Monday, June 21, 2010

DOS DOENTES COM SIDA TRATADOS NO HOSPITAL DE S. JOÃO, 90% TÊM UMA VIDA NORMAL

Sunday, June 20, 2010

TIROIDEIA ESSA DESCONHECIDA



Dr. J. Garcia e Costa e Dr. A. Galvão Teles

As hormonas tiroideias são sintetizadas pela tiroideia, órgão de pequenas dimensões, situado na face anterior e inferior do pescoço.

São indispensáveis níveis normais de hormonas tiroideias no sangue para que todo o nosso metabolismo funcione correctamente.

As hormonas tiroideias exercem uma acção fundamental em quase todos os órgãos e sistemas do nosso organismo, pelo que o seu excesso ou a sua diminuição em circulação provoca uma grande variedade de sintomas que podem ser de maior ou menor gravidade.

As doenças da tiroideia são muito frequentes. Podemos dividi-las, de uma forma simplista, em doenças em que existe alteração dos níveis sanguíneos de hormonas tiroideias (se aumento: tireotoxicose com ou sem hipertiroidismo e se diminuição: hipotiroidismo) e as doenças em que há alteração da morfologia da tiroideia: bócios (aumento de volume da tiroideia) ou nódulos.

Nas situações de disfunção tiroideia a sintomatologia é habitualmente muito exuberante e altera gravemente a qualidade de vida do doente. É importante fazer o diagnóstico e iniciar o tratamento para impedir o aparecimento de complicações que podem ser graves.

No entanto, há situações subclínicas, arrastadas, em que a sintomatologia é escassa ou ausente mas que necessitam também de tratamento devido à sua evolução para situações de maior gravidade ou para o aparecimento de complicações, nomeadamente cardiovasculares.


Tireotoxicose

A tireotoxicose (excesso de hormonas tiroideias em circulação) pode ser provocada pela hiperfunção da tiroideia (hipertiroidismo) ou não. A causa mais frequente destas situações, sem hiperfunção da tiroideia mas com excesso de hormonas tiroideias em circulação, é a ingestão de hormonas tiroideias, muitas vezes prescritas erradamente, em situações não comprovadas cientificamente, como seja nas tentativas de emagrecimento, provocando elevados riscos para a saúde.

Noutras situações, existe indicação para o tratamento com hormonas tiroideias, que quando fornecidas em doses elevadas levam a um excesso de hormonas tiroideias em circulação. A dose, nestes casos, necessita de ajustamento após determinação laboratorial da função tiroideia.

As causas mais frequentes de hipertiroidismo são a doença de Graves (doença autoimune), os bócios tóxicos (nódulos da tiroideia hiperfuncionantes) e as tiroidites (processos inflamatórios da tiroideia). Em todos estes casos há uma hiperfunção da tiroideia com valores elevados de hormonas tiroideias em circulação (T3 e T4 livres) e diminuição da hormona tireotrófica (TSH). Na doença de Graves e na maior parte das tiroidites, devido à sua etiologia autoimune, os anticorpos antitiroideus são positivos, habitualmente com titulações elevadas.

A sintomatologia inclui cansaço e diminuição da força muscular que podem ser muito marcados, emagrecimento mas com o apetite mantido, palpitações devido ao aumento da frequência cardíaca (taquicardia), sudação, tremores, alterações emocionais (irritabilidade, ansiedade, depressão), aumento do número de dejecções, alterações menstruais, prurido e outras queixas menos frequentes. Pode existir ou não aumento de volume da tiroideia (bócio). O aumento dos enzimas hepáticos (transaminases) pode ser devido a um hipertiroidismo.

Na doença de Graves pode haver alterações oculares com protusão dos globos oculares e processo inflamatório local. Nos casos menos graves as pessoas referem apenas prurido ocular (sensação de areia nos olhos) e apresentam olhar fixo devido a uma retracção das pálpebras superiores. Esta doença atinge preferencialmente mulheres (8 vezes mais que nos homens) com idades compreendidas entre os 20 e os 40 anos.

As tireotoxicoses devem ser avaliadas por médicos com experiência nestas doenças, devido à variabilidade de apresentação, evolução e tratamento.


Hipotiroidismo

No hipotiroidismo (diminuição das hormonas tiroideias em circulação) a causa habitual também é a doença autoimune (anticorpos antitiroideus positivos) e os sintomas são habitualmente de instalação lenta (meses, anos), o que atrasa e dificulta o diagnóstico. Nestes casos, os níveis sanguíneos de hormonas tiroideias estão diminuídos (T3 e T4 livres) e a TSH encontra-se elevada.

Os sintomas principais são a astenia (cansaço marcado e progressivo), o aumento de peso, a sonolência, a pele seca e descamativa, voz mais grave, a obstipação e os edemas. Nos casos de aumento do colesterol ou da prolactina deve ser sempre avaliada a função tiroideia para despistar um eventual hipotiroidismo.

Doença nodular da tiroideia

A existência de nódulos da tiroideia é uma situação muito frequente, principalmente nas mulheres. A maior parte são de dimensões reduzidas (inferiores a 1 cm) recomendando-se apenas vigilância clínica.

Nas situações em que há nódulos maiores, ou que aumentaram rapidamente de dimensões, é indispensável a realização de biópsia, de preferência dirigida por ecografia, para despiste de lesões malignas que são, na maior parte das vezes, potencialmente controláveis. Apenas 5% dos nódulos da tiroideia são malignos.

Dr. J. Garcia e Costa,
NEDO-Núcleo de Endocrinologia Diabetes e Obesidade, Lda.

Dr. A. Galvão Teles,
NEDO-Núcleo de Endocrinologia Diabetes e Obesidade, Lda.


Fonte: Saúde em Revista

Tuesday, June 8, 2010

GINÁSTICA MENTAL


Andreia Pereira

Até que ponto pode o exercício físico ajudar a estimular a mente? Estudos recentes demonstram que, para além de bíceps perfeitos, uma actividade física regular pode ajudar a melhorar a memória e facilitar os processos de aprendizagem.



A conhecida frase "Mente sã em corpo são", celebrizada pelo poeta romano Juvenal, que remonta aos primeiros séculos da época cristã, ganhou outra dimensão à luz dos conhecimentos trazidos a lume pela neurociência. Mas, muito embora a ciência dê passos largos na descoberta de novos dados, não se pode dizer que o "casamento" entre o corpo e a mente seja uma novidade dos tempos que correm. O conceito de "atleta-académico", surgido na Grécia Antiga, ilustra o grau de importância concedido à actividade física na manutenção de uma boa forma corporal e intelectual.



Mais recentemente, os estudos de comportamento animal, - apesar de não demonstrarem dados completamente conclusivos - apontam para os benefícios psicológicos do exercício físico.



"Quando sujeitos a paradigmas de stress, os roedores [animais utilizados na investigação] reproduziram modelos depressivos - semelhantes aos dos seres humanos -, que se caracterizam, fundamentalmente, pela apatia e diminuição da actividade, perda de interesse e eficácia intelectual e cognitiva", diz Óscar Gonçalves, professor catedrático de Neuropsicofisiologia da Universidade do Minho.



Após um programa de exercício físico voluntário, "verificou-se uma melhoria desses padrões", sublinha. Na perspectiva deste investigador, nos seres humanos, o exercício físico - entendido como um "fármaco natural" - pode atenuar os sintomas da depressão. "Embora seja difícil estabelecer um relação de causalidade, o exercício físico pode ser bom regulador dos processos emocionais e um coadjuvante no tratamento da ansiedade e da sintomatologia depressiva", completa. Paralelamente, são conhecidos outros efeitos "acessórios" do exercício físico: despoleta um estado de espírito mais positivo e aumenta a eficácia do funcionamento cognitivo e intelectual.



Na tentativa de encontrar respostas para estes fenómenos, a ciência, através de estudos animais, demonstrou que os benefícios do exercício físico se relacionam com os processos bioquímicos, responsáveis pelo estabelecimento de conexões entre os neurónios.



"O exercício físico induz uma maior plasticidade das células nervosas, dos neurónios e das células da glia [células de suporte que ajudam a alimentar os neurónios]. Assim, do ponto de vista cognitivo, a actividade física induz a comunicação entre as células nervosas e facilita a formação de novos neurónios (processo conhecido por neurogénese)", afirma Óscar Gonçalves.



A revista Newsweek, escrevia, na edição de 7 de Abril de 2007, que o processo neuroquímico é desencadeado pela contracção muscular. A cada contracção do bíceps, é activado o envio de uma proteína, designada de IGF-1, que percorre toda a corrente sanguínea até alcançar o cérebro. Chegada ao cérebro, esta substância assume o comando na produção de neutrotransmissores, nomeadamente do factor neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, sigla do inglês). Esta molécula é responsável pelo sustento de várias actividades relacionadas com o intelecto.

Assim, o exercício físico regular proporciona um aumento dos níveis de BDNF, promovendo, simultaneamente, a produção de novos neurónios - embora em pequeno número na idade adulta - e o desenvolvimento de novas conexões entre as células nervosas.







Endorfinas: o "ópio" do corpo



As endorfinas - substâncias químicas libertadas durante o exercício físico - funcionam como "opiáceos" internos do organismo. Devido à falta de consenso científico, "não se pode confirmar se a sensação de euforia e bem-estar, que decorre do exercício físico, advém da libertação das endorfinas", diz Óscar Gonçalves. A oxigenação cerebral e, por conseguinte, uma maior nutrição dos tecidos é outra das eventuais explicações avançadas para justificar a regulação emocional que ocorre no período pós-exercício físico. Nesta matéria, existem alguns mitos que aliam a "dependência" do exercício físico à libertação de endorfinas.



Contudo, o especialista desmistifica esta teoria: "A dependência do exercício físico pode estar associada ao estado de conforto e bem-estar que se obtém no momento posterior ao esforço. Raramente um indivíduo relata sensações de euforia ou prazer durante uma actividade intensa."







O exercício da mente



O hipocampo é uma zona cerebral responsável pela aprendizagem e pela memória. O processo de oxigenação e vascularização, derivado do exercício físico, fomenta a formação de novas células e ajuda a reduzir os efeitos do cortisol. Esta substância, produzida pelo organismo, quando presente em doses moderadas, exerce uma acção imunitária. Mas, em excesso, perante uma situação de stress exacerbado, acaba por produzir efeitos tóxicos em diferentes zonas cerebrais. Segundo Óscar Gonçalves, o exercício físico, "como antagonista do cortisol, permite, também, contrariar a resposta aos ciclos do stress". Desta forma, assume-se como um antídoto do stress e da ansiedade.



Apesar do contributo do exercício físico na melhoria dos processos de aprendizagem e memória, o especialista sublinha que a melhor forma de "muscular" o cérebro e produzir uma maior eficiência mental é mantendo uma actividade intelectual regular. "A estimulação cognitiva é o elemento central da produção de novos neurónios e sinapses [conexões] entre os neurónios", considera o especialista, que avança com um exemplo: "O cérebro, à semelhança dos músculos [embora estes tenham uma maior plasticidade], necessita de estimulação para se manter em forma. Os neurónios, tal como os músculos, estão dependentes da activação constante."



Na perspectiva de Óscar Gonçalves, "Use it or loose it", à boa moda anglosaxónica, é o princípio que rege o funcionamento cerebral. A inactividade provoca, segundo o psicólogo, uma "atrofia das estruturas e, por conseguinte, uma diminuição da sua funcionalidade".







Fonte: Health & Wellness

Monday, June 7, 2010

Asma e DPOC: Respire bem pela sua saúde

Dr. Fernando Meneses

Centenas de milhões de pessoas sofrem em todo o mundo de doenças pulmonares, nomeadamente tuberculose, asma, pneumonia, gripe, cancro do pulmão e Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica. Destas, cerca de 10 milhões morrem todos os anos. As doenças respiratórias crónicas causam cerca de 7% de todas as mortes no mundo e representam 4% da carga global da doença como um todo.



À medida que as doenças respiratórias progridem, as agudizações dos sintomas, geralmente denominadas exacerbações, tornam-se progressivamente mais frequentes e mais graves, conduzindo a limitações importantes na capacidade de os doentes realizarem as suas actividades diárias e, consequentemente, reduzindo a sua qualidade de vida.


Quer a DPOC quer a asma devem ser atentamente seguidas pela comunidade responsável pela prestação de cuidados de saúde e pelas entidades governamentais. Trata-se de um grave problema de saúde pública, pois, apesar dos tratamentos eficazes actuais, a sua prevalência continua a aumentar.


Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, estima-se que, em 2020, a DPOC ocupe o terceiro lugar entre as doenças mais incapacitantes, tornando-se responsável por uma elevada morbilidade e mortalidade, sendo considerada um dos principais desafios na área das doenças respiratórias para as décadas vindouras. Já a asma, embora com uma mortalidade muito menor, apresenta uma prevalência ainda maior e contribui isoladamente ou associada a outras manifestações de doença alérgica, como a rinite, para uma diminuição de qualidade de vida.



A espirometria no diagnóstico precoce


O diagnóstico de DPOC deve ser considerado em qualquer pessoa que apresente sintomas como tosse, expectoração, dispneia, e/ou uma história de exposição a factores de risco desta doença, tais como o tabagismo e a exposição profissional a poluentes atmosféricos. No caso da asma, esta é caracterizada por crises de falta de ar recorrentes e muitas vezes ligadas a queixas nasais, que se associam frequentemente a uma sensibilização a diferentes alergénios (pólenes, ácaros do pó da casa, etc.).


É importante que o diagnóstico destas doenças seja feito atempadamente e, sempre que possível, deverá ser confirmado por espirometria, método de diagnóstico simples e não invasivo que permite a avaliação de diversos parâmetros da função pulmonar, alterados nestas doenças.


O tratamento farmacológico deve ser orientado pela clínica e pelo estudofuncional respiratório e visa melhorar e impedir o aparecimento de sintomas, aumentar a tolerância ao exercício e melhorar a qualidade de vida dos doentes, afectada com o aparecimento e agravamento destas doenças.


Em caso de suspeita de doença respiratória crónica, como a DPOC ou a asma, é essencial a realização de estudo funcional respiratório - espirometria.


A existência de uma rede de espirometria disponível em todo o país e acessível aos cuidados de saúde primários é fundamental para uma boa saúde respiratória de todos, permitindo um diagnóstico precoce e o início de um tratamento adequado.


Se tem sintomas respiratórios como cansaço fácil, tosse ou queixas nasais persistentes, solicite ao seu médico a realização de uma espirometria... pela sua saúde...


Dr. Fernando Meneses, Pneumologista,
Responsável pela Consulta de Asma e pelo Laboratório de Função Respiratória do Hospital Garcia de Orta, em Almada





 

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