Sofia Aguiar
Foi hoje apresentada, ao início da tarde, a primeira Associação de Doentes com Disfunção da Bexiga, em Portugal. Na semana em que se assinala o Dia da Incontinência Urinária (14 de Março), nasce assim o embrião de uma instituição que visa “dar a mão” a todos aqueles que vivem em silêncio com uma doença que condiciona o seu relacionamento pessoal, social e laboral.
Lígia Almeida, impulsionadora da associação realça que “não podemos cruzar os braços perante a doença. A solução passa por vencer o problema e recorrer a ajuda médica, com vista à solução do problema. Existem actualmente terapêuticas capazes de curar grande parte das situações e como tal, não existe motivo para evitar a consulta com um especialista, no primeiro momento em que nos apercebemos que se passa algo de errado”.
Também no âmbito da celebração do Dia da Incontinência Urinária, a Associação Portuguesa de Urologia e (APU) e a Associação Portuguesa de Neuro-Urologia e Uro-Ginecologia (APNUG) apresentaram hoje os resultados de um estudo epidemiológico realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. As conclusões desta pesquisa revelam que a prevalência da incontinência urinária nas mulheres é de 21,4% e de 7,6% nos homens mas que apenas 4,9% destes casos são diagnosticados por um médico. Esta realidade comprova que a maioria das pessoas evita procurar a ajuda de um especialista porque considera erradamente a perda de urina involuntária como algo associado ao envelhecimento e, como tal, encara o problema como algo sem solução. O estudo demonstra ainda que a doença é mais prevalente nas mulheres com idades compreendidas entre os 60 e 79 anos (26%) e nos homens com mais de 79 anos (21,6%).
“Observa-se uma grande diferença entre a prevalência de incontinência urinária autodeclarada e a existência de diagnóstico médico dessa condição (15% nas mulheres e 5% nos homens), realçando a necessidade de educação da população e de alerta dos profissionais para esta patologia” explica Paulo Dinis, Presidente da Associação Portuguesa de Neuro-Urologia e Uro-Ginecologia.
A incontinência urinária resulta da incapacidade em armazenar e controlar a saída da urina. As mulheres têm o dobro de probabilidades de serem afectadas pelo problema quando comparadas com os homens. A incontinência urinária de esforço é o tipo mais frequente de incontinência nas mulheres e caracteriza-se pela perda involuntária de urina ao tossir, fazer esforços, espirrar, levantar objectos pesados ou executar qualquer tarefa que aumente bruscamente a pressão dentro do abdómen. As principais causas que contribuem para este problema são: disfunções do aparelho urinário associadas à idade, gravidez e o parto, elevações bruscas da pressão intra-abdominal associadas ao desporto e obesidade crónica.
Fonte: MediaHealth® Portugal