Sunday, April 13, 2008
TRATAR O MAL PELA VARIZ
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10:55 AM

Andreia Pereira
São inestéticas, podem ser uma das causas de cansaço dos membros inferiores e, em situações mais graves, provocam dor e incapacidade. Fala-se, pois, das varizes. Aquelas veias dilatadas, de cor azulada, que atingem cerca de 1/3 da população portuguesa.
Pernas esbeltas. Quem as não quer? Mas, apesar de este ser um desejo comum ao sexo feminino, a verdade é que, segundo os últimos dados de um inquérito da Eurotest, realizado em 2001, estima-se que dois milhões de mulheres portuguesas, em idade adulta, convivam com as incómodas varizes à flor da pele. Afinal que problema é este que ameaça as pernas?
“As varizes são dilatações das veias, causadas pela perda da sua elasticidade, Essas veias dilatadas deixam de ter a função de transportar o sangue venoso, e já usado, de volta ao coração. Desta forma, o sangue fica acumulado no seu interior”, diz o Dr. Eduardo Serra Brandão, director do Instituto de Recuperação Vascular (IRV), em Lisboa.
À primeira vista, poder-se-ia dizer que estas veias salientes e tortuosas, desenhadas sobre a pele das pernas, não passariam de uma mera preocupação estética. Porém, as varizes, como explica o especialista em cirurgia vascular, “correspondem a uma fase de evolução de uma patologia mais complexa, que é a doença venosa. ”Com o passar dos anos, a compressão permanente das varizes, de dentro para fora, vai causar umas manchas acastanhadas, que só regridem após o respectivo tratamento vascular”, informa Eduardo Serra Brandão. Mas nem sempre a doença venosa se faz acompanhar de sinais observáveis.
“A sensação de peso, cansaço, comichão e cãibras nocturnas, nos membros inferiores, são alguns indícios de que as veias estão as perder elasticidade e de que a circulação não se está a efectuar convenientemente. Esta situação favorece a estagnação do sangue venoso dentro das veias das pernas [daí a cor azulada das varizes] e, por conseguinte, a sua dilatação.”
As mulheres são o alvo preferencial da insuficiência venosa, uma patologia que atinge cerca de 1/3 da população portuguesa, em idade laboral adulta. No entanto, o especialista ressalva que os homens também podem sofrer deste problema, embora em menor número. Contudo, “como o homem tem menos preocupações estéticas, usa calças, não faz depilação e, por outro lado, é mais avesso a tratamentos, deixa protelar a situação, chegando às consultas de cirurgia vascular numa fase tardia e avançada”.
Mulheres mais afectadas
A doença venosa pode ter duas causas: genética ou adquirida. No primeiro caso, se já houver antecedentes familiares, a partir da puberdade – uma fase de explosão hormonal – as mulheres começam a sentir na pele os primeiros sinais de varizes. “Não existe um calendário pré-definido ou idade estabelecida para as varizes aparecerem”, aponta o especialista, esclarecendo que estas podem surgir logo a seguir à puberdade ou nos primeiros anos da idade adulta.
As mulheres acumulam mais factores de risco do que o homem: a toma de anticoncepcionais, a gravidez e a realização de tarefas que obrigam a um maior tempo de permanência em pé, como passar a ferro e outras actividades domésticas, são razões que concorrem para o aparecimento ou agravamento das varizes no sexo feminino.
O estado de gravidez desencadeia um conjunto de alterações hormonais – factor de dilatação ou inchaço das pernas –, que, conjugadas com o volume e pressão intra-abdominal, devido ao útero grávido, favorecem o aparecimento das incómodas veias dilatadas. Porém, como salienta Eduardo Serra Brandão, pode “tratar-se de uma situação temporária, que, em determinadas mulheres, regressa à normalidade no pós-parto”. Desta forma, o tratamento deve ser iniciado um a dois meses depois do parto e da cessação do aleitamento, uma vez que, “durante esse período, ainda se registam alterações hormonais que não possibilitam a regressão da doença”.
O especialista explica, ainda, que existem outras situações que podem comprometer a saúde das pernas, nomeadamente a depilação com cera quente ou elevado tempo de exposição solar. “O calor despoleta o aparecimento ou agrava a situação. Mas, no caso das depilações a cera, há que ter em conta que o próprio arrancamento causa um traumatismo que pode lesar uma pequena variz.”
Contrariamente ao que se possa pensar, as varizes são muito mais do que linhas “inchadas” sobre as pernas, que causam algum mal-estar estético. Estas fazem parte da doença venosa, uma patologia que começa por provocar alterações cutâneas, que se manifestam sob a forma de hiper-pigmentação: a pele começa a escurecer. “Essa pele, pouco oxigenada e alimentada, começa a tornar-se atrófica.
Com a progressão da doença, ao longo de décadas, sem recurso a tratamento, aparecem as úlceras, que são a forma mais grave da última fase desta patologia. “Em última instância, “estas podem ser responsáveis por grande sofrimento e incapacidade.”
Para evitar este tipo de situações extremas, o especialista recomenda um conjunto de medidas preventivas, que permitem minimizar ou estabilizar a doença venosa. Em primeiro lugar, aconselha a adopção de uma alimentação regrada e equilibrada e a prática de exercício físico. Segundo Eduardo Serra Brandão, estas medidas visam, sobretudo evitar a obesidade: um dos principais factores de risco das varizes. “Alguns alimentos têm uma acção negativa sobre a veia, concretamente as comidas altamente condimentadas e o abuso do álcool.”
Para além destas medidas, está recomendado o uso de uma contenção elástica, que vai desde a meia ao collant de descanso. Para evitar as alterações cutâneas ou as flebites, o especialista recomenda “a toma de flebotropos: medicamentos com acção na parede dos vasos e na microcirculação”.
Tratamento para as varizes
A escleroterapia, vulgo “secagem”, é aconselhada para varizes de pequeno calibre, com um reduzido grau de desenvolvimento, e todas aquelas que não possuem indicação cirurgica. Segundo Eduardo Serra Brandão, esta técnica consiste na “queimadura” da variz. A veia, após a “secagem”, acaba por se tornar um cordão fibroso, que, posteriormente, será absorvido pelo organismo. Em termos práticos, a “veia fica seca, como um galho de uma árvore”. A escleroterapia “trata cerca de 90% das varizes com esta indicação terapêutica”.
Em situações pontuais e seleccionadas, pode-se recorrer ao laser transcutâneo, que permite resolver os derrames e varizes até dois milímetros de espessura. Contudo, alerta o especialista, “esta técnica é mais onerosa”. Se através do ecodoppler (exame de diagnóstico que detecta a existência de insuficiência venosa), se chegar à conclusão de que existem varizes com indicação cirúrgica, a solução passa pela operação. “Até à cirurgia, o doente deve utilizar collants de descanso e tomar flebotropos. A cirurgia pode ser efectuada com laser endovascular e anestesiai local, em regime ambulatório, ou com internamento hospitalar e anestesia geral ou intradural, nos casos mais avançados.”
Fonte: Jornal do Centro de Saúde
Friday, April 11, 2008
PSORÍASE TEM FORTE IMPACTO PSICOLÓGICO E EMOCIONAL NOS DOENTES
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8:52 AM

Inês Lucena
Mostrar as mãos em público, mudar de roupa perto de colegas de balneário ou andar de calções e t-shirt são algumas das situações evitadas pelos doentes com psoríase no local de trabalho. Esta é uma das conclusões do primeiro estudo sociológico sobre a psoríase em Portugal, apresentado hoje pela PSOPortugal, Associação Portuguesa da Psoríase, na inauguração da sua sede em Lisboa.
O estudo foi desenvolvido pela Datamédica, em parceria com a PSOPortugal, e avaliou o impacto desta doença crónica de pele na vida de 150 doentes de psoríase.
De acordo com o estudo, para 76 por cento dos inquiridos, a psoríase tem efeitos psicológicos na sua vida, sendo que para 38 por cento o impacto é muito grande a este nível. As idas à praia e à piscina são as situações mais complicadas de exposição para os doentes, devido ao forte estigma que ainda existe em torno da doença.
Também a nível familiar, a psoríase tem impacto na vida dos doentes. Para 28 por cento dos inquiridos, a sua sexualidade é afectada pela doença e para 19 por cento a relação com familiares é igualmente influenciada.
No que toca ao absentismo laboral, a maioria dos doentes faltou até 20 dias por ano ao trabalho devido à psoríase.
De acordo com João Cunha, Presidente da PSOPortugal, “este estudo vem consubstanciar a mensagem que a associação tem transmitido ao longo dos anos: a psoríase tem um forte impacto na qualidade de vida dos doentes, não só em termos físicos pelo seu aspecto e dor que provoca nos doentes, mas também na repercussão que tem a nível familiar, social, profissional, emocional e psicológica.”
E acrescenta: “É fundamental alertar a opinião pública para esta doença que, apesar de ser crónica e ter uma influência enorme na vida dos doentes, não é reconhecida como tal pelo SNS. Há casos de doentes que, devido à falta de comparticipação dos medicamentos, não são tratados porque não têm possibilidades financeiras para o fazer”.
O estudo agora apresentado refere ainda que na maioria dos casos (79%), a psoríase foi diagnosticada pelo dermatologista, tendo 19 por cento sido pelo médico de família. Entre os sintomas mais frequentes da doença, destacam-se a descamação (26,96%), a comichão (19,59%) e a vermelhidão (17,74%). Ainda cerca de 40 por cento dos inquiridos referem ter dor nas articulações provocada pela doença.
Entre as doenças associadas à psoríase destacam-se a diabetes (28% dos inquiridos) e o colesterol elevado (26%). A hipertensão arterial e a obesidade estão presentes igualmente presentes em 11 e 7 por cento dos inquiridos, respectivamente.
A maioria dos inquiridos (56%) considera ter alguma informação sobre as opções mais recentes de tratamento. De destacar que apenas 2 por cento assinalam não ter informação sobre a doença. Entre as principais fontes de informação, o dermatologista e a internet são indicados como os mais frequentes veículos de transmissão de informação.
Também hoje, a PSOPortugal inaugura oficialmente a sua sede em Lisboa, um espaço cedido pela Câmara Municipal de Lisboa e que ajudará todos aqueles que procuram o apoio da associação e que pretendem promover a melhoria da sua qualidade de vida.
A Associação Portuguesa da Psoríase foi formalmente constituída em Fevereiro de 2005 e tem como principais objectivos promover e dinamizar campanhas para alertar, despertar e sensibilizar a sociedade para a discriminação social e profissional de que são alvo os doentes de psoríase; mas que por outro lado luta também para que a psoríase seja reconhecida como doença crónica pelo SNS.
A Psoríase:
A psoríase é uma doença da pele bastante frequente que afecta de 1 a 3 por cento da população mundial (cerca de 190 milhões de pessoas). Em Portugal, estima-se que cerca de 250 mil pessoas sofram de psoríase.
É uma doença crónica, hiperproliferativa da pele e de etiologia desconhecida, mostrando uma grande variedade na severidade e na distribuição das lesões cutâneas.
Manifesta-se igualmente em homens e mulheres, principalmente na faixa etária entre 20 e 40 anos, mas pode surgir em qualquer fase da vida. A sua causa é desconhecida. Fenómenos emocionais são frequentemente relacionados com o seu surgimento ou o seu agravamento, provavelmente actuando como factores desencadeantes de uma predisposição genética para a doença. Cerca de 30 por cento das pessoas que têm psoríase apresentam história de antecedentes familiares.
De aspecto inestético e consequentemente incómodo nas zonas expostas, a psoríase pode também ter repercussões psicológicas nas pessoas atingidas no conjunto do corpo.
Fonte: Porter Novelli
DOSSIER DISFUNÇÃO ERÉCTIL
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8:28 AM
Carla Carrinho
O que é a Disfunção Eréctil? A Disfunção eréctil (DE), vulgarmente conhecida por impotência sexual, é definida cientificamente como a incapacidade de obter e/ou manter uma erecção adequada para realizar o coito.
A DE é uma patologia muito frequente, afectando cerca de 500.000 Portugueses e está directamente correlacionada com a idade, a hipertensão, a diabetes, a hiperlipidémia e o tabagismo, podendo ainda estar associada a: disfunção endotelial; factores neurogénicos (prostatectomia radical, lesão da espinal-medula, esclerose múltipla); utilização de fármacos anti-hipertensivos e antidepressivos; factores psico-sociais (depressão, stress).
As perturbações da erecção podem ocorrer apenas durante um certo período de tempo, devido, por exemplo, a stress, preocupações ou a excesso de trabalho. Estas resolvem-se normalmente, com descanso ou com a solução do problema, seja familiar ou profissional.
Outras vezes, a disfunção eréctil torna-se mais frequente e persistente, dificultando as relações sexuais satisfatórias. Esta situação provoca um forte abalo físico, emocional e social na auto-estima, tornando o homem que sofre de DE cada vez mais inseguro, perturbando as suas relações a vários níveis: familiares, pessoais ou profissionais.
FAÇA O DOWNLOAD DO DOSSIER COMPLETO SOBRE DISFUNÇÃO ERÉCTIL (Documento associado.pdf) clicando no título deste texto
Fonte: Multicom
FIBROMIALGIA
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7:48 AM
Prof. Doutor Jaime C. Branco
A fibromialgia (FM) é uma entidade clínica cuja manifestação principal e mais frequente é a dor musculo-esquelética generalizada. Esta dor, que os doentes fibromiálgicos referem "no corpo todo", não é articular nem óssea mas localiza-se nos tecidos moles do aparelho locomotor (isto é, músculos, tendões, ligamentos, fáscias).
Apesar da dor lhes ser referida, nestes tecidos, nomeadamente nos músculos, não foram, até hoje, identificadas quaisquer alterações, quer morfológicas quer metabólicas, que possam ser responsabilizadas pelas queixas dolorosas.
A origem da dor da FM permanece, ainda hoje, incompletamente esclarecida mas sabemos que para o seu aparecimento e manutenção concorrem mecanismos diversos (por ex. sensibilização/excitabilidade dos receptores dolorosos periféricos, factores genéticos, condição psicológica, eixos neuroendócrinos, modulação/reverberação cerebral) que contribuem, em momentos diferidos e percentagens variáveis, conforme os casos.
Isto quer dizer que: 1) Não tem FM, quem quer mas sim quem tem predisposição prévia e se "cruza" com um ou mais factores desencadeantes capazes de despoletar o processo patogénico (por ex. agressão física – infecção, traumatismo, cirurgia – ou psíquica) e, 2) Existem muitas formas, e não apenas uma, para iniciar e desenvolver FM, mas dos seus mecanismos muito heterogénios resulta sempre um quadro clínico bastante homogéneo.
Doença ataca sobretudo mulheres
A FM atinge sobretudo mulheres (na proporção de nove mulheres para um homem) e, embora possa começar na juventude ou na terceira idade, costuma iniciar-se na terceira ou quarta décadas da vida. A prevalência (isto é, a percentagem da população que afecta) está calculada entre os 2% e os 4% para a população adulta.
Como os homens são apenas residualmente atingidos, estes valores significam que entre 4% a 8% das mulheres adultas poderá padecer desta situação clínica.
Sintomas da fibromialgia
O quadro clínico da FM, além das dores musculares persistentes, politópicas e com intensidade variável no tempo, inclui ainda outras queixas:
- Fadiga, que pode ser muito intensa (isto é, exaustão) e que chega a ser verdadeiramente incapacitante (ao contrário do cansaço vulgar esta fadiga não melhora com o repouso);
- Perturbações do sono, quer quantitativas (isto é, os doentes dizem que dormem pouco, acordam facilmente, têm insónias, etc.), quer qualitativas o que significa que o sono não é reparador (isto é, os doentes referem que acordam mais fatigados do que se deitaram na noite anterior);
- Alterações emocionais, como depressão e/ou ansiedade que são mais frequentes em doentes com FM do que em doentes com outras doenças reumáticas e são também mais frequentes nos familiares mais próximos daqueles do que destes;
- Deficiências cognitivas, traduzidas sobretudo por dificuldades da concentração, redução da memória e déficite de atenção;
- Dores com outra localização, como cefaleias e dores abdominais;
- Outros sintomas variados que se associam, de forma inconstante, intermitente ou continuadamente como por exemplo, colón irritável, adormecimento e/ou formigueiros dos membros, intolerâncias diversas (por ex. ruído/som, odores, luz).
Uma das "imagens de marca" da FM é a dissociação entre as queixas referidas pelos doentes (isto é, os sintomas) que são como se vê em grande número e muito variáveis, e os achados do exame objectivo realizado pelo médico (isto é, os sinais) que são praticamente inexistentes. Com efeito, além dos 18 pontos dolorosos à palpação (isto é, pressão digital) localizados em áreas precisas não se "encontra" mais nada.
Para se diagnosticar FM é necessária a existência de uma dor corporal generalizada (isto é, abaixo e acima da cintura e nas metades esquerda e direita do corpo) com mais de três meses (isto é, evolução crónica) de duração, e dos outros sintomas típicos já descritos.
O Colégio Americano de Reumatologia definiu, em 1990, os critérios da classificação da FM que incluem, além da referida dor generalizada, a existência de pelo menos 11 dos 18 pontos dolorosos de que falámos. Estes critérios têm sido, à falta de melhor, utilizados para o diagnóstico da FM.
No entanto, eles não são bem adaptados para esta função diagnóstica, nomeadamente no que se refere à existência dos pontos dolorosos, actualmente considerados muito pouco úteis para o diagnóstico pela maioria dos investigadores e clínicos que se dedicam ao estudo da FM e à assistência aos doentes que dela sofrem.
Prof. Doutor Jaime C. Branco
Presidente da Liga Portuguesa Contra as Doenças Reumáticas
Fonte: Jornal do Centro de Saúde
Monday, April 7, 2008
CRIANÇAS ENURÉTICAS SOFREM DE DIMINUIÇÃO DA FUNÇÃO CEREBRAL, DISTÚRBIOS DO SONO E DE DISFUNÇÃO DA BEXIGA
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8:57 AM

Joana Borges
Segundo a International Children’s Continence Society (ICSS) as crianças que sofrem de Enurese Nocturna Primária (ENP) – também conhecido por fazer chichi na cama - apresentam perturbações ao nível da função cerebral, distúrbios do sono e disfunção da bexiga. Metade dos pais ignora esta problemática, e limitam-se a aguardar na esperança que a situação se resolva por si só.
Durante cerca de nove anos foram realizados três estudos com 264 crianças de Hong Kong, no qual foram avaliadas as diferenças relativamente à qualidade do sono, funcionamento do sistema nervoso central e performance cognitiva das crianças enuréticas em comparação com as crianças não-enuréticas. No primeiro estudo, compararam-se os padrões de sono de crianças enuréticas (35 crianças) e de crianças não-enuréticas (21 crianças de idades equiparadas).
As crianças foram observadas durante o sono através da polissonografia e monitorização contínua da bexiga. Concluiu-se que as crianças enuréticas apresentam uma qualidade de sono inferior às crianças não-enuréticas. As primeiras são frequentemente despertadas pela actividade da bexiga, e consequentemente, sofrem de distúrbios do sono, sono fragmentado, e privação de sono.
O segundo estudo comparou as consequências ao nível do funcionamento do sistema nervoso central das crianças enuréticas (52 crianças) e das crianças não-enuréticas (15 crianças de idades equiparadas).
Os resultados demonstraram que as crianças que fazem chichi na cama sofrem danos ao nível da função do tronco, região do cérebro que influencia o sono e outras funções fisiológicas vitais. No entanto, após o tratamento adequado para a ENP, são alcançados resultados normais quando comparados com os valores que apresentam as crianças não-enuréticas.
O terceiro estudo investigou o desempenho cognitivo de crianças enuréticas (95 crianças) e crianças não-enuréticas (46 crianças de idades equiparadas), foram avaliadas em termos de inteligência, concentração e atenção, memória a curto e longo prazo, rapidez de aprendizagem, rapidez de processamento e reacção. As crianças enuréticas apresentaram um pior desempenho nos testes realizados, demonstrando uma diminuição global do desempenho cognitivo.
Contudo, seis meses de tratamento combinado bem sucedido com a inclusão de medicação com a desmopressina e uroterapia (sendo o objectivo a correção da disfunção da bexiga) resultaram em melhorias significativas com a normalização dos distúrbios do sono, funções do tronco cerebral e desempenho cognitivo aumentado.
Segundo o Professor C. K. Yeung, Presidente da ICSS e investigador, «estes estudos permitiram um avanço na compreensão da enurese nocturna e sabemos agora que existe um diálogo entre a bexiga e o cérebro, em que a disfunção da bexiga pode induzir distúrbios do sono, diminuição significativa das funções do sistema nervoso central e da performance cognitiva. Mais importante, todos estes parâmetros podem ser corrigidos e significativamente melhorados após um correcto diagnóstico e um tratamento bem sucedido focalizado na disfunção da bexiga, o que melhorará significativamente o bem-estar das crianças enuréticas».
A enurese nocturna é a emissão involuntária de urina durante o sono que ocorre em crianças com mais de cinco anos de idade e na ausência de qualquer defeito do sistema nervoso central. Esta disfunção é comum e os índices de prevalência são semelhantes em todo o mundo. Na Europa, mais de cinco milhões de crianças sofrem de “chichi na cama” e esta condição é mais comum nos rapazes do que nas raparigas.
International Children’s Continence Society (ICCS)
O objectivo principal da ICCS é melhorar a qualidade e esperança de vida de todos os indivíduos com deficiência no funcionamento da bexiga, como problemas de armazenamento e de emissão da urina. A ICSS pretende aproximar-se deste objectivo aumentando em todos os aspectos o conhecimento nesta área problemática.
Fonte: Best News®
INFERTILIDDE É UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA. O QUE OS CASAIS PODEM ESPERAR DA NOVA LEI DA PMA?
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8:50 AM
Joana Borges
No âmbito do Dia Mundial da Saúde, que se assinala a 07 de Abril, sendo este um dia para alertar o público sobre os principais problemas de saúde pública, é importante relembrar um em especial, com o qual cerca de 500 mil casais portugueses travam uma dura luta hoje em dia: a Infertilidade.
Estima-se que cada 1 em 7 casais tenha problemas de fertilidade, e que por ano surjam 10.000 novos casais com dificuldades em conceber. Além de todo o desgaste emocional a que esta doença conduz, o esforço financeiro exigido é, nalguns casos, insustentável para a média dos salários auferidos no nosso país, ascendendo aos 5.000 Euros por ciclo de tratamento, quando as probabilidades de se conseguir uma gravidez rondam os 30%.
Com a regulamentação da lei da Procriação Medicamente Assistida publicada em Fevereiro de 2008, algumas mudanças irão ocorrer, nomeadamente as regras de funcionamento, auditoria, inspecção e fiscalização dos centros de Procriação Medicamente Assistida (PMA), a formação das equipas, e protecção de dados pessoais, no entanto continuam a surgir muitas dúvidas e questões relativamente à sua implementação e execução, já que se trata de uma lei que vem colmatar um vazio legal que dura há mais de 20 anos.
Também, pela primeira vez, foram anunciadas para o Orçamento de Estado de 2008, medidas de apoio à natalidade que incluíam financiamento à PMA, mas até à data não foi apresentada a calendarização, nem os termos para a aplicação concreta destas medidas.
Cláudia Vieira, presidente da Associação Portuguesa de Infertilidade considera positiva a regulamentação da Lei, mas considera preocupante este atraso e falta de informação na execução do financiamento à PMA, uma vez que muitos casais estão a adiar os seus projectos de vida na expectativa de serem ajudados pelo SNS no tratamento da sua saúde reprodutiva. Também considera inquietante que as companhias de seguro não reconheçam a Infertilidade como doença.
O tratamento da infertilidade é uma questão de crescente impacto demográfico. Numa altura em que a diminuição da natalidade e a inversão da pirâmide etária constituem preocupações políticas eminentes, é fundamental um maior apoio aos casais inférteis.
A infertilidade é a incapacidade de um casal conceber após um ano de vida sexual contínua sem métodos contraceptivos. A infertilidade é um problema exclusivamente da mulher em 40% dos casos e do homem em 30% dos casos, no entanto, na maioria das vezes a infertilidade advém de problemas de ambos os parceiros ou a causa não é conhecida.
Fonte: Best News®
ACOMPANHADA DE SINTOMAS DE RINITE, CONJUNTIVITE ALÉRGICA : FORMA MAIS COMUM DE ALERGIA OCULAR
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8:42 AM
Sofia Filipe
A forma mais comum de alergia ocular não raras vezes se faz acompanhar de sintomas nasais de rinite e manifesta-se, sobretudo, por «olho vermelho».
«A alergia ocular consiste numa doença inflamatória da superfície ocular externa, frequentemente recorrente, apresentando--se geralmente por sinais e sintomas agudos, bilaterais, de prurido, por vezes sensação de ardência (queimor), lacrimejo, fotofobia, hiperemia (olho vermelho) e quemose (edema da conjuntiva). Nalgumas formas de alergia ocular há envolvimento palpebral com edema e reacção papilar na sua superfície interior (tarsal)», refere o Prof. Luís Delgado, imunoalergologista, professor associado da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, vice-presidente da SPAIC – Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica
A alergia ocular manifesta-se por «olho vermelho», sendo uma apresentação clínica muito frequente, que causa mais de 60% das prescrições tópicas oftalmológicas.
Luís Delgado é autor, em conjunto com o Dr. Jorge Palmares, chefe de Serviço de Oftalmologia do Hospital de S. João, no Porto, do livro Alergia Ocular. 25 Perguntas sobre Diagnóstico e Tratamento. E, no que diz respeito ao «olho vermelho», esclarece que «quando recidiva pode ser devido a alergia (geralmente prurido e lacrimejo), olho seco (ardência com sensação de “areia” e poucas lágrimas) ou querato-uveíte (dor e visão turva)».
Conjuntivite alérgica
e medicamentosa
Em mais de 50% dos casos, a conjuntivite alérgica é a forma mais comum de alergia ocular, sendo muitas vezes acompanhada por sintomas nasais de rinite (rinoconjuntivite alérgica).
Nas formas sazonais da Primavera é, normalmente, provocada por pólenes das gramíneas, oliveira e parietária. Nas formas persistentes (perenes), é causada pelos ácaros do pó da casa e pelos epitélios de animais domésticos, por exemplo, o gato .
«Já a “conjuntivite medicamentosa” (queratoconjuntivite tóxica) surge pelo uso repetido de medicação ocular tópica e toxicidade ou sensibilização aos seus constituintes, geralmente os conservantes», observa Luís Delgado, salientando que «os conservantes utilizados nos colírios oftálmicos (cloreto de benzalcónio, timerosal) são a principal causa».
A pele fina das pálpebras é também particularmente susceptível a reacções de alergia de contacto. Por isso, além dos constituintes e conservantes dos tópicos oculares, vários produtos de cosmética podem também estar envolvidos.
De acordo com o autor de Alergia Ocular. 25 Perguntas sobre Diagnóstico e Tratamento, «curiosamente, não são os de uso directo nos olhos que colocam mais problemas de diagnóstico. Os cosméticos aplicados no cabelo, na face ou nas unhas podem ser inadvertidamente transferidos para os olhos, provocando sensibilização, por vezes, sem qualquer sintoma no ponto de origem, onde a epiderme é mais espessa».
As armações dos óculos, as respectivas dobradiças e parafusos metálicos, assim como instrumentos de cosmética ocular (eyeliners), podem originar eczema de contacto periorbitário em doentes sensibilizados ao níquel, por exemplo.
Evitar ácaros e pólenes
Se a prevenção da alergia de contacto a um objecto ou produto passa por simplesmente evitar o dito contacto, o mesmo não se poderá dizer em relação a outros alergénios, como os pólenes ou os ácaros.
Tal como acontece com outras manifestações alérgicas, previne-se o desencadear ou agravamento da alergia ocular através de medidas de evicção.
É fundamental evitar a acumulação de pó na casa e a proliferação de ácaros nos quartos, nos casos de conjuntivite alérgica persistente ou queratoconjuntivite atópica, quando existe IgE específica para os ácaros do pó da casa e uma relação clínica com os sintomas (agravamento nocturno e/ou ao levantar e no Outono/Inverno).
«Os ácaros domésticos (Dermatophagoides pteronyssinus e Dermatophagoides farinae) são a principal fonte alergénica do pó da casa, alimentando-se das escamas que continuamente se libertam da pele humana e de certos bolores», menciona Luís Delgado, acrescentando:
«O seu crescimento é facilitado pelo calor e, sobretudo, pela humidade. Daí que seja no quarto de dormir – na roupa da cama, nas almofadas, cobertores e, sobretudo, nos colchões – que eles existem em maior abundância e, particularmente, a partir de Outubro e durante todo o Inverno.»
Como não poderia deixar de ser, nas conjuntivites alérgicas com sensibilização aos pólenes e agravamento sazonal interessa diminuir a exposição àqueles alergénios.
No nosso País, a época polínica inicia-se em fins de Fevereiro/Março (pólenes de árvores), tem um pico máximo em Maio/
/Junho (gramíneas) e termina em Julho, por vezes, um pouco mais tarde (parietária).
Deste modo, durante este período, «deve evitar-se caminhar em grandes espaços relvados ou cortar relva, andar na rua nos dias de vento forte, em dias quentes e secos e nas primeiras horas da manhã, pois, são alturas em que há maior polinização», aconselha o especialista, apontando outras medidas preventivas a ter durante a época polínica:
«Na Primavera, é também de evitar andar de moto ou bicicleta, praticar campismo, caça ou pesca. Deve-se viajar com as janelas do carro, autocarro ou comboio fechadas e usar óculos escuros de protecção quando se anda na rua, com 100% de filtração ultravioleta!»
Soluções terapêuticas
O uso de medicamentos tópicos no local da reacção alérgica é, hoje, uma das principais estratégias terapêuticas, pois os efeitos são rápidos e há uma diminuição dos eventuais efeitos sistémicos.
«Os agentes farmacológicos desenvolvidos mais recentemente para uso tópico ocular têm múltiplos mecanismos de acção. É o caso dos fármacos de dupla acção – anti-histamínicos de acção rápida e com efeito estabilizador dos mastócitos – que são usados de uma forma mais cómoda (duas vezes por dia) e eficaz», avança Luís Delgado, acrescentando:
«Alguns estudos recentes demonstram também que a aplicação de tópicos oculares pode melhorar os sintomas nasais da rinite, mas não vice-versa.»
E continua: «No entanto, a coexistência de uma rinite aumenta as queixas do doente, diminui a sua qualidade de vida e mantém uma inflamação local, que pode favorecer a penetração do alergénio. Assim, os anti-histamínicos orais não sedativos podem melhorar também os sintomas conjuntivais quando estes se associam à rinite e poderão ser utilizados em tratamento único, em formas ligeiras e intermitentes.»
Os corticosteróides tópicos são também muito eficazes na alergia ocular, dado suprimirem múltiplos passos da reacção inflamatória.
Todavia, Luís Delgado adverte que «por se associarem ao atraso na cicatrização do epitélio corneano, aumento da tensão intra-ocular (glaucoma), formação de catarata e imunossupressão local, com consequente risco de sobreinfecção da córnea e da conjuntiva, a sua utilização deve ser cuidadosa, por períodos curtos e monitorizada por oftalmologistas».
A prevalência
Ainda não existem informações epidemiológicas precisas sobre as conjuntivites alérgicas, quer a nível nacional, quer a nível internacional. Muitas vezes, os sintomas referidos em diversos inquéritos estão associados a perguntas que têm a ver com outras manifestações alérgicas, como a rinite.
No entanto, alguns dados referentes a outras manifestações clínicas da alergia permitem ter uma ideia da evolução epidemiológica provável das conjuntivites alérgicas.
Segundo Luís Delgado, «pelo menos 15% da população europeia com menos de 30 anos tem rinite. A prevalência em Portugal, para a rinite, é de cerca de 10% na população adulta e, pelo menos, 20% nas crianças; para a rinoconjuntivite, os dados dos inquéritos realizados na população infantil (ISAAC) correspondem a cerca de metade da prevalência de rinite, portanto entre 8 a 13%».
Quando a conjuntivite
não é alérgica...
Perante uma conjuntivite, resta ao clínico definir se é alérgica ou infecciosa.
«Na conjuntivite infecciosa (bacteriana ou vírica) predominam as secreções seromucosas e formação de crostas matinais em contraste com a lágrima límpida e o prurido da alergia», elucida o imunoalergologista, prosseguindo:
«Em contraste com a alergia ocular, bilateral, com frequência as conjuntivites infecciosas são assimétricas, associando-se a sintomas de recente infecção respiratória alta e, nas víricas, a adenopatias pré-auriculares ou submandibulares.»
«Na suspeita de conjuntivite alérgica raramente é necessário pedir exames laboratoriais numa primeira aproximação, pois os elementos da história clínica e do exame oftalmológico são os mais determinantes para o diagnóstico», aponta o vice-presidente da SPAIC.
Contudo, numa conjuntivite alérgica persistente ou recidivante, são importantes os testes cutâneos e/ou a quantificação sérica da IgE específica, nomeadamente para revelar o(s) alergénio(s) implicado(s).
Fonte: Medicina & Saúde®
Wednesday, April 2, 2008
DA VACINA AO TRANSPLANTE: AS DOENÇAS DO FÍGADO PODEM DESENVOLVER-SE SEM SINTOMAS
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RownDivision
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5:31 AM
Prof. Rui Tato Marinho
Uma das características das doenças do fígado é que podem desenvolver-se sem qualquer sintoma. Os exames complementares – laboratoriais e de imagem – são assim indispensáveis. Medicamentos para as hepatites são eficazes.
O fígado é o nosso maior órgão, pesando cerca de 1,5 quilos. Localiza-se à direita, na parte superior do abdómen, por baixo das costelas.
Tem múltiplas funções. Há quem diga cerca de cinco mil: produção de proteínas, armazenamento de vitaminas, reserva energética, síntese de gorduras, eliminação de produtos tóxicos, digestão dos alimentos, defesa contra agentes (bactérias e vírus), etc. A vida é incompatível sem fígado.
Nos últimos 40 anos, o avanço tecnológico da medicina, a par da intensa actividade dos médicos, permitiu que o conhecimento das doenças do fígado tivesse um assinalável progresso.
Os avanços mais marcantes nas últimas décadas, no que diz respeito às doenças do fígado, foi a descoberta dos vírus das hepatites A, B, C, D e E. Destas, as que se podem tornar crónicas e provocar cirrose são a B, C e D (esta última, com reduzido significado actual, aparece sempre associada à hepatite B). Os vírus das hepatites B e C são carcinogénicos podendo facilitar o aparecimento do cancro primitivo do fígado (carcinoma hepatocelular ou hepatoma). Segundo a Organização Mundial de Saúde, o vírus da hepatite B é o segundo carcinogénico mais importante a seguir ao tabaco.
Produziu-se a vacina da hepatite B que tem salvo milhares de vidas, e a vacina da hepatite A.
Existem de momento medicamentos eficazes para tratar as duas hepatites que se tornam crónicas. A hepatite C consegue curar-se em 60 por cento dos casos. A hepatite B é praticamente impossível de curar quando se torna crónica, mas pode ser controlável, impedindo a sua progressão, com vários medicamentos.
Transplante de fígado
Outro dos grandes avanços foi o transplante hepático, disponível em Portugal desde há quinze anos. Os resultados são semelhantes às boas equipas estrangeiras e fazem-se em Portugal cerca de 200 por ano. Cerca de 70 a 80 por cento dos doentes transplantados estão vivos ao fim de dez anos, o que não seria possível sem terem efectuado o transplante. O transplante hepático permitiu também alguma hipótese de cura aos doentes com hepatoma, caso seja detectado cedo, habitualmente por ecografia abdominal.
A doença do fígado que mais mata em Portugal é a cirrose alcoólica. Na Europa, é a cirrose por hepatite C. A nível mundial, a cirrose por hepatite B.
A cirrose é um estado de destruição do fígado em que existe morte das suas células, aparecimento de cicatrizes (fibrose), alteração da sua estrutura e mais tarde perturbação grave das suas funções. Pode surgir icterícia (olhos amarelos), ascite (barriga de água), alterações mentais (encefalopatia), rotura de varizes do esófago, o cancro do fígado (hepatoma), entre outros.
Uma das características das doenças do fígado é que se podem desenvolver sem qualquer sintoma. Ou seja, pode existir cirrose hepática sem qualquer tipo de queixa.
Por isso, hoje em dia, o estudo das doenças do fígado é fortemente apoiado em exames complementares indispensáveis e indissociáveis do médico para o diagnóstico e tratamento das doenças do fígado, como sejam, os múltiplos e variados exames laboratoriais (análises ao sangue), bem como os exames de imagem (Ecografia, TAC, Ressonância Magnética Nuclear).
Prof. Rui Tato Marinho
Presidente da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado
Fonte: Jornal do Centro de Saúde
COMO PREVENIR E TRATAR: INCONTINÊNCIA URINÁRIA
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RownDivision
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4:54 AM
Ana Sofia Tomás e Cláudia Pinto
Um estudo recente revela que cerca de 600 mil portugueses são afectados por incontinência urinária. Trata-se de um problema altamente incapacitante que causa, naturalmente, uma marcada diminuição na qualidade de vida pessoal e social. Contudo, a incontinência urinária é um problema que é tratável, como nos explica o Presidente da Associação Portuguesa de Neuro-urologia e Uro-ginecologia (APNUG), Dr. Paulo Vale, e o Presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), Professor José Martinez de Oliveira.
O que é a incontinência urinária?
Segundo o estudo mais recente, de 2005, a incontinência urinária (IU) afecta cerca de 600 mil portugueses. Segundo a definição da ICS (International Continence Society), a IU é a perda involuntária de urina demonstrada objectivamente e que se torna um problema de higiene ou social.
“A IU é transversal à sociedade atingindo ambos os sexos e todas as idades. O grupo de mulheres entre os 45 e 65 anos é contudo predominante e de maior visibilidade por ser num período de grande actividade profissional e social da mulher. Nesta fase, por cada três mulheres incontinentes existe apenas um homem”, afirma o Dr. Paulo Vale. A maior frequência de IU nas mulheres dá-se devido à sua própria anatomia “dado a uretra ser mais curta, enquanto que a fisiologia implica a existência de traumatismos desta área durante o parto e a bipedestação que tende ao prolapso”, acrescenta o professor José Martinez de Oliveira.
Há três tipos de incontinência urinária
“A incontinência urinária de esforço em que a perda de urina surge com o esforço (tosse, riso, espirro, saltar…). Há aumento da pressão abdominal e o esfíncter não tem força suficiente para suster a saída de urina. Para esta situação contribuem os traumatismos provocados pelos múltiplos partos que acabam por ter uma relação directa com o problema de IU uma vez que favorecem a fragilização dos músculos do períneo da mulher. No homem, as doenças da próstata, sobretudo os tumores malignos, podem levar à necessidade de ablação do órgão - a prostatectomia radical. Transitoriamente, após esta operação pode ocorrer IU.
A IU por urgência em que se verifica uma vontade imperiosa de urinar que determina a perda. Este tipo de IU é mais frequente no idoso e está relacionado com o processo de envelhecimento dos órgãos.
Por fim, temos o tipo misto que consiste na associação das duas anteriores”, explica o Dr. Paulo Vale.
Como prevenir
A prevenção na IU de esforço na mulher pode ser feita sobretudo na fase após o parto, pelo que o tratamento ideal consiste na realização de treinos musculares perineais, ditos de Kegel, afirma o Presidente da SPG.
“Estes tratamentos devem ser efectuados com orientação médica. Se a doente estiver motivada e for persistente os resultados são bons. Por seu turno, na IU por urgência há uma série de medidas preventivas que têm a ver com o dia-a-dia do doente, normalmente idoso. Assim, deve-se adequar a ingestão de líquidos com um horário de micções, a toma de medicação diurética, a disposição do mobiliário de casa ou lar e acessibilidades a sanitários, entre outros”, esclarece Paulo Vale.
Tratamento
Muitas mulheres incontinentes consideram a perda de urina involuntária como algo associado ao
envelhecimento. Contudo, hoje em dia, este problema já pode ser contornado, uma vez que existe tratamento. “Depois de avaliado e feito o correcto diagnóstico o tratamento é muito eficaz. Assim, na IU de esforço ligeira a re-educação vesico-esfincteriana tem bom resultado. Nos casos mais severos dispomos de técnicas cirúrgicas minimamente invasivas com 90% de taxa de cura. Na IU por urgência, a medicação com as novas moléculas de anti-muscarinicos é também bastante eficaz. Nos casos resistentes à terapêutica oral, a injecção intra-vesical de toxina botulinica tem revelado excelentes resultados”, conclui o Dr. Paulo Vale.
Fonte: Jornal do Centro de Saúde
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