Tuesday, December 30, 2008

ANTIGRIPAIS DESACONSELHADOS



Alguns dos medicamentos de venda livre mais conhecidos e usados para o tratamento de gripes e constipações - como o Ilvico, Antigrippine e Cêgripe - não são recomendados pelo Prontuário Terapêutico - que serve de guia aos médicos -, por combinarem várias substâncias activas. "Estes medicamentos não são mesmo os mais indicados", aponta o especialista em Medicina Interna, Alfredo Caldeira. Por outro lado, o presidente da delegação regional da Ordem dos Farmacêuticos, Paulo Sousa, garante que não há problema na utilização destes fármacos, desde que estejam "adequados ao quadro clínico" da pessoa em questão.

O médico Alfredo Caldeira não confia neste tipo de medicamentos e desaconselha mesmo o recurso a estes fármacos. "Tudo o que seja misturas de fármacos deve ser utilizado com cautela porque podem trazer problemas", apontou.

Para o especialista, dentro dos medicamentos de venda livre para tratamento de gripes existem outros mais consensuais e apropriados, como os que possuem paracetamol, ácido acetilsalicílico (aspirina) e ibuprofeno. "Todos os outros deviam ser usados só em último caso e eu desaconselho mesmo o seu uso", afirmou.

O especialista disse ainda ao DIÁRIO que esta situação não implica que se fale numa possível retirada destes fármacos do mercado, mas que, na sua opinião, são realmente "nefastos para a saúde" de quem os utiliza.

O presidente da delegação regional da Ordem dos Farmacêuticos, considera, no entanto, o Ilvico como um dos medicamentos "mais completos" para o tratamento de gripes e constipações, mas garante que, ao recomendá-lo, faz sempre um pequeno questionário sobre a situação clínica da pessoa que o vai usar, uma vez que o Ilvico não é apropriado para hipertensos. "Quem aconselha deve saber o que está a fazer", explicou, referindo que é sempre necessário ter "cuidado ao gerir a utilização dos medicamentos de venda livre".

"Por ser de venda livre, não quer dizer que se use de uma forma qualquer", alertou, sublinhando que quem quer fazer uso deste tipo de fármacos "deve informar-se se é aconselhável". "É importante ter essa noção", frisou, acrescentando que, em caso de dúvida, as pessoas devem consultar sempre, ou até mesmo telefonar, ao farmacêutico.

Paulo Sousa alertou ainda para o facto de ser importante ter em atenção que estes medicamentos não são fórmulas milagrosas, só por figurarem em publicidades constantes. "É importante passar a mensagem de que não são remédios milagreiros", sublinhou.

Peritos preferem "alternativas" Segundo informação divulgada ontem pela Lusa, os peritos que elaboram o Prontuário Terapêutico consideram que há no mercado "alternativas mais adequadas" a estes medicamentos. Um desses peritos, Walter Osswal, em declarações à Lusa, em Março deste ano, explicou que, quando uma substância activa é eficaz, deve ser usada isoladamente e não em associação com outras.

A maioria dos medicamentos que surgem em publicidades para combater sintomas gripais associam o paracetamol - que alivia a dor e a febre - a outras substâncias activas, como a cafeína, codeína e ácido ascórbico.

Nessa ocasião, o perito sublinhou, no entanto, que o Prontuário Terapêutico funciona como "um conselheiro médico", não estabelecendo dogmas e proibições aos profissionais.

Para a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), o facto de estes medicamentos não serem recomendados "não significa que não possam ser utilizados, que constituam qualquer problema para a saúde pública ou tenham de ser retirados do mercado".
Fonte: Diário de Notícias

DESILUSÃO NA ENFERMAGEM

O hospital continua sob o signo da mudança. Nova equipa, novo rumo à 'casa'. Depois da insatisfação de alguns médicos que foram dispensados da chefia dos serviços, é a vez dos enfermeiros. A classe, pela voz do presidente do Sindicato, fala de "descontentamento" em relação ao novo regulamento interno, porque "aponta para uma 'sectorização' na prestação dos cuidados de saúde".


Juan Carvalho esperava mais da equipa que gere a saúde (SESARAM), no sentido de colocar lado a lado os dois grupos profissionais - médicos e enfermeiros - que são mais decisivos nos cuidados ao doente. Mas a recente reunião com o presidente do conselho de administração trouxe "desilusão" aos profissionais de enfermagem, porque o projecto de regulamento interno indicia uma secundarização dos enfermeiros na gestão hospitalar, ficando a classe debaixo da alçada dos médicos.

"Contra (indi)gestão..."

A questão é séria e vai ser debatida hoje numa reunião entre o Sindicato dos Enfermeiros da RAM e os seus associados, aliás divulgada em anúncio no DIÁRIO, com uma ordem de trabalhos que se resume à "proposta de regulamento interno da SESARAM". Não deixa de ser também curiosa a forma como os associados são mobilizados para a reunião de hoje, com os seguintes apelos: "É importante a mobilização dos enfermeiros à volta deste documento. A gestão dos cuidados de saúde também engloba os cuidados de enfermagem. Contra a (indi)gestão na enfermagem".

Já a Ordem dos Enfermeiros prefere esperar para ver, embora apele à participação dos colegas na reunião do Sindicato. Élvio Jesus quer esperar até ver homologado o texto final do regulamento, mas não deixa de criticar o facto de "se manter um 'medicocentrismo' no novo regulamento, isto é, os enfermeiros ficam sem lugar de gestão nos departamentos hospitalares" (vide destaque na página).

Quem não compreende este descontentamento é o presidente do conselho de administração. Almada Cardoso deixa bem claro que, "no regulamento, estão sempre salvaguardadas a autonomia e a idoneidade técnica da enfermagem." Mas não só. Almada Cardoso explica que a classe continua a contar com "um enfermeiro-director, que está ao mesmo nível do director clínico (para a área médica), que por seu turno coordena os enfermeiros supervisores e chefes de enfermagem".

O responsável máximo pela gestão hospitalar sublinha que a sua equipa não veio "inovar nada. Todas as competências e carreiras de enfermagem estão devidamente consagradas, em respeito até pelas leis gerais do País. Não se pode sequer pensar que um regulamento interno se sobrepõe às leis gerais que regulam a enfermagem, aliás em fase de revisão a nível nacional." Mas a serenidade e o optimismo de Almada Cardoso não chegam para sossegar o pessoal da enfermagem que quer saber onde e como está explicitamente consagrada a presença dos enfermeiros nos órgãos de gestão da SESARAM.

O presidente do Sindicato começa por explicar ao DIÁRIO que há um projecto de regulamento interno que aponta no sentido de uma nova organização do serviço regional de saúde em departamentos, serviços e unidades funcionais. O regulamento anterior previa a implementação dos centros de responsabilidade, ideia que não vingou e foi substituída agora pela departamentação ao nível dos cuidados de saúde primários, desta feita com a designação de agrupamento de centros de saúde.

O representante sindical coloca a "questão central" nestes termos: "Seja departamento ou grupos de centros de saúde a criar, não se pode gizar uma organização dos cuidados de saúde sem ter em conta os dois grupos profissionais mais influentes: os médicos e os enfermeiros." Juan Carvalho diz mesmo que "nunca se deverá cair na tentação de 'sectorizar', isto é, ter à frente dos departamentos de saúde só médicos, mas sim médicos e enfermeiros, lado a lado." O sindicalista vai mais longe e avisa que privilegiar só os médicos na liderança "não é funcional para o sistema e criam-se ambientes instáveis que não estão em condições de dar as melhores respostas".

No entanto, Juan Carvalho confessa que a nova orgânica que vai ser implementada contraria os princípios mencionados. A pedido do Sindicato, já houve audiência com o conselho de administração e as perspectivas não são boas. O dirigente sindical explica-se: "Esta nova orgânica que se quer implementar é que nos desilude, porque está desfasada daquela que é hoje a organização recomendável dos cuidados de saúde. O regulamento interno aponta para a departamentação dos médicos e não é nada claro nas atribuições que reserva aos enfermeiros, o que é um risco com consequências incalculáveis porque não vai favorecer a melhoria dos cuidados de saúde." Os enfermeiros reúnem hoje para conhecer as propostas do regulamento interno e acertar a estratégia. Para já, o clima é de "descontentamento".

'Medicocentrismo'

O presidente da Ordem dos Enfermeiros na Região espera para ver. Élvio Jesus quer pronunciar-se definitivamente após a promulgação do regulamento. No entanto, explica que a Ordem já reuniu com o secretário regional dos Assuntos Sociais e com o conselho de administração da SESARAM. "Foi-nos garantido que a autonomia da gestão e da prestação dos cuidados de enfermagem estava assegurada. Esta garantia foi-nos dada em audiência formal e como estamos perante pessoas de boa fé, não há razões para duvidar".

Mas Élvio Jesus admite que "há outras normas no regulamento que não são aceitáveis", nomeadamente aquilo que designa de 'medicocentrismo'. Explicitando melhor: "Continua, no novo texto, o chamado 'medicocentrismo', isto é, tudo demasiado centrado na função do médico, e não houve garantias de que isto seria alterado. Resta esperar pela versão final".

Na prática, a SESARAM garante, ao nível da gestão dos centros de saúde, a presença dos enfermeiros na figura do adjunto do director. Uma mudança que não é a ideal mas aceitável. O problema é a gestão hospitalar, na qual os enfermeiros se sentem excluídos ou sem participação.
Fonte: Diário de Notícias

Friday, December 26, 2008

TOXOPLASMOSE NA GRAVIDEZ



O que é a toxoplasmose? A toxoplasmose é uma infecção que pode pôr em perigo a saúde do seu bebé.





É causada por um parasita, o Toxoplasma gondii. Este parasita multiplica-se no intestino dos gatos, pelo que pode encontrar-se em fezes de gatos, e é preciso ter especial cuidado com a manipulação das "caixas" de dejectos destes animais.




A mulher grávida pode ser contaminada durante este processo ou em contacto com a terra por onde circulem gatos, e existam fezes, que contém oocistos libertados pelo parasita. Os oocistos resultam do ciclo sexuado do parasita que ocorre apenas nos intestinos dos felinos (não acontece com os cães, por exemplo).




A mulher grávida deve estar atenta porque também pode ser contaminada pela ingestão de alimentos mal cozinhados como a carne mal passada de animais que contenham este parasita. Além disso, as pessoas que trabalham em jardinagem ou mexem habitualmente em carne crua correm também riscos de contrair toxoplasmose.








O que acontece se eu apanhar toxoplasmose?




Os adultos habitualmente saudáveis não apresentam sintomatologia quando são infectados.




Os sintomas são raros, podendo assemelhar-se a gripe vulgar. No entanto se for infectada durante a gravidez, pode passar a infecção ao seu bebé. O bebé pode não desenvolver nenhuma doença, ou ficar seriamente doente afectando sobretudo o cérebro e os olhos.




Se foi infectada antes da gravidez, 6 a 9 meses antes, com o Toxoplasma gondii, vai tornar-se imune. A infecção não se tornará a reactivar durante a gravidez e por isso raramente existe risco para o bebé.








Como sei se tenho toxoplasmose?




Podemos realizar uma análise ao seu sangue para ver se teve contacto recente ou passado com o parasita, através da determinação dos anticorpos anti IgG e a IgM para o Toxoplasma gondii.




Esta análise deve ser efectuada o mais cedo possível para evitar erros de interpretação, porque o período mais perigoso para apanhar toxoplasmose é durante o 1º trimestre de gravidez. De preferência deve ser efectuada antes da gravidez ou o mais cedo possível.




Se não fizer a análise e não souber se está imunizada ou não, deve tomar todas as precauções para evitar a infecção, protegendo o seu bebé.



Como posso evitar a toxoplasmose?




Não deixar o seu gato sair para evitar a sua contaminação durante a gravidez e se possível ter alguém que ajude no tratamento dos dejectos do seu gato.




Se tiver mesmo de o fazer, deve usar sempre luvas e evitar a aspiração durante o tratamento da caixa de dejectos, que deve ser mudada diariamente e passada por água a ferver. Os oocistos demorarão 1 dia a tornarem-se infecciosos.








Cuidados a ter:




Lavar sempre bem as mãos depois de tratar dos dejectos do gato.




Usar sempre luvas na jardinagem, e lavar muito bem as mãos depois.




Evitar moscas que podem disseminar a infecção tocando nos alimentos após contacto com terra contaminada.




Cozinhar muito bem a carne pelo menos 15 a 20 m antes de a consumir. Evitar comer carne mal passada, ovos crus, vegetais mal lavados e frutas não descascadas.




Não beber leite não pasteurizado.




Ter sempre o cuidado de lavar as mãos antes de comer e após manuseamento de material suspeito.








E se eu apanhei toxoplasmose?




No caso da análise sugerir a infecção recente, (nunca podemos garantir a datação da infecção mas se após 3 semanas o nível do anticorpo anti-toxoplasma IgG duplicar isto é muito provável), temos de despistar a infecção no bebé.




Para isso, actualmente fazemos a pesquisa do Toxoplasma gondii no líquido amniótico, pelo que terá de fazer uma amniocentese, nunca antes de 4 semanas após a suspeita do contacto da mãe e nunca antes das 18 semanas de gravidez.




Existem sinais ecográficos que nos indicam também a suspeita de infecção no feto.




O bebé deve ser seguido até ao primeiro ano de vida pois em cerca de 1/3 das situações não conseguimos fazer o diagnóstico antes de nascer.




Existe tratamento para a mãe e para o bebé, que evita formas mais graves ou mesmo o aparecimento da doença dependendo da precocidade do diagnóstico.







Fonte: LABLUXOR

Tuesday, December 16, 2008

BRONQUIOLITES AGUDAS AFECTAM 80% DAS CRIANÇAS ATÉ AOS 2 ANOS


Andreia Pereira



Com as temperaturas a descer, começam a aparecer as bronquiolites agudas. Mas, como é uma situação frequente até aos 24 meses de vida, o tratamento, na grande maioria dos casos, pode ser realizado no domicílio.





Estamos a caminho do Inverno e, por norma, nesta altura do ano é frequente aparecerem situações de bronquiolite aguda. Tudo começa com sintomas de tosse e corrimento nasal que, praticamente, se confundem com uma constipação. Mas, quando o quadro evolui, surge a sibilância, um sinal respiratório de uma eventual bronquiolite aguda. Contudo, tirando casos excepcionais, não há motivo para alarme, já que estes episódios são comuns em crianças até aos 24 meses de idade.




Os tratamentos, diz a Dr.ª Celeste Barreto, chefe de serviço de Pediatria do Centro Hospitalar Lisboa Norte (Hospital de Santa Maria em Lisboa, "podem ser realizados em casa, pelos próprios pais", excepto quando "a criança apresenta baixa de oxigénio ou recusa alimentar".




Segundo a especialista, apesar de as bronquiolites poderem "assustar" os pais, não há necessidade de levar a criança ao hospital, a não ser em crianças abaixo dos seis meses ou que tenham alguma patologia congénita. Subtraídos estas situações, grosso modo, exclui-se a hipótese de internamento, uma vez que o tratamento é simples e facilmente colocado em marcha a partir de casa.

"Regra geral, a terapêutica implica uma maior hidratação, com ingestão de líquidos, e uma alimentação mais fraccionada, já que, devido ao cansaço, a criança precisa de comer menos quantidade de cada vez. Deve-se, ainda, proceder à lavagem nasal com soro fisiológico", refere a especialista.




Um dos primeiros cuidados dos pais deverá ser a "verificação dos movimentos", para testarem eventuais dificuldades respiratórias. "Se não houver compromisso da respiração e a criança tolera a alimentação, pede-se aos pais que hidratem, desobstruam as fossas nasais e aguardem. Não é urgente ir ao hospital, já que as bronquiolites são auto-limitadas e, a partir do terceiro dia, começam a passar, sem deixar sequelas."








Cuidados a ter




No decorrer das bronquiolites, é possível que as crianças apresentem "farfalheira". Perante este cenário, os pais não se devem precipitar com a cinesioterapia (drenagem das secreções). "Este procedimento pode agravar o quadro clínico, principalmente se for realizado numa fase precoce", explica Celeste Barreto.




Em vez da cinesioterapia, a pediatra propõe um conjunto de manobras que facilitem a libertação das secreções através da tosse. E como? "Fazendo cócegas, incentivando-a a dar saltos na cama. Esta é uma técnica ‘caseira' de provocar a tosse."




Todas as medidas que ultrapassem a hidratação, a limpeza de secreções com soro fisiológico e a alimentação fraccionada devem, na perspectiva da pediatra, ser evitadas, até indicação em contrário por parte de um profissional de saúde. "Apenas uma percentagem reduzida de casos necessita de internamento hospitalar, a não ser que haja um agravamento da situação, com febres altas, recusa alimentar e falta de oxigénio."








Conselhos para os pais:




- As bronquiolites agudas não configuram uma situação grave;




- São episódios passageiros, com uma duração que se pode prolongar até às três semanas;




- O controlo pode ser feito a partir de casa, com a implementação de medidas gerais: hidratação, limpeza das secreções e vigilância dos movimentos respiratórios;




- Em certas situações, devido ao perigo de contágio, sugere-se que uma criança com bronquiolite aguda seja retirada ao infantário;




- Não é necessário recorrer ao hospital, a não ser em casos de crianças abaixo dos seis meses ou com alguma complicação de saúde.








Fonte: Jornal do Centro de Saúde

Thursday, December 11, 2008

PARKINSON



Dr. Rui Vaz



O nome de doença de Parkinson deve-se ao facto de ter sido descrita pela primeira vez em 1817 por um Médico Inglês de nome James Parkinson que lhe chamou "Paralisia tremórica".





O modo como esta doença se expressa é muito variado. As primeiras manifestações da doença são frequentemente inespecíficas, como apenas uma dificuldade em efectuar determinado movimento, muitas vezes descrita como uma "perda de jeito", por exemplo da mão. Depois com ritmos variáveis conforme a evolução da doença vão surgir a rigidez, a progressiva lentidão de movimentos e o tremor (a doença de Parkinson pode não incluir tremor e há muitas formas de tremor que não são doença de Parkinson). Podem ou não surgir depois uma grande variedade de sintomas como desequilíbrio, alterações do sono ou urinárias, ansiedade e depressão.




Sabe-se hoje que esta doença do movimento deriva da falta de uma substância química que é imprescindível no bom funcionamento dos circuitos nervosos que controlam os nossos movimentos. Tudo se passa como se as células responsáveis pela produção desta substância deixassem de a produzir e na sua ausência os circuitos que dela necessitam passassem a funcionar de um modo deficiente. Não existe no entanto evidência de qualquer hereditariedade nesta doença (excepto em raras formas familiares).




Desde que se compreendeu esta origem da doença, o tratamento passou a ter como objectivo dar ao doente a substância química em falta (L - dopa), melhorar a utilização da existente e impedir a sua degradação. Foi esta a mudança que ocorreu nos anos 60 com a generalização mundial da utilização da L - dopa, sendo então convicção generalizada que se tinha conseguido o controle da doença.




Com a medicação consegue-se um bom controlo da doença durante muitos anos. Existem hoje no mercado múltiplos medicamentos eficazes, não sendo correcto fazer qualquer comparação quanto à gravidade da doença conforme os medicamentos prescritos: eles são escolhidos de acordo com as manifestações da doença sendo errado afirmar que uma forma de doença é mais ou menos grave porque toma, ou não, um ou outro medicamento.




Só demorou dez anos a desfazer--se o sonho inicial. A verdade é que há um grupo de doentes dos quais o tratamento médico perde o efeito e/ou o doente desenvolve efeitos laterais que tornam a medicação intolerável. Nestes doentes (cerca de 5% do total ou seja em Portugal 100 novos casos em cada ano) a cirurgia pode ser uma solução.




Esta técnica iniciou-se nos anos 90 em Grenoble no conceito de cirurgia funcional: nenhum tecido é destruído ou retirado, sendo colocado de cada lado do cérebro num núcleo de células situado profundamente um estimulador ao qual chegam estímulos eléctricos gerados numa bateria colocada debaixo da pele no torax. Este estímulo altera o funcionamento desse núcleo e permite o controle dos sintomas.





A conclusão mais importante é pois a de que o diagnóstico da doença não é o fim da vida e que com um tratamento adequado é possível manter uma boa qualidade de vida durante muitos e bons anos. Torna-se assim imprescindível que o doente não se isole com vergonha de si e da sua doença, mas que, pelo contrário, mantenha todas as suas actividades e, se possível, que com o seu exemplo ajude outras pessoas com a mesma doença.




Quer os diversos medicamentos existentes quer a cirurgia não conseguem hoje mais do que o controle dos sintomas, continuando porém a ocorrer a degradação das células responsáveis pelo agravamento progressivo da doença. Não é ainda hoje conhecido como, mas seguramente que o futuro terá que passar por recuperar as células de cujo funcionamento alterado resulta a doença. No entanto, ao analisar a evolução ocorrida nos últimos anos, não posso deixar de ficar sinceramente convencido de que nos próximos anos conseguiremos o objectivo essencial de atingir a cura desta doença.








Dr. Rui Vaz,
Director do Serviço de Neurocirurgia do HSJ e
Professor associado do serviço de Neurologia e Neurocirurgia da FMUP








Fonte: Saúde em Revista

EDULCORANTES E ASPARTAME




Existe a percepção de que os adoçantes não calóricos podem afectar a saúde. Os edulcorantes são substâncias que dão doçura aos alimentos. Podem ser calóricos como a sacarose (açúcar vulgar), frutose, glucose, mel, etc. Ou ter um valor energético muito baixo, comparativamente aos calóricos, para o mesmo poder adoçante.





Ao usar o termo "edulcorantes" vamos referir-nos apenas a estes últimos, que incluem o acessulfame K, o aspartame, a sucralose, a sacarina, etc.




A utilização de edulcorantes em substituição do açúcar deve-se normalmente ao objectivo de produzir alimentos ou bebidas de valor energético reduzido, já que o poder edulcorante dos mesmos pode ser entre 150 e 600 vezes superior ao do açúcar e consequentemente a quantidade utilizada será muito inferior.




Tendo em consideração o problema da obesidade, este é um objectivo socialmente muito relevante, mesmo que o impacto na redução do ganho de peso, tendo por comparação o açúcar, seja menor do que o esperado.




É que o hábito de consumo de produtos doces mas de baixas calorias pode enfraquecer a associação natural entre o sabor doce e as calorias, o que poderá diminuir a influência do consumo de um produto doce na redução do apetite.




Os edulcorantes são aditivos alimentares pelo que a sua utilização está legislada, sendo absolutamente segura na perspectiva da saúde. Alguns edulcorantes são usados há dezenas de anos; o mais atacado recentemente, o aspartame, é usado há mais de 20 anos.




Existem mais de 200 estudos favoráveis ao aspartame e o desenho ou a execução dos poucos estudos desfavoráveis foram facilmente questionados pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), retirando-lhes qualquer valor científico.




Por vezes é afirmado que o consumo de edulcorantes a partir de várias fontes pode levar a um consumo superior à dose diária aceitável (ADI), mas tal é praticamente impossível, já que obrigaria ao consumo de quantidades impensáveis dos respectivos alimentos.








Não há certezas acerca da segurança dos adoçantes intensos




Aditivos alimentares, tais como os adoçantes intensos, são fortemente regulados. Nenhum aditivo alimentar pode ser utilizado sem ser considerado seguro e ser aprovado. Na Europa esta aprovação é dada pela European Food Safety Authority (EFSA). A Comissão Europeia determina os níveis máximos dos aditivos nos diferentes alimentos. Estes níveis máximos são cuidadosamente calculados com uma margem de erro de cem vezes. Há uma certeza absoluta acerca da segurança de adoçantes aprovados, tais como o aspartame.





Andrew G Renwick, Emeritus Professor, School of Medicine, University of Southampton, Reino Unido








Fontes:
▪ Declaração Científica Bruxelas (2006)
▪ Managing Sweetness - Unesda (2006)
▪ Website Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (www.efsa.europa.eu)
▪ Website Agência Portuguesa para Segurança Alimentar e Económica (www.asae.pt) ▪ The intake of intense sweetners - an update review - Andrew G. Renwick - School of Medicine, University of Southamptom (2005)








Fonte: ANIRSF – Associação Nac. dos Industriais de Refrigerantes e Sumos de Frutos

Thursday, December 4, 2008

APARELHO AUDITIVO ASSUME-SE COMO UM ACESSÓRIO DE MODA



Joana Borges


A Audioclínica, empresa na área da reabilitação auditiva, acaba de lançar no mercado uma nova versão do aparelho de audição Brite. Descobrir o Mundo é o nome da nova série limitada de aparelhos Brite, que prima pelo design étnico inspirado na combinação dos quatro elementos da Terra e a mística dos continentes: águia, peixe, dragão e elefante. Uma série que respeita as preferências individuais de cada um e o ritmo moderno e citadino dos grandes centros urbanos.





Tal como a versão anterior lançado em 2007, esta nova série combina o design moderno, colorido e jovem com um tamanho reduzido, semelhante ao de uma azeitona. Completamente despido de complexos, este aparelho auditivo assume-se como um ponto final em todos os constrangimentos que acompanham o tema da perda de audição entre a população.




Sob o mote "Sem complexos, faz a tua própria moda. Ouve e faz-te ouvir", este aparelho, através da sua irreverência e estilo próprio, é indicado para qualquer idade devido à sua elevada performance tecnológica e forma de adaptação.




Dos cinco sentidos, a audição provavelmente é o mais importante para a comunicação com o mundo que nos rodeia. Os sons do ambiente e da comunicação servem para nos unir aos outros e manter o contacto com o exterior. Dados do National Institute for Deafness and other Communication Disorders indicam que cerca 30% das pessoas com mais de 65 anos sofre de perda de audição, bem como 40%-50% com mais de 75 anos sofre desta mesma problemática. Entre os jovens, estima-se que 17 em cada 1.000 pessoas com menos de 18 anos tem perda de audição. Este é um problema cada vez mais comum na camada mais jovem devido aos comportamentos de risco que se verificam actualmente, como uma maior assiduidade a ambientes ruidosos (como discotecas e bares) e a utilização incorrecta dos auscultadores (MP3, Phones, Auriculares, entre outros).




Todos os dias milhões de pessoas utilizam óculos, porque vêem mal, sendo este um acessório que já se adaptou às diversas modas e estilos. O Brite surge com o mesmo posicionamento, pretendendo facilitar o uso de um aparelho auditivo e ao mesmo tempo orientando a escolha do consumidor de acordo com o seu próprio estilo e personalidade.




Daniela Ruah, embaixadora do Brite em Portugal explica: «a nossa meta para 2009 é mudar a mentalidade da sociedade actual, demonstrando que a utilização de um aparelho auditivo não tem necessariamente que rotular ou envergonhar o utilizador. Com esta nova série limitada de design moderno e actual, o Brite vai passar a ser encarado como um acessório do dia-a-dia dos portugueses com problemas auditivos, tornando-se gradualmente num acessório de moda, tal como já acontece hoje em dia com os óculos».




As características ímpares do Brite valeram-lhe a distinção de melhor produto de design europeu com o Reddot Design Award 2007, um dos mais prestigiados concursos de design do mundo. http://en.red-dot.org/1290+M5ce8884c505.html.




O Brite incorpora uma tecnologia inovadora - denominada de sistema lifestyle profile - que identifica as prioridades de cada indivíduo, de modo a adaptar-se ao seu estilo de vida. O aparelho adapta-se automaticamente aos melhores parâmetros de amplificação de forma a satisfazer as necessidades individuais de cada utilizador.




Sobre a Audioclínica




A AudioClínica foi fundada em 1992 como um pequeno centro de reabilitação auditiva inserido numa clínica em Carcavelos, subúrbio a cerca de 25 km de Lisboa. Neste momento, a AudioClínica apresenta-se como a única cadeia de centro auditivos 100% portuguesa, incluindo 7 centros em Portugal continental, 1 na madeira e 2 em Cabo Verde. Até 2011, a empresa pretende duplicar o número de centros de atendimento ao público prosseguindo a sua política de expansão. Além da venda directa , a empresa desenvolveu a vertente de distribuição para todos os produtos que representa, fornecendo hospitais, clínicas, médicos e audiologistas.




A AudioClínica, representa em Portugal, em exclusivo, a prestigiada marca Suíça de alta precisão: Bernafon.

A Bernafon é actualmente um dos líderes mundiais no fabrico de aparelhos auditivos sendo um dos fabricantes que mais investe em investigação e desenvolvimento de novos aparelhos e

tecnologia auditiva. Os seus produtos são reconhecidos pela qualidade inabalável e características diferenciadoras e inovadoras.








Tipos de Aparelhos Auditivos:




Aparelhos Intra-Auriculares CIC, completamente inseridos no canal auditivo, sendo praticamente invisíveis. O "Intra Canal", muito discreto (ITE) e intracanicular (ITC) são acomodados no interior do canal auditivo. O clássico "Retro Auricular" (BTE) é colocado atrás da orelha, ficando praticamente imperceptível O BRITE que utilisa a nova tecnologia «Receiver in the Ear» (RITE), ou seja, o auscultador inserido no canal auditivo é no fundo um híbrido entre os retro-auriculares e os intracaniculares. Alguns componentes do aparelho colocam-se por cima do pavilhão como um retro-auricular (mas muito mais pequeno) e outra parte, dentro do canal auditivo como um intracanicular.






Fonte: Best News®


Monday, December 1, 2008

AS BEBIDAS REFRIGERANTES ENGORDAM? SÃO BOMBAS CALÓRICAS




O ganho de peso ocorre porque o "input" energético dos alimentos e bebidas ingeridos é maior do que o "output" energético resultante do efeito combinado do metabolismo basal e da actividade física. Esta diferença entre o "input" e o "output" energético pode ser influenciada por factores genéticos, hormonais e comportamentais. O facto essencial é que as pessoas que ganham peso o fazem porque estão a ingerir mais calorias do que precisam.





A pré-obesidade e a obesidade estão, assim, directamente relacionadas com um balanço energético positivo, resultante de excesso de ingestão em relação aos gastos.
Programa Nacional de combate à Obesidade




É falsa a ideia de que os refrigerantes são bombas calóricas. As bebidas refrigerantes não representam a ingestão de muitas calorias dentro do total de calorias diariamente ingeridas na dieta alimentar.




Um projecto de investigação realizado em Espanha (2004) pela Universidade Complutense (Departamento de Nutrição) mostra que a ingestão média diária de energia da população adulta daquele país é de 2134 Kcal e evidencia que a contribuição calórica dos refrigerantes para essa dieta é de 1,2%.




Em Portugal, estudos realizados, embora não representem uma amostra da totalidade da população, mostram idênticos resultados. O relatório sumário do estudo feito pela Faculdade de Medicina do Porto (2006), com o apoio da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica - ASAE, mostra que a ingestão calórica média da população abrangida é de 2190 Kcal (dia) , observando que a ingestão de refrigerantes, sumos de frutos e néctares é de cerca de 75 ml (média dia), o que representa um aporte calórico de 27 Kcal/dia, ou seja, 1,2% da dieta calórica da população adulta do Porto[1].




Na mesma linha, diferentes estudos têm mostrado não haver evidências científicas de que o consumo de refrigerantes (independentemente do respectivo teor calórico), associado a uma dieta equilibrada e estilos de vida activos, contribua para o aumento de peso.




A indústria de refrigerantes, graças à inovação e ao desenvolvimento de novos produtos oferece ao consumidor uma escolha alargada e variada de produtos, estando disponível no mercado uma enorme diversidade de produtos, designadamente, refrigerantes sem calorias ou com baixo teor calórico, o que poderá constituir uma opção para todos aqueles que pretendem reduzir o peso.





[1] A comparação entre Portugal e Espanha não é linear, devido ao facto do consumo português ter sido considerado de forma agregada para refrigerantes, sumos e Néctares. O consumo per capita de refrigerantes, sumos e néctares é consideravelmente superior em Espanha (Estatísticas Canadean).




Fonte: ANIRSF – Associação Nac. dos Industriais de Refrigerantes e Sumos de Frutos

Thursday, November 27, 2008

NOVOS ALCOÓLICOS TÊM ENTRE 20 A 30 ANOS



João Tomásio


Nos últimos dez anos tem aumentado o número de jovens entre os 20 e 30 anos de idade com problemas graves de alcoolismo. A iniciação ao álcool acontece ainda na adolescência, com o consumo de bebidas altamente graduadas.





O novo perfil de alcoólico dependente foi traçado durante o segundo dia de trabalhos do IV Congresso Nacional da Psiquiatria, a decorrer no Luso até 28 de Novembro. Também o tabagismo constitui um problema de dependência, com incidência forte na puberdade, onde tudo começa. O consumo da nicotina nesta fase pode ser um forte indicador de futura psico-patologia.




"A dependência ao álcool registou uma mudança de padrão. Há uma década os alcoólicos dependentes tinham entre 40 e 50 anos. Hoje estão na casa dos 20/30 anos e o consumo tem como objectivo obter um estado alterado de consciência', afirma Célia Franco, psiquiatra do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Coimbra.




Os novos alcoólicos jovens iniciam o consumo na adolescência, por volta dos 14 anos. Ao contrário dos adultos de meia-idade, não têm uma vida estruturada e uma personalidade definida, o que provoca graves prejuízos para a sua saúde mental. O álcool altera o funcionamento a nível neurológico e pode resultar em psicoses e comportamentos desadequados, sobretudo a nível familiar e profissional.




Portugal, como país produtor de bebidas alcoólicas, apresenta muita permissividade em relação ao consumo das mesmas. Segundo a psiquiatra, faltam estudos que analisem o impacto desta dependência e de outras, nomeadamente as drogas e o tabagismo, cujos consumos estão associados.




O consumo do tabaco é responsável pela morte prematura de 660 mil pessoas por ano dentro dos 27 estados-membros da União Europeia, representando 15% das mortes. É a principal causa de mortalidade e morbilidade evitável. Mais uma vez, é também a adolescência que despoleta esta dependência. Segundo Sara Mendes Moreira, psiquiatra do Hospital Geral de Santo António (Porto), ‘o início do hábito tabágico, muitas vezes, começa como um ritual de passagem para o mundo dos adultos. Há uma incidência crescente de co-morbilidade psiquiátrica nos adolescentes que fumam. O consumo de cigarro nesta fase parece ser um forte indicador de futura psico-patologia.




A especialista alerta para o facto do vício abranger cada vez mais mulheres jovens e defende uma intervenção preventiva na adolescência. Afirma ainda que a implementação da nova lei do tabaco (em vigor desde Janeiro) não reflecte o aumento de adesão às consultas de cessação tabágica.








Fonte: ADBDCommunicare, Consultores Associados

Tuesday, November 25, 2008

HÁ OU NÃO ALIMENTOS PROIBIDOS PARA DIABÉTICOS?



Dr.ª Alexandra Bento


A terapia nutricional é uma das componentes fundamentais na abordagem terapêutica da diabetes mellitus (DM) e deve caminhar lado a lado com a prática regular de actividade física e com a medicação anti-diabética.





Em geral, a alimentação dos diabéticos deve ser tão equilibrada, variada e completa como a alimentação de qualquer indivíduo saudável, não havendo lugar para alimentos proibidos. À luz do conhecimento actual, não se justifica encorajar as pessoas diabéticas a não comer hidratos de carbono. De facto, é importante que incluam na alimentação diária o consumo de frutos, hortícolas, cereais de grão inteiro e leguminosas, todos ricos em hidratos de carbono, mas igualmente ricos em fibra alimentar, vitaminas, minerais, antioxidantes e outras substâncias protectoras.




Apesar de os diabéticos não estarem absolutamente proibidos de ingerir açúcar ou alimentos ricos em açúcar, convém lembrar que estes alimentos, além de contribuírem para uma rápida subida da glicemia (açúcar no sangue), apresentam, normalmente, uma elevada densidade calórica e, simultaneamente, défices de fibras, vitaminas e minerais. Por isso, não acrescentam qualquer valor a uma alimentação sadia, além do contributo para o aumento de peso.




A Associação Americana de Diabetes e a Associação Europeia para o Estudo da Diabetes recomendam uma ingestão de açúcares e produtos açucarados não superior a 10% do valor energético total. Os alimentos ricos em fibra assumem, assim, particular importância na alimentação dos diabéticos. Para além de contribuírem para a saúde gastrointestinal no seu todo, diminuem o pico de glicemia pós-prandial, ajudam a reduzir os níveis plasmáticos de colesterol e, por serem, saciantes, podem ajudar a controlar o peso.




As pessoas com diabetes apresentam um risco acrescido de doença cardiovascular, pelo que são aconselhadas a reduzir a ingestão de gordura saturada (até 7% do valor energético total), a evitar o consumo de gorduras trans e a limitar o consumo de colesterol até a um valor máximo de 200 mg/dia. Por outro lado, o consumo de gorduras monoinsaturadas (azeite, óleo de canola, óleo de amendoim) parece exercer um efeito benéfico no perfil lipídico, pelo aumento do bom colesterol.




Da mesma forma, as gorduras polinsaturadas, particularmente os ácidos gordos ómega 3 de cadeia longa, presentes, de forma natural, no peixe gordo, têm um efeito cardioprotector. É, por isso, que Associação Americana de Diabetes recomenda a ingestão mínima de 2 porções de peixe por semana.




Tal como a generalidade da população, os diabéticos devem comer várias vezes ao dia e a horas regulares, privilegiando os métodos de confecção saudáveis, nomeadamente a cozedura ao vapor, os estufados, os grelhados e as caldeiradas. Para temperar os alimentos devem usar ervas aromáticas e especiarias, limitando ao máximo o uso de sal.




Muitos dos produtos dietéticos que se encontram disponíveis no mercado devem ser consumidos com moderação e sob orientação do nutricionista. Isto porque, apesar de alguns até serem desprovidos de açúcares, podem ter elevada quantidade de gordura na sua constituição, contribuindo o seu consumo, nomeadamente, para o aumento de peso. Por isso, é fundamental aprender a ler e a interpretar os rótulos dos alimentos.






Mitos e verdades




A diabetes é causada pela ingestão excessiva de açúcar?

Mito: O excesso de açúcar pode desregular o balanço energético e contribuir para a obesidade. Embora a diabetes tipo 2 esteja associado à obesidade e possa ser rastreada nas famílias com excesso de peso ou obesidade, não está directamente ligada à ingestão de açúcar;




Os doentes diabéticos não devem comer açúcar ou hidratos de carbono?

Mito: Não há alimentos proibidos, desde que sejam consumidos com moderação, dentro de um

plano alimentar bem equilibrado.




As mulheres com diabetes podem engravidar e amamentar?

Verdade: As mulheres com diabetes devem ser acompanhadas por uma equipa multidisciplinar e controlar devidamente as suas glicemias antes de engravidar e durante a gravidez. Amamentar também é recomendado, por ser importante para a mãe e para o bebé.





Quando se faz insulina ou anti-diabéticos orais pode-se comer o que se quiser?

Mito: A insulina ou outros medicamentos orais para a diabetes são apenas parte do tratamento. Aliado a eles está uma alimentação adequada, uma actividade física regular e a monitorização frequente da glicemia. A cura para a diabetes ainda não existe e tanto a insulina quanto os medicamentos orais não substituem os cuidados com a alimentação.








"Apesar de os diabéticos não estarem absolutamente proibidos de ingerir açúcar ou alimentos ricos em açúcar, convém lembrar que estes alimentos contribuem para uma rápida subida da glicemia"








Dr.ª Alexandra Bento

Presidente da Direcção da Associação Portuguesa dos Nutricionistas (APN)



Fonte: Jornal do Centro de Saúde

Monday, November 24, 2008

DIABETES NÃO IMPEDE A PRÁTICA DE EXERCÍCIO



Dr. Rodrigo Ruivo


Face às alterações bruscas nos hábitos culturais e sociais, a alterações na dieta e à prática de estilos de vida menos saudáveis, tem-se verificado uma progressão da diabetes, constituindo-se actualmente como a quarta causa de morte nos países desenvolvidos.





Estima-se que, nos dias de hoje, cerca de 585 mil portugueses com diabetes (o correspondente a 7,8% da população portuguesa adulta) e que este número continuará a aumentar. A diabetes é uma doença crónica, caracterizada pelo aumento dos niveis de açúcar no sangue.




Podemos identificar a diabetes tipo I ou insulino-dependente, em que as células do pâncreas, produtoras de insulina, estão destruídas, o que obriga o doente a administrar insulina diariamente. Já a diabetes tipo II ocorre quando as células se tornam resistentes à insulina ou ainda durante a gravidez (a chamada diabetes gestacional).




A diabetes é uma doença indolor e, como tal, para se poder diagnosticar deve-se estar atento a determinados sintomas: urinar frequentemente e em grande quantidade (poliúria); sede intensa e constante (polidipsia); fome constante e dificil de saciar (polifagia), ou a sensação de boca seca.




Na presença de algum deste(s) sintoma(s), o diagnóstico pode ser depois confirmado através da medição da glucose no sangue em jejum ou após prova de tolerância oral à glucose. Considera-se que tem diabetes se o valor de glicémia (em jejum > 126 mg/ dL), confirmado em medições separadas, ou se, 2 horas após tomar 75 g de glicose, apresentar valores de glicémia > 200mg/dL.




Se este diagnóstico for tardio ou se não se conseguirem controlar valores de glicemia, a probabilidade de virem a ocorrer complicações numa série de orgãos aumenta. Estas complicações podem ser microvasculares (retinopatia, neuropatia ou nefropatia) ou macrovasculares (macroangiopatia, hipertensão arterial, enfarte do miocárdio ou AVC).




Urge então que a pessoa diabética adopte um estilo de vida saudável, com uma dieta alimentar cuidada e com prática de actividade física regular, para que consiga sempre manter os valores de glicose no sangue o mais próximo possível dos valores normais.




Para alcançar este objectivo, surge a prática de actividade física, que deve englobar uma componente de treino cardiovascular, 20-60 minutos por sessão, três a quatro sessões por semana, com intensidades de treino gradativamente superiores, uma componente de treino de força e uma componente de treino de flexibilidade, procurando manter uma boa capacidade de alongamento geral. Importa salientar que para os diabéticos de tipo II é importante que ocorra, na maior partes dos casos, uma perda de peso e, como tal, recomenda-se geralmente um dispêndio calórico semanal associado ao treino Diabetes não impede a prática de exercício
Dr. Rodrigo Ruivo


Face às alterações bruscas nos hábitos culturais e sociais, a alterações na dieta e à prática de

estilos de vida menos saudáveis, tem-se verificado uma progressão da diabetes, constituindo-se actualmente como a quarta causa de morte nos países desenvolvidos.





Estima-se que, nos dias de hoje, cerca de 585 mil portugueses com diabetes (o correspondente a 7,8% da população portuguesa adulta) e que este número continuará a aumentar. A diabetes é uma doença crónica, caracterizada pelo aumento dos niveis de açúcar no sangue.




Podemos identificar a diabetes tipo I ou insulino-dependente, em que as células do pâncreas, produtoras de insulina, estão destruídas, o que obriga o doente a administrar insulina diariamente. Já a diabetes tipo II ocorre quando as células se tornam resistentes à insulina ou ainda durante a gravidez (a chamada diabetes gestacional).




A diabetes é uma doença indolor e, como tal, para se poder diagnosticar deve-se estar atento a determinados sintomas: urinar frequentemente e em grande quantidade (poliúria); sede intensa e constante (polidipsia); fome constante e dificil de saciar (polifagia), ou a sensação de boca seca.




Na presença de algum deste(s) sintoma(s), o diagnóstico pode ser depois confirmado através da medição da glucose no sangue em jejum ou após prova de tolerância oral à glucose. Considera-se que tem diabetes se o valor de glicémia (em jejum > 126 mg/ dL), confirmado em medições separadas, ou se, 2 horas após tomar 75 g de glicose, apresentar valores de glicémia > 200mg/dL.




Se este diagnóstico for tardio ou se não se conseguirem controlar valores de glicemia, a probabilidade de virem a ocorrer complicações numa série de orgãos aumenta. Estas complicações podem ser microvasculares (retinopatia, neuropatia ou nefropatia) ou macrovasculares (macroangiopatia, hipertensão arterial, enfarte do miocárdio ou AVC).




Urge então que a pessoa diabética adopte um estilo de vida saudável, com uma dieta alimentar cuidada e com prática de actividade física regular, para que consiga sempre manter os valores de glicose no sangue o mais próximo possível dos valores normais.




Para alcançar este objectivo, surge a prática de actividade física, que deve englobar uma componente de treino cardiovascular, 20-60 minutos por sessão, três a quatro sessões por semana, com intensidades de treino gradativamente superiores, uma componente de treino de força e uma componente de treino de flexibilidade, procurando manter uma boa capacidade de alongamento geral. Importa salientar que para os diabéticos de tipo II é importante que ocorra, na maior partes dos casos, uma perda de peso e, como tal, recomenda-se geralmente um dispêndio calórico semanal associado ao treino de 2000 kcal.


Precauções e Cuidados Especiais




Os indivíduos com esta doença, em conjunto com os instrutores que os acompanham no exercício físico e outros profissionais de saúde, deverão ter especial atenção a alguns critérios de segurança, nomeadamente:




- Monitorizar a glicemia antes, durante e após o treino, evitando quaisquer possibilidades de hipoglicemia, pelo menos até que o sujeito conheça a sua resposta glicémica para determinado exercício físico;




- Importante conhecer sinais e sintomas de hipoglicémia (dor de cabeça, visão turva, confusão, etc)




- (para evitar hipoglicémia) Evitar injectar insulina nos locais que vão ser mais exercitados (preferir zona abdominal) e treinar durante o pico de actividade de insulina (para diabéticos tipo I)




- Ter disponível uma fonte de hidratos carbono de indíce glicémico elevado




- Evitar manobra de valsalva e exercícios em isometria, para não aumentar Pressão Arterial




-Em casos de neuropatia periférica tratar devidamente os pés (usar calçado adequado) e vigiar o estado dos pés (se tem feridas ou não por exemplo). Em caso de retinopatia o treino de força ou aeróbio de grande intensidade é contraindicado, pelo risco hemorragia vítrea ou descolamento da retina




- Manter hidratação adequada antes, durante e após o treino.





Dr. Rodrigo Ruivo
Dir. Centro Exercício Club Clinica das Conchas
Mestrando Exercício e Saúde na Faculdade de Motricidade Humana
Formador CEF - musculação e cardiofitness



Fonte: Jornal do Centro de Saúde

Wednesday, November 19, 2008

INFECÇÃO VIH/SIDA. AS CLIVAGENS DE UMA PANDEMIA



Dr. Kamal Mansinho


A Síndroma de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) é, sem dúvida, a mais grave das doenças víricas infecciosas emergentes, que rapidamente se propagou por todos os continentes.





Desde a descoberta do Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), em 1981, este vírus já infectou, aproximadamente 60 milhões de pessoas no mundo, das quais 25 milhões já faleceram. Durante o ano de 2007, registaram-se 2,5 milhões de novas infecções, das quais 1,7 milhões (68%) ocorreram na África sub-Saariana. Foram, igualmente, registados aumentos importantes na Europa Oriental e Ásia Central, havendo indicações que as taxas de infecção terão aumentado em mais de 50%, desde 2004.




A epidemia da SIDA está a aumentar de forma impressionante o número de órfãos, particularmente, nos países com elevada prevalência. Em todo o mundo, mais de 15 milhões de crianças perderam um ou ambos os progenitores por doença associada à SIDA. Estima-se que em 2010 este número poderá atingir 40 milhões, ultrapassando a capacidade de resposta das redes sociais e dos padrões tradicionais de dependência intergeracional e criando uma geração de pessoas sem acesso à educação, não socializadas e, muitas vezes, desprovidas de qualquer tipo de assistência.




Além da enorme tragédia humana que esta doença representa, os custos económicos, sociais e emocionais desta pandemia são preocupantes e constituem uma grave ameaça para o crescimento e estabilidade económica de todos os países e, muito particularmente, para os países em vias de desenvolvimento.




Nos países com fracos recursos, a SIDA continua a matar pessoas no auge das suas vidas produtiva e familiar, tendo efeitos gravíssimos sobre o quotidiano e os meios de subsistência das famílias afectadas. Mesmo quando os medicamentos ou os preservativos são fornecidos gratuitamente, as famílias mais pobres podem não ter recursos para garantir as suas necessidades nutricionais mais básicas ou para pagar os cus-tos de deslocação para os estabelecimentos de assistência.




O facto de muitas pessoas com infecção VIH/SIDA viverem em países pobres, levou muitos investigadores a definir esta doença como uma doença da pobreza. No entanto, esta afecção não está confinada aos países mais pobres, corroborando a ideia de que as relações entre pobreza e infecção VIH/SIDA não são simples nem directas e que variáveis mais complexas para além da pobreza, no sentido estrito, contribuem para a dinâmica de propagação desta epidemia em todo o mundo.




Há dados que sugerem que, em alguns países, a riqueza também se correlaciona com a susceptibilidade à infecção VIH/SIDA.




Em África, a prevalência da infecção VIH revelou uma correlação positiva com o rendimento nacional, constatando--se, por exemplo, em alguns dos países mais ricos como a África do Sul, Botswana ou Angola, uma intensa propagação desta epidemia na comunidade.




Em pleno século XXI, não podemos deixar de nos confrontar com a amarga realidade de que apenas 10% da população mundial infectada, ou com SIDA, tem acesso aos progressos terapêuticos até agora alcançados. De um lado tem estado o mundo ocidental, rico, capaz de fazer face aos avultados custos do tratamento e do acompanhamento dos doentes infectados por VIH, do outro os países em vias de desenvolvimento, onde se concentram cerca de 90% da população infectada do mundo, privados dos recursos mais elementares para a assistência e tratamento desta doença.



Nesta era da globalização, nunca a questão da solidariedade tanto nacional como internacional, se tornou tão crítica, remetendo-nos para a urgente necessidade de investigar soluções eficazes e menos onerosas para o controlo da pandemia da SIDA de modo a abranger todos os países e, em cada país, todos os estratos sociais.




É neste contexto de precariedade social e económica e de debilidade das infraestruturas sanitárias que se assiste à expansão do acesso aos medicamentos para o tratamento de doentes com infecção por VIH/SIDA nos países com fracos recursos.




A crença generalizada que os doentes são os únicos responsáveis pelo cumprimento dos seus tratamentos é enganadora e, a maior parte das vezes, reflecte o desconhecimento de como outros factores exercem influência sobre o comportamento das pessoas e a capacidade para aderir a um conjunto de recomendações.




A adesão a um projecto de assistência aos doentes infectados por VIH/SIDA é um fenómeno com múltiplas dimensões e depende da interacção de múltiplos factores, que deverão ser avaliados de forma sistematizada pelas equipas de acompanhamento, entre os quais, factores sociais e económicos, factores relacionados com a equipa que presta assistência e com o sistema de saúde, factores relacionados com a doença, factores relacionados com o tratamento e factores relacionados com o doente.




Os benefícios conseguidos com as actuais combinações de medicamentos, prescritos para o tratamento da infecção por VIH, estão a criar nas pessoas a ilusão de eficácia terapêutica ilimitada, senão mesmo de cura da doença, favorecendo o desenvolvimento de comportamentos pouco seguros, os quais facilitam o aparecimento de novas infecções e a emergência de variantes de VIH resistentes aos tratamentos disponíveis.




A minimização das trágicas consequências da epidemia da SIDA passará por uma vontade política forte das nações, por uma atitude concertada e racional das organizações governamentais e não governamentais e por um empenhamento cada vez maior da sociedade civil no combate desta doença que alguém chamou de "peste do século XXI".








Dr. Kamal Mansinho,
Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, EPE
Hospital de Egas Moniz Instituto de Higiene e Medicina Tropical
Universidade Nova de Lisboa







Fonte: Saúde em Revista

Friday, November 14, 2008

CUIDADOS PALIATIVOS ME PORTUGAL SÃO AINDA UM ENORME DESERTO EM PORTUGAL

CÉLULAS ESTAMINAIS, NO CORDÃO DA VIDA


Andreia Pereira


Após nove meses de gestação, eis que surge finalmente o momento tão aguardado: o parto. Mas se, para uns, o acto de cortar o cordão umbilical não passa de um gesto simbólico, há outros que nele vislumbram uma nova fonte de vida. As células estaminais do sangue do cordão umbilical são, desde há uns anos, alvo de investigações no mundo inteiro. E, embora ainda não sejam a receita mágica para todas as maleitas, em certos casos, já ajudaram a salvar vidas.





Em 2003, aquando do nascimento do filho mais velho, Isabel Araújo não equacionava a hipótese de recorrer às células estaminais do sangue do cordão umbilical, pelo menos num futuro próximo. "Decidi criopreservar, por julgar que, dada a evolução científica, dentro de uns anos as células estaminais poderiam vir a ser úteis no tratamento de doenças corriqueiras da sociedade actual."




Dois anos mais tarde, em 2005, nasce Frederico Manuel, o segundo filho de Isabel Araújo. Como havia congelado as células estaminais do primeiro filho, optou novamente pela criopreservação. Nunca imaginou que as células conservadas dois anos antes viessem a ser a peça-chave no tratamento do filho recém-nascido. Acontece que, por força das circunstâncias, Frederico veio a ser o destinatário das células estaminais. Não das suas, por transportarem a sua doença genética, mas as do irmão mais velho.




"O Frederico teve um crescimento normal até ao primeiro trimestre de vida. Aos seis meses, depois de ter tido alguns problemas respiratórios, apresentava um quadro clínico complicado", diz Isabel Araújo, farmacêutica. No hospital de Coimbra, foi então detectada uma pneumonia extensa, resultante de uma imunodeficiência adquirida. Perante o diagnóstico, Frederico foi imediatamente sujeito a um internamento hospitalar, porque, paralelamente às frequentes infecções, o corpo rejeitava os alimentos.




"Os médicos indicaram logo como solução o transplante de medula óssea. E os estudos de histocompatibilidade revelaram que o irmão mais velho poderia ser dador de Frederico", acrescenta. Acontece que, quando se colocou a hipótese de realizar o transplante com as células estaminais do primeiro filho, Isabel Araújo não hesitou em responder afirmativamente. "Com estas células, pudemos ajudar o Frederico a ter uma cura com sucesso, sem necessidade de sujeitar o irmão mais velho e saudável a uma hospitalização."




Em Fevereiro de 2007, Frederico, a primeira criança portuguesa a receber um transplante de células estaminais do cordão umbilical, criopreservadas num banco privado, começou uma nova vida. Após a "transfusão" com as células do irmão mais velho, no IPO do Porto, para onde foi transferido, seguiu-se, ainda, um "processo lento de recuperação".




Agora, passado um ano e meio do "susto", Isabel Araújo não podia estar mais segura de que fez a escolha certa. "Foi uma sorte termos criopreservado as células estaminais." Actualmente com três anos, a criança já brinca, mantém o contacto com outras crianças e tem a qualidade de vida que não tinha antes do transplante. "O Frederico não tinha leucócitos [glóbulos brancos] e, hoje em dia, depois da intervenção, essas células já estão em número normal para uma criança com o escalão etário dele."







"Sangue do meu sangue"




Apesar de esta ser uma história com um final feliz, nem todos os casos têm o mesmo desfecho. Isto porque, "tipicamente, há uma probabilidade de 25% de os familiares directos, dadores de células estaminais do cordão umbilical, serem compatíveis", assegura o Prof. José Conde Belo, do IBB/CBME, Universidade do Algarve e membro da Sociedade Portuguesa de Células Estaminais e Terapia Celular.




O especialista salienta, no entanto, que "este caso de sucesso mostra como as células estaminais do sangue do cordão umbilical são uma boa fonte e devem ser preservadas". Sendo estas células "mais plásticas do que as da medula óssea", apresentam um maior potencial de cura nas situações de doença hematopoiética (sanguínea).




O Dr. Hélder Cruz, responsável pela ECBio, uma empresa de investigação em terapias celulares, reitera esta tese. "Dizem alguns autores que as células estaminais do sangue do cordão umbilical são mais bem toleradas pelo sistema imunitário do receptor do que as células da medula óssea." Para além disso, não obrigam a uma histocompatibilidade de 100%, como acontece com o transplante de medula. É, por esta razão, que José Belo diz ser "mais fácil encontrar um dador de células do cordão umbilical do que da medula óssea".




Com a criopreservação, acresce ainda o facto "de serem as células a aguardar o doente e não o inverso", diz Hélder Cruz, reportando casos em que o doente aguarda meses ou anos por um dador compatível. Mas, na opinião do responsável da ECBio, as vantagens não se ficam por aqui. "Embora consista apenas numa punção dos ossos da bacia, a colheita da medula é mais invasiva para o dador. O procedimento é mais facilitado com as células estaminais do sangue do cordão umbilical, porque estas já se encontram armazenadas e, após isolamento, prontas a serem utilizadas, bastando para isso a administração das células isoladas no receptor."




Por serem mais "imaturas", "as células estaminais do sangue do cordão umbilical têm um maior potencial de diferenciação em qualquer tipo de células da linhagem hematopoiética" assegura José Belo. Quer isto dizer que, embora não sejam um seguro biológico contra todas as doenças, permitem oferecer a cura em dezenas de situações patológicas do foro sanguíneo, nomeadamente as leucemias, os linfomas, as anemias, entre outras.








Guardar ou não guardar: eis a questão




Para muitos pais, esta é a pergunta que se levanta antes do nascimento do seu filho. Valerá a pena criopreservar? "Há apenas uma probabilidade de um em cada 20 mil casos de as células preservadas poderem vir a ser utilizadas pelo próprio (transplante autólogo). Porém, defende José Belo, "a criopreservação funciona como um seguro: se realmente a sua utilização for necessária, e possível, estão lá". E, em certas situações como a do Frederico, poderão ter utilidade para familiares de primeiro grau.






Já Hélder Cruz diz que, embora para já não haja "promessas milagrosas", a ciência está em constante descoberta das potencialidades destas células. É deste modo que se apresenta como um apologista acérrimo da criopreservação. "Sou completamente a favor da conservação de materiais biológicos enquanto se é saudável, mesmo sabendo de antemão de que estas células não concedem uma protecção total."Para o responsável da ECBio, conservar as células estaminais do sangue do cordão umbilical "é mais uma arma terapêutica", no caso de ocorrer um problema grave de saúde. José Belo partilha desta opinião e acrescenta, ainda, que, à semelhança de outros países europeus, este material biológico deveria ser criopreservado num banco público, servindo a generalidade da população que, eventualmente, necessite de células compatíveis para um transplante.




Acontece que, em Portugal, esta medida ainda não passou do papel, mesmo tendo já sido apresentada uma proposta.








O que são células estaminais




Por serem imaturas e indiferenciadas, as células estaminais têm a capacidade de reconstruírem funcionalmente qualquer tecido in vivo. Há, no entanto, três classificações de células estaminais, de acordo com o seu potencial de diferenciação:




- Células estaminais embrionárias (no topo da hierarquia): fazem parte do "botão embrionário" e são consideradas "pluripotentes", porque, devido à sua plasticidade, conseguem dar origem a qualquer tipo de tecidos. A utilização destas células envolve, contudo, questões ético-legais;




- Células estaminais do sangue do cordão umbilical: tecido líquido que se obtém do cordão umbilical por um processo de centrifugação. As células de interesse são colhidas, depois quantificadas e, posteriormente, criopreservadas em azoto líquido no período de 25 anos (o tempo máximo, até agora testado, que garante a qualidade deste material biológico). Estas células, pertencentes à linhagem hematopoiética, conseguem-se diferenciar em qualquer célula do foro sanguíneo;




- Células estaminais adultas: existem nichos destas células em alguns órgãos do adulto. Contudo, por já serem parcialmente diferenciadas, só conseguem originar um conjunto restrito de tecidos específicos.





Embora não sejam um seguro biológico contra todas as doenças, permitem oferecer a cura em dezenas de situações patológicas do foro sanguíneo, nomeadamente as leucemias, os linfomas, as anemias, entre outras.




"As células estaminais do sangue do cordão umbilical têm um potencial de diferenciação em qualquer tipo de células da linhagem hematopoiética [sanguínea]" José Belo





Fonte: Jornal do Centro de Saúde


PORTUGAL ENTRE OS PIORES DA EUROPA

150.000 PORTUGUESES SOFREM DE LOMBALGIA



Zélia Rego


A dor lombar está entre as que mais aflige os portugueses. Stress, vida sedentária, obesidade e má postura são factores de risco.





Rui Delgado, Ortopedista, Especialista em Lombalgia do Hospital Curry Cabral, alerta para a elevada prevalência da dor lombar entre os portugueses. Em Portugal, à semelhança do resto da Europa, subsiste a tendência para subvalorizar a dor como um sintoma menor. Contudo, a dor em geral e a Lombalgia em particular representa a principal causa de absentismo laboral no nosso país. São cerca de 1.400.000 dias de trabalho que se perdem por ano. Calcula-se que 80% da população tem pelo menos uma vez na vida um episódio de Lombalgia.




"Devido à pouca educação para a saúde e fraca consciência do seu próprio corpo, os doentes tendem a sobrevalorizar a dor Lombar, porque ela é geralmente prolongada no tempo e por vezes intensa, ou seja, porque conhecem mal o sintoma atribuem-lhe uma causa grave. Por outro lado, esses doentes são muitas vezes sub-medicados, isto é, a medicação é insuficiente para as características da dor de que padecem. Pessoalmente, penso que é necessária uma mudança de mentalidade não só dos clínicos mas dos próprios doentes. Embora a dor lombar possa ser a manifestação de uma doença que requeira cuidados diferenciados, na grande maioria das vezes ela é apenas devida ao stress, más posturas, fadiga muscular ou artrose. Esta Lombalgia não degenera em doenças graves apesar de poder prolongar-se por vários dias ou semanas", explica Rui Delgado.




Controlar o excesso de peso, gerir os níveis de stress, fazer exercício físico regular e manter uma postura correcta ajuda a prevenir a Lombalgia. Em episódios de crise prolongada é fundamental consultar o médico para despistar a origem da dor e adequar a terapêutica farmacológica. Segundo Rui Delgado, cerca 50% das pessoas que recorrem às urgências de Ortopedia nos grandes centros urbanos, tem Lombalgia ou outra forma de dor raquidiana (dor "na coluna").




"A Lombalgia afecta cerca de 150.000 portugueses e é mais frequente nas populações citadinas. Há menos jovens doentes que idosos. Entre os 20 e os 30 anos a prevalência é de 5%, sendo predominante nos homens. A partir dos 60 anos a prevalência aumenta para os 20%, afectando mais as mulheres, e está principalmente relacionada com a degenerescência articular na coluna vertebral", refere o especialista.







Fonte: Grupo GCI

HEMODIÁLISE EM MOGADOURO

CONTRARIAR A DEPRESSÃO



Andreia Pereira


Entrar na chamada terceira idade não tem de ser sinónimo de apatia e depressão. Se a chegada da reforma lhe deixa mais tempo livre, há que o investir em actividades lúdicas e "fintar" a tristeza e o isolamento. Acredite: melhorar o estado de espírito sente-se por dentro e isso vê-se por fora.





Já pensou no que vai fazer quando chegar a idade da reforma? Se este é o seu caso, antes de se deixar "abater" pela tristeza, deverá procurar desenvolver actividades que lhe dêem alento nesta nova fase da vida. Afinal de contas, como diz Alexandre Dumas, o que nos torna velhos não é a idade, são as doenças que se atravessam no caminho.




Aprenda a sorrir para a vida e atire as tristezas para trás das costas. E isto porque o isolamento e a inactividade podem propiciar o aparecimento de algumas doenças, nomeadamente a depressão. Segundo o Dr. Horácio Firmino, coordenador da consulta de Gerontopsiquiatria dos Hospitais da Universidade de Coimbra, "esta é a patologia psiquiátrica mais comum na população idosa".




Assim sendo, e já que "as tristezas não pagam dívidas", o melhor mesmo é poupar a saúde, investindo em programas de terapia ocupacional. Ficar em casa deprimido não é a solução para os problemas. Antes pelo contrário. "O estado de desânimo, a perda de interesse, o cansaço físico e intelectual e a falta de perspectivas para a vida influenciam a interacção com o mundo exterior", aponta o médico psiquiatra.




O impacto da depressão não está, apenas, limitado ao convívio social. "Sabe-se que também aumenta o risco de doenças cardiovasculares, nomeadamente a hipertensão arterial ou enfarte agudo do miocárdio. Em alguns casos, quando o idoso manifesta um declínio cognitivo, associado à perda de memória, a depressão pode ser um estado prévio ao desenvolvimento que se segue", completa Horácio Firmino.








Depressão ou crise da idade?




Para Horácio Firmino, a sociedade ainda encara "a depressão como um estado de espírito normal na pessoa idosa", desvalorizando os sintomas de tristeza e apatia. "Felizmente, este não é o apanágio do envelhecimento", acrescenta o especialista, indicando que o humor depressivo não deve ser entendido como uma crise da idade.




"Trata-se de um uma situação persistente no tempo e distinta do estado de desânimo. O diagnóstico de depressão baseia-se em critérios actuais, nomeadamente o aparecimento de tristeza ou perda de interesse, associado a, pelo menos, quatro outros sintomas: perturbação do sono, apetite, culpabilidade, apatia, dificuldade de concentração, ideação suicida", diz o psiquiatra. E adianta que a patologia depressiva "tem tratamento e, quando bem sucedido, melhora a

qualidade e evita um mal maior: o suicídio".




Segundo os dados existentes, a depressão assume-se como "a principal causa do comportamento suicida". Contrariamente aos adolescentes, o acto suicida nos seniores "é, geralmente, fatal". E por várias razões. Desde logo, "pela maior fragilidade física, pela incapacidade em pedirem auxílio (já que muitos dos idosos moram sozinhos) e pela intenção de colocarem termo à vida".




Por todos estes motivos, o psiquiatra alerta para a importância de manter um olhar vigilante sobre algumas populações de risco. "Para evitar situações de suicídio, deve-se redobrar a atenção nos homens com idade superior a 75 anos, viúvos, deprimidos, com problemas de álcool ou com doenças crónicas e incapacitantes."






Razões para sorrir




No livro "Envelhecer com saúde: guia para melhorar a sua saúde física e psíquica", editado pela Lidel, a Dr.ª Belina Nunes, autora da obra e neurologista, reforça o papel do envelhecimento activo nas sociedades actuais. "A reforma tem de ser vista como um tempo em que se abrem novas perspectivas, novos projectos, sempre adiados por falta de tempo", afirma.




Assim, para que se possa aproveitar o que a vida tem de melhor, a neurologista defende a integração dos idosos em actividades de grupo ou em acções que tragam retorno emocional. "Os programas ocupacionais ajudam os idosos a sair do ciclo vicioso da depressão."




Para a especialista, praticar exercício físico regular é "uma óptima maneira de contrariar os sintomas depressivos". Além de manter o corpo activo, a prática de exercício físico estimula a produção de endorfinas - substâncias responsáveis pela sensação de bem-estar".




Ainda assim, "se apesar das tentativas, houver uma persistência dos sintomas de tristeza e desânimo", a especialista aconselha o idoso a procurar um médico. "Nestes casos, pode haver necessidade de medicamentos ou de psicoterapia para ultrapassar a situação causadora de depressão", realça.




Se é um dos recém-reformados, lembre-se que a vida começa agora. E não há razões para ficar triste. Aproveite para ingressar em actividades que antes, quando estava refém do trabalho e da rotina, não conseguiu colocar em marcha. "Esforce-se por viver alegre uma segunda juventude", remata Belina Nunes.





Envelhecimento activo




Envelhecer não significa ficar trancado em casa, a ver os dias a passar. Se está deprimido, invista em actividades que o ajudem a melhorar o humor. Ficam aqui algumas sugestões.
- Praticar uma actividade física individual ou em grupo: caminhadas, natação, ciclismo, dança, jardinagem, entre outras;

- Cuide dos netos;

- Invista na sua formação, inscrevendo-se numa universidade sénior ou num curso de pintura;

- Aproveite para passear, observar a paisagem, conversar com pessoas e apreciar a natureza;

- Quando a meteorologia for desfavorável, vá até a uma biblioteca e escolha um bom livro para ler.





"O estado de desânimo, a perda de interesse, o cansaço físico e intelectual e a falta de perspectivas para a vida influenciam a interacção com o mundo exterior" Horácio Firmino





"A reforma tem de ser vista como um tempo em que se abrem novas perspectivas, novos projectos, sempre adiados por falta de tempo", diz Belina Nunes





Fonte: Jornal do Centro de Saúde

Tuesday, November 11, 2008

A IMPORTÂNCIA DA HIGIENE ORAL

FÍGADO E GRAVIDEZ



Prof. Guilherme Macedo


Por motivos que se desconhecem, as grávidas podem ter no decurso da gestação (ou imediatamente no período pós-parto) uma variedade de problemas de expressão clínica e bioquímica própria das hepatopatias agudas.





Essas entidades nosológicas, cuja patogenia e etiologia são desconhecidas, apenas nos últimos 10 anos passaram merecer atenção mais interessada pelos obstetras e gastrenterologistas/hepatologistas, conforme se pode inferir dos trabalhos de revisão desta década, que tentaram explicitar as diferentes variações do espectro do atingimento hepático agudo da grávida.




Esse acréscimo de conhecimento e interesse terá sido também influenciado pela noção que se tem vindo a adquirir, de que, embora estas situações sejam aparentemente estranhas e peculiares (trata-se de doenças com poucas ou nenhumas semelhanças com situações decorrentes na mulher não-grávida, e sem modelos comparativos nos animais), podem ser sensíveis a atitudes terapêuticas que beneficiam a vida da doente e na maior parte das vezes, do feto.


A maioria dessas mulheres, são jovens e previamente saudáveis e vêem-se, por vezes, envolvidas numa série de acontecimentos rapidamente evolutivos e eventualmente desvastadores, até que se promove um oportuno equacionamento e intervenção. Pode-se, no entanto, obter um resultado francamente encorajador, pois consegue-se habitualmente a recuperação integral e reintegração total destas doentes.




Em rigor, também a magnitude do problema não é conhecida. Como estas situações patológicas podem assumir expressões que vão desde discretas alterações bioquímicas, até franca icterícia e falência hepática fulminante, a real incidência das doenças do fígado decorrentes da gravidez não tem podido ser completamente avaliada. A referida estimativa de incidência da icterícia na gravidez, a oscilar entre 1/1500 gestações ou 1/500 gestações, não deverá corresponder às solicitações clínicas que estes problemas pressupõem.








Diagnóstico diferencial




A experiência pessoal de um Hospital Central, com cerca de 1200 partos/ano, incluiu o pedido médio de consulta de 1-2 caso/mês pelo Serviço de Obstetrícia), sendo as causas mais frequentes, as decorrentes da preeclampsia, em particular a síndrome Hellp (Hemolise, enzimas hepáticas elevadas, tromboatopemia). A própria etnia duma população e a prevalência relativa das infecções endémicas poderá justificar amplas variações, como sejam a colestase intrahepática recorrente benigna nos países escandinavos e Chile, sendo rara nos negros, e a hepatite E particularmente comum e virulenta nos países do Médio Oriente e Índia.




Algumas características simples ajudam a estabelecer a marcha do diagnóstico diferencial: o prurido, por exemplo, só ocorre em algumas doenças (colestase gravídica, esteatose aguda). Mas o critério temporal é muito relevante, sendo importante definir a semana da gestação do seu aparecimento. Ao contrário das hepatites víricas, que podem ocorrer a qualquer altura, as doenças hepáticas específicas da gravidez associam-se a datas especificas de aparecimento; as náuseas, vómitos e icterícia no primeiro trimestre associam-se à hiperemese gravídica, por exemplo, enquanto que a esteatose aguda da gravidez não foi relatada no primeiro trimestre. Já a doença hipertensiva e a hepática, associada a preeclampsia, surgem, tipicamente, no terceiro trimestre. O padrão de alteração das enzimas hepáticas (predominantemente colestática ou citolítica) também ajudam a diferenciar, bem como outras alterações analíticas (trombocitopemia, hiperuricemia e hemólise, por exemplo).




Seja nas circunstancias em que a doença hepática aguda coincide com a gravidez ou que a doença hepática é exclusiva da gravidez (ocorrendo apenas neste período especial e que se resolve com a conclusão da gravidez de forma natural ou provocada), só o correcto diagnóstico e a intervenção terapêutica pronta e ajustada podem diminuir consideravelmente a morbilidade e mortalidade materna e fetal que estas desafiadoras situações clínicas podem provocar.








"Ao contrário das hepatites víricas, que podem ocorrer a qualquer altura, as doenças hepáticas específicas da gravidez associam-se a datas especificas de aparecimento"





Prof. Guilherme Macedo
Director do Serviço de Gastrenterologia do Hospital de S. Marcos, Braga
Professor na Escola de Ciências da Saúde Universidade Minho
Secretário-geral da APEF


Fonte: Jornal do Centro de Saúde
 

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