Monday, March 17, 2008

CANCRO DO FÍGADO



Professor Tato Marinho



O tumor maligno (ou cancro) que tem origem no fígado é chamado de hepatoma ou carcinoma hepatocelular. É a terceira causa de morte por cancro em todo o mundo. Morrem mais de 600.000 pessoas por ano devido a este cancro. Em países industrializados, como Portugal, o número de casos tem vindo a aumentar. É um tumor maligno, com elevada mortalidade e cujos factores de risco e modo de prevenção se conhecem bem. Os tratamentos só são eficazes se o diagnóstico for feito numa fase precoce.



Causas



A cirrose hepática é o grande factor de risco. A cirrose é uma doença que conduz à destruição do fígado. O risco de hepatoma em indivíduos com cirrose é elevadíssimo: em alguns estudos ronda os 40% ao fim de dez anos. A cirrose é provocada principalmente por três causas: consumo excessivo de álcool, hepatites B e C. Em Portugal, a causa principal de cirrose é aquela associada ao álcool. Outros factores de risco são: o sexo masculino, o tabaco, obesidade e diabetes.




Sintomas


Na grande maioria dos casos, só existem sintomas numa fase muito avançada. Em outros casos, surgem os sintomas ditos de descompensação em quem tem cirrose, como sejam a ascite (barriga de água), icterícia (olhos amarelos), peritonite (infecção grave no abdómen), encefalopatia (alterações do estado mental e do comportamento que podem chegar ao coma), dor abdominal, emagrecimento, etc.




Diagnóstico e rastreio



O diagnóstico de certeza depende sempre de um método de imagem, seja ecografia, TAC (Tomografia Axial Computorizada) ou Ressonância Magnética. O hepatoma surge, habitualmente, como um “nódulo” no fígado. Um nódulo é uma formação arredondada. Em alguns casos, se persistirem dúvidas, é necessário fazer uma biopsia. A biopsia consiste em colher uma pequena porção do tumor, através de uma agulha, para ser analisado ao microscópio.


Dado que o cancro do fígado surge habitualmente sem sintomas, quem tem cirrose, tem obrigatoriamente de ser submetido a uma ecografia abdominal de 6 em 6 meses. Isto de modo a que o tumor seja detectado cedo e com pequenas dimensões, isto é com dimensões inferiores a 5 cm (tamanho de uma bola de ping-pong). Nesta fase é tratável e em alguns casos passível de ser curado.




Tratamento



O tratamento só é eficaz no hepatoma de pequenas dimensões, inferiores a 5 cm de diâmetro. Os únicos tratamentos com hipótese de potencial cura são a ressecção cirúrgica, o transplante hepático e a chamada ablação percutânea. Neste último, o tumor é destruído com injecção de álcool (alcoolização) ou com corrente eléctrica (radiofrequência). A quimioterapia não é eficaz. Outros tratamentos que estão associados ao aumento da sobrevivência é a chamada quimioembolização (administração de quimioterapia directamente no fígado através de uma das suas artérias) e um medicamento recente por via oral chamado sorafenib. Este último foi já aprovado pela agência Europeia do Medicamento (EMEA) e pela Food and Drug Administration dos estados Unidos para este fim. Os doentes que fazem este medicamento vivem mais e o crescimento do tumor é retardado.




Prevenção



A prevenção é muito eficaz: não às bebidas alcoólicas em excesso (2 a 3 no homem e 1 a 2 na mulher por dia), vacina da hepatite B, não partilhar material usado na droga e “sexo seguro” (preservativo e não a múltiplos parceiros).




Mensagens:



• O hepatoma está quase sempre associado à cirrose hepática;



• Álcool, hepatite B ou C, são as causas principais de cirrose;



• Os tratamentos só são eficazes em fases precoces.





Fonte: Jornal do Centro de Saúde

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