Tuesday, August 18, 2009

ALZHEIMER: UMA DOENÇA QUE EXIGE CUIDADORES RESISTENTES


Mário Beja Santos



A doença de Alzheimer pode considerar-se como uma das doenças neurodegenerativas mais frequentes. É uma doença progressiva de causa desconhecida, constituindo a principal causa de demência de indivíduos com mais de 60 anos, embora possa também atingir pessoas mais jovens. A idade e a história familiar da doença predispõe para o seu aparecimento.






A demência traduz-se pela perda gradual das capacidades intelectuais e físicas, manifestada pelo aniquilamento da memória e, depois, de outras funções mentais, vai roubando a autonomia do doente até o tornar completamente dependente.





Os doentes de Alzheimer tornam-se cada vez menos capazes de realizar qualquer tarefa, vivem numa grande confusão, deixam de reconhecer os próprios entes queridos, podem ficar acamados. O curso da doença é, normalmente, de oito a dez anos.









Saber preservar o equilíbrio pessoal





É do senso comum que o envelhecimento da população é um fenómeno imparável e que está associado a um número de seniores que sofrem da perda de faculdades, sobretudo devido à demência (atenção, a doença de Alzheimer não faz parte do processo natural de envelhecimento e nem pode ser considerada uma doença mental).





O que outrora se chamava carinho familiar quando o pai ou o avô tinham comportamentos erráticos, hoje, devido às estruturas familiares, requer uma grande disponibilidade de tempo e de afecto, sobretudo quando o doente se torna incapaz de fazer as coisas mais simples e a vida de relação se torna cada vez mais difícil.





Quando está em causa a doença de Alzheimer, é indispensável que o cuidador possua conhecimentos sobre o fenómeno (que pode ser devastador) da demência e receba formação e mesmo apoio psicológico e moral.





É que o cuidador vai assistir ao declínio das faculdades mentais do seu familiar, uma vez que tudo se pode alterar: a memorização, a orientação, o raciocínio, o vocabulário e a coordenação dos movimentos. É uma deterioração das faculdades intelectuais devido à degenerescência das células do cérebro.





É por isso que todos os livros de divulgação sobre esta doença sugerem que se deve procurar um médico para obter um diagnóstico precoce quando começam a surgir inusitadas perturbações da memória, da comunicação, ou até motoras, do doente. Os medicamentos actualmente disponíveis para esta doença não tratam a causa mas os sintomas da demência, podendo apenas contribuir para retardar a sua evolução, o que permite ao doente manter-se autónomo mais tempo.





Não existem testes específicos de diagnóstico para esta doença, somente marcadores que dão alguma indicação de predisposição. O diagnóstico é feito por exclusão de outras doenças, com 80 a 90 por cento de certeza.





Os médicos testam as capacidades cognitivas dos doentes tais como a memória, a atenção, a linguagem, a capacidade do doente em resolver problemas e usam a imagiologia cerebral para aumentar a probabilidade de se obter um diagnóstico correcto. Podem ainda ser feitos exames de sangue, tomografia ou ressonância, entre outros.





Depois de obtido o diagnóstico, há que procurar formas de melhor apoiar o doente, mantendo em simultâneo o equilíbrio pessoal do cuidador. Em primeiro lugar, dialogando com o profissional de saúde sobre o tratamento mais adequado.




Em segundo lugar, aprendendo a aceitar a realidade: admitir que o familiar sofre de uma doença crónica, de que o cuidador precisa de auxílio exterior, que tanto pode partir da respectiva associação de doentes, a Alzheimer Portugal como de um grupo de entreajuda ou de um psicólogo. Em terceiro lugar, recorrer a todas as ajudas possíveis para conhecer os métodos de comunicação que possam permitir manter uma vida de relação com o doente.





O cuidador tem de se fortalecer em permanência, adquirindo ferramentas funcionais: conhecer mais sobre esta doença degenerativa, informar regularmente o médico sobre a resposta à terapêutica e o estado do doente quanto às perturbações cognitivas (caso da memória e da linguagem) e não cognitivas (caso do isolamento ou da apatia), saber distinguir as diferentes fases da doença ou estar disponível para o interrogatório que o médico faça à família em todas essas fases.









Alguns conselhos aos cuidadores





Primeiro, o cuidador tem a obrigação de cuidar de si e de se ajudar a cuidar, sujeito como está a depressões ou a irritação, à prostração e até mesmo às mudanças económicas.





Segundo, deve habituar-se a uma nova forma de organização da sua vida em função das necessidades do doente, informando-se, procurando o conselho dos profissionais de saúde, aprendendo a lidar com as situações e arranjando tempo para as suas necessidades emocionais.





Terceiro, aceitar ajuda de quem a pode e deve dar, compartilhando experiências e melhorando os seus sentimentos de auto-estima.





Quarto, aprender a compreender e conviver com os comportamentos alterados, já que há doentes que se tornam ansiosos, agressivos ou repetitivos. Em suma, o cuidador deve procurar tratar do doente da mesma forma como o tratava antes da doença, incentivando-o à sua autonomia e ajudando-o a manter a sua dignidade; procurando manter uma vida de relação em que encoraje o doente ao exercício e à saúde física, ajudando-o a manter as suas aptidões; aprender a lidar com as novas situações reformulando a segurança doméstica para evitar acidentes que decorrem da desorientação do doente; estruturar um novo sistema de vida, procurar manter a normalidade da sua vida de relação com os membros da família, a profissão e os amigos; pedindo ajuda aos profissionais de saúde e sempre que necessário e possível arranjar tempo para si. Um cuidador tem que saber cuidar-se, só assim pode dar amor e solidariedade com paciência, dedicação e competência.









Procurar aconselhamento farmacêutico





O cuidador deve saber contar com a equipa da farmácia na detecção dos sinais de alarme que podem e devem levar a procurar o médico para despiste da doença de Alzheimer.





E, em caso de diagnóstico confirmado, deve saber contar com o aconselhamento relativo aos medicamentos prescritos e na detecção dos efeitos adversos que podem surgir, bem como na indicação de estratégias e produtos que podem melhorar a segurança e o bemestar do doente. Igualmente, o cuidador pode procurar informação sobre a doença e a forma de melhor cuidar do doente junto da farmácia.









Tome nota





Alzheimer Portugal - Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer





Av. Ceuta Norte, Quinta do Loureiro, Lt. 1, lojas 1 e 2, 1350-410 Lisboa





tel. 213 610 460









A Alzheimer Portugal tem também grupos e psicólogos, para além de um Centro de Dia e um Serviço de Apoio Domiciliário.









Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF


Friday, August 14, 2009

VÍRUS DA GRIPE A PROPAGA-SE PELO CONTACTO E MANTÉM-SE ACTIVO DURANTE 8 HORAS

NÃO CRUZE AS PERNAS À INSUFICIÊNCIA VENOSA


Andreia Pereira



Sente que, no final do dia, os membros inferiores denunciam sinais de cansaço? Tem cãibras nocturnas frequentes, inchaço dos tornozelos, prurido e formigueiros? Atenção: estes poderão ser os primeiros indícios de insuficiência venosa, uma patologia que afecta entre 20 a 30% da população adulta nos países desenvolvidos. Saiba como e porquê.






Pernas cansadas, pesadas, quem as não tem? Acontece que este sintoma, associado a formigueiro, inchaço dos tornozelos ao fim do dia e cãibras durante a noite, poderá significar mais do que um dia cansativo.





Em causa poderá estar a insuficiência venosa, uma patologia que resulta da "avaria" de um dispositivo, chamado válvulas, que existe dentro das veias das pernas.





Esta condição impede o normal retorno do sangue venoso (pobre em oxigénio) até ao coração, dando origem a um aumento de pressão do sangue dentro das veias das pernas, o que provoca a saída de certas substâncias para os tecidos envolventes, responsáveis pelos sintomas reportados.





Segundo o Dr. José Neves, cirurgião vascular do Hospital dos Capuchos, em Lisboa, a insuficiência venosa é um "termo global que se refere ao mau funcionamento do sistema venoso e que abrange as varizes e outras doenças das veias, nomeadamente as tromboses venosas, vulgarmente referidas com "tromboflebites", e situações mais raras de natureza congénita, chamadas angiodisplasias".





Para o especialista, esta patologia pode afectar ambos os sexos, embora, atinja, sobretudo, o género feminino. Estima-se que, por cada homem, haja duas mulheres a sofrer de varizes: a causa mais frequente de insuficiência venosa.









Pernas para que te quero?





No contexto global da doença, o especialista considera três razões que estão na origem da insuficiência venosa: as tromboses venosas (formação de um coágulo de sangue dentro de um vaso sanguíneo), as anomalias congénitas no sistema venoso e as varizes. Estas veias dilatadas e inestéticas podem dividir-se em dois grupos, de acordo com José Neves: varizes primárias ou essenciais e secundárias.





No primeiro caso, ""existem vários factores predisponentes em jogo, mas a causa é desconhecida". Já as varizes secundárias "surgem como um ‘escape' para que o sangue possa chegar ao coração". Havendo uma "oclusão de uma veia profunda, o sangue que deveria caminhar por este vaso é desviado para o sistema superficial".





Mas, se numa fase inicial, não se registam complicações, a partir de determinada altura, "a veia dilata-se de forma que as válvulas se tornam insuficientes". Segundo o especialista, quando o pai e a mãe sofrem de varizes primárias, os descendentes têm "grande probabilidade de terem varizes", sobretudo se forem do sexo feminino.



Para além do "factor familiar", existem outros agentes que predispõem ao aparecimento de varizes: "a idade, o sexo, as gravidezes múltiplas, o excesso de peso, o tipo de actividade profissional, um estilo de vida sedentário, entre outros".





Profissões que obrigam a permanecer longos períodos de tempo em posição imóvel, quer de pé quer sentado, "predispõem ao aparecimento de insuficiência venosa, particularmente de varizes, da mesma forma que trabalhar em ambientes quentes".





Na altura do Verão, as queixas de cansaço das pernas, devido à insuficiência venosa, tendem a aumentar, já que, como explica o especialista, "o calor tem um efeito vasodilatador".









Melhore a saúde das suas pernas





Siga alguns dos conselhos que ajudarão a prevenir o aparecimento da insuficiência venosa, mais concretamente das incómodas veias dilatadas e sinuosas (vulgo "varizes"):





- Evite exposição solar em demasia, já que o calor provoca uma vasodilatação;





- Não tomar banho com água muito quente;





- Não usar roupas apertadas e saltos altos;





- Combater a obesidade, já que o excesso de peso é um factor de risco;





- Ter uma vida activa e evitar o sedentarismo;





- No caso de haver sintomas que se prolongam no tempo (cãibras, dor nas pernas, inchaço e dificuldade em encontrar posição das pernas em descanso), deve-se procurar a ajuda de um médico da especialidade;





- Estudos científicos recentes demonstraram que os medicamentos venoactivos são úteis na prevenção e tratamento da insuficiência venosa: fortalecem a parede da veia e evitam que as suas válvulas avariem.









Fonte: Jornal do Centro de Saúde

Tuesday, August 11, 2009

ANA JORGE DIZ QUE HÁ GENTE COM GRIPE A (H1N1) A PROCURAR CONTAGIAR OUTRAS PESSOAS

UMA INFECÇÃO CÂNDIDA




Chama-se cândida albicans o fungo responsável por uma das infecções vaginais mais comuns - a candidíase. Não é sexualmente transmissível, mas o homem pode ter sintomas, pelo que o tratamento se faz a dois.






É um fungo comum, dos mais comuns que há. E existe habitualmente no corpo humano, habitando a boca, a vagina, o aparelho gastrointestinal e a pele - todas elas regiões onde há condições de humidade favoráveis ao seu desenvolvimento.





Em qualquer um destes órgãos se mantém em pequenas quantidades, inofensivamente. O problema surge quando há um desequilíbrio entre o cândida albicans e os demais microorganismos que, com eles, partilham o habitat.





Na origem desse desequilíbrio está, com frequência, a toma de antibióticos - destinados a tratar outras infecções, como as urinárias, actuam sobre todas as bactérias, matando quer as nocivas, quer as benignas. São condições favoráveis ao crescimento do fungo responsável pela candidíase vaginal.





Mas há outras causas possíveis: a gravidez, a diabetes, um sistema imunitário debilitado em função de doenças como a sida ou de tratamentos como a quimioterapia.









Não se transmite sexualmente





Uma coisa é certa - embora envolva o aparelho genital, a candidíase não é uma doença sexualmente transmissível. Não significa isto que os homens estejam imunes: na verdade, o contacto sexual com uma mulher infectada coloca-os em risco, podendo haver migração da infecção. Comichão e vermelhidão no pénis são os sintomas mais frequentes.





Já na mulher, a presença excessiva deste fungo desencadeia sintomas como descarga vaginal (esbranquiçada, semelhante a queijo coalhado e com odor a azedo), inflamação na pele vulvar (com vermelhidão e comichão no exterior da vagina), dor durante o acto sexual e ao urinar.





Perante os sintomas, o diagnóstico requer a colheita de uma amostra da descarga vaginal, para confirmar a presença do fungo. Pode ainda ser efectuado um exame pélvico, para detecção de eventuais sinais de infecção no interior da vagina ou no colo do útero.





Uma vez confirmada a candidíase, o tratamento faz-se com a ajuda de medicamentos antifúngicos, de aplicação tópica (no local) ou de toma sistémica (comprimidos). Regra geral, o tratamento deve estender-se ao parceiro sexual da mulher, dada a possibilidade de uma pequena percentagem de homens ter sintomas. É recomendado que ambos façam o tratamento em simultâneo.





Com o tratamento adequado, os sintomas desaparecem completamente. Mas se o tratamento não for cumprido há o risco de a infecção voltar, podendo tornar-se recorrente.




Outras candidíases





O fungo candida albicans está presente em muitas outras partes do corpo além da vagina, dando, por isso, origem a outras formas de candidíase:





• Candidíase oral - acontece quando o fungo se instala na cavidade bucal, manifestando-se através de manchas brancas, com uma textura cremosa, presentes quase sempre na língua ou no interior das bochechas mas podendo estender-se ao palato (céu da boca) e às gengivas; estas lesões podem causar dor e sangrar ligeiramente quando se lavam os dentes, por exemplo. O que vulgarmente se chama "sapinhos".





• E sofagite - ocorre quando a infecção alcança o esófago, o tubo que conduz os alimentos da boca até ao estômago; dificuldade em engolir e dor são os sintomas. No entanto, é rara em indivíduos saudáveis.





• Candidíase cutânea - envolve a pele, sobretudo em zonas com dobras (sob as mamas, na barriga ou virilhas), denunciando-se através de erupções vermelhas, causadoras de comichão e mesmo dor; podem surgir pequenas pústulas nas margens das lesões. Nas situações em que existe imunosupressão, a infecção pode alastrar através da corrente sanguínea, o que põe a vida em risco.








Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF

Sunday, August 9, 2009

O CANCRO É UMA DOENÇA GENÉTICA



Prof. Doutora Maria Carmo-Fonseca



Aproximadamente um em cada três europeus desenvolve um cancro ao longo da sua vida. A transformação de uma célula normal numa célula cancerosa é causada por uma acumulação de alterações genéticas sucessivas. Algumas dessas alterações ocorrem espontaneamente, outras são induzidas pelo ambiente e outras ainda são herdadas. Identificar um cancro hereditário é muito importante para a sua prevenção e tratamento.






O corpo humano corresponde a uma complexa sociedade composta por milhares e milhares de células que vivem em perfeita harmonia. Para que o corpo seja saudável, todas as células devem colaborar entre si. Mas por vezes há células que se "revoltam" contra a ordem social e passam a ter um comportamento individualista e egoísta.





Estas células "fora-da-lei" proliferam de modo descontrolado dando origem a um tumor. À medida que se reproduzem incessantemente, as células renegadas vão adquirindo comportamentos cada vez mais anti-sociais e acabam por invadir e destruir as células normais conduzindo à morte.





Todas as alterações de comportamento das células cancerosas são devidas a perturbações no seu material genético ou ADN. No corpo humano adulto, cada órgão mantém a sua forma e tamanho constantes. Isto quer dizer que o número total de células não se altera. Na pele, por exemplo, as células das camadas mais superficiais vão progressivamente morrendo e soltam-se como minúsculas escamas.





Por cada célula que morre, há uma nova célula que nasce para a substituir. Como sabem as células quando se devem reproduzir? Através de um conjunto de sensores que recebem sinais do exterior e transmitem ordens aos genes.





O problema acontece quando um destes genes que controla a divisão celular perde a sua estrutura química normal. A alteração química da molécula de ADN faz com que a célula se divida independentemente de receber ou não sinal para o fazer.





Em consequência o número de células vai progressivamente aumentando, dando origem a um tumor que se pode observar à superfície da pele.









Uma cópia com erros





Cada vez que uma célula se divide, tem de copiar todo o seu material genético para a célula filha. Ora, ao fazer uma cópia podem ocorrer erros. Quanto mais vezes uma célula se divide, maior a probabilidade de surgirem erros.





Isto faz com que, ao longo da vida de um tumor, vão aparecendo novas alterações genéticas. Algumas destas alterações acabam por tornar o tumor mais agressivo, dando-lhe capacidade de invadir as células vizinhas da pele normal e colonizar outros órgãos (formação de metástases).





Qual a origem das alterações genéticas causadoras de cancro? Em muitos casos são alterações espontâneas na estrutura química da molécula de ADN, outras vezes são erros na cópia do material genético durante a divisão celular. Em qualquer destes casos as alterações ocorrem ao acaso, pelo que seria de esperar que a incidência de cancro fosse semelhante para todas as pessoas.





No entanto, quando se estuda a frequência dos vários tipos de cancro (conhecem-se mais de 100 tipos distintos de cancro) na população mundial, detectam-se grandes variações.




Por exemplo, o cancro da pele (melanoma) é muito mais frequente na Austrália do que no Japão, o cancro do fígado é muito mais frequente na China do que no Canada, e o cancro da mama é muito mais frequente no Norte da Europa do que na China. Esta grande variação deve-se ao facto de que, para além das modificações químicas aleatórias, o cancro é também causado pela hereditariedade e pelo ambiente.





Entre os factores ambientais contam-se a dieta, o tabaco, a infecção por certos vírus e a exposição a radiações (por exemplo, radiação ultravioleta por exposição ao sol). A importância dos factores ambientais fica bem demonstrada por estudos da incidência de cancro em populações que migraram de um país para outro. Por exemplo, os japoneses que vivem no Japão têm uma incidência de cancro do estômago seis a oito vezes maior do que os americanos.





Esta diferença poderia ser devida ao facto de os japoneses serem portadores de genes distintos dos americanos. No entanto, quando os japoneses migram para os Estados Unidos, passam a ter uma incidência de cancro do estômago semelhante à dos americanos. Isto quer dizer que, com o mesmo material genético, a probabilidade de ter cancro varia com o ambiente em que se vive.









Quando tem um cancro causa hereditária?





Quando vários membros de uma família sofrem de cancro, particularmente se sofrem do mesmo tipo de cancro, este tem causa hereditária. Importa lembrar que existem múltiplos tipos de cancro. Quando, numa família, o avô paterno sofreu de cancro da próstata, e a prima da mãe teve cancro da mama, provavelmente não há razão para pensar em cancro hereditário. No entanto, se a avó materna e uma irmã da mãe tiveram cancro da mama, já se deve suspeitar de cancro da mama hereditário.





Quando uma pessoa tem familiares com cancro deve aconselhar-se com o seu médico no sentido de perceber se corre, ou não, risco de vir a ter um cancro hereditário.





Apesar de todos os cancros terem como causa uma série de alterações genéticas, a grande maioria dos cancros não são hereditários. Nos cancros não hereditários, as alterações genéticas ocorrem ao longo da vida do indivíduo e não são transmitidas aos seus filhos.





No caso dos cancros hereditários existe uma alteração genética que é passada de pais para filhos. Esta alteração não é, por si só, suficiente para causar cancro, mas aumenta muito a probabilidade de vir a ter cancro.





Entre os cancros com causa hereditária mais frequente encontram-se o cancro do cólon e o cancro da mama. Em ambos os casos são conhecidos os genes mais habitualmente alterados.





Assim, quando o médico suspeita de um cancro familiar, solicita um teste genético para confirmar o diagnóstico.





No caso de o teste ser feito a uma pessoa já com cancro, um resultado positivo tem consequências importantes. Primeiro, para o tratamento da própria pessoa (o modo de tratar um cancro hereditário pode ser distinto de tratar um cancro não hereditário).






Segundo, para alertar os filhos e filhas dessa pessoa para o risco de terem recebido o gene alterado. Quando uma pessoa saudável (isto é, sem cancro) faz o teste e tem um resultado positivo, esta pessoa passa a ter indicação para fazer um programa de vigilância específico de modo a detectar, o mais precocemente possível, o eventual aparecimento do cancro.







Professora Doutora Maria Carmo-Fonseca
Directora do Instituto de Medicina Molecular
e da GenoMed-Diagnósticos de Medicina Molecular SA









Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF

Wednesday, August 5, 2009

LAVE AS MÃOS, SFF!



Parece um gesto banal, mas é essencial para prevenir infecções. Há que fazer da lavagem das mãos uma rotina e, sobretudo, lavá-las bem. Pela nossa saúde e pela dos outros.






As mãos são a nossa principal ferramenta: é com elas que executamos as nossas actividades, das profissionais às de lazer. Mas são também a nossa porta para o contacto com os outros: é com elas que cumprimentamos, que encorajamos, que consolamos, que acarinhamos...






Tocamos em pessoas e objectos, deles recebendo microorganismos que podem ser nocivos para a saúde. São germes que, sem uma correcta higienização das mãos, podemos depois transferir para outras pessoas e objectos e para outras partes do nosso próprio corpo: é o que acontece quando levamos as mãos aos olhos ou à boca, quando nos coçamos.





Estes germes passíveis de transmitir infecções juntam-se aos que existem naturalmente nas nossas mãos. Trata-se da chamada flora residente, constituída por microorganismos que vivem sobretudo em torno das unhas e entre os dedos, mas também junto aos folículos pilosos.





É difícil removê-los, mas é possível inactivá-los com anti-sépticos como o álcool. Mas são de baixa virulência, o que significa que raramente causam infecção.





Já a chamada flora transitória é a que se adquire através do contacto com pessoas e objectos contaminados.





Permanece na superfície da pele, junto a gorduras e sujidades, podendo ser eliminadas com a lavagem das mãos. Mas, se este não for um gesto habitual, estes germes acabam por ser transferidos para outros objectos e outras pessoas, assim se dando continuidade a uma cadeia em que o resultado final pode ser uma infecção.









Oportunidades há muitas





Para quebrar esta cadeia, é fundamental fazer da higienização das mãos um hábito, quase um automatismo. E, durante o dia, oportunidades há muitas para as lavar, tantas quanto as de ser contaminado ou de perpetuar o risco.





Há, naturalmente, que lavar as mãos sempre que se apresentarem sujas, mas também antes de cozinhar, depois de manipular alimentos crus, antes e depois de comer. E sempre que se tossir, espirrar ou assoar, depois de mexer no cabelo, olhos e nariz, depois de fumar. E ainda depois de utilizar as instalações sanitárias, depois de manipular e/ou transportar lixo e depois de manipular produtos químicos como os usados na limpeza e desinfecção domésticas.





O contacto com animais deve merecer este mesmo cuidado, o mesmo acontecendo depois de utilizar equipamentos públicos como telefones ou elevadores. Sensível é o contacto com crianças: antes de lhes tocar e depois de cuidados como a mudança da fralda.





A higiene das mãos é também essencial na prestação de cuidados de saúde: manusear medicamentos e aplicar pensos ou outros acessórios é um risco, quer para quem recebe estes cuidados, quer para quem os presta, pelo que as mãos de devem lavar antes e depois.





Razões são muitas para lavar as mãos. Mas não basta fazê-lo, há que fazêlo bem. Com água e sabão, em toda a extensão das mãos, quer na face palmar, quer na fase dorsal, insistindo entre os dedos e junto às unhas.





São estas, geralmente, as zonas que pecam por defeito de higiene e onde se concentram preferencialmente os germes... E na ausência de água pode ser utilizado um anti-séptico como o álcool. É preciso é eliminar uma potencial fonte de infecção.









Hospitais de risco?





Em Junho de 2005, o então ministro da Saúde, Correia de Campos, gerou alguma polémica ao atribuir o elevado número de infecções no Hospital de S. João, no Porto, à não lavagem das mãos: "Há muitas mãos que não são lavadas quando passam de um doente para o outro".





Em reacção, o S. João tomou medidas e, no espaço de um ano, as infecções hospitalares baixaram 30 por cento. Entre elas pontua a colocação, junto à cama de cada doente, de um dispositivo com uma solução à base de álcool para utilização dos profissionais de saúde.





Outras medidas visaram combater outro tipo de infecções contraídas em ambiente hospitalar mas que não estão directamente relacionadas com a (não) lavagem das mãos.









Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF

Thursday, July 30, 2009

PUBERDADE: REVOLUÇÃO DOS PÉS À CABEÇA




É a que acontece na puberdade e adolescência: uma nova fase da vida repleta de transformações a nível físico, psicológico e social. O corpo ganha os contornos do género, criam-se novos vínculos afectivos, desenvolvem-se novos interesses, afirmam-se atitudes e busca-se a independência. No meio, anda-se um pouco à deriva, entre o mundo da infância e o dos adultos. Crescer é assim.






Não há crescimento sem mudança. E a primeira das grandes mudanças acontece com a puberdade, o momento em que, biologicamente, se evidenciam as diferenças de género: a criança vai desaparecendo para dar lugar a um homem ou a uma mulher. Este corte com a infância é reforçado pelo emergir de uma nova forma de ver a vida e de estar na vida: a adolescência, etapa que marca, psicológica e socialmente, a transição para a idade adulta.






São anos conturbados os da puberdade e adolescência. As mudanças são, a qualquer dos níveis em que ocorrem, perturbadoras.





Desde logo, porque o corpo está a mudar, gerando sentimentos contraditórios. Pode acontecer que o adolescente se sinta bem com os novos contornos, mas pode igualmente sentir-se desconfortável, não se reconhecendo na figura que o "olha" do espelho.





Não admira que assim seja. A "culpa" é das hormonas. O corpo das raparigas ganha peso e altura, as ancas alargam-se e arredondam-se, os seios desenvolvem-se e começam a crescer os pêlos púbicos, a pele fica mais oleosa e as glândulas sudoríparas tornam-se mais activas.





Até que acontece a primeira menstruação - a menarca, que oficialmente marca o início da puberdade e, com ela, da capacidade reprodutiva.





Também os rapazes ficam mais altos e mais fortes. Os ombros e o peito alargam-se, os músculos desenvolvem-se, o pénis e os testículos crescem, começando a produzir esperma, e surgem os pêlos púbicos.





À medida que o tempo passa, a voz vai ficando mais grossa, ainda que, de quando em vez, se libertem sons agudos, muito distintivos.





No peito, podem irromper alguns pêlos e os dos braços e pernas ficam mais fortes. As glândulas sudoríparas entram em acção.





E as primeiras ejaculações (os chamados sonhos molhados) surpreendem na noite. Perante tantas mudanças, é natural que o adolescente se questione. O tempo é de descobertas e expectativas, de dúvidas e angústias.





É que com a feminilidade e a masculinidade fisiológica, raparigas e rapazes vão tomando consciência de si próprios como seres sexuais e sexuados. Despertam, pois, para a sexualidade. E para sensações como o desejo e o prazer.





As emoções são então vividas com intensidade única. E as primeiras paixões, os primeiros amores arrebatadores e eternos, lançando os adolescentes numa montanha russa de oportunidades e riscos.





Emerge uma grande vontade de amar e ser amado, de ser respeitado, de fazer boa figura perante os pares. Procuram-se os caminhos para satisfazer essa vontade, mas o percurso é cheio de pressões e influências, gerando dúvidas e receios. Quando dar o passo? O "passo" é o da primeira experiência sexual, uma aventura que pode ser fantástica mas que deve ser motivada por opiniões amadurecidas, reflectidas, não empurrada pelo exemplo de outros.




O que importa é fazer escolhas saudáveis. Com liberdade para pensar, ouvir e decidir, para mudar de opinião, para dizer sim e para dizer não.





Pode ser difícil, mas é necessário, porque os rumos tomados na adolescência podem ter reflexos por toda a vida futura.





A sexualidade é natural, mas implica responsabilidade. É fonte de prazer, mas também uma porta aberta para riscos: como o de uma doença sexualmente transmissível ou o de uma gravidez não desejada. É que não acontece só aos outros...





O amor não basta: é preciso conhecer o próprio corpo, saber como funciona; é preciso esclarecer dúvidas e obter informação junto de fontes credíveis (as consultas para adolescentes nos centros de saúde, as linhas telefónicas de apoio, o médico ou o farmacêutico); é preciso evitar os riscos.





Trata-se de tomar decisões. Escutar os próprios sentimentos e desejos, respeitar e ser respeitado. Resistindo a pressões ou a chantagens emocionais, sem se deixar encurralar num beco sem saída. Dizendo não se, somados todos os prós e contras, sobrarem dúvidas. Ou dizendo sim se tiver chegado o momento.





Ser adolescente é conquistar a autonomia, mas não a todo o preço. É fazer escolhas informadas, saudáveis e livres.









Conflito de gerações





Faz parte da adolescência o duelo com os pais que é conhecido como conflito de gerações. De repente, os pais deixam de ser heróis, deixam de ser elogiados como os melhores ou os mais "fixes", deixam de saber tudo. De repente, passam a ser adultos de que se quer distância, com quem se passa cada vez menos tempo, com quem se têm embates diários em busca de uma nova identidade individual e social.





Para um adolescente, torna-se complicado partilhar espaços e actividades com osprogenitores e outros adultos.





Dificilmente aceita as suas ideias, as suas propostas, mas isso não impede que se sinta incompreendido.





O adolescente procura criar o seu próprio espaço, tem as suas próprias ideias, pensa que sabe tudo, desenvolve outras relações e outros interesses.





Tudo muda: do corpo aos afectos, passando pelos gostos. É uma vida em construção. Uma etapa que todos os pais receiam. Mas que passa. Com mais ou menos turbulência, mas passa!









Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF

Monday, July 27, 2009

MAIS 14 NOVOS CAOS DE GRIPE A EM PORTUGAL

PARTO: NATURAL OU POR CESARIANA?




Esta é uma dúvida que se coloca quando se aproxima o fim da gravidez - como será o parto? O natural é que seja por via vaginal, mas as cesarianas estão a aumentar e a alimentar a polémica.






A polémica reacende-se de vez em quando: há, em Portugal, demasiados nascimentos por cesariana. São 33,5 por cento do total de partos, contra uma média europeia de 19 por cento e um Plano Nacional de Saúde que fixou como meta para 2010 uma taxa de 24,8 por cento.





Interpretados pelos especialistas em Ginecologia e Obstetrícia, os números espelham uma realidade que é já considerada um problema de saúde pública. É que a cesariana - argumentam - é um procedimento que não beneficia nem a mãe nem o bebé. É um procedimento que está associado ao adiamento da maternidade: o corpo vai perdendo elasticidade com os anos, dificultando o parto vaginal. A este factor junta-se o pedido expresso da mulher, por receio de complicações no parto natural ou de consequências na vida sexual posterior.





A alimentar a polémica desencadeada pelos números juntou-se uma posição recente da Associação Portuguesa de Bioética, em defesa do direito das mulheres à sua via de parto preferencial nas unidades do Serviço de Nacional de Saúde. Isto porque - sustenta a organização - há grandes disparidades entre as práticas no sector público e no privado: estender a opção da mulher ao SNS reduziria as desigualdades sociais nesta área.





Uma proposta que nem a ministra da Saúde nem o bastonário da Ordem dos Médicos acolheram favoravelmente, por entenderem que as cesarianas devem depender da opinião clínica.





E há situações que a justificam: quando está em causa a saúde ou a sobrevivência da mãe ou do feto, ou ainda quando a via vaginal se revela inviável (por exemplo, por incompatibilidade feto-pélvica).





São razões que nem sempre estão presentes, com a cesariana a constituir o recurso que permite o nascimento no tempo desejado, nomeadamente por conveniência dos pais.





São os chamados partos programados, que também podem ser vaginais (por indução).





Razões à parte, o certo é que uma cesariana é uma operação, com riscos idênticos a qualquer outra - implica, nomeadamente, uma maior perda de sangue para a mulher e pode envolver algumas consequências pósoperatórias, entre as quais uma infecção do endométrio, a mucosa que reveste o interior do útero. Febres altas, infecções urinárias e paragens intestinais são também possíveis, acontecendo, nos casos de obstipação, que





a mulher sujeita a uma cesariana é colocada sob dieta até conseguir que o intestino recupere o seu funcionamento normal. Dores são também frequentes nas primeiras 48 horas.




Além disso, requer um internamento mais prolongado. O parto vaginal também não está isento de riscos, mas por ser mais parecido com o fisiológico - o chamado parto natural, sem medicação - envolve uma recuperação mais rápida e uma menor probabilidade de complicações. Afinal, o corpo da mulher está preparado para um nascimento assim.





Associada ao parto vaginal está a dor. Ou melhor, a ideia de dor, porque ela nem sempre está presente com intensidade e porque existem técnicas que permitem atenuá-la. É essa a função da epidural, anestesia localizada cuja administração é decidida entre a mulher e o clínico. É quando a dilatação atinge os quatro a cinco centímetros e as contracções se sucedem ao ritmo de uma em cada quatro ou cinco minutos que é aplicada. Entre duas contracções, com a mulher dobrada sobre si mesma e imobilizada o mais possível, um anestesista injecta o líquido que irá retirar a sensibilidade à parte inferior do corpo.




A epidural actua apenas sobre a dor, não prejudicando a saúde do bebé - é que o líquido injectado não penetra na corrente sanguínea, pelo que não atinge a placenta. E, por ser uma anestesia localizada, também não interfere com a capacidade da mulher para participar no parto. Antes pelo contrário: deixa-a mais tranquila por eliminar a tensão causada pela dor e permite-lhe que se concentre melhor nas instruções do obstreta ou da enfermeira-parteira.





Ainda no domínio da dor, outra boa notícia diz respeito às actuais técnicas de episiotomia - trata-se de um corte cirúrgico feito na região do períneo para auxiliar a saída do bebé, evitando a ruptura de tecidos. A sutura é feita imediatamente após o parto e cicatriza em poucos dias.





Um parto normal segue um ritmo próprio, que envolve a ruptura da chamada bolsa de águas, contracções e dilatação do colo do útero, desembocando na expulsão do bebé em conjunto com o esforço da mãe. Há, porém, situações em que é necessário apressar este ritmo, recorrendo-se à indução do parto mediante o rompimento precoce da bolsa ou a administração de medicamentos.






Faça-se pela via vaginal ou por cesariana, o parto é sempre um momento esperado com grande ansiedade. Afinal, não há mulher que não conte os segundos para ter o seu bebé nos braços.









Uma mala especial





A ida para a maternidade deve começar a ser preparada com alguma antecedência em relação à data prevista para o parto. Afinal, há bebés que pregam a partida de nascer mais cedo...





O que levar é a questão que domina na hora de fazer a mala. Mãe e bebé vão precisar sobretudo de roupa e artigos de higiene, mas há outros aspectos a considerar:





• Para a mãe - duas a três camisas de dormir, com abertura fácil para permitir a amamentação; dois ou três sutiãs de amamentação; vários pares de cuecas, de preferência descartáveis; um roupão; produtos de higiene pessoal; chinelos confortáveis; chinelos para o banho; toalha de banho (se não quiser usar as da maternidade); pensos higiénicos; discos absorventes e, naturalmente, roupa para a saída (que também pode ser levada posteriormente).





• Para o bebé - várias mudas de roupa confortável (tipo babygrow); bodies (dois a cinco); meias ou botinhas; chupeta; fraldas e produtos de higiene.






Além disso, a mulher não deve esquecer-se dos seus documentos pessoais e dos resultados dos últimos exames prénatais.





Naturalmente que estes são apenas elementos indicativos do básico de uma mala para a maternidade. O que é importante é que ela esteja preparada antes de o bebé dar os primeiros sinais de querer nascer.








Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF
 

saude-se Copyright © 2012 -- Powered by Blogger