Saturday, November 28, 2009

O SEU FILHO RESPIRA MAL PELO NARIZ?


Andreia Pereira

Cerca de 80% das crianças até aos 5 anos padecem de algum grau obstrução nasal, indicam as estimativas. Caso se detecte uma má respiração nasal na primeira infância, as crianças devem ser imediatamente tratadas, sob pena de poderem vir a sofrer de distúrbios associados ao sono e ao desenvolvimento.

João acorda sempre sonolento. E, mesmo que se deite cedo, no dia seguinte é um martírio para se pôr a pé. Esta criança de quatro anos parece andar sempre com a cabeça na lua. Mas o problema do pequeno João, tal como o de outros miúdos da sua idade, não é a falta de atenção. É a incapacidade de respirar convenientemente pelo nariz.

Segundo António Sousa Vieira, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia (SPORL), cerca de 80% das crianças até aos 5 anos de idade sofrem de algum grau de obstrução nasal. Este problema tem origem, essencialmente, em causas inflamatórias, «nomeadamente as rinites e a hipertrofia das adenóides», salienta o especialista.

As adenóides - «uma barreira de defesa, situada na região da rinofaringe, que combate os agentes que inalamos ou respiramos» - começam a crescer a partir dos seis meses de vida e «atingem o se pico máximo aos três anos de idade». A partir da adolescência, desaparecem. «Este é o curso de crescimento normal das adenóides», justifica o especialista.

Por razões que a Medicina ainda desconhece, a partir de determinada altura, as adenóides crescem mais do que aquilo que é considerado normal, provocando a obstrução nasal. Em virtude deste «bloqueio», as crianças passam a respirar pela boca.

Embora não se saiba ao certo a que se deve a hipertrofia das adenóides, o otorrinolaringologista aponta algumas razões: «Os infantários (locais onde as crianças convivem com as mais variadas infecções) podem despoletar uma situação deste tipo. Para além disso, o contacto com os desinfectantes colocados na água das piscinas, podem agredir estas estruturas.»


Nariz sempre «entupido»

A obstrução nasal é uma espécie de reacção em cadeia: «quando entra no campo da patologia, manifesta-se por uma maior fragilidade imunitária, por otites de repetição e consecutiva diminuição da audição». Como o ser humano foi programado para respirar pelo nariz, «as crianças que respiram pela boca vão sofrer, ainda, uma sobrecarga respiratória», comenta o especialista.

«Estas crianças mantêm a boca aberta durante o dia e, sobretudo, durante o sono.» As crianças que respiram mal pelo nariz têm frequentemente otites de repetição, daí que possam apresentar, também, défices auditivos. «As dificuldades em ouvir são frequentemente confundidas com falta de atenção, razão pela qual esta situação pode demorar a ser diagnosticada.»

Sono agitado

Devido às dificuldades audição, a criança que respira mal pelo nariz costuma apresentar algum défice de concentração. Embora se trate de uma problema que interfere com o rendimento escolar, do ponto de vista intelectual a obstrução nasal não provoca consequências de maior: «Não há nenhum estudo que prove que irão existir sequelas em termos cerebrais, se houver um atraso no tratamento desta patologia.»

Normalmente, as crianças que respiram mal pelo nariz são «mais distraídas, mas, sobretudo, porque ouvem menos bem». Para além disso, «estes miúdos têm um sono agitado e um descanso que não é repousante». No fundo, «acabam por ter alguns episódios de apneia do sono, pelo que o período de descanso não é reparador». Estes factores em conjugação acabam por tornar as crianças «mais desconcentradas e frequentemente cansadas».

Graças ao diagnóstico precoce e aos tratamentos cirúrgicos, nos últimos 25 anos, as situações de otite crónica na idade adulta «reduziu drasticamente». Com estes procedimentos, registou-me uma melhoria da higiene do sono.

Atenção, pais!

Apesar das melhorias nas últimas décadas em matéria de saúde infantil, o otorrinolaringologista pede especial atenção aos pais na detecção de alguns sinais. Só assim se pode iniciar um tratamento precoce: «O médico de família, depois de diagnosticar a situação, pode implementar a terapêutica adequado», fundamenta.

Como forma de eliminar a obstrução nasal provocada pelo aumento exagerado das adenóides, por vezes, recorre-se ao tratamento cirúrgico. «Os critérios para esta intervenção são o grau de obstrução, a dificuldade de ingestão alimentar [criança respira e come pela boca] e as infecções de repetição (nasais ou dos ouvidos). Não há uma idade ideal para operar, embora se saiba que as crianças operadas antes dos dois anos de idade têm uma maior taxa de recidivas, ou seja, as adenóides podem voltam a crescer.»

Quando existe a possibilidade de «medicamente se protelar até aos três anos de idade, para proceder esta intervenção, o ideal é aguardar». Mas, existido infecções de repetição, que não se conseguem controlar com o auxílio de medicamentos, «neste casos procede-se a uma intervenção cirúrgica em qualquer idade».

Sinais de alerta

- Quando a criança anda permanentemente constipada;

- O nariz está sempre a pingar;

- A criança que anda sempre de boca aberta;

- Aproxima-se da televisão, porque ouve menos bem.


Fonte: Jornal do Centro de Saúde

Wednesday, November 18, 2009

SIDA SEM BARREIRAS

Há muito que a sida ultrapassou barreiras. Já não é uma doença de homossexuais nem de toxicodependentes: é uma doença que pode ser de qualquer pessoa. E está na mão de todos limitar esta epidemia: prevenir é possível, com comportamentos seguros e realizando o teste que tira todas as dúvidas.

Há muito que a sida ultrapassou barreiras. Já não é uma doença de homossexuais nem de toxicodependentes: é uma doença que pode ser de qualquer pessoa. E está na mão de todos limitar esta epidemia: prevenir é possível, com comportamentos seguros e realizando o teste que tira todas as dúvidas.

Os números são Coordenação Nacional para o VIH/Sida: até 31 de Dezembro de 2007 estavam notificados em Portugal 32.491 casos de infecção, nos seus diferentes estágios.
O maior número corresponde a infecção em consumidores de drogas injectáveis, com 43,9 por cento das notificações. Esta percentagem confirma a tendência inicial da epidemia no nosso país, mas o mesmo não acontece com o segundo maior grupo de casos - os de infecção por via heterossexual, representante de 38,8 por cento do total e com tendência para crescer. Quanto à transmissão por via homossexual, diz respeito a 12 por cento dos registos, havendo ainda 5,3 por cento relativos a outras fontes de contágio.

A esmagadora maioria dos infectados pertence ao sexo masculino - 82 por cento do total. E, por idades, o maior impacto - 84,2 por cento - verifica-se entre os 20 e os 49 anos.

O que é a sida?

O termo "sida" faz parte do vocabulário quotidiano, sendo usado com valor próprio e, como tal, reconhecido nos dicionários de língua portuguesa. No entanto, originalmente, corresponde a uma sigla formada pelas primeiras letras da expressão "Síndrome da ImunoDeficiência Adquirida":

Síndrome consiste num grupo de sintomas que, colectivamente, caracterizam uma doença; ImunoDeficiência significa que a doença se caracteriza pelo enfraquecimento do sistema imunitário (defesas do organismo); Adquirida quer dizer que a doença não é hereditária, mas sim que se desenvolve após o nascimento por contacto com o agente infeccioso.

A sida é uma doença infecciosa grave e potencialmente fatal causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH ou HIV, na língua inglesa). Foram identificadas duas estirpes deste vírus - o VIH1 e o VIH2.

Como se transmite o vírus causador da sida?

O VIH transmite-se de três formas: através do sangue, das secreções sexuais e de mãe infectada para filho (a chamada transmissão vertical).

A transmissão por via sanguínea implica, naturalmente, que haja contacto com sangue (ou produtos seus derivados) infectado e que ele penetre na corrente sanguínea da pessoa saudável. Assim, a principal fonte de infecção é a partilha de seringas e outros objectos entre consumidores de drogas injectáveis.

Existe igualmente risco, ainda que menor, na partilha de lâminas de barbear, instrumentos de furar orelhas e de tatuagens, de piercings e de alguns utensílios de manicura (os cortantes). Preferencialmente, devem ser de uso individual ou descartáveis. Caso não seja possível, todos estes objectos devem ser rigorosamente esterilizados.

A transmissão do vírus através de uma transfusão sanguínea não constitui actualmente um problema, na medida em que tanto o sangue como os seus componentes são testados previamente. Também a doação de sangue é segura, dado que o material utilizado na colheita é descartável e esterilizado.

A sida é considerada uma doença sexualmente transmissível pois as secreções sexuais - esperma e fluidos vaginais - constituem uma das principais fontes de contágio do VIH. O risco existe sempre que haja uma relação sexual sem protecção, seja ela vaginal, oral ou anal. Protecção é aqui sinónimo de preservativo, indispensável em qualquer relação sexual, por mais saudável que a pessoa aparente ser.

Relações sexuais com parceiros ocasionais ou múltiplos parceiros, independentemente de se tratar de um relacionamento hetero ou homossexual, aumentam o risco. Basta um contacto sexual não protegido com uma pessoa infectada para o vírus se poder transmitir.

Quanto à chamada transmissão vertical, de mãe para filho pode acontecer durante a gravidez, quando o sangue materno circula no feto através da placenta, ou durante o parto, através do contacto com o sangue ou as secreções vaginais. Mais raro mas possível é o contágio durante a amamentação.

Como actua o VIH ?

O VIH actua sobre as células do sistema imunitário, atacando preferencialmente os linfócitos T4, um tipo de glóbulos brancos do sangue responsáveis pela defesa do organismo contra infecções e tumores.

Uma vez no organismo, o vírus integra-se no código genético das células infectadas, utilizando-as para se reproduzir. Em consequência, as células perdem eficácia e, com o tempo, a capacidade do organismo para combater a doença vai sendo enfraquecida.

Qual a diferença entre ser seropositivo e ter sida?

O VIH tem capacidade para permanecer "invisível" no corpo humano, podendo haver infecção sem sintomas. O que acontece é que, na presença do vírus, o sistema imunitário produz anticorpos, detectáveis no sangue através de uma análise específica.

Quando eles são identificados, diz-se que a pessoa é seropositiva.
Um seropositivo pode ter uma aparência saudável anos após o contágio, sem sinais da doença. No entanto, está infectado e pode transmitir o vírus.

A sida é a fase última desta infecção, correspondendo a uma degradação progressiva do sistema imunitário e à diminuição das defesas contra outras doenças - são as chamadas doenças oportunistas e, com frequência, é quando elas surgem que a sida é detectada.

Entre a entrada do vírus no organismo e o diagnóstico de sida podem mediar vários anos, em média oito a dez. Este período de evolução silenciosa depende de múltiplos factores, entre eles a intensidade e gravidade da infecção, a resistência do sistema imunitário, a ocorrência de outras doenças que possam contribuir para minar as defesas do organismo e o risco de re-infecção em contactos posteriores.

Como se trata a sida?

Não existe ainda um modo eficaz de eliminar totalmente o VIH do organismo. Existem, contudo, tratamentos que reduzem a carga vírica e atrasam os danos que o vírus causa no sistema imunitário.

Esses tratamentos são compostos, normalmente, por uma combinação de medicamentos que, se tomados de acordo com a orientação médica, fazem baixar a quantidade de vírus no sangue até um nível em que se torna quase indetectável. Isto não significa que o vírus seja erradicado: ele permanece no organismo, mantendo-se o risco de contágio.

Existem três tipos de medicamentos anti-retrovirais, que actuam de formas diferentes e em fases distintas do ciclo de reprodução do VIH e que são administrados de acordo com esquemas terapêuticos individualizados.
...

Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF

Friday, November 13, 2009

RETINOPATIA DIABÉTICA

ACNE: COMO A PODE TRATAR



Mário Beja Santos

A acne é uma doença cutânea (inflamação da pele) causada pela obstrução dos poros por gordura, surgindo os comedões (pontos brancos ou negros), borbulhas e pústulas (bolhas cheias de pus), nos casos ligeiros.

É mais frequente na adolescência, sendo visível no rosto, costas, peito e ombros, sobretudo nos rapazes. É promovida pelas alterações hormonais, sentidas nesta fase, que estimulam as glândulas sebáceas (produtoras de gorduras). Em circunstâncias normais, o sebo que se irá formar será eliminado pelo poro.

Quando a produção é excessiva, há dificuldade na saída e eliminação da gordura, podendo esta ser alvo da acção das bactérias da pele, formam-se diferentes substâncias irritantes.

Quando o poro se encontra tapado, desenvolve- se uma inflamação profunda que se manifesta por uma pápula avermelhada (borbulha) e nas situações mais complicadas podem surgir nódulos de pus.

Se bem que a idade seja determinante no aparecimento da acne, há factores que favorecem o seu desenvolvimento e até mesmo o seu agravamento: é o caso de certos medicamentos e cosméticos.

Quanto aos medicamentos, temos os hormonais, os anticonvulsivantes, os destinados ao tratamento da tuberculose, entre outros. Pensando nos cosméticos, importa destacar os mais gordurosos e os que impedem a normal respiração da pele.

Também a pressão física com capacetes, chapéus e bandeletes pode favorecer ou até mesmo agravar a acne. Mas também não podemos ignorar os factores ambientais (calor e humidade) e o stress.

Não há evidência científica (ao contrário de muitas ideias feitas) que determinados alimentos podem exacerbar a acne.

Prevenir e tratar a acne

De acordo com a sua gravidade, a acne poderá ser ligeira a moderada ou grave. Os casos ligeiros a moderados são os mais frequentes e a orientação farmacêutica poderá ter um
papel muitíssimo útil.

Os casos mais graves exigem a intervenção de um médico especialista que poderá receitar medicamentos para resolver ou minorar a situação.

A prevenção e a base da terapêutica passam necessária e obrigatoriamente pela higiene cuidada da pele, porque é através desta higiene que se remove o excesso de gorduras, partículas e outros detritos que, ao obstruírem a superfície do poro, predispõem ou agravam a acne. Aqui também há algumas ideias feitas como a lavagem várias vezes ao dia das zonas afectadas ou o uso de sabões anti-bacterianos.

O mais apropriado é a lavagem da pele com um produto de limpeza suave (sabonetes líquidos, "pains", entre outras apresentações) e não mais de duas vezes ao dia, uma vez que excessivas lavagens irritam a pele estimulando a produção de gordura. É igualmente importante optar por produtos cosméticos sem óleo com a finalidade de diminuir a irritação, a seborreia, a inflamação e a restabelecer a hidratação cutânea.

Põem-se depois as opções de tratamento que são variadas. Os anti-seborreicos podem ser recomendados, pode igualmente recorrer-se a produtos anti-irritantes à base de zinco, bisabol, alantoína e outras. Os hidroxiácidos promovem a descamação superficial da pele e evitam, também, a retenção do sebo. Enfim, na acne ligeiro a moderado o tratamento é feito através da aplicação na pele de diferentes substâncias que promovem uma melhoria com tais aplicações.



Os jovens, independentemente do desconforto psicológico que a acne lhes provoca, devemestar determinados a manter todos os cuidados necessários durante meses ou até mesmo anose saber que a não persistência nos cuidados é geralmente a responsável pelo agravamento ou recidivas, o que implica o seguimento de um dermatologista.


No caso da utilização de maquilhagem, deve haver o cuidado de escolher produtos sem óleo. É recomendado que os indivíduos com acne se protejam das radiações solares, não só porque a exposição solar podeagravar a acne mas também porque a maioria dos produtos usados no tratamento, tópico ou oral da acne podem tornar a pele mais sensível ao sol. Também a escolha de protectores solares deve estar dentro da gama dos produtos sem óleo.


Em síntese, temos medidas de higiene, (é verdade que se deve evitar espremer as borbulhas porque agrava a inflamação na pele), existem cremes e loções queratolíticas ou antibacterianas. Isto quando se trata da acne ligeira a moderada. Nos outros casos, o dermatologista poderá prescrever antibióticos e retinóides.


A acne vista pelo farmacêutico


O tratamento com medicamentos de prescrição médica efectua-se quer com medicamentos que se aplicam na pele quer com outros, sob a forma de comprimidos.

Independentemente da resposta personalizada a cada um destes tratamentos, estamos a falar de alguns medicamentos que podem ser irritantes para a pele, sendo de ter em atenção o tempo de contacto do medicamento com a pele, a hora da aplicação e a necessidade de protecção solar, e que podem mesmo envolver riscos se não tomadas as devidas precauções durante o tratamento.

Os pais dos jovens entre os 10 e os 12 anos devem preocupar-se com a eventualidade do aparecimento da acne nos seus filhos e a partir dessa idade recomendar a lavagem do rosto duas vezes ao dia assim como aos primeiros sinais da acne (aparecimento de borbulhas) recorrer ao farmacêutico para obter o melhor aconselhamento sobre como os controlar e evitar o seu agravamento.

Quando se sofre de acne ligeira a moderada, o farmacêutico pode auxiliá-lo no controlo dessa acne, indicando-lhe com mais detalhe quais os cuidados de higiene a seguir e a respectiva frequência, medicamentos disponíveis e a frequência da aplicação, a duração do tratamento, a necessidade de protecção solar, cuidados adicionais com a toma ou a aplicação dos medicamentos e, finalmente, se for caso disso, orientação para a escolha dos cosméticos a utilizar.



Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF

Sunday, November 8, 2009

SISTEMA DIGESTIVO: SITUAÇÕES DE PEQUENA GRAVIDADE



Mário Beja Santos

O sistema digestivo é particularmente propício a perturbações (infecções, inflamações, distúrbios digestivos, do trânsito intestinal...), sendo numerosas as situações de queixa que levam os doentes a procurar aconselhamento na farmácia.


Basta pensar na higiene oral, onde se incluem as doenças ligeiras da boca; nos problemas gástricos, como é o caso da azia, náuseas, vómitos e enjoo; passando para os males ligeiros do intestino.

O farmacêutico é ainda confrontado com o pedido de medicamentos sem receita médica ou informações no que toca a diarreia, obstipação ou males menores relacionados com hemorróidas. Desse vasto conjunto de situações, escolhemos a saúde oral e as doenças ligeiras da boca, os problemas gástricos e o uso dos laxantes como casos que comprovam que devemos ser exigentes com a excelência do aconselhamento farmacêutico.


Boa saúde oral, como actuar nas doenças ligeiras da boca

Há doenças e medicamentos que fragilizam a saúde oral, podendo o farmacêutico constituir uma fonte de informação e orientação. O farmacêutico, além de estar bem posicionado para orientar os seus utentes quanto a dentífricos mais adequados a cada situação, pode aconselhar noutras regras da boa higiene oral como seja a forma correcta de escovagem dos dentes, a sua frequência, a selecção da escova a utilizar ou os produtos recomendáveis em situações específicas.

Os utentes têm toda a vantagem quando abordam o seu farmacêutico em procurar expor com clareza o estado de saúde da sua boca, como seja: se os seus dentes são sensíveis a variações de temperatura (para o quente e para o frio), se as suas gengivas sangram com facilidade, qual é a periodicidade das suas idas ao dentista e se existem doenças crónicas que obriguem à toma de medicamentos e quais (é o caso da epilepsia, diabetes e asma).

Nas doenças ligeiras da boca sabe-se que há pessoas que desenvolvem pequenas lesões ou inflamações, como é o caso das estomatites e as gengivites. A estomatite vulgar é uma inflamação da boca que pode afectar a mucosa interior das bochechas, a língua, o céu da boca e as gengivas. Aparece com intensidade variável, com vermelhidão e dor, podendo apresentar-se com o aspecto de uma úlcera.

O farmacêutico pode vir a ser chamado a intervir no tratamento das aftas, mas há situações mais graves em que a prescrição médica é indispensável. As gengivites são inflamações (agudas ou crónicas) das gengivas, com vermelhidão e inchaço podendo apresentar pontos hemorrágicos.

Não é raro a gengivite ser acompanhada de estomatite. Nestes casos, o tratamento passa por uma boa higiene buco-dental, realizada após a ingestão de alimentos. Podem ainda realizar-se bochechos com anti-sépticos e outros produtos.

Saber distinguir as indisposições gástricas

Quando as queixas digestivas, particularmente do estômago, são ocasionais e muitas vezes associadas a excessos alimentares, é recomendado o recurso à indicação farmacêutica. Estes males digestivos são de diferente natureza, manifestando-se por dores, náuseas, vómitos, azia, arrotos e digestões difíceis.

Falando da azia, as situações mais ligeiras podem ser aliviadas com a toma de antiácidos que, ao diminuírem a acidez do estômago, abrandam a sensação de ardor e a agressividade sobre o esófago. Os antiácidos podem também trazer alívio na gastrite (uma inflamação do estômago) e na úlcera gástrica (sempre que as dores persistirem, é imprescindível o diagnóstico médico).

Dado que os antiácidos podem ser adquiridos sem receita médica, para alívio destes mal-estares ocasionais convém conhecê-los um pouco melhor, uma vez que nenhum deles é inofensivo.

Ao dialogar com o farmacêutico ficará a saber que: o efeito de um antiácido é, regra geral, mais prolongado se for tomado uma a duas horas após uma refeição; os antiácidos têm composições diferentes e, por conseguinte, efeitos secundários e contra-indicações específicas; os antiácidos podem interferir com outros tratamentos, ao diminuírem o efeito da terapêutica que o doente está a fazer (um exemplo desta situação é o que pode ocorrer com alguns antibióticos, que em associação com antiácidos podem ter a sua acção diminuída, mantendo-se a infecção) - por este motivo recomenda-se que a toma de antiácidos ocorra duas horas antes ou uma hora depois da toma de outros medicamentos.


Cuidados com os laxantes


Dentro dos medicamentos que podem ocasionar a prisão de ventre destacam-se os antiácidos, medicamentos para as cólicas, anticonvulsivantes, alguns antidepressivos, analgésicos, entre outros, e também os próprios laxantes, cujo abuso pode originar um quadro de prisão de ventre.

A preocupação a ter com o uso dos laxantes é particularmente importante em crianças, idosos, grávidas e mulheres a amamentar. As crianças e os idosos são muito sensíveis à desidratação e à perda de sais minerais que os laxantes podem provocar se forem potentes, não se recomendando, por isso, laxantes irritantes.

É preciso dar particular atenção à composição de laxantes para crianças e não se deixar sugestionar pelo nome comercial que pode dar lugar a enganos por se fazer menção a um produto natural - os produtos à base de plantas também podem originar efeitos adversos e, por vezes, não são recomendados (o utente deve ler sempre a composição do laxante).

Na grávida, os laxantes expansores do volume fecal são os mais indicados. Uma mulher a amamentar deve ter uma precaução redobrada com os laxantes que toma, porque alguns são eliminados pelo leite e provocam diarreia no bebé.

Não é demais insistir que a necessidade de recorrer aos laxantes seria evitável, na grande maioria dos casos, se as pessoas adoptassem bons hábitos alimentares e estilos de vida mais saudáveis e que estão ao alcance de todos.

Também aqui o aconselhamento farmacêutico poderá revelar-se do maior interesse. É nesse diálogo que se fica a compreender porque é que não se devem tomar laxantes de ânimo leve, qual a alimentação mais adequada para melhorar a prisão de ventre e como identificar as causas.

Nesse diálogo, caso esteja a tomar medicamentos, pergunte ao seu farmacêutico se algum deles pode ser responsável pela prisão de ventre. E, por último, informe o seu farmacêutico sobre outros sintomas que acompanham a sua prisão de ventre, como, por exemplo, dores abdominais ou vómitos, já que estes podem ser motivos para uma consulta médica.

A propósito, não insista na toma de laxantes que requerem receita médica. Como se vê, nas situações de pequena gravidade do sistema digestivo há tudo a ganhar em saber usar e abusar do aconselhamento farmacêutico.


Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF

Monday, November 2, 2009

INCONTINÊNCIA: PINGOS DE DESCONFORTO



Desconforto, mas também embaraço, é o que sente quem sofre de incontinência urinária, um problema mais feminino do que masculino e que se torna mais frequente com a idade. Mas que se contorna com a ajuda de produtos próprios que devolvem o bem-estar e a auto-estima.


Quem vê televisão com regularidade certamente já se deparou com vários anúncios a propósito da incontinência - são anúncios que publicitam as chamadas fraldas para adultos, uma das soluções mais confortáveis e eficazes para contornar a dificuldade em conter a urina. Marcas à parte, são todos eles anúncios que transmitem uma imagem positiva, com os protagonistas em atitudes de confiança e descontracção.


E, embora a razão de ser da publicidade seja a de convencer o público, pelo que as mensagens são naturalmente afirmativas, a verdade é que há cada vez menos razões para que a incontinência seja fonte de desconforto e embaraço.


A incontinência é definida como a perda involuntária de urina, que representa um problema higiénico ou social para a pessoa afectada. Há diferentes tipos e pode ou não ser acompanhada da sensação de micção urgente.

Significa isto que as gotas que se escapam ao controlo do cérebro e da bexiga podem ser antecedidas de uma vontade urgente de urinar, mas também pode acontecer que não haja qualquer aviso prévio.

Este cenário é duas vezes mais frequente entre o sexo feminino, por comparação com o masculino, e tende a acentuar-se com a idade, embora possa ocorrer em qualquer altura da vida. Sabe-se, no entanto, que um em cada três idosos tem dificuldade em controlar a bexiga, o que constitui terreno fértil ao desenvolvimento de doenças como as úlceras de decúbito, infecções e depressões.

Aliás, as implicações a nível psicológico são, muitas vezes, mais problemáticas do que as complicações físicas da incontinência. Uma pessoa que não consegue evitar que a urina se escape acaba por se isolar, devido ao natural constrangimento e ao receio de ser rejeitada pelos seus pares. Acontece que o doente evite o convívio social, tal como se iniba de manter contactos íntimos com o seu parceiro.

Fica, assim, claramente comprometido o bem-estar nas suas múltiplas vertentes.
A incontinência, nos seus diferentes tipos, pode ter sintomas temporários ou persistentes, sendo que, no primeiro caso, desaparece quando são eliminados os factores que estão na sua origem. Uma doença, um medicamento, uma situação de stress emocional...

Geralmente classifica-se a incontinência urinária em grupos. A incontinência de stress acontece quando aumenta a pressão abdominal - rir, espirrar, tossir, exercício físico - devido a fraqueza dos músculos pélvicos.

Considera-se também a incontinência de imperiosidade (também chamada de urgência), relacionada com a instabilidade do principal músculo da bexiga. O que acontece é que a pessoa sente um forte desejo de micção, mas não consegue evitar a perda de urina antes de chegar a uma casa de banho.

A mista, quando existem sintomas de incontinência de stress e imperiosidade. Há também quem sofra de incontinência funcional ou reflexa, situação em que não há qualquer impulso de urinar. Nestes casos, a bexiga esvazia-se porque não recebe qualquer instrução de controlo do cérebro.


Recuperar o bem-estar

A incontinência é causa de intenso desconforto, físico e emocional. É, no entanto, possível corrigi-la ou mantê-la sob controlo. E enquanto as terapêuticas não surtem efeito, é desejável recorrer à ajuda de alguns dispositivos que minimizam as consequências da perda de urina.

São três os tipos principais desses dispositivos: oclusivos, colectores e absorventes. Os primeiros são dispositivos mecânicos que actuam comprimindo a uretra (o canal que liga a vagina ou o pénis à bexiga e por onde se liberta à urina) e que devem ser retirados no momento da micção, voltando depois a ser colocados. Já os segundos, visam recolher e armazenar a urina, sendo constituídos por um sistema de drenagem do qual faz parte um saco onde é depositada a urina que se vai escoando da bexiga.

Este saco deve incluir uma válvula que evite o regresso da urina, de modo a prevenir uma infecção. Deve ser descartável ou, se for reutilizável, impõe-se uma limpeza diária rigorosa, com o mesmo objectivo preventivo.

Os mais comuns são os produtos absorventes, cuja função é reter a urina, mantendo o doente seco e confortável. A escolha deve fazer-se em função de factores como o tipo e a gravidade da incontinência, o estado funcional do doente e o sexo. E, além de se adaptarem ao doente, estes produtos devem assegurar uma absorção suficiente, facilitar os movimentos e evitar derrames de urina.

São as chamadas fraldas ou cuecas para incontinentes, constituídas por três camadas - uma de polietileno, à prova de água e que protege as roupas; uma segunda de celulose que actua como absorvente e uma terceira de material hidrófobo, que mantém a urina afastada da pele.

Não são, porém, sistemas de via única, o que significa que quando a camada absorvente está saturada a urina volta a estar em contacto com a pele, pelo que devem ser substituídos com regularidade.

Estes produtos visam proporcionar conforto e atenuar ou eliminar o embaraço causado pela incontinência, pelo que existem modelos mais discretos destinados a ser usados durante o dia, ainda que com menor capacidade de absorção.

E recentemente ficou disponível uma alternativa ainda mais confortável e saudável - uma cueca para incontinente formada por 100% de algodão e cuja camada de absorção inclui três por cento de prata. É aqui que reside a diferença: a prata tem propriedades anti-sépticas, anti-bacterianas e anti-odores. Esta é uma mais-valia acentuada, tanto para homens como para mulheres que não conseguem controlar a bexiga mas que já podem manter uma vida social livre de embaraços.


Calcula-se que em Portugal cerca de 600 mil pessoas sofram deste problema, mas também se estima que apenas um terço procure ajuda médica. É porventura o embaraço associado à incontinência que afasta os doentes - aliás, um estudo efectuado há alguns anos em 16 países europeus, incluindo Portugal, mostrou que a incontinência urinária é o segundo problema de saúde que mais envergonha, só ultrapassado pelas disfunções sexuais.



Sinais de alerta


A perda de urina é sempre precedida de alguns sinais de alarme, que devem ser tidos em conta e que importa conhecer:

• Incapacidade de urinar;

• Urinar mais frequentemente do que o habitual sem que exista uma infecção na bexiga;

• Necessidade de correr para a casa de banho, perdendo urina quando não se chega a tempo;

• Dores relacionadas com o acto de urinar;

• Infecções frequentes da bexiga;

• Enfraquecimento progressivo do jacto urinário, com ou sem a sensação de esvaziamento total da bexiga;

• Urina em quantidade anormal.


Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF

PUBERDADE ANTES DE TEMPO



Há rapazes e raparigas para quem a puberdade chega antes de tempo. Abrindo caminho a problemas de desenvolvimento físico e a emoções para as quais ainda não estão preparados.


É entre os oito e os 12 anos que os sinais da puberdade se manifestam no corpo das raparigas. Nos rapazes chegam mais tarde, pelos nove até aos 14. É a idade das grandes mudanças na forma e no tamanho, mas sobretudo na capacidade de reprodução, passo decisivo no caminho para serem adultos.


Mas o que fazer quando esses sinais despontam bem mais cedo? Quando, pelos cinco ou seis anos, as raparigas já evidenciam desenvolvimento das mamas ou nos rapazes os genitais se apresentam desproporcionados para a idade? Se isso acontece está-se perante a puberdade precoce, que no sexo masculino significa que os caracteres sexuais começam a desenvolver-se antes dos nove anos e no feminino antes dos oito.


Nelas, a precocidade manifesta-se também através da primeira menstruação e neles denuncia-se pelo crescimento dos pêlos faciais, sobretudo sobre o lábio superior, e pelo mudar da voz. Em ambos, surgem também os pêlos púbicos e nas axilas, o rosto começa a ser marcado pela acne e o corpo exala já um odor de adulto. Também em ambos se dá um rápido crescimento ósseo.


Na origem desta antecipação está, quase sempre, um desequilíbrio no processo que comanda a puberdade e que envolve uma região do cérebro chamada hipotálamo e a pituitária, uma glândula com o tamanho de uma ervilha situada na base do cérebro. O hipotálamo comanda este processo ao desencadear a libertação de uma hormona, a Gn-Rh.

Por sua vez, esta hormona interage com a pituitária, fazendo-a libertar outras duas hormonas, as quais estimulam os ovários e os testículos, onde são produzidas mais hormonas - os estrogénios, responsáveis pelos caracteres sexuais femininos, e a testosterona, responsável pelos masculinos. Iniciam-se então as mudanças físicas que caracterizam a puberdade.

Ora, nalgumas crianças todo este processo começa antes de tempo. Geralmente, sem que seja identificada uma causa: é o que se verifica na chamada puberdade precoce central, em que todo o processo se inicia mais cedo mas decorre num ritmo considerado normal, passo a passo.

São quase sempre crianças em que não há qualquer problema médico subjacente, embora, raramente, a precocidade possa ser consequência de um tumor no cérebro ou na medula espinal, de uma infecção como a encefalite ou a meningite, de um defeito no cérebro presente à nascença, de trauma, de obstrução no fluxo sanguíneo do cérebro e de alterações endócrinas na glândula supra-renal ou da tiróide.

Um segundo tipo de puberdade precoce é a periférica. Ainda menos comum do que a central, não envolve todo o eixo mas apenas as hormonas sexuais: os estrogénios ou a testosterona são libertados mais cedo no corpo destas crianças devido a problemas nos ovários, nos testículos, nas glândulas supra-renais ou na pituitária.


Raparigas mais precoces


A puberdade precoce é mais frequente no sexo feminino do que no masculino. Aliás, mesmo em circunstâncias normais, os caracteres sexuais surgem mais cedo nas raparigas do que nos rapazes. Além do género, outro factor predispõe ao acelerar da mudança: o peso, ou melhor, o excesso.


Mas o facto é que, sejam rapazes, sejam raparigas, não é fácil ser-se criança e lidar com um corpo em mutação. Não é fácil quando ela acontece dentro do prazo esperado, muito menos, pois, quando ela surpreende a infância.

Emocional e socialmente, a mudança é decerto difícil de aceitar e de gerir. Uma rapariga em que as mamas começam a evidenciar-se sentirá muito provavelmente embaraço pela diferença óbvia face às colegas e amigas.

Sentir-se-á confusa se, além disso, começar a menstruar. E correrá o risco de ser alvo da crueldade dos pares. O impacto nos comportamentos não é menosprezável: humor aos altos e baixos, irritabilidade, isolamento, agressividade, início precoce da sexualidade.

Mas há também consequências para a saúde física. É que as crianças com puberdade precoce crescem mais depressa do que os pares, ficando mais altas do que seria de esperar para a idade. Mas, esse crescimento termina também mais cedo do que o habitual, pelo que serão adultos com uma estatura inferior à média. Não atingem, portanto, todo o seu potencial de crescimento.

As raparigas poderão desenvolver um problema adicional, inerente ao género: síndrome do ovário poliquístico, mais frequente quando começam a menstruar antes dos oito anos. No que respeita à puberdade, a precocidade pode ser fonte de múltiplos dissabores, pelo que é importante que os pais estejam atentos e que, perante qualquer suspeita de maturidade sexual antes de tempo, procurem ajuda médica. A começar pelo pediatra ou pelo médico de família, que poderá depois encaminhar o caso para um endrocrinologista, especialista em questões hormonais.

É possível tratar a puberdade precoce, mas depende da causa. Se não houver qualquer doença subjacente, o tratamento envolve a administração de hormonas sintéticas que bloqueiam a produção das hormonas sexuais, assim travando ou até revertendo o desenvolvimento, quer ao nível dos caracteres sexuais, quer dos ossos. Uma vez finalizado o tratamento, o processo segue o seu ritmo normal, ou seja, estas raparigas e estes rapazes voltam a acompanhar os pares.

É importante em todo este caminho que as crianças sejam acompanhadas pelos pais, atentos a eventuais sinais de conflito emocional e relacional. Falta de interesse pelas actividades habituais, diminuição dos resultados escolares, maior agressividade ou tristeza, tendência para o isolamento são indícios de que algo vai mal. Não admira quando a puberdade chega mais cedo de que é esperada...


Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF
 

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