Thursday, March 6, 2008

87,6% DOS DOENTES PORTUGUESES COM EXCESSO DE PESO EM RISCO CARDIOVASCULAR, REFEREM NÃO TER ACOMPANHAMENTO PROFISSIONAL



Filipe Henriques





O Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (CEFAR), em parceria com Abbott Laboratórios Lda, realizou um estudo sobre a obesidade na população em risco cardiovascular que apresenta resultados alarmantes e que merecem uma reflexão sobre o modo de actuação junto desta população em risco.




Como problema de saúde pública que é, a obesidade deve ser encarada e abordada pelos profissionais de saúde de uma forma integrada. Apesar do relativo conhecimento e consciencialização que existe na população portuguesa para este problema, apenas 12,4% dos obesos em risco cardiovascular referem ter aconselhamento profissional. Destes, 47,9% são acompanhados pelo médico de clínica geral, 32,2% pelo nutricionista, 18,2% pelo farmacêutico, 14,1% por um endocrinologista e 2,4% recorre à ajuda de um psicólogo.



Estes são os dados mais relevantes do estudo, mas outros existem que merecem igual destaque e atenção por parte da comunidade médica, governamental e principalmente, por parte dos doentes que são os mais interessados no tratamento da doença que os aflige.



Um dado preocupante que se retira do estudo, após a análise dos resultados, é que a ajuda de um profissional de saúde surje num estado avançado da obesidade, pois 56,3% dos inquiridos são já considerados obesos. De facto, os doentes mais obesos foram os que mais referiram ter acompanhamento profissional (38,0% vs 7,8%). Este valor significa que os doentes deixam a obesidade prolongar-se, aumentando em muito o risco de complicações metabólicas.




Também as campanhas de prevenção e sensibilização não estão a ter a eficácia que se pretende pois apenas 24,3% dos inquiridos sabe o que significa IMC (Índice de Massa Corporal), e apenas 9,2% conhece o seu IMC.




No que diz respeito à relação entre a obesidade e outras comorbiliaddes, estudos anteriores verificaram que os homens obesos apresentam maior percentagem de hipertensão (53,3% vs 26,1%) e hipertrigliceridemia (23,4% vs 9%), que os homens não obesos. No que se refere ao sexo feminino, o mesmo estudo revela que as mulheres obesas têm mais hipertensão (43,7% vs 30,7%), diabetes (7,6% vs 2,7%), hipertrigliceridemia (27,1% vs 5%) e colesterol (15% vs 5,3%), que as mulheres com peso normal.



Também o tratamento foi abordado no estudo realizado pelo CEFAR e, mais uma vez, os resultados não são animadores. Para começar apenas 5,6% dos inquiridos revelou fazer alguma terapêutica para a obesidade, sendo que cerca de 70% refere que a mesma foi indicada por um profissional de saúde. Mais preocupante é o facto de, estudos anteriores já terem referido que apenas 44% dos médicos se consideram qualificados para tratar doentes obesos e 31% referirem que o tratamento da obesidade é desnecessário. A reduzida percentagem de doentes a fazerem terapêutica no estudo do CEFAR (27,9%), pode dever-se ao facto de, em Portugal, os medicamentos sujeitos a receita médica obrigatória não serem comparticipados pelo Estado.





Sobre o Estudo




O estudo foi realizado em 79 farmácias, em todo o território nacional, tendo sido inquiridos 980 doentes que se apresentaram nas farmácias com uma prescrição de um anti-hipertensor e/ou antidislipidémico e com o IMC igual ou superior a 25. A recolha de informação ocorreu entre os dias 14 a 19 de Maio de 2007.





Principais conclusões




- De acordo com as classes de IMC definidas pela OMS, 56,3% dos doentes são obesos (IMC≥30) e 43,7% tem excesso de peso;




- 75,4% dos doentes tem um risco muito aumentado de complicações metabólicas e 18,6% um risco aumentado;




- 24,3% dos doentes conhecia o significado de IMC e 9,2% conhecia o seu valor;



- 82,8% dos doentes mediam o peso, 34,1% raramente e 34,6% mensalmente;



- 87,6% dos doentes referiu não ter acompanhamento profissional no tratamento da sua doença. O acompanhamento por um profissional aumenta consoante a classe de IMC;



- 5,6% dos doentes referiu tomar qualquer produto para a obesidade.






Fonte: MediaHealth Portugal

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