Monday, June 15, 2009

DE PÓLIPOS A CANCRO




O cancro do cólon e do recto é a segunda causa de morte por doença oncológica no nosso país.






É o que dizem as estatísticas, mas a percepção dos portugueses é bem diferente: um estudo efectuado em 2007 concluiu que este cancro ocupa o quinto lugar entre os mais conhecidos, sendo que 20 por cento dos inquiridos nunca ouviram falar da doença. E, no entanto, surgem todos os anos cerca de cinco mil novos casos, mais de metade dos quais (59 por cento) mortais pois são detectados em fases já muito avançadas.





Os homens são os mais afectados por este cancro que, na maioria das vezes, começa com o desenvolvimento de pequenos grupos de células benignas, os pólipos. Tanto podem estar localizados no cólon (o intestino grosso) como no recto (a última porção de intestino antes do ânus).





Com o tempo alguns destes pólipos podem evoluir para cancro, existindo outros factores de risco para o seu aparecimento. E nem sempre há sintomas iniciais da doença. Quando aparecem, não são sempre os mesmos, variando em função do tamanho do tumor e da sua localização.





Mas são de esperar, nomeadamente, alterações nos hábitos intestinais, incluindo diarreia ou obstipação (prisão de ventre), e alterações persistentes na consistência das fezes por mais de duas semanas.





A presença de sangue nas fezes ou hemorragia rectal é outro sintoma importante, embora não seja automaticamente sinal de cancro: pode ser consequência, por exemplo, de hemorróidas ou de uma fissura no ânus. Além disso, a cor avermelhada das fezes pode induzir em erro, não existindo sangue: é que há alimentos, como a beterraba, que lhe conferem essa coloração. Fezes escuras também podem resultar da toma de medicamentos anti-diarreicos ou de suplementos de ferro, não sendo sinónimo de doença.





Entre os sintomas incluem-se ainda desconforto abdominal persistente, com dor e flatulência (gases), fraqueza ou fadiga, perda de peso inexplicável, sensação de não conseguir esvaziar por completo o intestino.










Risco maior depois dos 50





Como acontece com a maioria dos cancros, a causa exacta deste é desconhecida. O que se sabe é que existem factores de risco, a começar pela idade: a probabilidade aumenta bastante a partir dos 50 anos, embora não seja impossível que se manifeste antes.





Antecedentes pessoais ou familiares de pólipos ou cancro do cólon e do recto também aumentam o risco, bem como a existência de outras patologias que afectam o sistema digestivo, como colite ulcerosa ou doença de Crohn.





A obesidade e a diabetes pesam igualmente nesta balança, bem como o tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas.





Também a dieta parece ter influência, com os estudos científicos a apontarem, embora não conclusivamente, para um risco acrescido associado a um baixo consumo de fibras, legumes e fruta e a uma ingestão excessiva de gorduras e calorias.




Estes são os factores de risco, o que significa que é também por eles que passa a prevenção. Naturalmente que não é possível actuar sobre a idade, modificando-a, mas é possível adoptar comportamentos preventivos a partir dos 50, mediante a realização de despistes regulares. É que a detecção precoce dos pólipos é determinante para o prognóstico.





Já sobre os factores de risco relacionados com o estilo de vida é possível agir: introduzindo as necessárias alterações na dieta (sempre desejáveis do ponto de vista da saúde) e reduzindo ou mesmo evitando o consumo de álcool e o hábito de fumar. A actividade física também ajuda, pois existem dados que sugerem que pode baixar em 24 por cento o risco, para 30 minutos de exercício físico cinco vezes por semana. Além de que o exercício combate a obesidade, também associada ao cancro do cólon e do recto (bem como a muitas outras doenças que importa prevenir, como as cardiovasculares).









Cirurgia no caminho do cancro





A detecção precoce é fundamental, neste como noutros tipos de cancro. E aqui passa por consultar o médico perante os sintomas, como, por exemplo, a presença de sangue nas fezes. Perante a suspeita, são realizados vários testes de diagnóstico. E, se se confirmar a existência de um tumor, serão pedidos testes adicionais para identificar o estádio de desenvolvimento em que se encontra.





Consideram-se cinco estádios, sendo que no primeiro o cancro está confinado à parede interna do cólon ou do recto - é o chamado carcinoma in situ, e no último já se espalhou para outros órgãos, como o fígado ou os pulmões, depois de ter invadido os nódulos linfáticos mais próximos.





É em função da extensão do cancro que o tratamento é definindo, considerando-se três opções: a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia. A cirurgia é o mais comum, mas há procedimentos diferentes consoante a massa cancerígena a remover. Assim, pequenos pólipos podem ser removidos através de colonoscopia (técnica que consiste na introdução de um tubo flexível pelo recto, também utilizada para observação do intestino).





Cancro na fase inicial pode ser tratado por laparoscopia, uma técnica cirúrgica pouco invasiva que envolve a introdução de um tubo através de uma pequena incisão na região abdominal.





Já o cancro na fase mais avançada requer uma cirurgia tradicional para remoção da parte do intestino afectada, bem como de uma margem de tecido saudável - este é um gesto de precaução, visando assegurar que não ficam células malignas para trás. Pela mesma razão são igualmente removidos os nódulos linfáticos mais próximos.





O cirurgião procede depois à união das porções saudáveis do cólon ou do recto. Mas nem sempre isso é possível, podendo ser necessária uma colostomia temporária ou definitiva. Trata-se de um procedimento que consiste numa abertura no abdómen à qual é ligado o cólon: as fezes passam a ser eliminadas por aí, sendo depositadas num saco próprio que acompanha sempre o doente.





Paralelamente à cirurgia o tratamento pode envolver a quimioterapia, técnica que utiliza medicamentos para matar as células cancerígenas, mas também controlar o crescimento do tumor ou apenas aliviar os sintomas (nos casos mais avançados). Náuseas e vómitos, úlceras na boca, fadiga e perda de cabelo são alguns dos efeitos secundários da quimioterapia.







Já a radioterapia socorre-se de fontes de energia potentes, caso dos raios X, para destruir as células que possam ter sobrevivido à cirurgia, para reduzir a dimensão de tumores maiores antes de uma operação ou para atenuar os sintomas. Tem igualmente efeitos secundários, incluindo diarreia, fadiga, perda de apetite e náuseas.





Quando detectado numa fase inicial, o cancro do cólon e do recto tem uma elevada taxa de cura e sobrevivência, a qual se vai invertendo à medida que aumenta a extensão e gravidade do tumor. Todos os anos, há cinco mil portugueses que recebem este diagnóstico. Não se sabe quantos estão na fase inicial da doença, mas sabe-se que o rastreio periódico é determinante para reduzir o risco. Sobretudo a partir dos 50 anos.








Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF

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