Monday, March 24, 2008

TECNOLOGIA INOVADORA PERMITE QUE TETRAPLÉGICOS CONTROLEM APARELHOS ATRAVÉS DO CÉREBRO


Programa de investigação europeu traz novas esperanças de locomoção e independência


Investigadores europeus estão a desenvolver uma tecnologia inovadora que permite controlar cadeiras de rodas, membros artificiais ou computadores através de sinais eléctricos emitidos pelo cérebro. A tecnologia BCI (Brain Computer Interface), desenvolvida pelo projecto MAIA, traz assim esperança de alguma independência a quem se encontra nesta condição.



O sistema utiliza sinais eléctricos emitidos pelo cérebro que são captados por eléctrodos colocados na cabeça do utilizador. Até agora, a equipa consegiu bons resultados nos testes realizados. A equipa conseguiu que utilizadores conseguissem manobrar cadeiras de rodas unicamente através do poder cerebral. «Nós demonstrámos que é possível contrololar um aparelho mecanicamente complexo através da mente. Isto abre portas a todo o tipo de possibilidades», diz o cordenador do proejcto MAIA, José del R. Millán.



A tentativa de controlo de aparelhos através da mente não é nova. Contudo, as investigações realizadas sempre se têm deparado com a dificuldade de transformar os sinais do cérebro em movimentos mecânicos precisos. De acordo com os cientistas, a diferença é que, neste projecto, além do poder do cérebro, também é utilizada tecnologia de inteligência artificial.


Por exemplo, um utilizador desta tecnologia que queira controlar uma cadeira de rodas, apenas tem de pensar em ir e frente ou virar à esquerda ou à direita, que a cadeira segue os seus comandos. Não tem de se preocupar em não colidir com objecrtos ou pessoas em movimento, pois o sistema reage de forma inteligente ao ambiente que o rodeia. Millán diz que a mesma tecnologia pode ser utilizada em membros artificias para, por exemplo, tetraplégicos apanharem objectos.



Apesar da boa notícia, o investigador refere que, para uma cadeira de rodas deste género chegar ao mercado, são necessárias ainda mais investigações e melhoramentos, para os quais os parcerios estão a procurar investimentos.



SSD

Monday, March 17, 2008

CANCRO DO FÍGADO



Professor Tato Marinho



O tumor maligno (ou cancro) que tem origem no fígado é chamado de hepatoma ou carcinoma hepatocelular. É a terceira causa de morte por cancro em todo o mundo. Morrem mais de 600.000 pessoas por ano devido a este cancro. Em países industrializados, como Portugal, o número de casos tem vindo a aumentar. É um tumor maligno, com elevada mortalidade e cujos factores de risco e modo de prevenção se conhecem bem. Os tratamentos só são eficazes se o diagnóstico for feito numa fase precoce.



Causas



A cirrose hepática é o grande factor de risco. A cirrose é uma doença que conduz à destruição do fígado. O risco de hepatoma em indivíduos com cirrose é elevadíssimo: em alguns estudos ronda os 40% ao fim de dez anos. A cirrose é provocada principalmente por três causas: consumo excessivo de álcool, hepatites B e C. Em Portugal, a causa principal de cirrose é aquela associada ao álcool. Outros factores de risco são: o sexo masculino, o tabaco, obesidade e diabetes.




Sintomas


Na grande maioria dos casos, só existem sintomas numa fase muito avançada. Em outros casos, surgem os sintomas ditos de descompensação em quem tem cirrose, como sejam a ascite (barriga de água), icterícia (olhos amarelos), peritonite (infecção grave no abdómen), encefalopatia (alterações do estado mental e do comportamento que podem chegar ao coma), dor abdominal, emagrecimento, etc.




Diagnóstico e rastreio



O diagnóstico de certeza depende sempre de um método de imagem, seja ecografia, TAC (Tomografia Axial Computorizada) ou Ressonância Magnética. O hepatoma surge, habitualmente, como um “nódulo” no fígado. Um nódulo é uma formação arredondada. Em alguns casos, se persistirem dúvidas, é necessário fazer uma biopsia. A biopsia consiste em colher uma pequena porção do tumor, através de uma agulha, para ser analisado ao microscópio.


Dado que o cancro do fígado surge habitualmente sem sintomas, quem tem cirrose, tem obrigatoriamente de ser submetido a uma ecografia abdominal de 6 em 6 meses. Isto de modo a que o tumor seja detectado cedo e com pequenas dimensões, isto é com dimensões inferiores a 5 cm (tamanho de uma bola de ping-pong). Nesta fase é tratável e em alguns casos passível de ser curado.




Tratamento



O tratamento só é eficaz no hepatoma de pequenas dimensões, inferiores a 5 cm de diâmetro. Os únicos tratamentos com hipótese de potencial cura são a ressecção cirúrgica, o transplante hepático e a chamada ablação percutânea. Neste último, o tumor é destruído com injecção de álcool (alcoolização) ou com corrente eléctrica (radiofrequência). A quimioterapia não é eficaz. Outros tratamentos que estão associados ao aumento da sobrevivência é a chamada quimioembolização (administração de quimioterapia directamente no fígado através de uma das suas artérias) e um medicamento recente por via oral chamado sorafenib. Este último foi já aprovado pela agência Europeia do Medicamento (EMEA) e pela Food and Drug Administration dos estados Unidos para este fim. Os doentes que fazem este medicamento vivem mais e o crescimento do tumor é retardado.




Prevenção



A prevenção é muito eficaz: não às bebidas alcoólicas em excesso (2 a 3 no homem e 1 a 2 na mulher por dia), vacina da hepatite B, não partilhar material usado na droga e “sexo seguro” (preservativo e não a múltiplos parceiros).




Mensagens:



• O hepatoma está quase sempre associado à cirrose hepática;



• Álcool, hepatite B ou C, são as causas principais de cirrose;



• Os tratamentos só são eficazes em fases precoces.





Fonte: Jornal do Centro de Saúde

DIA MUNDIAL DO CANCRO DO RIM - 13 DE MARÇO: TABAGISMO É O PRINCIPAL FACTOR DE RISCO




Alexandra Figueiredo



O Director do Serviço de Urologia do Centro Hospitalar de Setúbal, Dr. Amaral Canelas, opera todos os anos 20 a 25 doentes com este tumor e diz que “até ao momento os estudos efectuados identificaram com segurança um único factor de risco no cancro do rim: o tabagismo. Quanto maior for o tempo de exposição ao tabaco, maior é o risco de desenvolver a patologia”.



Componentes químicos do tabaco provocam alterações das células e predispõem à formação do tumor do rim. Homens são os mais afectados.


O Director do Serviço de Urologia do Centro Hospitalar de Setúbal, Dr. Amaral Canelas, opera todos os anos 20 a 25 doentes com este tumor e diz que “até ao momento os estudos efectuados identificaram com segurança um único factor de risco no cancro do rim: o tabagismo. Quanto maior for o tempo de exposição ao tabaco, maior é o risco de desenvolver a patologia”.


“A mortalidade devida a estes tumores não tem diminuído significativamente, levando a crer que factores ambientais, dietéticos, hábitos tabágicos e outros, possam estar envolvidos na génese desta doença. Os homens são os mais afectados e devido à evolução imprevisível deste tumor os doentes ficam sob vigilância para o resto da sua vida”, explica Armando Canela.


Entre os sintomas estão a perda de sangue pela urina. Amaral Canelas aconselha “perante qualquer perda de sangue pela urina deve consultar o seu urologista para uma investigação da causa do problema. Actualmente, o uso cada vez mais generalizado da ecografia e da tomografia axial computorizada (TAC) permite detectar com maior facilidade esta doença. O tratamento de eleição, quando detectada a doença, é a extracção do rim através de cirurgia aberta ou laparoscópica (uma técnica menos invasiva)”.


Recentes desenvolvimentos no estudo deste tipo de tumor têm permitido novas abordagens terapêuticas, como por exemplo, o uso de fármacos que podem constituir vias promissoras no tratamento do Carcinoma de Células Renais já com metástases.


Na véspera do Dia Mundial do Cancro do Rim é importante lembrar que os tumores renais representam 3% de todos os tumores malignos do adulto. Os carcinomas de células renais apresentam uma incidência global de 8,7 casos por ano por 100 mil habitantes sendo a 3ª neoplasia urológica mais frequente.





Fonte: Pharmaedia

Tuesday, March 11, 2008

VERGONHA AINDA É FACTOR LIMITATIVO NA IDENTIFICAÇÃO DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA


Sofia Aguiar



Foi hoje apresentada, ao início da tarde, a primeira Associação de Doentes com Disfunção da Bexiga, em Portugal. Na semana em que se assinala o Dia da Incontinência Urinária (14 de Março), nasce assim o embrião de uma instituição que visa “dar a mão” a todos aqueles que vivem em silêncio com uma doença que condiciona o seu relacionamento pessoal, social e laboral.



Lígia Almeida, impulsionadora da associação realça que “não podemos cruzar os braços perante a doença. A solução passa por vencer o problema e recorrer a ajuda médica, com vista à solução do problema. Existem actualmente terapêuticas capazes de curar grande parte das situações e como tal, não existe motivo para evitar a consulta com um especialista, no primeiro momento em que nos apercebemos que se passa algo de errado”.


Também no âmbito da celebração do Dia da Incontinência Urinária, a Associação Portuguesa de Urologia e (APU) e a Associação Portuguesa de Neuro-Urologia e Uro-Ginecologia (APNUG) apresentaram hoje os resultados de um estudo epidemiológico realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. As conclusões desta pesquisa revelam que a prevalência da incontinência urinária nas mulheres é de 21,4% e de 7,6% nos homens mas que apenas 4,9% destes casos são diagnosticados por um médico. Esta realidade comprova que a maioria das pessoas evita procurar a ajuda de um especialista porque considera erradamente a perda de urina involuntária como algo associado ao envelhecimento e, como tal, encara o problema como algo sem solução. O estudo demonstra ainda que a doença é mais prevalente nas mulheres com idades compreendidas entre os 60 e 79 anos (26%) e nos homens com mais de 79 anos (21,6%).


“Observa-se uma grande diferença entre a prevalência de incontinência urinária autodeclarada e a existência de diagnóstico médico dessa condição (15% nas mulheres e 5% nos homens), realçando a necessidade de educação da população e de alerta dos profissionais para esta patologia” explica Paulo Dinis, Presidente da Associação Portuguesa de Neuro-Urologia e Uro-Ginecologia.


A incontinência urinária resulta da incapacidade em armazenar e controlar a saída da urina. As mulheres têm o dobro de probabilidades de serem afectadas pelo problema quando comparadas com os homens. A incontinência urinária de esforço é o tipo mais frequente de incontinência nas mulheres e caracteriza-se pela perda involuntária de urina ao tossir, fazer esforços, espirrar, levantar objectos pesados ou executar qualquer tarefa que aumente bruscamente a pressão dentro do abdómen. As principais causas que contribuem para este problema são: disfunções do aparelho urinário associadas à idade, gravidez e o parto, elevações bruscas da pressão intra-abdominal associadas ao desporto e obesidade crónica.


QUEIXAS NA SAÚDE

RASTREIOS GRATUITOS À MEMÓRIA NO SAÚDE PORTUGAL 2008



Catarina F. Labau



Avaliar a saúde num único local. Rastreios à memória farão parte da lista de exames disponíveis gratuitamente à população. O evento contará ainda com rastreios ao colesterol, glicemia, índice de massa corporal, tensão arterial, visão, audição, rastreios pneumológicos e saúde oral.



A memória dos portugueses



Um dos destaques do Salão do Saúde Portugal 2008 é o rastreio à memória. Este rastreio, gratuito para a população, baseia-se numa aplicação de testes com a avaliação das funções cognitivas. Para o efeito, é aplicada uma escala de queixas subjectivas de memória, com algumas questões relacionadas com alterações de memória do dia-a-dia. Introduz-se também uma escala de sintomas depressivos, uma vez que o estado de humor influencia a memória. No final, aplica-se um teste breve de funções cognitivas nomeadamente, focando a memória e a orientação.




Na edição de 2007 do Saúde Portugal, os resultados deste rastreio indicaram que “de um modo geral, a maioria das pessoas apresentava queixas de memória significativas, associadas à presença de sintomatologia de tipo depressivo relevante”, de acordo com a responsável dos testes, a psicóloga clínica, Sandra Ginó, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.


No âmbito do evento Saúde Portugal 2008, que terá lugar daqui a um mês, entre os dias 10 a 13 de Abril, na Cordoaria Nacional, em Lisboa, será possível realizar, gratuitamente uma diversidade de rastreios, nomeadamente, o rastreio à memória, ao colesterol, glicemia, índice de massa corporal, tensão arterial, visão, audição, rastreios pneumológicos e saúde oral.


Conferências para profissionais da saúde e workshops para a população
O Saúde Portugal Expo & Conferências realizar-se-á de 10 a 13 de Abril de 2008, na Cordoaria Nacional, em Lisboa, e visa contribuir para a promoção da saúde dos portugueses, através de acções de informação e educação para a saúde, sensibilizando a população para a prevenção, diagnóstico precoce, eliminação de factores de risco e adopção de estilos de vida saudáveis.


O evento compreende 20 workshops “Como prevenir…” e “Como viver com…”, o 2º Fórum Nacional das Associações de Doentes, a Conferência “Cuidados Continuados Integrados”, promovida pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, a Conferência “Saúde e Exercício: Verdades e Consequências” e quatro salões que reúnem cerca de 100 instituições públicas e privadas do sector da saúde, entre centros hospitalares, clínicas, laboratórios farmacêuticos, sociedades médicas, associações de doentes, profissionais de saúde e farmácia.


O evento é organizado pelo Jornal do Centro de Saúde. A comissão de honra é presidida pelo Director-Geral da Saúde, Francisco George.





Fonte: Lift Consulting

TRISSOMIA 21: O CROMOSSOMA QUE MARCA A DIFERENÇA

Cláudia Pinto


As histórias de Henri e de Francisca cruzam-se apesar da discrepância de idades. A pequena Francisca tem dois anos e o Henri já conta com dezassete. Ambos têm algo em comum: são portadores de trissomia 21 e vivem no seio de famílias que aprenderam a lidar com a diferença, enfrentando barreiras e as dificuldades que esta limitação ainda impõe à sociedade.



O mongolismo, mais tarde conhecido como síndrome de Down, foi descrito, pela primeira vez, na Grã-Bretanha, no séc. XIX, pelo médico inglês John Landgdon Down, com base em algumas características observadas em crianças internadas num asilo de Inglaterra.


“Na segunda metade do séc. XX, J. Lejeune e colaboradores descobrem que o mongolismo resultava da presença de um cromossoma 21 supra-numerário (três cromossomas, em vez dos dois habituais), pelo que esta doença genética passou a designar-se, correctamente, por trissomia 21 (literalmente, três cromossomas 21)”, explica o Dr. Miguel Palha, pediatra do desenvolvimento e Director Clínico do Centro de Desenvolvimento Infantil Diferenças. Todos nós temos, no nosso ADN, 46 cromossomas, ou seja 23 pares. O trissómico não tem 46 cromossomas mas sim 47, localizando-se esse cromossoma extra, no par 21.


O risco de nascimento de uma criança com trissomia 21 aumenta com a idade da mãe. “Para as mães com idade superior a 35 anos, a probabilidade de se ter um filho com esta deficiência é significativamente mais elevada”, afirma Miguel Palha.




Características físicas e psíquicas


As pessoas com trissomia 21 têm uma incidência muito elevada de anomalias associadas. “O aspecto exterior (fenotipo) é muito característico: cabeça pequena, fendas palpebrais orientadas para fora e para cima (como nos povos orientais), orelhas pequenas e de implantação baixa, língua exposta fora da boca, pescoço curto e largo, mãos e pés pequenos e quadrados, baixa estatura, entre outros”, descreve Miguel Palha. Podem ainda verificar-se algumas perturbações na fala, decorrentes de uma macroglossia (língua grande) e de uma cavidade oral pequena. “Adicionalmente, a macroglossia relativa é um dos mais significativos e um dos mais evidentes estigmas físicos da trissomia 21”, acrescenta o especialista.


Estas são algumas das diferenças entre os portadores desta patologia e os outros. Quase todas as crianças com trissomia 21 apresentam ainda um défice cognitivo, “embora em dimensões muito variáveis. De um modo geral, é ligeiro a moderado”. No entanto, estas crianças podem ter uma vida normal e “alcançar bons níveis de autonomia pessoal e social”. São também muito meigas, alegres e “com grande capacidade para as trocas sociais”, acrescenta Miguel Palha.


Para que isto aconteça, os seus pais devem procurar associações que apoiem os portadores de trissomia 21. É o caso do Centro de Desenvolvimento Infantil “Diferenças”, com sede em Lisboa, e da Associação para portadores de trissomia 21 (Apatris 21), localizada no Algarve. Ambas as instituições desempenham um trabalho de extrema importância nesta área.
“Aqui, no Diferenças, as crianças têm um plano médico e um plano educativo. Vão uma vez por ano ao médico e têm uma rotina estabelecida, onde são avaliados os problemas de oftalmologia, de cardiologia, entre outros”, explica a Dra. Susana Martins, terapeuta ocupacional. No plano educativo, as crianças frequentam sessões de educação especial ou terapia da fala. “Os pais devem estar presentes em alguns destes encontros. A ideia é explicarmos o que estamos a fazer para que continuem o trabalho em casa.”


O desenvolvimento de uma criança com trissomia 21 é mais lento. No entanto, ela vai desenvolver e realizar todas as suas capacidades e actividades, mas comparativamente com as outras crianças, sempre um pouco mais tarde e mais lentamente. Por esse motivo, os pais de algumas destas crianças ficam surpreendidos com a sua evolução. “À partida, conseguem fazer um processo de aprendizagem adequado, se for muito bem treinado”, acrescenta Susana Martins.




Aprender a aceitar a diferença


“Os pais vão ser confrontados, de forma progressiva, com inúmeros obstáculos, o principal dos quais está relacionado com a exclusão social, muitas vezes veiculada e amplificada pelos hospitais, pelos centros de saúde, pelas escolas, pelas associações desportivas, pelas associações culturais e por outras instituições da comunidade”, afirma Miguel Palha. A única solução para este problema passa por conhecer melhor a trissomia 21 e aprender a lidar com a diferença.


“Os cidadãos com deficiência, independentemente das suas capacidades e competências, devem ser compreendidos, aceites e integrados na família, na rua, no bairro, na escola, no emprego, na associação recreativa ou desportiva e, de um modo geral, em toda a comunidade”, defende o pediatra.



Numa primeira fase, os pais sentem-se perdidos. “É sempre complicado receber uma notícia, que não vai de encontro às expectativas de pais e familiares. Por muito que se fale, ou que se saiba, não se está preparado quando é connosco”, diz-nos Cátia Fernandes, psicóloga educacional da Apatris 21.


No entanto, há excepções à regra. É o caso de Francisca Prieto, mãe de Francisca, que teve de enfrentar alguma discriminação no decorrer da sua gravidez. Determinada em ter a sua filha, nunca desistiu. “Quer para mim, quer para o meu marido, era perfeitamente evidente que iríamos ter este filho”, afirma. “Para mim, ter a Francisca era algo perfeitamente assumido, embora respeitasse as mães que tomavam outro tipo de opções. Senti uma pressão enorme para interromper a gravidez, por parte de amigos, familiares, classe clínica em geral, e das maneiras mais extraordinárias”, confessa.


Os especialistas recomendam aos pais uma melhor compreensão da trissomia 21, enquanto “um acidente genético que ainda não é controlável nem evitado”, adianta Cátia Fernandes. A melhor forma para começar a enfrentar a trissomia 21 é “procurar logo acompanhamento, que não deve ser negado nem negligenciado”.


Toda e qualquer criança que necessite de necessidades educativas especiais deverá, a partir dos 15 dias de idade, beneficiar de intervenção precoce por uma equipa especializada, que trabalhará com a criança. “Esse trabalho passará por técnicos como: psicólogos, médicos, terapeutas da fala e terapeutas ocupacionais”, refere a psicóloga educacional da Apatris 21.

Na ajuda ao desenvolvimento global do trissómico, todas as actividades e ofertas de estímulo são fundamentais, como por exemplo, a piscina e os cavalos.


O PANORAMA DA REABILITAÇÃO CARDÍACA




Dr. Jorge A. Ruivo





A esperança de vida da população portuguesa aumentou, fruto da melhoria das condições de vida das comunidades. Por outro lado, estamos a comer mais e de uma forma menos saudável, para não falar do facto de o carro, a televisão e o computador nos terem afastado do exercício físico. Como consequência assistimos a um aumento assinalável do número de obesos e da prevalência da doença cardiovascular.




A Reabilitação cardíaca (RC) tem mostrado ser uma valiosa arma terapêutica em indivíduos com doença cardiovascular, nomeadamente no que se refere à capacidade funcional, controlo dos factores de risco global, lentificação do processo aterosclerótico, aumento do limiar de isquémia com melhoria dos sintomas de angina, e mesmo efeitos sobre a mortalidade e novos eventos cardiovasculares. No entanto, continua a ser subutilizada em Portugal, com taxas de referenciação de doentes muito inferiores à média europeia.





O que é a RC?




É todo o processo de desenvolvimento e de manutenção de um nível desejado de actividade física, social e psicológica, após a doença se ter desencadeado. Estudos de metanálises demonstram que os programas de RC baseados no exercício reduzem a mortalidade total em 27% e mortalidade cardíaca em 31%. Actua, ainda, beneficamente ajudando ao controlo dos factores de risco tradicionais, tais como a resistência à insulina, diabetes mellitus, obesidade, dislipidemia e hipertensão. Promove a redução de comportamentos de risco, nomeadamente a cessação tabágica, alimentação saudável e gestão de stresse.





Qual o objectivo de um programa de reabilitação cardíaca (PRC)?




O principal objectivo do PRC é aumentar a qualidade de vida, manter e optimizar a capacidade funcional do paciente, reduzir o risco de doenças cardiovasculares através do exercício físico, educação e aconselhamento. Mas para que os benefícios sejam duradouros, os pacientes têm de ser responsáveis por um estilo de vida saudável e reduzir os factores de risco.





A quem se destina?




Existe uma crença errada de que, após um evento cardíaco, a pessoa deve limitar a sua actividade física, de forma a evitar a recidiva. Os profissionais de saúde devem aconselhar os seus doentes de uma forma simples e pragmática acerca do estado de saúde. Os PRC, inicialmente desenvolvidos nos anos 60, destinavam-se a doentes com enfarte do miocárdio não-complicado. Mais recentemente, o leque de candidatos alargou-se, incluindo, actualmente, doentes submetidos a revascularização coronária, com angina estável, doença arterial periférica, doença valvular, insuficiência cardíaca, portadores de pacemakers ou CDI, ou transplante de coração.






E o médico de família?



O médico de família deve saber que o programa de RC é uma resposta global às necessidades de Saúde do seu doente. Deve envolver os seus familiares mais próximos, para que o doente devidamente enquadrado tenha mais capacidade de fazer escolhas correctas e mantê-las em relação ao estilo de vida, alimentação e observância da terapêutica farmacológica. No capítulo da actividade física o médico de família deverá incentivar os seus doentes, numa fase de estabilidade clínica, a serem activos e realizarem pelo menos 30 minutos de actividade aeróbia na totalidade ou na maior parte dos dias da semana, combinando com treino de força e flexibilidade. De facto, a combinação de exercício com intervenção psicológica e educacional constitui a metodologia mais eficaz de reabilitação cardíaca. Há maior tendência para se frequentar um PRC quando se é referenciado pelo médico assistente.





Realidade portuguesa




Em Portugal só 1,8% dos potenciais candidatos são incluídos nos programas de RC. Os programas de RC deveriam ser implementados “obrigatoriamente”, devendo ser considerados uma peça fundamental para se prestarem cuidados de Saúde de qualidade aos doentes de maior risco e em quem o SNS muito investiu no decorrer do internamento hospitalar. Devido aos benefícios em mortalidade e morbilidade, aliada a um custo/benefício favorável, há muito que a tutela deveria ter implementado o aparecimento de centros de reabilitação cardíaca nas principais hospitais. Por outro lado, necessitamos de apostar em formação e de ter alguns meios económicos para que a actividade da RC se possa desenvolver.




Dr. Jorge A. Ruivo


Medicina Desportiva


Club Clínica das Conchas




Fonte: Jornal do Centro de Saúde

Friday, March 7, 2008

HOSPITAL FAZ DE CONTA

APRENDER A LIDAR COM A EPILEPSIA


Cláudia Pinto



A epilepsia nem sempre foi considerada uma doença. Na Antiguidade, chegou a ser associada a vários mitos e crenças. Apesar do maior conhecimento e de haver cada vez mais informação disponível, ainda existem alguns preconceitos associados à epilepsia. Sendo uma das doenças neurológicas mais frequentes, torna-se necessário conhecê-la e saber como lidar com ela. A epilepsia tem tratamento e são conhecidos casos de sucesso e curáveis.




Longe vão os tempos em que a epilepsia era associada a vários mitos. As pessoas não conheciam a sua origem e, por esse motivo, arranjavam causas sobrenaturais para explicar a doença.



“As teses mais antigas indicavam que a epilepsia era provocada por demónios”, diz-nos o Dr. Francisco Pinto, consultor de epilepsia do Hospital Fernando da Fonseca e Presidente Cessante da Liga Portuguesa Contra a Epilepsia (LPCE). Na Mesopotâmia, considerava-se que a epilepsia era provocada pelo Deus da Lua. “Também no Egipto, pensava-se que era um demónio ou um espírito de uma pessoa morta que entrava no corpo da pessoa com epilepsia”.



É conhecida igualmente uma referência semelhante na Bíblia. “Pensava-se que o espírito entrava no corpo de uma pessoa e era retirado através de exorcismos”. Por este motivo, as pessoas com epilepsia eram conhecidas como “demoníacas” e considerava-se que poderiam contagiar outras pessoas.




Hipócrates foi o primeiro a encarar a epilepsia como uma doença, muitos anos antes de Cristo. Foi ele quem afirmou que esta era uma doença “como todas as outras, provocada por causas naturais e que só desconhecimento das pessoas levaria à origem de vários mitos”, afirma o consultor de epilepsia do Hospital Fernando da Fonseca. Para o pai da medicina, a origem desta doença estava no cérebro.





Epilepsia ou epilepsias?



Vários séculos depois, ainda existe bastante desinformação e alguns preconceitos relacionados com esta doença. Como se define afinal a epilepsia? “É uma descarga eléctrica que se dá no cérebro”, explica Francisco Pinto. Qualquer pessoa pode sofrer um ataque epiléptico. “Uma em cada vinte pessoas tem uma crise isolada durante a sua vida”, defende a LPCE.



Sendo caracterizada pela repetição espontânea de crises epilépticas, “a epilepsia é um termo que engloba múltiplas manifestações anormais do comportamento cerebral, mas sempre sob a forma de crises epilépticas que se repetem espontaneamente”, explica o Dr. José Lopes Lima, Presidente da LPCE.




Se a descarga eléctrica for generalizada, “entramos no grupo das epilepsias generalizadas, sendo a mais frequente a ‘crise de grande mal’. Se a descarga for a nível local, ou seja, apenas no cérebro, estamos perante o grupo das epilepsias parciais”, afirma Francisco Pinto. Na “crise de grande mal”, também vulgarmente conhecida por convulsões, a pessoa perde subitamente o conhecimento, pode urinar-se, espumar pela boca, morder a língua, recuperando após esse episódio.



A fase de convulsões dura cerca de dois minutos e a recuperação é rápida. “Claro que estas crises parecem uma eternidade para as pessoas que assistem e que rodeiam o paciente”. São ainda de referir “as ausências próprias das crianças, que ficam paradas repentinamente, num espaço de 15 a 20 segundos, fazem um sorriso e voltam ao que estavam a fazer sem se recordarem do que aconteceu”.




Estes episódios são semelhantes aos que acontecem nas “crises focais complexas”. Geralmente, começam com um mal-estar abdominal, a pessoa fica parada, faz movimentos automáticos e a crise pára, sem que a pessoa se lembre do que se sucedeu”, defende Francisco Pinto.



Existem também vários tipos de crises e de causas de epilepsia. “Há crises em que não é preciso fazer nada. No entanto, na sua maioria, existe uma alteração do estado de consciência, pelo que o doente não tem um completo controlo da sua vontade, podendo comportar-se de forma estranha e não adequada ao contexto.




Deveremos assegurar-nos que o doente não está exposto a situações perigosas que podem pôr em risco a sua integridade”, diz-nos o Dr. Francisco Sales, neurologista e responsável pela consulta de epilepsia dos Hospitais da Universidade de Coimbra. As crises mais dramáticas são as convulsões, “quando o doente inconsciente tem inicialmente uma contracção violenta de todo o corpo seguida de abalos musculares ritmados também generalizados”.






Fonte: Jornal do Centro de Saúde
 

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