
A campanha oficial lançada no começo do mês divulga sintomas e exorta os portugueses a chamar o 112 sempre que haja inícios de acidente vascular cerebral. Com um tratamento quase imediato, a sobrevivência será bastante mais provável.
O consenso é internacional, explica-nos o neurologista Castro Lopes, presidente da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral, que hoje abre o seu congresso sobre o tema, em Cascais, com 400 participantes de diversas especialidades. Após os primeiros sintomas, há, no máximo, três horas para intervir, contando já o tempo de exames e terapêutica no hospital. Tudo tem de ser muito rápido, desde o transporte, à realização de uma TAC e à ministração de um tratamento neuroprotector ou trombolítico.
São estes cuidados de emergência que vão permitir diluir o trombo que impede a irrigação do cérebro. Castro Lopes que, ao longo de mais de duas décadas foi director de serviços no Hospital de S. João, no Porto, faz questão de distinguir o acidente vascular cerebral (ou trombose cerebral), que afecta a irrigação do cérebro e compromete as funções deste, das doenças vasculares periféricas (que afectam os membros e depois os órgãos vitais). As doenças vasculares cardíacas são as que, também pondo em causa a circulação, afectam o coração, provocando o enfarte. Explica ainda o professor Castro Lopes que entre 80 a 85% dos AVC se devem a falta de irrigação sanguínea, enquanto 15% a 20% são provocadas por hemorragias dentro do próprio cérebro, tornando-se mais brutais.
Assumindo-se como o decano dos médicos que se têm preocupado com o combate ao AVC em Portugal, Castro Lopes lembra princípios de precaução elementares controlar a Tensão arterial + , não Fumar + , controlar doenças de coração com potencial detonador como as arritmias, prevenir a Diabetes + e não ter vida sedentária.
Ainda assim, reconhece, pode haver factores familiares a influenciar a predisposição para a doença. Depois dela ocorrer, e dependendo muito da prontidão com que são prestados cuidados médicos, as sequelas podem marcar a vida dos doentes. Mesmo esta pode continuar ameaçada em 20% dos casos no mês seguinte. A recuperação nem sempre é total e os movimentos da perna ou braço podem ficar comprometidos. Na opinião de Castro Lopes, a Fisioterapia + deve começar muito cedo e deverá manter-se, ainda que o doente recupere movimentos.
Fonte: JN