Thursday, January 24, 2008

OBESIDADE: ESPECIALISTA DEFENDE URGÊNCIA DE MEDIDAS DE SAÚDE PÚBLICAS "AGRESSIVAS" PARA COMBATER DOENÇA

O presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia + , Diabetes e Metabolismo (SPED + M), José Luís Medina, defendeu hoje, no Porto, ser urgente que Portugal adopte medidas de saúde pública "agressivas" para combater a Obesidade + .

A propósito do IX Congresso Português de Endocrinologia - que decorrerá em Lisboa entre quinta-feira e domingo - sexta-feira, serão apresentados os resultados do Estudo da Prevalência da Obesidade em Portugal, que comprovarão isso mesmo, adiantou o especialista.

Em entrevista à Lusa, José Luís Medina, também director do serviço de Endocrinologia do Hospital de S. João, no Porto, afirmou que os dados do trabalho liderado pela investigadora Isabel do Carmo revelam aquilo que "se anda a pregar há muito tempo, que a obesidade continua a aumentar".

Conforme adiantou, o estudo (no qual participou como co-autor) desenvolveu-se entre 2003 e 2005 e envolveu 8.116 pessoas, dos 18 aos 64 anos.

Nesta amostra, a investigação encontrou 2,4 por cento de pessoas com peso a menos (pessoas magras com risco de contrair doenças como a Anorexia + nervosa), 39,4 por cento com sobrecarga de peso - com Índice de Massa Corporal + (IMC) superior a 25 - e 14,2 por cento com obesidade (IMC igual ou superior a 30).

A obesidade - resultante da acumulação excessiva de tecido gordo no corpo - é um dos principais factores de risco para o desenvolvimento de doenças que afectam milhões de pessoas, nomeadamente a hipertensão, Diabetes + , doença coronária ou Acidente vascular cerebral + .

"A obesidade é um problema de saúde pública", frisou Luís Medina, explicando que se trata de uma doença de "altíssima prevalência" e com possibilidades de cura "muito reduzidas".

"Tudo isto tem que ser encarado com muito rigor", acrescentou.

De acordo com o especialista, um dos aspectos importantes do estudo, que vai ser apresentado sexta-feira, é o facto de ter sido dada atenção à distribuição da gordura corporal.

Em termos de risco cardio-vascular, segundo o presidente da SPEDM, é importante avaliar a existência de gordura intra-abdominal.

Pela classificação da Federação Internacional de Diabetes, com o perímetro da cintura superior ou igual a 94 centímetros para os homens e 80 para as mulheres, associado a dois dos seguintes factores: diabetes, Hipertensão arterial + , triglicerídeos elevados e hdl (Colesterol + bom) baixo, existe alto risco para doença cardiovascular.

"Este estudo encontrou 45,6 por cento das pessoas com um aumento do perímetro da cintura o que é de facto surpreendente", adiantou.

"Isto não para. São precisas medidas de saúde pública muito agressivas em termos de persistência e muito trabalho, para esclarecer as pessoas, as famílias, as escolas e as empresas", sublinhou José Luís Medina.

Isto porque, comentou o especialista à Lusa, a maior parte das pessoas não está esclarecida em relação á alimentação.

"Tem que se mudar as mentalidades e a própria cultura, acabar com a ingestão de Gorduras + , de Álcool + , com o assado de domingo, os rissóis e o pão com manteiga à entrada das refeições. Tem que se mudar", avisou.
Para o especialista, é sobretudo importante que as escolas e as cantinas ensinem e dêem comida saudável às crianças.

"Não podem ter doçaria. Não quer dizer que as crianças não possam comer, o que não podem é fazê-lo com a frequência que o fazem", reiterou Luís Medina, afirmando ser preocupante que a obesidade nas crianças tenha vindo a subir para níveis muito elevados e que os pais não tenham essa percepção.

"Começamos a ter crianças com diabetes de tipo 2, tradicionalmente uma diabetes do adulto, precisamente pela relação entre a diabetes e a obesidade", exemplificou.

Depois, disse, "é preciso conjugar o incentivo à actividade física, com a adopção de uma Alimentação equilibrada + e pobre em calorias".

"Desincentivar o uso excessivo do carro. Comer melhor e fazer mais exercício. Andar a pé. O elevador é para subir não é para descer", aconselhou o especialista, referindo que as crianças poderão ser veículos importantes nesta matéria de educação alimentar.

"Se aprenderem na escola, as crianças vão chegar a casa e dizer: ó pai não devias comer isso", concluiu.

No âmbito do IX Congresso Português de Endocrinologia, organizado pela SPEDM, promover-se-á ainda o encontro entre especialistas portugueses e espanhóis no I Joint Meeting com a Sociedade Espanhola de Endocrinologia e Nutrição (SEEN).
Fonte: RTPAgência Lusa

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