dramáticas acerca dos seus problemas de saúde mas que, apesar disso, apresenta sintomas muito vagos e inconsistentes ou que se agravam sem razão aparente.

Imagine-se uma pessoa que pressiona os médicos para se submeter aos exames mais rigorosos e aos procedimentos cirúrgicos mais arriscados ou que os pressiona para lhe prescreverem constantemente analgésicos e outros medicamentos, revelando grande conhecimento da terminologia médica. Uma pessoa que procura tratamento junto de diferentes profissionais e unidades de saúde, com frequentes hospitalizações mas poucas ou nenhumas visitas e que se mostra relutante quando os profissionais de saúde tentam falar com a família ou os amigos.

Essa pessoa pode sofrer de síndrome de Munchausen, uma doença mental rara mas grave reconhecida há séculos mas que permanece um mistério, difícil de diagnosticar e de tratar.

O quadro descrito enquadra os principais sintomas desta síndrome que pertence ao grupo de doenças inventadas ou auto-infligidas. E, na verdade, o que acontece é que os doentes fingem ou provocam doenças em si próprios, muitas vezes pondo a vida em perigo. Fazem-no movidos por uma profunda necessidade de atenção, alimentando essa fome emocional com estratégias que adiam, ou até evitam, que a falsa doença seja descoberta.


Não se trata de hipocondria, situação em que as pessoas acreditam mesmo que estão doentes, embora não o estejam.

Quem sofre de Munchausen sabe que não está doente, mas quer estar. E o comportamento que desenvolvem é compulsivo, envolvendo-os numa espiral de idas ao médico, medicamentos, análises e hospitalizações.

Não se conhece a causa desta síndrome, mas estão identificados factores que podem contribuir para o seu desenvolvimento: trauma na infância, nomeadamente abuso emocional, físico ou sexual; baixo sentido de identidade ou de auto-estima; perda de uma pessoa próxima devido a doença ou abandono; desejo não concretizado de ser profissional de saúde; desordens de personalidade, entre outros.

O que se sabe é que estas pessoas têm necessidades emocionais tão profundas que arriscam a própria vida para serem consideradas doentes e tratadas como tal, recebendo assim a atenção de profissionais de saúde, amigos e familiares.

O que fazem é fingir sintomas ou exacerbar condições já existentes, por exemplo abrindo uma ferida em vias de cicatrização.

O que fazem também é manipular análises clínicas, por exemplo juntando sangue ou outra substância a amostras de urina. Quando medicadas, quer em ambulatório quer em internamento, são capazes de trocar medicamentos ou deixar de os tomar só para adiar a "cura".

E para ganharem o estatuto de doentes têm a capacidade de se envolver em discussões perfeitamente fundamentadas com os profissionais de saúde, argumentando e contra-argumentando com um inesperado conhecimento de causa.

São bastante plausíveis e, por estranho que possa parecer, não é fácil desmascarar estes falsos doentes. São convincentes ao ponto de iludirem médicos atrás de médicos. Daí que seja extremamente difícil diagnosticar esta síndrome.

Tal como é difícil tratá-la: afinal, as pessoas que dela sofrem querem ser vistas como doentes, pelo que resistem a procurar ou aceitar tratamento.

Crianças, vítimas por procuração

Nem sempre a necessidade desesperada de atenção é somatizada na própria pessoa: casos há em que é transferida, quase sempre para uma criança, com esta síndrome a converter-se numa grave forma de abuso infantil.

É a chamada síndrome de Munchausen por procuração: um cuidador, na esmagadora maioria das vezes a mãe, provoca deliberadamente problemas de saúde na criança ou convence outros de que a criança está muito doente, fingindo ou exagerando sintomas.

Como resultado desta atitude, os médicos acabam por pedir análises, receitar medicamentos e até hospitalizar a criança.

O abusador acaba por receber atenção dos profissionais de saúde que contactam com a criança. E, como se comporta de uma forma carinhosa, ninguém suspeita de que algo está errado. Além do mais, revela uma habilidade surpreendente para manipular médicos, pelo que a inconsistência dos sintomas e das histórias acaba por ser negligenciada.

Este comportamento do progenitor prolonga-se no tempo, envolvendo, por um lado, a fabricação dos sintomas (causando-os mesmo ou inventando-os) e, por outro, a manipulação do tratamento, de modo a adiar a "cura". A criança assim maltratada está permanentemente "doente".

E só "melhora" quando está separada do abusador. São muitas e profundas as consequências deste tipo de abuso infantil. Antes de mais, a criança é sujeita a exames médicos desnecessários, toma medicamentos desnecessários, é hospitalizada sem razão e, no extremo, submetida a cirurgias de que não precisa. Fisicamente, este é, pois, um processo muito invasivo e fonte de sofrimento.

Mas, quando a criança já tem idade para perceber o que se passa, os danos psicológicos são acentuados: ela pode sentir que apenas é amada quando está doente e, por isso, "alinhar" com o progenitor, ao ponto de se ferir a ela própria para continuar a receber atenção. É um ciclo perigoso, pois as crianças vítimas podem tornar-se adultos
abusadores.

A herança do barão

Esta síndrome recebeu o apelido Karl Friedrich Hieronymus von Munchausen, barão alemão que viveu no século 18 e que ficou para a história pelos seus relatos extraordinários. As fantásticas aventuras do barão terão envolvido viagens em bolas de canhão, idas à lua e uma incrível fuga de um pântano usando apenas...os próprios cabelos...

Os seus relatos serviram de base para a série "As aventuras do barão de Munchausen", publicadas em 1785. Dois séculos depois, deram origem a um filme com o mesmo nome, realizado por Terry Gillian e protagonizado por John Neville.


Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF

Monday, February 15, 2010

UMA LIÇÃO DE VIDA - QUERIDO ELIOT

Monday, February 8, 2010

HIPERTENSÃO ARTERIAL NAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES: DIAGNÓSTICO PRECOCE E ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL SÃO OS MELHORES ALIADOS DAS ARTÉRIAS

Daniela Gonçalves

A hipertensão arterial nas crianças e nos adolescentes deriva com frequência da adopção de um estilo de vida pouco saudável caracterizado por problemas de excesso de peso, obesidade e sedentarismo. Estes factores têm aumentado de forma substancial nestes grupos etários, contribuindo para o agravamento da prevalência da hipertensão arterial nas crianças e nos adolescentes. Mas a aposta na detecção precoce, num estilo de vida saudável e, quando necessário, na adopção da terapêutica pode desenhar um arco-íris na sua qualidade de vida.


Associada à ocorrência de eventos ou complicações cardiovasculares, a hipertensão arterial consiste numa elevação da pressão arterial, ou seja, no aumento da pressão do sangue contra as paredes das artérias. A sua avaliação deve ter em consideração a análise de outros factores de risco cardiovascular, afirma a Dr.ª Maria João Lima, médica de Medicina Interna e coordenadora da consulta de hipertensão arterial, no Hospital de S. João.

Porque surge a hipertensão arterial?

Segundo a Dr.ª Maria João Lima, existem dois tipos de hipertensão arterial, que resultam de causas distintas. "Em situações raras, há uma causa perfeitamente identificada e uma relação de causalidade bem estabelecida. Contudo, a grande maioria dos casos não tem apenas uma causa - resulta da interacção de factores genéticos e factores ambientais relacionados com a adopção de estilos de vida pouco saudáveis, como sejam o excesso de peso, a inactividade física e o consumo de substâncias que favorecem o aparecimento da doença, como os alimentos com alto conteúdo de sal", explica.

Sintomas tímidos. É fundamental a vigilância da pressão arterial

A hipertensão arterial é, muitas vezes, assintomática, pelo que não apresenta sintomas ou manifestações nas crianças e nos adolescentes, à semelhança do que sucede no caso dos adultos. Daí a importância da medição regular dos valores de pressão arterial sempre que a criança e o adolescente se deslocam à sua consulta de medicina familiar ou pediátrica. A detecção precoce da hipertensão arterial nas crianças "evita que surjam complicações na infância e na idade adulta", salienta a Dr.ª Maria João Lima.

Dieta saudável e prática de exercício vs. hipertensão arterial

A adopção de medicação contra a hipertensão arterial não deve ser a primeira medida a ser sugerida pelo médico para tratar a maior parte das crianças e dos adolescentes com esta doença, afirma a Dr.ª Maria João Lima.

As principais apostas devem centrar-se na adopção de uma alimentação saudável, no combate à inactividade física e no incentivo à prática de exercício. "Há que combater o excesso de peso, de forma a atingir um peso adequado à altura. Até porque um dos principais problemas das crianças portuguesas é comerem muitos alimentos com muitas calorias, açúcar e sal, facto que contribui para o aumento de peso, originando também a hipertensão arterial." Mudanças nos hábitos de lazer das crianças surgem igualmente como factor de risco. Lembra que as crianças "não só deixaram de praticar exercício físico regularmente (saltar, correr, brincar ao ar livre) como passaram a estar perfeitamente inactivas, do ponto de vista físico, quando passam horas sentadas a ver televisão ou a jogar jogos electrónicos".

Sublinha que o sedentarismo é uma das práticas a abater, em nome de uma melhoria da saúde cardiovascular e geral das crianças. Acrescenta que a criação e manutenção de um estilo de vida saudável para toda a vida "é o mais importante no tratamento da hipertensão arterial em todos os grupos etários".

Reforça que à família compete ensinar as crianças a alimentarem-se bem e explicar as vantagens da adopção de uma alimentação saudável e da prática de exercício físico (caminhada, natação, entre outros) para a sua saúde. Os pediatras, médicos de família ou nutricionistas podem ajudar as crianças submetidas a um programa de controlo de peso e hipertensão arterial a ficarem mais motivadas.

Em que circunstâncias se prescreve a medicação?

Quando...

- A hipertensão arterial tem causas conhecidas

- Está associada a sintomas como cefaleia (dor de cabeça), vómitos, naúseas

- A hipertensão tem impacto noutros órgãos, principalmente no coração ou no rim

- Há diabetes em simultâneo com a hipertensão arterial

- Quando as medidas não farmacológicas não são suficientes para controlar a pressão arterial

Os nutricionistas devem conquistar os jovens

As crianças e os adolescentes deverão conversar de uma forma aberta com os seus nutricionistas. Estes não devem desvalorizar os conhecimentos que eles têm, mas antes tratá-los como pessoas autónomas e entender como funciona a sua mente, de forma a conquistá-los. "Se o jovem estiver conquistado, posso convencê-lo a seguir um regime alimentar saudável, embora pense sempre que é ele que comanda toda a situação", explica a Dr.ª Rosa Maria Santos, nutricionista no Hospital de S. João.

É possível ainda em criança ou em adolescente ter um enfarte ou AVC?
"São situações muito raras mas existem; as consequências mais frequentes ainda nos mais jovens relacionam-se com alterações sobretudo renais e/ou cardíacas, que, não sendo ainda tão graves, provocam alterações no desenvolvimento dos órgãos afectados e se manifestarão de forma mais grave no futuro", explica a Dr.ª Maria João Lima.


 

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