Wednesday, October 1, 2008

CANCRO GÁSTRICO É A QUARTA CAUSA DE MORTE NA EUROPA


Dr. Nuno Bonito


O cancro gástrico é uma das principais causas de morte no nosso país. Este carcinoma é mais frequente no sexo masculino e a sua incidência aumenta com a idade, sendo máxima entre os 65 e 74 anos. É a quarta causa de morte por cancro na Europa.





Dos principais factores de risco conhecidos do cancro gástrico destacam-se: infecção gástrica por Helicobacter pylori (Hp), gastrite atrófica crónica, anemia perniciosa, alimentação pobre em frutas e verduras, alimentação com alto teor de sal, ingestão de fumados ou conservas, metaplasia intestinal, pólipos adenomatosos gástricos, antecedentes familiares de cancro gástrico, tabagismo, doença de Menétrier (gastrite atrófica gigante) e polipose adenomatosa familiar.





Os sintomas são geralmente inespecíficos: emagrecimento, anorexia, dor abdominal, náuseas e vómitos e disfagia. Para a investigação deste tipo de tumores são importantes: história clínica, hemograma e bioquímica, endoscopia digestiva alta com biopsia, Rx tórax/TAC torácica, TAC Abdominal, eco-endoscopia alta em caso de doença não metastizada e laparoscopia opcional. Na mulher deverá ser efectuada TAC pélvico.




Existem várias classificações para este tipo de tumor: Classificação de Lauren (Intestinal e Difuso); Classificação de Ming (Expansivo e Infiltrativo); Classificação de F. Carneiro (Glandular, Sólido e Misto); Classificação da OMS (Tubular, Papilar, Mucinoso, Células isoladas em anel de sinete, Indiferenciado e Tipos especiais).




O Hp é uma bactéria que vive no muco e que cobre a mucosa do estômago humano. A infecção surge, geralmente, na infância, por transmissão oral-oral ou fecal-oral e está associada às baixas condições socioeconómicas. Depois de adquirida, a bactéria é capaz de infectar o hospedeiro durante toda a vida, sendo, portanto, a infecção crónica humana mais frequente em todo o mundo.




Os testes serológicos e a pesquisa de antigénio nas fezes são os métodos recomendados para pesquisa inicial. O teste respiratório é o recomendado para confirmar a eficácia do tratamento. O método endoscópico não é utilizado para diagnóstico de infecção na maioria das circunstâncias. Existe indicação comprovada para terapêutica de erradicação em doentes com antecedentes ou doença péptica activa (gástrica ou duodenal) e em doentes com antecedentes de linfoma gástrico tipo MALT ou com doença activa.




Existem formas hereditárias de cancro gástrico, de tipo difuso, e a sua penetrância está estimada entre 60% a 80%, sendo a maioria dos diagnósticos feitos aos 38 anos de idade. Já as mulheres apresentam risco aumentado para desenvolver cancro da mama.




O tratamento com intuito curativo do cancro gástrico apresenta-se dependente do estádio inicial do tumor. O objectivo primário é a sobrevivência e os secundários são o alívio dos sintomas, resposta tumoral e qualidade de vida. Várias são as opções de tratamento: cirurgia, quimioterapia, radioterapia e cuidados de suporte. Os cuidados a ter após a gastrectomia implicam: fraccionamento das refeições e evicção de hidratos de carbono e da perda de peso; a intolerância à lactose, o dumping precoce e tardio e a síndroma de malabsorção com esteatorreia podem surgir; é quase sempre necessário efectuar suplementos com Ferro e Vitamina B12.




O carcinoma gástrico continua a ser um dos grandes desafios para oncologistas e cirurgiões, no entanto, muito há a fazer no campo da prevenção/rastreio, sendo por isso cada vez mais importante a colaboração dos colegas de Medicina Geral e Familiar.






Fonte: Jornal do Centro de Saúde

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