Bastam dois pequenos cortes para consumar a esterilização masculina. O homem deixa de poder engravidar uma mulher, mas a sua vida sexual não é afectada: continua a ter erecções e a ejacular. O desejo também se mantém.
A vasectomia é considerada a forma de contracepção definitiva mais eficaz. Para muitos casais que não desejam ter mais filhos, mas não podem ou não desejam adoptar um dos outros métodos contraceptivos, esta é uma opção eficaz e segura.
Tem sobre a laqueação de trompas - a esterilização feminina - a vantagem de ser realizada em ambulatório, sem necessidade de internamento, sendo um procedimento mais simples e menos invasivo.
Ambas são irreversíveis, ainda que, recentemente, tenham sido publicados estudos que dão conta da possibilidade de reverter a vasectomia, devolvendo ao homem a capacidade de ser pai.
Sem espermatozóides
O que está em causa na vasectomia é impedir a passagem dos espermatozóides, na medida em que são eles as células reprodutoras masculinas, logo, responsáveis pela fecundação.
São produzidos nos testículos e, durante o acto sexual, deslocam-se pelos canais deferentes - dois tubos finos que partem de cada testículo até ao pénis - até serem ejaculados com o sémen.
Para atingir este objectivo, através de uma pequena incisão cirúrgica em cada um dos lados do escroto, é removida uma porção de cada tubo (cerca de 1 cm), após o que as extremidades são fechadas.
O procedimento é simples, com recurso a anestesia local, pelo que o homem regressa a casa no próprio dia. Já o regresso ao trabalho deve ser feito a conselho médico em função do tipo de actividade e do esforço envolvido.
A esterilização é garantida praticamente a 100 por cento. Mas não no imediato: são precisos, em média, três meses para que haja impossibilidade total de uma gravidez. É esse o tempo necessário para "limpar" os canais deferentes de todos os espermatozóides neles existentes, o que corresponde a umas 15 a 20 ejaculações.
É necessária a confirmação de azoospermia num espermograma de controlo - significando isto que o sémen não apresentará então vestígios de espermatozóides: até lá é preciso usar um outro método contraceptivo.
Alguns riscos
Mesmo sendo simples, a vasectomia não está isenta de complicações: pode haver uma reacção inflamatória ligeira.
É preciso estar vigilante e contactar o médico se houver febre, dificuldade em urinar, hemorragia no local da incisão, se for detectado algum nódulo no escroto (a bolsa que envolve os testículos) ou se o inchaço próprio de uma cirurgia não desaparecer ou se agravar.
Um risco, ainda que raro, prende-se com a possibilidade de as extremidades dos canais deferentes se voltarem a unir. Se acontecer, o homem pode engravidar uma mulher.
Fora esta excepção, após uma vasectomia os espermatozóides deixam de poder passar pelos canais deferentes e de ser expelidos com o sémen, pelo que os testículos começam a produzir menos. E mesmo essa quantidade é absorvida pelo organismo.
A vasectomia é uma forma de esterilização - o equivalente no homem à laqueação de trompas na mulher (procedimento pelo qual se impede a descida do óvulo desde o útero).
Como tal, é uma forma de contracepção definitiva, radical. Inviabiliza a reprodução, mas não interfere com a vida sexual: o homem continua a manter erecções e a ejacular, não sendo igualmente afectado na libido.
Deixa é de poder ter filhos.
Reversível?
A vasectomia é um método de esterilização com uma eficácia muito próxima dos 100 por cento.
É também considerado um método irreversível. Contudo, existe a possibilidade de o homem recuperar a possibilidade de ter filhos.
Ela passa pela recolha de espermatozóides directamente do testículo para posterior inseminação artificial (se a vasectomia não tiver sido feita há muitos anos e a produção das células sexuais masculinas não tiver entretanto cessado).
Pode passar também pela vasovasostomia, uma cirurgia que consiste em refazer a ligação entre os canais deferentes. É, todavia, um procedimento complexo, demorado e dispendioso e que, além disso, não oferece garantias de pleno sucesso: há uma hipótese de 20 a 30 por cento de não se conseguir a união entre as extremidades dos canais.
Uma terceira alternativa envolve o congelamento de esperma antes da vasectomia.
É, no entanto, residual o número de homens que, depois de ter recorrido a este método, tenta revertê-lo. Quando acontece tem, com frequência, como motivo o desejo de ser novamente pai após a morte de um filho único.
Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF