Friday, November 7, 2008

VACINAS CONTRA O CANCRO DO ÚTERO

NUTRIÇÃO



Dr. Carlos Reis

Prevenir. Prevenir. Prevenir. A melhor forma de resolver qualquer problema é evitar que ele aconteça. Os que se enquadram na Saúde Estética da Mulher como a obesidade, gorduras localizadas, celulite, entre outros, não fogem à regra. Para os resolver, não deixe que apareçam. Como?




Alimentação. Algumas regras simples:




1 . Hidratos de Carbono à noite



Para quê ingerir grande quantidade de Hidratos de Carbono à noite, se, a seguir, nos vamos sentar ou deitar a ver a te-levisão e a dormir. Assim, ao jantar não será necessário co-mer mais de duas colheres de sopa de arroz ou massa ou uma batata (dependendo do metabolismo e actividade de cada pessoa e do resto do dia alimentar, se não houver de todo arroz ou batata ou massa ao jantar não se perde nada). Transferir a fruta para o resto do dia de modo a evitá-la à noite (é outra fonte de açúcar). Nada de leitinho com cereais antes de ir para cama, ou mesmo nela. Na sua maior parte, os cereais têm muito açúcar escondido. A ingerir, que seja em alturas em que o nosso organismo tenha tempo para gastar essa energia. Não esquecer: a Alimentação não repara, prepara.








2 . Compensar



Se fui lanchar um belo croissant com fiambre ou uma bola de Berlim, fiz muito bem (se não tenho peso a mais), mas o meu jantar será sopa e uma salada. Mais nada. Se fui jan-tar fora ao Rodízio com tudo a que tinha direito, amanhã como uma peça de carne branca ou peixe com salada ao almoço e sopa e salada ao jantar (sem fruta). É fundamental a noção das compensações: posso comer agora o que sei não ser o mais correcto sem qualquer peso na consciência, mas depois terei de cortar na altura e forma adequadas para compensar esse excesso.







3 . Não estar mais de 3 horas sem comer



Se ficarmos muitas horas sem comer despoletamos mecanismos no nosso organismo que conduzem ao consumo de massa muscular e acumulação de gordura com mais fa-cilidade. É dos maiores erros que cometemos e um dos prin-cipais responsáveis pelos pneus e pelo aumento das medidas nos glúteos e coxas, por exemplo.




Exercício físico

Caminhar 45 a 60 minutos, pelo menos 3 vezes por semana.
Atenção: não é passear a ver montras. Se não der para sair de casa, por isto ou aquilo, usar os tapetes ou bicicletas es-táticas. O tempo não pode ser desculpa... a não ser que exis-tam problemas ósseos e de articulações.




Estímulo da circulação

Refiro aqui este ponto porque, em milhares de senhoras com celulite que tenho visto, grande parte, senão todas, apresenta problemas circulatórios, principalmente ao nível linfático. Esta será uma das principais causas do aparecimento da "casca de laranja". O que podemos fazer? A caminhada aju-da, o salto alto e a calça justa prejudicam, o estar sentada todo o dia prejudica (aqui ponha o telemóvel a tocar de 20 em 20 minutos e quando ouvir o som levante-se e ande, mais que não seja desça e suba as escadas a pé; invente qualquer coisa mas mexa-se), o estar de pé, parada, muitas horas pre-judica, passar água fria nas pernas e quente de novo (choque térmico), pode ajudar, uma auto-massagem nas pernas com movimentos correctos após o banho pode ajudar. Em casos mais problemáticos, tratamentos específicos em Clínicas podem ser benéficos.




O mais importante, porém, é termos consciência de que é preciso manter os bons hábitos, e nada melhor para nos ajudar a conseguir os nossos objectivos do que recorrer a ajuda especializada.




Dr. Carlos Reis
Nutricionista das Clínicas Persona

Thursday, November 6, 2008

ESTUDO NACIONAL DA DIABETES INCLUI RASTREIOS NA MADEIRA


Na semana em que é assinalado o Dia Mundial da Diabetes, a 14 de Novembro, a equipa médida que está à frente do Estudo de Prevalência da Diabetes em Portugal vai estar na Madeira para fazer um rastreio a cerca de 500 pessoas, nos dias 10 e 11, a ter lugar nos centros de saúde de Machico, Nazaré, São Vicente, Calheta e Funchal


Esta é uma iniciativa da Sociedade Portuguesa de Diabetologia e realizada pela Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal e que teve início em Janeiro deste ano, tendo a sua conclusão prevista para final de 2008.


Este é um estudo que irá revelar pela primeira vez dados concretos sobre a diabetes em Portugal. Em análise estarão cerca de cinco mil pessoas, dispersas por todo o país. Até ao momento, foram rastreadas cerca de 3.800 pessoas, em 88 localidades.


Com 85 por cento do estudo concluído, os investigadores já concluem que os indicadores apontam para uma percentagem de diabéticos entre os 8 e os 10%, mais um terço que os dados revelados em 2007 pelo Inquérito Nacional de Saúde.


A diabetes é uma doença crónica que atinge aproximadamente um milhão de pessoas em Portugal, e que tem graves implicações a nível cardiovascular, renal, de amputações e/ou cegueira.


Esta patologia é já a quarta principal causa de morte na maior parte dos países desenvolvidos e, segundo a Organização Mundial de Saúde + , a cada 10 segundos morre uma pessoa vítima da doença.



Prevê-se que os índices de mortalidade aumentem 25% na próxima década. Ainda segundo dados fornecidos pela Organização Mundial de Saúde, esta patologia pode conduzir a uma redução da esperança média de vida, pela primeira vez em 200 anos.


Câmara do Funchal iluminada de azul


A 14 de Novembro é comemorado o Dia Mundial da Diabetes, que este ano é dedicado às crianças e adolescentes. Para assinalar a data, a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal e a Sociedade Portuguesa de Diabetologia promovem diversas iniciativas centradas no Círculo Azul da Diabetes, adoptado como símbolo oficial da campanha mundial e simboliza a vida, saúde e união no combate ao flagelo que a doença representa.


Assim, serão iluminados de azul edifícios e monumentos, como forma de alertar e sensibilizar para a doença. A Madeira junta-se a esta causa, com a iluminação de azul da Câmara Municipal do Funchal + , na noite de 13 para 14 de Novembro.


Fonte: JM

HEPATITE C



Dr. Jorge Areias


«Não estou doente, estou cansado! Não é difícil de compreender! -mesmo assim vai ao médico, ele examinar-te-á e seguramente te dará alguns conselhos até às férias...» Dez vezes, cem vezes, tínhamos tido a mesma discussão.





A importância da hepatite C resulta da elevada probabilidade do indivíduo infectado evoluir para a cronicidade, da sua associação com a cirrose e com o cancro do fígado (carcinoma hepatocelular), das terapêuticas que embora eficazes ainda não o são a 100%, e de não existir ainda uma vacina.




Os trabalhos mais recentes indicam que 20-30% dos doentes com hepatite crónica C vão desenvolver cirrose hepática, e que destes 20 a 30% vão progredir para o carcinoma hepato-celular ou para a insuficiência hepática que pode requerer a realização de transplante hepático.




Em Portugal, os dados disponíveis apontam para uma prevalência do anticorpo anti vírus da hepatite C (Ac anti-VHC) de 1,5%, ou seja, em Portugal existem cerca de 150 000 pessoas cronicamente infectadas com este vírus. As pessoas infectadas são na sua grande maioria assintomáticas, e servem de reservatório de transmissão a outras pessoas, e estão em risco de desenvolver doença hepática crónica como a cirrose durante as primeiras duas ou mais décadas depois da infecção inicial.




O vírus da hepatite C foi descoberto no final dos anos 80. Era melhor falar dos vírus da hepatite C, uma vez que se conhecem várias estirpes (ou genótipos), cada uma podendo
ser sudividida em vários subtipos identificados por uma letra. Em Portugal o genótipo mais frequente é o 1b.




Qualquer que seja o seu genótipo, o vírus da hepatite C (VHC) transmite-se essencialmente através do sangue, sendo, em Portugal, o seu reservatório mais importante encontrado entre os toxicómanos intravenosos. Este aspecto faz com que a hepatite C constitua um problema importante de Saúde Pública. As transfusões já não são perigosas, e o risco de transmissão do VHC por esta via, como de outros vírus, é praticamente nulo. Os derivados do sangue já não transmitem este vírus porque o modo como são produzidos elimina todos os riscos.




Os alimentos, a água, a saliva e o suor não transmitem este vírus, assim como não é possível apanhá-lo em sanitários públicos. Os indivíduos que contactam com um doente com hepatite C não necessitam de precauções em especial. Contudo, deve-se evitar partilhar objectos susceptíveis de terem contactado com sangue (lâmina de barbear, escova de dentes). Globalmente, o risco de contaminação por via sexual é baixo, assim como é baixo o risco de transmissão mãe-filho e a transmissão pela amamentação. Estes tópicos devem ser discutidos com o casal, e no caso de um membro do casal estar infectado, não devemos desencorajar que a esposa engravide, podendo mais tarde amamentar o seu filho.




O diagnóstico das hepatites baseia-se nos chamados marcadores víricos, os quais são muito fiáveis. A maior parte dos vírus da hepatite não atacam senão o fígado.




O tratamento actual consiste na administração de interferão peguilado, 1 injecção semanal administrada por via subcutânea, e de ribavirina, em comprimidos, diariamente. A duração do tratamento depende do genótipo, sendo de 1 ano no caso de genótipo 1, e de 6 meses no caso dos genótipos 2 e 3. Os objectivos do tramento são dois: negativar o vírus, que deixa de ser detectado no sangue, e normalizar o funcionamento do fígado; deste modo, anula-se o risco de evolução para cirrose, bem como o risco de aparecimento de carcinoma. Este tratamento implica, de maneira geral, alguns efeitos laterais, que regra geral são bem controlados com a administração de paracetamol. Este tratamento é muito caro, e representa um grande encargo para o Estado.




É fundamental que o tratamento seja realizado regularmente sem qualquer tipo de esquecimento quer da injecção semanal quer dos comprimidos tomados diariamente, pois sabe-se hoje que a falta de aderência ao tratamento é uma causa importante da sua ineficácia.




Quando o tratamento falha, e se o doente tem cirrose ou carcinoma hepatocelular, havendo perigo de morte, resta a transplantação hepática, cujos resultados hoje em dia são muito bons. A transplantação visa aumentar a sobrevida do doente e melhorar a sua qualidade de vida, tornando alguém incapaz de trabalhar num ser humano produtivo e trabalhador.








Dr. Jorge Areias,
Chefe de Serviço e Director do Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar do Porto, EPE (Unidade Hospital Geral de Santo António), Porto.
Professor Catedrático do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar, Universidade do Porto








Fonte: Saúde em Revista

Wednesday, November 5, 2008

SERÁ IMPORTANTE FALARMOS DE SAÚDE MENTAL?


Professor Adriano Vaz Serra


É sim, porque é grande o número de pessoas que tem uma má Saúde Mental. Segundo a O.M.S.1 cerca de metade das doenças mentais começam antes da idade dos 14 anos. Calcula-se que, em todo o mundo, cerca de 20% das crianças e adolescentes tenham doenças ou problemas mentais.





Esta circunstância ocorre igualmente em todas as culturas. Infelizmente, as regiões do mundo com a maior percentagem de população com idade inferior a 19 anos têm o nível mais pobre de recursos de Saúde Mental. A maior parte dos países com salários baixos ou médios têm apenas um pedopsiquiatra para cada 1 a 4 milhões de pessoas.




A Depressão - um quadro clínico bem conhecido - situa-se naqueles países como a 7.ª causa mais importante de doença, na medida em que tende a ser incapacitante, recorrente ou prolongada e, muitas vezes, mantém-se sem tratamento.




Todos os anos cerca de 800.000 pessoas cometem suicídio, 86% das quais nos países de recursos mais pobres ou medianos. A maior parte das pessoas que cometem suicído encontram-se na idade entre os 15 e os 44 anos. A taxa mais elevada de suicídio encontra-se nos homens dos países do leste europeu. Os transtornos mentais são uma das causas mais proeminentes e tratáveis de suicídio.




O estigma que acompanha as doenças mentais e a discriminação dos doentes e das suas famílias impede as pessoas de procurarem os cuidados apropriados para o tratamento deste tipo de situações. Há muita gente que considera um transtorno mental como uma questão de "força de vontade". Os níveis de estigma são mais acentuados nos meios urbanos, entre pessoas de níveis mais elevados de educação, do que nos meios rurais.




Os doentes psiquiátricos são frequentemente lesados nos seus direitos humanos na maioria dos países. Estes incluem restricção física, reclusão e negação de necessidades básicas e de privacidade.




Nos países carenciados de recursos há apenas 0,05 psiquiatras e 0,16 enfermeiros com a especialidade de psiquiatria por 100.000 habitantes, o que corresponde a um nível 200 vezes mais baixo do que nos países desenvolvidos e com salários altos.




De acordo com a O.M.S. centenas de milhões de pessoas em odo o mundo encontram-se afectadas por transtornos mentais, do comportamento e pelo abuso de drogas. A O.M.S. (2002) referiu que 154 milhões de pessoas no mundo sofrem de Depressão e 25 milhões de esquizofrenia; 91 milhões encontram-se afectadas por problemas de alcoolismo e 15 milhões pelo abuso de drogas. Mais recentemente a O.M.S. realça que 50 milhões de pessoas sofrem de Epilepsia e 24 milhões de Doença de Alzheimer e outras demências.




Em Portugal estamos actualmente numa época de mudança, em que se pensa ir colocando gradualmente na comunidade os doentes que passaram longos anos internados em hospitais psiquiátricos. Em 2007 tive o prazer de presidir a uma conferência do Professor Julian Leff que tem numerosos estudos sobre a inclusão de doentes psiquiátricos na comunidade. Transmitiu ideias muito importantes a este respeito.




Uma delas a de que os doentes mentais só serão bem aceites na comunidade, numa residência que lhes seja destinada, desde que haja previamente trabalho que leve a comunidade envolvente a conhecer melhor o que é um doente mental, a perder o medo com o seu contacto e a desenvolver uma atitude de aceitação.




Julian Leff referiu também que doentes hospitalizados há longos anos perderam, em 75% dos casos, os contactos com a família. São pessoas de fracas aptidões sociais, muitas ve-zes desinteressadas do meio envolvente e carenciadas de apoio. Carecem, por isso, de apoio social, de incentivo e de melhorar as suas aptidões.




Foram feitas diversas tentativas para, na passagem dos doentes hospitalizados para a comunidade, permitirem-lhes arranjar trabalho para se poderem manter autónomos. Muitas das tentativas falharam. Contudo, houve uma que deu resultado. Consistia em arranjar empresas que aceitassem a entrada de doentes mentais, devidamente tratados, para serem aí empregados. Cada doente aceite estava durante seis meses ligado a um supervisor que lhe ensinava o tipo de trabalho a fazer até ele se tornar completamente autónomo e rentável. Havia diversos supervisores por empresa. Quando os doentes se tornavam autónomos e rentáveis, então chegavam mais doentes que os supervisores ensinavam da mesma maneira.




Estes aspectos obrigam-nos a estarmos atentos para que a transferência dos doentes hospitalizados há longos anos, quando forem incluídos na comunidade, possam ter condições de autonomia, com respeito pelos seus direitos e qualidade de vida.








Professor Adriano Vaz Serra,
Professor Catedrático de Psiquiatria da F.M.C.
Director da Clínica Psiquiátrica dos H.U.C.
Presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria Saúde Mental






Fonte: Saúde em Revista

Tuesday, November 4, 2008

CANCRO DA MAMA

CANCRO DA MAMA



Dr. Maria João Cardoso


Não podemos deixar de iniciar um artigo sobre cancro da mama sem algumas reflexões sobre os números. Na verdade, o cancro da mama continua a ser, na Europa, o tumor mais frequente na mulher.





Em Portugal os dados disponíveis referentes a 2006 indicam um número de novos casos de 103,5 por 100.000 habitantes (uma em cada dez mulheres aproximadamente). A estimativa da mortalidade em Portugal, para o ano de 2006, foi de 21,0 por 100.000 habitantes. Isto significa, de grosso modo, que 2 em cada 10 mulheres diagnosticadas com cancro da mama irão morrer devido à doença.




Isto significa também, e deixando o pessimismo, que 8 em cada 10 mulheres diagnosticadas com cancro da mama irão viver!!!




Sou por natureza optimista e tento passar essa mensagem para as minhas doentes, pois mais do que a minha natureza, a evidência científica mostra-nos que temos razões para ser optimistas.




Este optimismo deve-se mais uma vez à ciência e aos seus avanços pois o diagnóstico e o tratamento do cancro da mama melhoraram espectacularmente nos últimos anos.




No entanto é difícil ultrapassar a barreira do pessimismo quando se encara a possibilidade de ter um cancro da mama. E porquê?




Obviamente porque a ideia de cancro continua associada à ideia de morte e na mama à ideia de amputação (mastectomia) e ainda à ideia dos efeitos nocivos provocados pelos tratamentos de quimioterapia e radioterapia.




O que fazer então perante a suspeita de que algo não está bem na mama, quer porque surgiu algum sintoma, quer porque os exames mostraram algo de anormal. Este é o primeiro problema que as mulheres têm que enfrentar.




Um conselho nesta fase, calma, mais de 80% das alterações, clínicas (nódulos, dor) ou infraclínicas (detectadas apenas nos exames), são benignas. Também nesta altura é muito importante o esclarecimento detalhado sobre o órgão, a sua fisiologia e o que significam os sintomas que aparecem. Aqui uma chamada de atenção: o diagnóstico das lesões da mama não deve ser feito inicialmente com a cirurgia! Com os exames que actualmente temos disponíveis (Mamografia, Ecografia, Ressonância e Biópsias de Agulha) podemos, sem ter que fazer uma operação, obter um diagnóstico correcto em mais de 95% dos casos.




Mas, e se a suspeita for de um cancro, pois eles existem? Também aqui e hoje, inequivocamente, um bom diagnóstico leva a um melhor tratamento. Saber que se tem um cancro não é suficiente, pois não só não há dois cancros iguais como o comportamento de cada um varia de acordo com o organismo onde se desenvolveu.




Realço por isso a necessidade de saber o que vamos tratar e como o vamos tratar. Mais uma vez a primeira atitude deve ser realizar todos os exames possíveis para saber tudo sobre o cancro que vamos tratar. Da mesma forma devemos saber tudo sobre a mulher que vamos tratar!




Há 20 anos atrás nenhuma destas afirmações era importante pois o tratamento do cancro da mama passava sempre por retirar a mama (mastectomia) e os gânglios debaixo do braço (esvaziamento axilar). Hoje, ainda que essa opção continue a existir, outras alternativas, que vão desde a cirurgia conservadora até à mastectomia com reconstrução imediata (na mesma altura em que se tira a mama faz-se a reconstrução) e aos tratamentos de quimioterapia primária (antes da cirurgia) para tornar o tumor mais pequeno e permitir uma cirurgia mais limitada, se afirmaram permitindo às mulheres que têm estas escolhas uma forma diferente de ver a doença e o tratamento. Esta diversidade de opções aplica-se também à radioterapia e aos tratamentos sistémicos (quimioterapia, hormonoterapia e terapias biológicas).




Hoje o tratamento é afinado para cada mulher e para cada cancro. São os chamados "tailored treatments", em português os tratamentos talhados para cada um. Esta abordagem cen-tra-se na diversidade do indivíduo e da doença e tem como objectivo fundamental a optimização do tratamento com consequente melhoria da sobrevivência.




Com estes ingredientes, um melhor diagnóstico e novas formas de tratamento, é claramente mais fácil passar a todos, e com convicção, a tal mensagem de optimismo.





Dr. Maria João Cardoso,
Coordenadora do Grupo de Patologia Mamária do Hospital de S. João e
Professora Auxiliar de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP)








Fonte: Saúde em Revista

DPOC-CDOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA


Dr. António Segorbe Luís


O tabagismo é o principal factor de risco para o cancro do pulmão e para o desenvolvimento de Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC).





A s poeiras, fumos e químicos do ambiente profissional, quando as exposições são suficientemente intensas e prolongadas, a poluição do ar do interior por combustíveis orgânicos, utilizados para cozinhar e para aquecimento de habitações inadequadamente ventiladas, e a poluição do ar exterior, que aumenta a carga total de partículas inaladas, podem contribuir para a DPOC, mas, sobretudo, potenciam a doença na população fumadora e agravam-na quando já presente.




A realidade do nosso País referente ao tabagismo sugere que a DPOC deva ser considerada como um problema de saúde pública com tendência de agravamento no futuro, se considerarmos a estimativa, consensual e universalmente aceite, de que pelo menos 20% dos fumadores virão a desenvolver DPOC. A DPOC tem uma prevalência em Portugal de 5,3 %, taxa conhecida pela 1ª vez, em 2003, num estudo efectuado pela SPP (de 1384 indivíduos rastreados, com a idade média de 49 anos, sendo 25% fumadores e 22% ex-fumadores, 5,3 % apresentavam DPOC. Recentemente, no contexto de uma acção de rastreio à Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) foram examinados 2400 trabalhadores de empresas portuguesas, tendo sido detectada uma prevalência de DPOC de 6,3%.




Habitualmente a doença não é reconhecida e diagnosticada até que seja clinicamente aparente e moderadamente avançada. O grande problema é que a limitação respiratória na DPOC tende a ser progressiva e, em fase evoluída, torna-se incapacitante.




O grande impacte da doença na qualidade de vida dos doentes - com repercussão no meio familiar e consequências negativas a nível profissional e social -, leva a que seja o peso dos "dias perdidos", de vivência com a doença e por morte prematura, a parte mais significativa do custo global da DPOC.




A referência a tosse e produção de expectoração frequentes e a dificuldade respiratória num esforço banal por um fumador ou ex-fumador com mais de 40 anos, deve fazer pensar em DPOC.




Todavia há doentes assintomáticos; mas, na maioria, a tosse e a expectoração diárias precedem, em anos, a limitação ventilatória. Há que pensar, ainda, nos casos em que a única queixa é a dificuldade respiratória no esforço.




A DPOC, em Portugal, está claramente subdiagnosticada! As razões para assim acontecer são múltiplas: o fumador subvaloriza os sintomas e vive com eles sem comunicar ao médico; os profissionais e autoridades de saúde só na transição do século é que despertaram colectivamente para o grande problema que é a DPOC; depois, há insuficiência de meios de diagnóstico nos cuidados primários, isto é, espirometrias.




A espirometria, um exame que mede o volume e a velocidade do ar expirado, é necessária para confirmar o diagnóstico de DPOC e serve para orientar o tratamento, avaliar a resposta terapêutica e monitorizar a evolução.




Uma espirometria normal nega a possibilidade de presença de DPOC clinicamente relevante.




Embora não cure a DPOC, o tratamento farmacológico tem um efeito relevante na funcionalidade e qualidade de vida dos doentes. Todavia, é a cessação tabágica a medida de maior benefício e maior eficácia no controlo da evolução da doença. Aliás, a necessidade de cessação tabágica deverá centrar o acompanhamento do doente com DPOC.





Uma redução da prevalência de tabagismo na população será uma incomensurável mais valia, por drástica redução do número anos de vida perdidos por morte prematura e incapacidade por DPOC.





Ter o prazer de não fumar um cigarro é, sem dúvida, o desejo oculto de muitos fumadores. Mas, só com um esforço colectivo, sistemático e organizado, é que se poderá alterar o cenário do tabagismo e da DPOC em Portugal.






Dr. António Segorbe Luís,
Presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia







Fonte: Saúde em Revista

USO DO MP3 EM VOLUME ELEVADO PODE LEVAR A SURDEZ

INFECÇÃO POR HPV



Dr. Daniel Pereira da Silva,


O cancro do colo do útero tem uma incidência muito alta em Portugal no contexto da Europa dos quinze. Tal facto é consequência da ausência de programas de rastreio organizados em todo o país. A região centro tem um programa em curso desde 1990, por isso apresenta uma taxa de incidência muito mais baixa que o resto do país.





A história natural deste cancro é bem conhecida. O principal responsável é o vírus do papiloma humano de alto risco (HPV). Numa 1ª fase o vírus infecta as células do colo do útero e depois, perante determinadas condições, transforma-as progressivamente numa célula cancerosa. Na maior parte dos casos, esta evolução acontece sem qualquer sintoma, sem qualquer sinal.




As infecções pelo HPV são a doença sexualmente transmissível mais frequente na Europa. Em mulheres sexualmente activas, alguns estudos demonstram uma prevalência de 70%, o que é muito elucidativo da facilidade com que transmite. Não são necessários comportamentos considerados de risco para que uma mulher possa entrar em contacto com o vírus e adquirir a infecção.




O vírus propaga-se com extrema facilidade através das relações sexuais, mas não é indispensável que haja penetração, basta um contacto da zona genital com o vírus. A infecção, por si só não representa uma ameaça grave, na medida em que na maior parte dos casos (95%) é debelada pelas defesas naturais, sem consequências.




O problema está, que não é possível distinguir à partida os 5% em que corre mal. Por isso é fundamental a prevenção com a vacina e o rastreio. Em Portugal te-mos cerca de 2.850.000 mulheres que deviam fazer regularmente um rastreio com citologia. Destas 20 a 30% fazem citologias todos os anos, às vezes mais de uma vez por ano.




As restantes nunca o fizeram ou fazem-no erraticamente, sem método, sem rigor! É sobretudo neste grupo que vamos encontrar os cerca de 960 novos casos de cancro invasivo que diagnosticamos todos os anos. Destas cerca de 360 vão morrer, porque a doença é detectada numa fase tão avançada, que a cura não é possível! No pro-grama de rastreio da região centro 90% das mulheres com cancro invasivo do colo não fazem uma citologia há mais de 5 anos!




São factos preocupantes, fruto da falta de visão estratégica do Ministério da Saúde durante muitos anos, que finalmente mereceu outra atenção pela equipa de Correia de Campos, que importa saudar. Organizar programas de rastreio em todo o território nacional é premente. Esperamos que a ministra recentemente empossada inclua nas prioridades do seu ministério esta necessidade.




Uma nova e promissora expectativa foi aberta com o advento da vacina. Duas estão disponíveis nas farmácias. Ambas protegem contra o HPV 16 e 18, que são responsáveis por cerca de 75% dos casos de cancro do colo do útero. Uma delas é quadrivalente, porque protege também contra o HPV 6 e 11, que é responsável por 90% dos condilomas genitais e pode proporcionar outros benefícios potenciais diminuindo a frequência de lesões pré-cancerosas genitais e doenças graves da laringe. O Ministério da Saúde decidiu incluir a vacina no plano nacional de vacinação, tornando-a de uso universal e gratuita para toda a população envolvida: jovens com 13 anos em 2008; jovens com 13 e 17 anos em 2009, 2010 e 2011, seguindo-se então só as adolescentes com 13 anos.




Algumas vozes críticas disseram que o universo de jovens envolvidas deveria ser alargado, mas manda o bom-senso reconhecer que se trata de uma medida muito positiva, que implica um esforço financeiro significativo. A grande dúvida permanece para as jovens que não vão ser incluídas no plano nacional de vacinação. Haverá ou não comparticipação?
Seja como for, importa salientar que a vacina não cobre todas as hipóteses. Para as vacinadas e não vacinadas o rastreio é indispensável.





Uma pequena nota pessoal: - Se não faz uma citologia há mais de 3 anos, procure já o seu médico.





Dr. Daniel Pereira da Silva,
Director do Serviço de Ginecologia,
IPO Coimbra
 

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