Thursday, September 11, 2008

DOENÇAS DA PRÓSTATA AFECTAM OS HOMENS A PARTIR DOS 50 ANOS



Andreia Pereira


Segundo dados da Associação Portuguesa de Urologia (APU), 1/3 dos homens, acima dos 60 anos, apresentam sintomas de doenças da próstata. O diagnóstico precoce é, até ao momento, o único meio de colocar um travão ao avanço destas patologias.






Acontece, porém, que, por desleixo, muitos homens continuam a adiar uma visita regular ao médico. Para alertar para este problema, estão agendadas várias actividades, entre os dias 8 a 15 de Setembro, no âmbito da semana europeia das doenças da próstata.







Fruto do aumento da esperança de vida, uma grande percentagem dos homens, com mais de 65 anos, registam problemas de saúde associados à próstata. A situação mais frequente é a hipertrofia benigna da próstata (HBP), que se define pelo crescimento desta glândula.







Por razões que a ciência desconhece, "até ao momento, ainda não é possível explicar cabalmente este aumento do tamanho", diz o Dr. Francisco Rolo, presidente da Associação Portuguesa de Urologia (APU). Sabe-se, apenas, que este órgão, cuja forma é semelhante ao de uma castanha, "sofre alteração de tamanho em 60 a 70% dos homens, com idades compreendidas entre os 65 e os 70 anos".





Importa, no entanto, esclarecer que este crescimento nada tem a ver com o cancro da próstata: a situação mais grave. Segundo o presidente da APU, este problema, "circunscrito à próstata, implica uma perda de qualidade de vida, devido aos seus sintomas", nomeadamente do tracto urinário.





"A próstata envolve a uretra e, quando cresce, tem tendência para apertar a uretra, dificultando o fluxo de urina." Como resultado do compressão da uretra, "o jacto de urina começa a ficar mais curto, obrigando a uma micção mais frequente". Para tratar estas complicações da HBP, são administrados fármacos que diminuem o tónus muscular da próstata e que inibem a enzima que favorece o crescimento da glândula prostática.









Diagnóstico precoce facilita cura





Segundo Francisco Rolo, "há que contrariar a ideia de que só se deve procurar um médico quando se está doente", porque, depois de "os sintomas aparecerem, por vezes, já é tarde para actuar".





"Se for efectuado um diagnóstico precoce, antes da manifestação de sintomas de doença, o tratamento é mais eficaz, o que eleva as hipóteses de cura, concretamente no que se refere ao cancro da próstata." É por esta razão que está preconizada uma consulta anual, a partir dos 50 anos de idade.





Nos últimos anos, tem-se registado uma evolução positiva no tratamento das doenças da próstata, em resultado da capacidade de diagnóstico. O especialista defende que, hoje em dia, os meios de diagnóstico são muito mais avançados, não implicando exames complexos, nem dolorosos.





"Com uma ecografia ou análise de sangue já é possível detectar eventuais complicações", indica. Nas situações de HBP, a ecografia e o exame do toque rectal (apalpação da próstata) são métodos simples de detecção desta patologia. Já no caso do carcinoma, a realização da análise do antigénio específico da próstata, também conhecido como PSA, permite despistar grande parte das situações.




A doença prostática mais temida





De acordo com as estimativas, calcula-se que, anualmente, surjam cerca de quatro mil novos casos de cancro da próstata. Do total deste número, aponta-se para uma mortalidade de 1800 casos. "O carcinoma da próstata é um tumor bastante complexo e que nem sempre mata. Estes tumores evoluem de uma forma lenta, insidiosa e, durante muito tempo, não apresentam quaisquer sintomas", explica Francisco Rolo.





Embora se desconheçam as causas concretas implicadas com este carcinoma, sabe-se que a alimentação e o estilo de vida influem no aparecimento de cancro da próstata. "Suspeita-se que as doenças da próstata, na generalidade, estejam ligadas à obesidade, à diminuição da actividade física, e a uma alimentação pobre em vegetais e rica em gorduras animais."





Em estudos populacionais, verificou-se que, nos países com hábitos alimentares à base de hortícolas, a prevalência deste carcinoma é inferior. "Esta é uma prova aceite pela comunidade científica. Verificamos que em certas populações a prevalência deste carcinoma aumentou a partir do momento em que migrarem para países onde a dieta era profundamente baseada em gorduras animais e pobre em legumes", fundamenta o urologista.





No leque das causas do carcinoma, os factores familiares ou genéticos também determinam o aparecimento deste tumor na próstata. "Está provado que havendo antecedentes familiares, a prevalência está aumentada.

Tratando-se de familiares directos, está preconizada a realização do PSA aos 45 anos. Na restante camada da população masculina, em que esta situação não se verifique, aconselhamos o rastreio anual a partir dos 50 anos."









Detecção precoce é fundamental





O cancro da próstata evolui silenciosamente e, normalmente, os sintomas só se manifestam numa fase tardia. "Só depois de estar metastizado pelos gânglios linfático e pelos ossos é que os sinais de doença se manifestam". Prevenir e detectar precocemente são, neste caso, as palavras de ordem. Isto porque, numa fase mais tardia, já não existe possibilidade de cura, contrariamente ao que acontece nos estádios iniciais da doença, em que o tumor se encontra localizado.





Apesar de não traçar um diagnóstico exacto, a análise do PSA "é um marcador que alerta para a possibilidade ou probabilidade de existir uma suspeita, nomeadamente quando os valores estão acima de 3,5/4". "Servimo-nos desta análise para seleccionar os casos em que se deve fazer a biopsia da próstata", conclui Francisco Rolo.





Contudo, se houver uma detecção precoce, as hipóteses de cura "são de quase cem por cento, para as situações de tumor localizado", diz o especialista. E adianta que, "antes de se programar o tratamento, o médico terá de confirmar se a doença se encontra localizada". O que se consegue através da "palpação da próstata, da ecografia, da biopsia e de outros exames."





Em situações de doença localizada, existem dois procedimentos: a cirurgia e a radioterapia

externa ou interna. Esta última, também designada por braquiterapia, consiste na colocação de "sementes" radioactivas dentro da próstata, de modo a eliminar as células cancerígenas.






Os tratamentos hormonais, por outro lado, são utilizados em casos de tumores metastizados. Esta terapêutica, "ao inibir a produção de testosterona pelo organismo, contribui para a regressão do tumor, que necessita desta hormona para se propagar".




Fonte: Jornal do centro de saúde

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