Sunday, October 26, 2008

OSTEOPOROSE: QUANDO OS OSSOS COMEÇAM A ENFRAQUECER



Daniela Gonçalves


A osteoporose "é uma doença que provoca uma diminuição da resistência dos ossos que assim ficam mais frágeis e partem com mais facilidade, ou seja, com traumatismos mínimos que, em princípio, não partiriam um osso normal", explica a Dr.ª. Viviana Tavares, reumatologista e presidente da Associação Nacional contra a Osteoporose (APOROS).





As mulheres que se encontram na fase posterior à menopausa e os idosos são o principal grupo de risco. Nos cinco ou dez anos após a menopausa, devido à perda de estrogénios, há uma perda considerável e rápida de densidade óssea nas mulheres. Segundo afirma Viviana Tavares, as mulheres que entram cedo na menopausa (antes dos 40 anos) "apresentam um risco superior de virem a ter osteoporose".




A osteoporose não manifesta sintomas, daí que o doente apenas se aperceba de que tem a doença quando sofre uma fractura, momento em que surgem as dores. Um dos problemas é que, frequentemente, a fractura vertebral ocorre sem os doentes se aperceberem. Nas fracturas dos ossos longos, há um período de dor mais intensa, mas, após quatro a seis semanas, a consolidação da fractura está feita sem problemas. Já a fractura da anca, que atinge mais os idosos, é a mais grave por aumentar a morbilidade e a mortalidade.


De acordo com a especialista, as fracturas são mais frequentes nos ossos do punho, nas vértebras, na anca - fractura do colo do fémur e no ombro (colo do úmero), embora qualquer osso possa partir como consequência da osteoporose. Geralmente, ocorrem devido a uma queda ou traumatismo mínimo mas as fracturas vertebrais podem ser originadas mesmo sem qualquer traumatismo aparente. No entanto, nem todas as pessoas com osteoporose sofrerão fracturas.








Diagnóstico




A existência de fracturas derivadas de traumatismos - mesmo que sejam mínimos - facilita o diagnóstico, embora este deva ser realizado antes da sua ocorrência. Para o Prof. Jaime Branco, reumatologista e presidente da Liga Portuguesa contra as Doenças Reumáticas (LPCDR), a densitometria óssea é o meio de elaborar o diagnóstico operacional. "Trata-se de um método standard que mede a massa óssea ao nível do fémur proximal e da coluna lombar (entre as vértebras 2 e 4).". Ressalva, no entanto que "não é um exame de rastreio para todas as mulheres que entram na menopausa". Ou seja, deve ser realizado apenas quando estão presentes factores de risco. Embora, a sua realização seja aconselhada, para despistar a doença, no caso de mulheres com mais de 65 anos e homens com mais de 70.








Consolidação dos ossos




A fase da adolescência é fundamental na construção da massa óssea, já que corresponde ao período em que se adquire a maioria da densidade óssea. "Quer para raparigas, quer para rapazes, a fase entre os 13 e os 15 anos é crucial. Depois de parar o crescimento em altura, o osso continua a ganhar espessura, como se fosse uma árvore, até aos 30 anos, idade em que se atinge o pico de massa óssea, ou seja, a quantidade máxima de massa óssea", explica Viviana Tavares.






A educação dos jovens é decisiva, devendo os pais preocuparem-se em incentivar os seus filhos a seguirem uma dieta saudável e a praticarem exercício físico. E devem estar atentos à vulnerabilidade das filhas de virem a desenvolver anorexia e bulimia, pois estes distúrbios alimentares aumentam o risco de osteoporose.




Assim, como assegura o Dr. Nuno Nunes, da direcção da Associação Portuguesa de Nutricionistas (APN), a prevenção e tratamento da osteoporose passam pela ingestão de alimentos ricos em cálcio e vitamina D. "O leite e seus derivados (queijo e iogurtes) são os alimentos que mais contribuem para a manutenção e fortalecimento da massa óssea, mas existem outros que importa realçar. São eles o espinafre, a couve-galega e rama de nabo, as sardinhas em conserva e os peixes que se comem com espinha."




A fixação do cálcio nos ossos é facilitada pela ingestão de alimentos compostos pela vitamina D. Alimentos como óleo de fígado de bacalhau, gema de ovo, manteiga, peixes gordos (sardinha, atum, salmão, cavala...) são, segundo o nutricionista, "excelentes fontes de vitamina D".








Importância de seguir a terapêutica




No caso dos doentes que apresentam um elevado grau de risco de fractura, é fundamental seguir uma terapêutica. O doente deve esclarecer com o seu médico as suas dúvidas face ao tratamento da doença, nomeadamente, informar-se sobre a necessidade de fazer uma medição da massa óssea (densitometria), para calcular o seu risco de fractura. E, caso seja necessário, "ser medicado", refere a Viviana Tavares.




Já Jaime Branco realça que "os doentes não devem realizar mais do que duas densitometrias durante o tratamento, pois os ossos respondem lentamente". Existe ainda um instrumento que, através da introdução de características do doente, permite calcular o risco de fractura nos próximos dez anos, mesmo sem densitometria: o FRAX.




A dirigente da APOROS aconselha "o doente a fazer sempre um suplemento de cálcio e vitamina D se tiver uma alimentação que não cubra as necessidades do organismo, cumprindo essa terapêutica" A especialista adianta, ainda, que o facto de a doença não apresentar sintomas é um entrave ao seguimento deste tratamento. "Isto contribui para que mais de metade das mulheres pare a terapêutica antes do tempo, o que vai potenciar ainda mais o seu risco."








Quais os factores de risco?




Há factores de risco incontornáveis válidos para homens e para mulheres. O historial de doença osteoporótica na família é o principal. Mas é fundamental conhecer aqueles que se podem evitar e que são o seguimento de uma dieta pobre em cálcio, o sedentarismo e o tabagismo. Outro dos factores de risco é o consumo de medicamentos que interferem na massa óssea, sendo o mais conhecido a cortisona. Certas doenças são igualmente factores de risco como, por exemplo, a artrite reumatóide, a espondilite e as doenças intestinais inflamatórias.





Fonte: Jornal do Centro de Saúde

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