O presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia + (SPE), professor José Luís Medina, antecipou ao JN alguns dos temas que serão abordados durante o congresso, como a obesidade.
Neste caso a realidade pode ser traduzida em números, que serão apresentados pela endocrinologista Isabel do Carmo, responsável por um estudo desenvolvido entre 2003 e 2005, com 8116 pessoas de idades entre os 18 e os 64 anos.
"Verificou-se que, desse total, 2,4% tinham baixo peso, 39,4% apresentavam sobrecarga de peso e 14,2% eram obesas", referiu Luís Medina, acrescentando que os número são mais claros quando comparados com um estudo idêntico feito entre 1995 e 1998, "em que a soma das pessoas com sobrepeso e obesas representava 49,6%" - passando hoje para os 53,6%.
Um crescendo que tem que ser travado, através de "campanhas, encabeçadas pela Direcção-Geral de Saúde, mais agressivas e fáceis de executar para que se perceba que a obesidade é uma doença", salientou o professor.
As campanhas deverão ser feitas pelos médicos de família, nas escolas,nas empresas. "Têm que se alterar Hábitos alimentares + e que se praticar mais Exercício físico + ", sublinhou, admitindo que parecem ser questões conhecidas de todos - "mas a distância entre o que se sabe e o que se faz é a mesma que existe entre o Porto e o Pólo Norte". Não se pode esquecer o papel da família na manutenção de hábitos alimentares saudáveis "o hábito de comer sopa às refeições está a perder-se, por exemplo".
A diabetes tipo 2 está de alguma forma associada à obesidade, uma vez que na sua maioria os doentes têm sobrecarga de peso. "Por essa razão, em alguns casos uma dieta e exercício físico associadas a uma perda de peso podem fazer com que o doente equilibre o nível de glicose", referiu o presidente da SPE. Quando tal não é possível, o médico tentará encontrar a medicação (por via oral ou se for necessário com Insulina + ) mais adequada.
Entretanto, foi já lançado no mercado um novo medicamento que será um inibidor de uma enzima responsável pela curta da vida das incretinas que promovem a produção da insulina.
Será, porém, só mais uma arma, como alerta o professor. Em Portugal só existe insulina injectável "e nem os diabéticos tipo 2 se livram dela.Muitas vezes a dieta, exercício físico e os medicamentos por via oral não chegam para obter um equilíbrio metabólico".
"Não se pode tratar este problema como uma questão menor. Basta para isso pensar que a hiperglicemia (um descontrolo da glicemia, aumento da concentração de açúcar no sangue) está na origem de complicações graves e incapacitantes", frisou.
Entre essas complicações pode enumerar-se a cegueira, insuficiência renal, enfarte de miocárdio, Acidente vascular cerebral + , obstrução das Artéria + s dos membros inferiores, que podem levar à amputações.
Fonte: JN